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Esofagectomia trans-hiatal versus transtorácica: experiência do Instituto Nacional do Câncer (INCA)

Transhiatal versus transthoracic esophagectomy: experience of the Brazilian National Cancer Institute

Resumos

OBJETIVO: Analisar comparativamente a morbimortalidade e sobrevida após esofagectomia trans-hiatal (TH) ou transtorácica (TT). METODOS: Estudo retrospectivo não randomizado de 68 pacientes com neoplasia de esôfago operados no INCA entre 1997 e 2005, divididos em dois grupos: 1 - TH (33 pacientes); e 2 - TT (35 pacientes). RESULTADOS: A idade média foi 40,7 anos (25 - 74 anos), sendo 73,5% homens. Tumores do 1/3 médio predominaram no Grupo 2 (48,6% versus 21,2%, p = 0,02). A média de linfonodos dissecados foi maior no Grupo 2 (21,6 versus 17,8 linfonodos, p = 0,04), porém sem diferença no número de linfonodos metastáticos (4,1 versus 3,9 linfonodos, p = 0,85). O tempo cirúrgico médio foi maior no Grupo 2 (410 versus 270 minutos, p = 0,001). O tempo médio de internação também foi maior no Grupo 2 (19 versus 14 dias, p = 0,001). A morbidade operatória foi 50%, sem diferença significativa (42,4% versus 57,1%, p = 0,23). Fístula esofágica ocorreu em 13,2%, sem diferença significativa (9,1% versus 17,1%, p = 0,23). A mortalidade foi 5,8% (04 pacientes), sem diferença significativa (1,4% versus 4,4%, p = 0,83). CONCLUSÃO: Neste estudo, a morbimortalidade não apresentou diferença em relação à via de acesso para a esofagectomia, apesar do maior tempo cirúrgico e de permanência hospitalar na via TT. A sobrevida global em 3 e 5 anos também foi maior na TT, possivelmente devido a maior freqüência de estágios iniciais em pacientes submetidos à transtorácica.

Neoplasias esofágicas; Esofagectomia; Morbidade; Mortalidade


OBJECTIVE: Analyses of morbidity, mortality and overall survival after transhiatal (TH) or transthoracic (TT) esophagectomy. METHODS: Retrospective non randomized study of 68 patients with esophagus neoplasia operated in the Brazilian National Cancer Institute between 1997 and 2005. We divided in two groups: Group 1 - TH (33 patients); and Group 2 - TT (35 patients). RESULTS: The mean age was 40,7 years old (25 - 74 years old), being 73,5% male. Middle third tumors predominated in Group 2 (48,6% vs. 21,2%, p = 0,02). The mean of dissected lymph nodes was biggest in Group 2 (21,6 vs. 17,8 lymph nodes, p = 0,04), however without difference in number of metastatic lymph nodes (4,1 vs. 3,9 linfonodos, p = 0,85). The mean of operative time was higher in Group 2 (410 vs. 270 minutes, p = 0,001). Also the mean of length of stay was higher in Group 2 (19 vs. 14 days, p = 0,001). The operative morbidity was 50%, without statistical difference between the groups (42,4% vs. 57,1%, p = 0,23). Esophageal leakage occurred in 13,2% of cases, also without statistical difference (9,1% vs. 17,1%, p = 0,23). The mortality was 5,8% (04 patients), without statistical difference (1,4% vs. 4,4%, p = 0,83). CONCLUSION: In our study, the morbidity and mortality showed no statistical difference in relation to the access performed, although higher operative time and length of stay were observed in TT access. The 3 and 5-years overall survival also were biggest in TT access, probably due to the biggest frequency of patients on initial stages between the submitted to the TT access.

