RESUMO
Diante das inúmeras possibilidades de performances de gênero na linguagem, discutimos, neste artigo, a obra da escritora norte-americana Joy Ladin, mulher trans, judia, poetisa premiada e professora universitária, em cuja escrita observamos uma constante reelaboração do performar-se mulher, num continuum feminino. Na leitura dos poemas “It Like Me”, “The Poem and Me” e “Not Unlike” (LADIN, 2017), atentamos para a ocorrência do que a própria autora chama de trans poética e adotamos diferentes noções da teoria literária feminista e dos estudos de gênero, com destaque para o conceito de eu lírica (POUBEL, 2020). Nessa discussão, entendemos a escrita como espaço para acolher e expressar identidades que não são estáveis e nem semelhantes, demonstrando como as performances das eu líricas na poesia de Joy Ladin podem moldar variadas mulheres - autoproclamadas mulheres - no discurso e, a partir disso, mudar a direção na qual estas são vistas dentro e fora da linguagem.
PALAVRAS-CHAVE:
Joy Ladin; trans poética; eu lírica; performances de gênero; continuum feminino