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Atributos químicos, produção e qualidade do capim braquiária em solos corrigidos com calcário e escória silicatada

Chemical attributes, production and quality of signal grass in soils amended with limestone and calcium silicate slag

Resumos

As pastagens constituem a base dos sistemas de produção de bovinos, o que evidencia sua importância e a necessidade de outras práticas de manejo que resultem em maior eficiência desses sistemas. Assim, este trabalho teve como objetivo avaliar os atributos químicos do solo (pH, Ca, Mg e H+Al), o potencial produtivo e a composição química do capim braquiária (Brachiaria decumbens Stapf) em solo corrigido com diferentes doses de calcário e escória silicatada. O experimento foi conduzido em ambiente protegido no período de 2006/2007, na UNESP de Ilha Solteira. Foram testadas cinco doses de calcário e escória silicatada, 0,0; 0,5; 1,0; 1,5; 2,0 vezes a dose recomendada. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com quatro repetições. Avaliou-se a composição química do solo após incubação dos corretivos, o perfilhamento, a matéria seca, proteína, FDN (fibra em detergente neutro) e FDA (fibra em detergente ácido). Ambos os corretivos proporcionaram ao solo efeito positivo em relação ao pH e teores de cálcio e magnésio. As variáveis matéria seca e FDA não foram influenciadas significativamente pelos tipos e doses de corretivos.

Brachiaria decumbens Stapf; corretivo de acidez; matéria seca; perfilhamento


Pastures are the basis of cattle production systems, evidencing their importance and the need for other management practices that result in higher efficiency of these systems. This study aimed to evaluate the soil chemical properties (pH, Ca, Mg and H+Al), the potential production and the chemical composition of signal grass (Brachiaria decumbens Stapf) in soil amended with different limestone doses and calcium silicate slag. The experiment was carried out in a greenhouse, in the period 2006/2007, at the Universidade Estadual Paulista, Ilha Solteira-SP. Five doses of limestone and calcium silicate slag were tested, 0.0; 0.5; 1.0; 1.5; 2.0 times the recommended dose. A complete randomized design was used with four repetitions. Soil chemical composition was evaluated after incubation with the amendment, tillering, dry matter, protein, NDF (neutral detergent fiber) and ADF (acid detergent fiber). Both amendments provided to the soil positive effect in relation to the pH and content of calcium and magnesium. The variables dry matter and ADF were not significantly influenced by the types and doses of the amendments.

Acidity correction; Brachiaria decumbens Stapf; dry matter; tillering


PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO ANIMAL

Atributos químicos, produção e qualidade do capim braquiária em solos corrigidos com calcário e escória silicatada

Chemical attributes, production and quality of signal grass in soils amended with limestone and calcium silicate slag

Graciele Sarante SantanaI; Isabela Miyahira MoritaII; Pedro Paulo Magalhães BianchiIII; Francisco Maximino FernandesIV; Olair José IseponV

IEngenheira Agrônoma. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Departamento de Ciência do Solo, Campus Universitário, 91530-080, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. gsarante@yahoo.com.br

IIAcadêmica em Agronomia. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP, Departamento de Biologia e Zootecnia, Av. Brasil, 56, Caixa-Postal 31, Centro, 15385000, lha Solteira, São Paulo, Brasil. isabelamorita@uol.com.br

IIIAcadêmico em Zootecnia. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP, Departamento de Biologia e Zootecnia, Av. Brasil, 56, Caixa-Postal 31, Centro, 15385000, lha Solteira, São Paulo, Brasil. pedro_tanabi@hotmail.com

IVEngenheiro Agrônomo, Doutor. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP, Departamento de Fitossanidade, Av. Brasil, 56, Caixa-Postal 31, Centro, 15385000, lha Solteira, São Paulo, Brasil. maximino@agr.feis.unesp.br

VZootecnista, Doutor. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP, Departamento de Biologia e Zootecnia, Av. Brasil, 56, Caixa-Postal 31, Centro, 15385000, lha Solteira, São Paulo, Brasil. isepon@bio.feis.unesp.br