Esophageal neoplasms; Esophagectomy; Morbidity; Mortality


ARTIGO ORIGINAL

Esofagectomia trans-hiatal versus transtorácica: experiência do Instituto Nacional do Câncer (INCA)

Transhiatal versus transthoracic esophagectomy: experience of the Brazilian National Cancer Institute

Emerson Luis Gama Prisco, AsCBC-RJI; Carlos Eduardo Pinto, TCBC-RJII; Aldo Vieira Barros, AsCBC-RJI; Jadson Murilo Silva Reis, AsCBC-BAI; Herbert Ives Barretto de AlmeidaIII; Eduardo Linhares Riello de Mello, TCBC-RJIV

ICirurgião do Hospital Aristides Maltez - Liga Baiana Contra o Câncer- Salvador - BA-BR

IICoordenador do Grupo de Esôfago da Seção de Cirurgia Abdômino-Pélvica do INCA - Rio de Janeiro - RJ- BR

IIIResidente de Cirurgia Oncológica do INCA- Rio de Janeiro - RJ- BR

IVChefe do Departamento de Cirurgia Abdômino-Pélvica do INCA- Rio de Janeiro - RJ- BR

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Carlos Eduardo Pinto E-mail: caudu2003@yahoo.com.br

RESUMO

OBJETIVO: Analisar comparativamente a morbimortalidade e sobrevida após esofagectomia trans-hiatal (TH) ou transtorácica (TT).

METODOS: Estudo retrospectivo não randomizado de 68 pacientes com neoplasia de esôfago operados no INCA entre 1997 e 2005, divididos em dois grupos: 1 - TH (33 pacientes); e 2 - TT (35 pacientes).

RESULTADOS: A idade média foi 40,7 anos (25 - 74 anos), sendo 73,5% homens. Tumores do 1/3 médio predominaram no Grupo 2 (48,6% versus 21,2%, p = 0,02). A média de linfonodos dissecados foi maior no Grupo 2 (21,6 versus 17,8 linfonodos, p = 0,04), porém sem diferença no número de linfonodos metastáticos (4,1 versus 3,9 linfonodos, p = 0,85). O tempo cirúrgico médio foi maior no Grupo 2 (410 versus 270 minutos, p = 0,001). O tempo médio de internação também foi maior no Grupo 2 (19 versus 14 dias, p = 0,001). A morbidade operatória foi 50%, sem diferença significativa (42,4% versus 57,1%, p = 0,23). Fístula esofágica ocorreu em 13,2%, sem diferença significativa (9,1% versus 17,1%, p = 0,23). A mortalidade foi 5,8% (04 pacientes), sem diferença significativa (1,4% versus 4,4%, p = 0,83).

CONCLUSÃO: Neste estudo, a morbimortalidade não apresentou diferença em relação à via de acesso para a esofagectomia, apesar do maior tempo cirúrgico e de permanência hospitalar na via TT. A sobrevida global em 3 e 5 anos também foi maior na TT, possivelmente devido a maior freqüência de estágios iniciais em pacientes submetidos à transtorácica.

Descritores: Neoplasias esofágicas. Esofagectomia. Morbidade. Mortalidade.

ABSTRACT

OBJECTIVE: Analyses of morbidity, mortality and overall survival after transhiatal (TH) or transthoracic (TT) esophagectomy.

METHODS: Retrospective non randomized study of 68 patients with esophagus neoplasia operated in the Brazilian National Cancer Institute between 1997 and 2005. We divided in two groups: Group 1 - TH (33 patients); and Group 2 - TT (35 patients).

RESULTS: The mean age was 40,7 years old (25 - 74 years old), being 73,5% male. Middle third tumors predominated in Group 2 (48,6% vs. 21,2%, p = 0,02). The mean of dissected lymph nodes was biggest in Group 2 (21,6 vs. 17,8 lymph nodes, p = 0,04), however without difference in number of metastatic lymph nodes (4,1 vs. 3,9 linfonodos, p = 0,85). The mean of operative time was higher in Group 2 (410 vs. 270 minutes, p = 0,001). Also the mean of length of stay was higher in Group 2 (19 vs. 14 days, p = 0,001). The operative morbidity was 50%, without statistical difference between the groups (42,4% vs. 57,1%, p = 0,23). Esophageal leakage occurred in 13,2% of cases, also without statistical difference (9,1% vs. 17,1%, p = 0,23). The mortality was 5,8% (04 patients), without statistical difference (1,4% vs. 4,4%, p = 0,83).

CONCLUSION: In our study, the morbidity and mortality showed no statistical difference in relation to the access performed, although higher operative time and length of stay were observed in TT access. The 3 and 5-years overall survival also were biggest in TT access, probably due to the biggest frequency of patients on initial stages between the submitted to the TT access.

Key words: Esophageal neoplasms. Esophagectomy. Morbidity. Mortality.

INTRODUÇÃO

O câncer de esôfago é considerado a terceira neoplasia mais comum do trato gastrointestinal e está entre as dez neoplasias mais prevalentes no mundo.Anualmente, ocorrem cerca de 400 mil novos caso de câncer de esôfago no mundo, especialmente em indivíduos do sexo masculino, tabagistas e com idade avançada1.

A incidência desta neoplasia apresenta grande variabilidade geográfica, sendo mais comum nos países da Ásia, principalmente na China e no Japão. Apresenta incidência elevada inclusive na África, América do Sul e em alguns países da Europa Ocidental (França e Suíça). Segundo o Ministério da Saúde do Brasil2 , esta neoplasia tem expectativa de 10.550 novos casos em 2008, representando a 9ª maior incidência de câncer, com previsão de 7900 casos em homens. O adenocarcinoma tem uma incidência crescente a cada ano, devido principalmente a metaplasia intestinal do esôfago distal (Barrett) em conseqüência da doença do refluxo gastroesofágico (DRGE)3.

O câncer de esôfago é uma enfermidade inicialmente pouco sintomática e com diagnóstico estabelecido em fases avançadas na maioria dos casos. Isso leva a elevada taxa de mortalidade e prognóstico pouco favorável3,4. Diagnóstico precoce e conduta terapêutica adequadas são imprescindíveis para o sucesso terapêutico. A prevalência de doença localmente avançada e metástase linfonodal é alta no momento do diagnóstico, o que compromete o tratamento e prognóstico destes pacientes1,2. A profundidade da invasão tumoral na parede do órgão e o status linfonodal são os fatores prognósticos mais importantes5.

Com o desenvolvimento de novas técnicas cirúrgicas e anestésicas e o avanço dos cuidados peri-operatórios, observou-se um aumento considerável na sobrevida dos pacientes submetidos à esofagectomia por câncer de esôfago. De modo inverso, houve diminuição da taxa de complicação pós-operatória, cirurgia com doença residual e comprometimento linfonodal. O aumento na sobrevida dos pacientes submetidos à esofagectomia por câncer de esôfago deveu-se especialmente à melhora nas técnicas anestésica e de cuidados peri-operatórios, que permitiram menores taxas e melhor controle das complicações pós-operatórias. Ao mesmo tempo, ocorreu um refinamento na técnica operatória, que levou a uma maior taxa de ressecções radicais, com controle de doença residual por comprometimento linfonodal.

A técnica empregada para o acesso cirúrgico em esofagectomias é importante fonte de estudos e os autores consideram equivalentes tanto a via trans-hiatal (TH) como a transtorácica (TT), entretanto, pondera-se os aspectos positivos e negativos de cada técnica6-8. A via TT com anastomose esofagogástrica intra-torácica foi a abordagem padrão desde a década de 1940, quando foi descrita por Ivor Lewis et al.9 cursando com altas taxas de complicações respiratórias e mediastinite séptica associada a fístula anastomótica intra-torácica. Em 1976, McKeown10 descreveu uma técnica TT adicionando uma incisão cervical para anastomose cervical no tratamento de tumores do esôfago, principalmente dos terços superior e médio, diminuindo assim a taxa de complicações graves. Em 1978, Orringer e Sloan11 descreveram a técnica TH sem toracotomia e com anastomose cervical, evitando aquelas complicações temidas na via TT, cursando por vezes com uma benigna fístula salivar cervical em lugar da temida mediastinite séptica, cuja mortalidade atualmente está entre 20% e 35% quando associada a presença de fístula intra-torácica12. As críticas à via TH baseiam-se na dissecção mediastinal sem visão direta, com comprometimento da hemostasia e incompleta dissecção linfonodal13.

O objetivo deste estudo é analisar comparativamente as vias TH e TT em relação a morbimortalidade operatória e a sobrevida global em pacientes submetidos à esofagectomia por neoplasia de esôfago.