RESUMO

As pastagens constituem a base dos sistemas de produção de bovinos, o que evidencia sua importância e a necessidade de outras práticas de manejo que resultem em maior eficiência desses sistemas. Assim, este trabalho teve como objetivo avaliar os atributos químicos do solo (pH, Ca, Mg e H+Al), o potencial produtivo e a composição química do capim braquiária (Brachiaria decumbens Stapf) em solo corrigido com diferentes doses de calcário e escória silicatada. O experimento foi conduzido em ambiente protegido no período de 2006/2007, na UNESP de Ilha Solteira. Foram testadas cinco doses de calcário e escória silicatada, 0,0; 0,5; 1,0; 1,5; 2,0 vezes a dose recomendada. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com quatro repetições. Avaliou-se a composição química do solo após incubação dos corretivos, o perfilhamento, a matéria seca, proteína, FDN (fibra em detergente neutro) e FDA (fibra em detergente ácido). Ambos os corretivos proporcionaram ao solo efeito positivo em relação ao pH e teores de cálcio e magnésio. As variáveis matéria seca e FDA não foram influenciadas significativamente pelos tipos e doses de corretivos.

Palavras-chave: Brachiaria decumbens Stapf, corretivo de acidez, matéria seca, perfilhamento.

ABSTRACT

Pastures are the basis of cattle production systems, evidencing their importance and the need for other management practices that result in higher efficiency of these systems. This study aimed to evaluate the soil chemical properties (pH, Ca, Mg and H+Al), the potential production and the chemical composition of signal grass (Brachiaria decumbens Stapf) in soil amended with different limestone doses and calcium silicate slag. The experiment was carried out in a greenhouse, in the period 2006/2007, at the Universidade Estadual Paulista, Ilha Solteira-SP. Five doses of limestone and calcium silicate slag were tested, 0.0; 0.5; 1.0; 1.5; 2.0 times the recommended dose. A complete randomized design was used with four repetitions. Soil chemical composition was evaluated after incubation with the amendment, tillering, dry matter, protein, NDF (neutral detergent fiber) and ADF (acid detergent fiber). Both amendments provided to the soil positive effect in relation to the pH and content of calcium and magnesium. The variables dry matter and ADF were not significantly influenced by the types and doses of the amendments.

Key words: Acidity correction, Brachiaria decumbens Stapf, dry matter, tillering.

INTRODUÇÃO

A produção animal em sistemas de pastagem apresenta baixo custo econômico e rendimento na produção quando comparado a sistemas que visam à produção por confinamento, e alimentação à base de concentrados. Assim, para melhor eficiência desse sistema, práticas de manejo que visam ao maior desenvolvimento das pastagens são necessárias.

Uma das práticas agrícolas que pode ser utilizada, porém de pouco estudo em pastagem, é a correção de acidez do solo (Mesquita et al., 2002; Oliveira et al., 2007). Grande parte dos solos utilizados pela agropecuária brasileira apresenta elevada acidez. Esse fato, relacionado a outros, resulta em baixa produtividade das culturas, sendo assim necessário a aplicação de corretivos para elevar o seu pH, neutralizar os efeitos dos elementos tóxicos, fornecer cálcio e magnésio como nutrientes e aumentar a produtividade das culturas (Veloso, 1992).

Na maioria das propriedades dedicadas à pecuária no Brasil, a exploração das pastagens é feita com pouco ou nenhum uso de corretivos e fertilizantes em sistemas com baixa carga animal. Esse tipo de manejo por longos períodos geralmente leva à diminuição da fertilidade do solo e à degradação das pastagens (Cantarella et al., 2002).

O calcário é o corretivo de acidez do solo mais utilizado no Brasil. No entanto, existem outros materiais corretivos como os resíduos siderúrgicos que possuem a mesma finalidade e tem-se mostrado alternativa viável, destacando-se a escória silicatada (Amaral et al., 1994). A escória silicatada ou de siderurgia é um subproduto obtido a partir da sílica do minério de ferro que reage com cálcio do calcário em alto forno, resultando no silicato de cálcio com impurezas (Malavolta, 1981). As escórias em geral apresentam o ânion silicato que corrige a acidez do solo, embora com ação mais lenta quando comparado ao calcário (Prado & Fernandes, 2000). Além do efeito na correção de acidez do solo, a escória tem efeito positivo no fornecimento de silício às plantas (Barbosa Filho et al., 2004), podendo ocasionar alterações nas concentrações de fibra na planta. Vilela et al. (2007) observaram aumento de fibra de detergente neutro e maior digestibilidade da matéria seca da forragem com a aplicação de silicato. A disponibilidade de fósforo na solução do solo também pode ser afetada por meio da liberação dos íons solúveis de silicato durante o processo de dissolução no solo, os quais são fixados pelos óxidos e hidróxidos de Fe e Al, competindo com íons fosfatos pelos sítios de troca (Souza & Yasuda, 1994).