MÉTODOS

Este é um estudo retrospectivo não randomizado baseado no banco de dados prospectivo e na revisão de prontuários da Seção de Cirurgia Abdômino-Pélvica (SCAP) do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Um total de 68 pacientes com diagnóstico histológico de neoplasia de esôfago em terço médio ou inferior foram submetidos à esofagectomia pelas técnicas TH ou TT no período entre janeiro de 1997 e dezembro de 2005, distribuidos em dois grupos: Grupo 1 - operados por via TH, com 33 pacientes (48,5%); e Grupo 2 - operados por via transtorácica, com 35 pacientes (51,5%). Foram excluídos os pacientes que receberam tratamento neoadjuvante, esofagectomia de resgate ou que tiveram margem cirúrgica comprometida após a ressecção.

Todos os pacientes receberam estadiamento segundo as normas do TNM empregado pelo American Joint Committee on Cancer (AJCC - 2002) e foram selecionados primariamente para o tratamento cirúrgico os pacientes com estádio clinico I, IIA ou IIB, o performance status (PS) 0, 1 ou 2 pela escala de Zubrod (Eastern Clinical Oncology Group, ECOG), presença de doença ressecável na avaliação pré-operatória e condições clínicas adequadas para a realização do procedimento. A extensão inicial da doença foi avaliada rotineiramente pelo cirurgião oncológico através de exame clínico, endoscopia digestiva alta, tomografia computadorizada (TC) de tórax, abdome e pelve, radiografia de tórax, exame histopatológico (nova biópsia ou revisão por patologista do INCA) e laparotomia exploradora (ou laparoscopia). Eventualmente outros exames foram realizados (ressonância nuclear magnética, angio-TC, PET - positron emission tomography). As condições clínicas foram avaliadas por médico clinico da SCAP através de exames laboratoriais, eletrocardiograma, prova de função respiratória e outros, caso necessário. Os pacientes foram encaminhados à fisioterapia pré-operatoria e os tabagistas foram encaminhados ao Programa INCA Livre do Tabaco (PIL), além de suporte nutricional ou psicológico quando indicado.

Analisamos comparativamente os dois grupos em relação a morbimortalidade cirúrgica e sobrevida global. A mortalidade operatória foi considerada como óbito nos primeiros 30 dias de pós-operatório ou intra-hospitalar. A morbidade operatória foi considerada como qualquer seqüela clínica ou cirúrgica decorrente da operação, porém nós avaliamos principalmente as complicações precoces. O seguimento foi encerrado em dezembro de 2007.

Para comparação de proporções foi utilizado o teste não-paramétrico de qui-quadrado. O teste "t" de Student foi aplicado para comparação de médias aritméticas. Para comparação de valores que apresentam acentuada variação foi utilizado o teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis. Para o cálculo da sobrevida global em cinco anos estimada em meses foi aplicado o método de Kaplan-Meier e para comparação do comportamento das curvas foi aplicado o teste não-paramétrico de Wilcoxon. Para validação estatística foi adotado o nível de significância de 5% de probabilidade (p < 0,05).

RESULTADOS

A análise demográfica está representada na tabela 1. A média de idade foi 40,7 anos (25 a 74 anos), sendo 50 homens (73,5%) e 18 mulheres (26,5%). A maioria dos pacientes tinham PS-0 ou 1 (82,4%), sem diferença significativa entre os grupos (p = 0,09). Os grupos foram comparáveis para análise estatística.

Ao exame histopatológico (Tabela 2), a média de tamanho foi 5,05cm (1,3 a 15,0cm), sem diferença significativa entre os grupos. Predominaram os tumores do terço inferior no total, com 44 casos (64.7%), principalmente no Grupo 1 (78,8% versus 51,4%, p = 0,02), porém o Grupo 2 teve mais que o dobro de tumores do terço médio (48,6% versus 21,2%, p = 0,02). Grupo 1 teve maior incidência de adenocarcinoma, porém sem significância estatística (54,6% versus 40%, p = 0,22). Houve ainda um caso de carcinoma epidermóide in situ (1,5%), um de leiomioma borderline no Grupo 1 (3%) e outro de carcinoma neuroendócrino indiferenciado tipo pequenas células no Grupo 2 (2,9%). O grau histológico II (moderadamente diferenciado) foi o mais comum (75%), sem diferença significativa entre os grupos (p = 0,89). A média de linfonodos dissecados foi 19,1 (2 - 51 linfonodos), sendo significativamente maior no Grupo 2 (21,6 versus 17,8 linfonodos, p = 0,04), porém não houve diferença significativa no número de linfonodos metastáticos (4,1 versus 3,9 linfonodos, p = 0,85). As margens cirúrgicas foram livres de neoplasia em todos os casos.

O tempo cirúrgico médio foi 330 minutos (180 a 580 minutos) sendo maior no Grupo 2 (270 versus 410 minutos, p = 0,001). A média do tempo de internação foi 15 dias (5 a 90 dias) e também foi significativamente maior no Grupo 2 (14 versus 19 dias, p = 0,001).

A morbidade operatória foi 50%, sem diferença significativa entre os grupos (42,4% versus 57,1%, p = 0,23), havendo 17 pacientes (25%) com complicações cirúrgicas e 19 pacientes (27,9%) com complicações clínicas. A mortalidade operatória foi 5,8% (04 pacientes) e também não mostrou diferença significativa entre os grupos (1,4% versus 4,4%, p = 0,83) (Tabela 3).

A sobrevida global em três anos foi 52%, 31% no Grupo 1 e 70% no Grupo 2 (p < 0,001). A sobrevida global em cinco anos foi 37%, sendo 31% no Grupo 1 e 44% no Grupo 2 (p < 0,007), conforme representado nas figuras 1 e 2.



DISCUSSÃO

Desde a década de 1940, a esofagectomia tornou-se o tratamento padrão para o câncer de esôfago. Atualmente, a sobrevida global em cinco anos está em torno de 25% e a mortalidade operatória é menor que 5% nos centros de grande volume.Em relação à via de acesso para a esofagectomia, os dados da literatura são divergentes8,9. Recente metanálise com 7.527 pacientes demonstrou as vantagens da via TH quando há rigorosa aderência aos padrões técnicos14.

Orringer13 realizou 1.950 esofagectomias TH desde 1976, usando tubo gástrico em 97% dos casos. Houve quatro óbitos intra-operatórios (< 1%) por hemorragia mediastinal incontrolável. Entre outras complicações intra-operatórias, perfuração da cavidade pleural foi a mais comum (75%) e menos de 2% tiveram complicações respiratórias significantes. A taxa de fistula cervical foi 13% nos primeiros 1.000 pacientes, caindo para menos de 4% após a introdução da anastomose cervical látero-lateral com stappler linear de 30 milímetros, uma modificação da técnica original descrita por Collard15 em 1998. A necrose do tubo gástrico ocorreu em menos de 1% dos casos. A mortalidade operatória foi menor que 4% e 82% dos pacientes não tiveram complicações pós-operatórias. Para os pacientes com câncer (80%), a sobrevida global foi 48% em dois anos e 24% em cinco anos.

Em concordância com estudos previamente realizados,7 nós encontramos maior mediana de tempo cirúrgico (p = 0,001) e permanência hospitalar (p = 0,001) no Grupo 2, fatores possivelmente contribuintes para maior morbidade cirúrgica, devido à maior exposição ao trauma cirúrgico e anestésico e a flora bacteriana nosocomial, sabidamente preditora de maior morbidade em pacientes infectados16,17. Entretanto, não houve diferença significativa neste estudo (p = 0,23). A mortalidade operatória global foi 5,8% e também não mostrou diferença significativa entre os grupos (p = 0,83). Em uma revisão de 17.756 pacientes operados entre 1990 e 2000 a mortalidade operatória global foi 6,7%18.

Em relação à morbidade operatória, tiveram destaque as complicações pulmonares (26,5%) e a fístula cervical (13,2%), ambas sem diferença significativa entre os grupos (p = 0,67 e p = 0,23, respectivamente), possivelmente devido ao pequeno número de pacientes. Segundo uma metanálise14 há maior incidência de complicações pulmonares após esofagectomias por vias TT. Na série de esofagectomias trans-hiatais publicada por Orringer13 menos de 2% tiveram complicações respiratórias significantes, fato atribuído a uma seleção cuidadosa dos pacientes, além de preparo pré-operatório com abstinência de fumo por três semanas, espirometria, fisioterapia respiratória e prática de caminhadas diárias pré-operatórias, ausência de toracotomia e uso sistemático de anestesia epidural.

Recente metanálise mostra maiores taxas de fístula esofágica com a via TT19 apesar de outros grandes estudos não mostrarem diferença significativa, como o de Walther et al.20 , prospectivo e randomizado, que demonstra não haver diferença na taxa de fístula entre os grupos. Em concordância com os nossos achados, a taxa de fístula anastomótica em centros de grande volume em esofagectomias está entre 8% e 13%, colaborando para maior incidência de estenose esofágica21 não avaliada por nós neste estudo. Recentemente alguns autores, como Ercan et al.22 e Orringer et al.23 têm encontrado taxas bem inferiores desta complicação (4% e 2,7%, respectivamente) utilizando uma modificação da técnica de sutura mecânica proposta por Colar15. Outros, como Heitmiller et al.24 relataram taxa de fistula cervical de apenas 0,8% em 262 pacientes consecutivos usando a técnica de anastomose manual. Em recente revisão de literatura, Mitchell21 conclui que a preferência e experiência do cirurgião provavelmente é fator mais importante que a técnica de anastomose utilizada.

Alguns estudos referem maior trauma tecidual e taxa de infecção torácica quando utilizada a via TT e maior risco de hemorragia e dissecção linfonodal incompleta na TH25,26. Em nosso estudo, no Grupo 1 houve um caso de hemorragia, brida, infecção de sítio cirúrgico ou infecção urinária, e no Grupo 2 houve um caso de hemorragia, empiema ou fístula pancreática.

Neste estudo predominaram os tumores do terço inferior no total, com 44 casos (64.7%), principalmente no Grupo 1 (78,8%), porém o Grupo 2 teve mais que o dobro de tumores do terço médio (48,6% versus 21,2%, p = 0,02), o que pode ser devido à tendência de seleção de pacientes com tumores mais proximais para a via TT. O tipo histológico escamoso (50%) foi mais comum que o adenocarcinoma (47%) e o Grupo 1 teve maior incidência de adenocarcinoma (54,6% versus 40%,), porém não houve significância estatística nestes dados (p = 0,22). O grau II de diferenciação celular foi o mais comum (75%), corroborando grandes séries da literatura27.

A média de linfonodos dissecados foi 19,1 (2 - 51 linfonodos), sendo significativamente maior no Grupo 2 (21,6 versus 17,8, p = 0,04), porém não houve diferença significativa no número médio de linfonodos metastáticos (4,1 versus 3,9 linfonodos, p = 0,85). As margens cirúrgicas foram livres de neoplasia em todos os casos. Tal fato pode ser devido ao melhor estadiamento linfonodal obtido pela via TT, o qual sabidamente tem impacto na decisão terapêutica pós-operatória e prognóstico. Em recente estudo, Wolff et al.27 analisaram retrospectivamente 517 pacientes submetidos à esofagectomia, mostrando que mais linfonodos são ressecados pela via TT em relação à TH (média de 18,5 versus nove linfonodos, p = 0,001), havendo diferença tanto no número de linfonodos torácicos (média 12,4 versus 4,7 linfonodos, p = 0,001) como abdominais (média 6,1 versus 4,3, p = 0,01). Outro recente estudo de Safranek et al.28 confirma estes achados, com média de 27,5 linfonodos ressecados via TT versus 15 linfonodos via TH (p = 0,001).

A sobrevida global estimada em cinco anos no nosso estudo foi 37%, superior a da literatura atual20,29 (20% a 27,9%), provavelmente devido ao fato de termos selecionados tumores em estádios iniciais operados primariamente, sendo significativamente maior nos pacientes do Grupo 2 (44%) quando comparado com o Grupo 1 (31%) (p = 0,007). Ressaltamos que a sobrevida global em três anos foi 52%, sendo mais que o dobro no Grupo 2 (70%) em relação ao Grupo 1 (31%) (p < 0,001). Podemos inferir que os pacientes do Grupo 1 tiveram recidiva mais precoce e progressão mais rápida da doença em relação ao Grupo 2. Vários estudos mostram que o número de linfonodos metastáticos não somente está associado a fatores como grau de diferenciação histológica, profundidade de invasão tumoral e tamanho tumoral, como também é fator prognóstico independente após esofagectomia30,31.

A baixa eficácia da esofagectomia em termos curativos está diretamente associada à disseminação sistêmica precoce do câncer de esôfago devido à histologia característica do órgão, com rico sistema de drenagem linfática e vascularização abundante32. Outro motivo é a relação anatômica intrínseca do esôfago que está próximo a estruturas vitais como veia cava superior, aorta e vias aéreas superiores (estruturas que podem tornar a cirurgia R0 impraticável)33,34. Muitos pacientes já apresentam metástases ocultas no momento do diagnóstico. Em recente estudo prospectivo, Gananadha et al.35 mostram a utilidade do FDG-PET scan (2-fluoro-2-deoxyglucose positron emission tomography) no estadiamento de pacientes candidatos à tratamento cirúrgico após realização de tomografia computadorizada e ultrassonografia endoscópica quando indicada. Houve contra-indicação cirúrgica em 25% dos pacientes devido à disseminação nodal ou orgânica à distância detectada pelo FDG-PET e confirmada por biópsia.

Devido à baixa efetividade da ressecção cirúrgica isolada, outras modalidades terapêuticas têm sido desenvolvidas, geralmente em combinação com a ressecção. Estas associações envolvem radioterapia, quimioterapia ou tratamento combinado, podendo ser neoadjuvante e/ou adjuvante. A radioquimioterapia neoadjuvante pode obter taxas de resposta completa até 25%, apesar de estudos recentes relatarem maior morbimortalidade operatória36-38. Em recente ensaio multicêntrico randomizado39, a quimioterapia neoadjuvante isolada mostrou aumento de 9% na sobrevida global em relação a cirurgia primária. Existe ainda a opção de tratamento combinado com quimiorradioterapia radical exclusiva (sem ressecção)40,41 hoje aceita como tratamento primário das lesões esofágicas localmente avançadas (T3 e T4) e nos pacientes com contra-indicação clínica ao tratamento cirurgico42 com relatos de sobrevida média de 12 a 18 meses e global de 15% em cinco anos43,44. Na falha locorregional com tal terapia (até 60% em algumas séries), pode-se realizar a esofagectomia de resgate em casos selecionados, que cursa com alta morbimortalidade quando comparada à esofagectomia primária ou após neoadjuvância, que aplica menor dose de irradiação e um menor intervalo de tempo entre o término do tratamento combinado e a ressecção esofágica (4 - 6 semanas).

A esofagectomia por câncer de esôfago, apesar de apresentar elevada morbidade operatória, permanece como o tratamento padrão para pacientes com doença ressecável e sem contra-indicação clínica. A redução da mortalidade operatória atualmente observada decorre de uma melhor seleção de pacientes para a esofagectomia, além de maior nível de especialização da equipe cirúrgica e atenção voltada para os cuidados per e pós-operatórios, refletindo em melhor controle oncológico e prognóstico mais favorável.

Apesar de ser um estudo retrospectivo e ter uma amostra relativamente pequena, na experiência do Instituto Nacional de Câncer a esofagectomia transtorácica apresentou resultados semelhantes à trans-hiatal em termos de morbimortalidade, apesar de maior tempo cirúrgico e permanência hospitalar. A sobrevida global em três e cinco anos foi maior com a transtorácica, possivelmente decorrente da maior freqüência de estágios iniciais em pacientes submetidos à transtorácica. Portanto, os resultados deste trabalho, ao contrário de outros recentes na literatura, sugerem que a via de acesso deve ser analisada individualmente, considerando o estadiamento e condições clínicas do paciente.

Agradecimentos

Pedro Carvalho - Estatístico do Hospital do Câncer-I / INCA.

Márcia Cavalcante - Secretária da Seção de Cirurgia Torácica do INCA.

Recebido em 18/02/2009

Aceito para publicação em 20/04/2009

Conflito de interesse: nenhum

Fonte de financiamento: nenhuma

Trabalho realizado na Seção de Cirurgia Abdomino-Pélvica do Instituto Nacional de Câncer (INCA) - Ministério da Saúde do Brasil - Rio de Janeiro - RJ- BR.

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  • Endereço para correspondência:

    Carlos Eduardo Pinto
    E-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      02 Ago 2010
    • Data do Fascículo
      Jun 2010

    Histórico

    • Recebido
      18 Fev 2009
    • Aceito
      20 Abr 2009
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