As plantas forrageiras possuem diferente comportamento quanto à acidez do solo, haja vista que algumas conseguem se desenvolver e se estabelecer em solos ácidos. No entanto, outras necessitam de solos com pH mais elevado para apresentar boa produção. O capim-braquiária (Brachiaria decumbens) constitui umas das forrageiras que se adapta a condições adversas, porém com baixa produtividade. Segundo Kissmann (1997), o capim Brachiaria decumbens trata-se de excelente forrageira perene e com grande produção de massa foliar de boa qualidade, resistente ao pastejo e ao pisoteio e que protege o solo contra erosão.

Assim, este trabalho foi conduzido com o objetivo de avaliar alguns atributos químicos do solo, perfilhamento, matéria seca e composição bromatológica do capimbraquiária, em solo corrigido com diferentes doses de calcário e escória silicatada.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido em ambiente protegido (estufa), na Faculdade de Engenharia, Campus II, UNESP - Ilha Solteira. O solo utilizado foi classificado como Latossolo, cujas características químicas segundo Raij & Quaggio (1983), na camada 0-20 cm, foram: P (mg dm-3): 8; M.O. (g dm-3): 23; pH CaCl2: 4,7; K+ (mmolc dm-3): 0,8; Ca+2 (mmolc dm-3): 9; Mg+2 (mmolc dm-3): 6; H+Al (mmolc dm-3): 31 e CTC (mmolc dm-3): 46,6; V(%): 34.

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, em esquema fatorial 2 x 5 e quatro repetições, sendo dois corretivos de acidez e cinco doses de corretivos. Os corretivos utilizados foram calcário dolomítico (39% CaO e 13% MgO) e escória silicatada (25,2% CaO e 2,5% MgO) com PRNT de 91,5% e 59,1%, respectivamente. As doses dos corretivos foram definidas com base na recomendação para a cultura a partir da elevação da saturação por bases do solo variando com a espécie forrageira (Werner et al., 1997), sendo utilizadas 0,0; 0,5; 1,0; 1,5 e 2,0 vezes a dose recomendada para cultura (1,8 t ha-1 de calcário e 2,8 t ha-1 de escória silicatada), correspondendo a 0,0; 2,7; 5,4; 8,1; 10,8 g de calcário e 0,0; 4,2; 8,4; 12,6; 16,8 g de escória silicatada por vaso com 6 dm-3 de solo.

Inicialmente o solo foi peneirado, e os corretivos (PRNT: calcário 91,5% e escória silicatada 59,1%), nas suas respectivas doses, foram misturados ao solo e colocados nos vasos. A umidade foi mantida a aproximadamente 70% da CRA (capacidade de retenção de água) por 50 dias. Para determinação da CRA foram utilizados cadinhos de Gooch, previamente saturados em água, secos e pesados. Aos cadinhos foram adicionados 10 g de solo e submersos em água por um período de 12 horas. Após, os cadinhos foram retirados da água e deixados escorrer por 48 horas e então pesados.

Duas semanas antes da semeadura a irrigação foi cessada para realizar uma adubação fosfatada. Para isso utilizou-se oito vezes a dose recomendada de fósforo (60 kg ha-1 de P2O5), pois de acordo com Fageria et al. (1982), os níveis ótimos para a cultura do arroz, também uma gramínea, cultivado em casa de vegetação correspondem, aproximadamente, a oito vezes o nível de adubação recomendada para as condições de campo. A fonte utilizada foi o superfosfato simples (18% P2O5). Antes da adubação fosfatada foram coletadas amostras de solo (todos os vasos) para analisar o efeito dos corretivos no solo antes e após a implantação da cultura (pH, Ca, Mg e H+Al). A semeadura foi realizada no dia seguinte à adubação com fósforo, tendo sido semeadas aproximadamente 30 sementes de braquiária (Brachiaria decumbens) por vaso. A germinação ocorreu três dias após a semeadura. Entre o 10º e o 20º dia após a emergência foram realizados desbastes periódicos até atingir cinco plantas de braquiária por vaso.

Foi feita adubação de cobertura aos 25 dias após a germinação com nitrogênio e potássio equivalentes a 30 kg ha-1 N eK2O, utilizando-se como fonte de N, a uréia e fonte de K, o cloreto de potássio. Devido à incidência de lagarta do cartucho (Spodoptera frugiperda), tripes e cigarrinha das pastagens, foi necessária a aplicação dos inseticidas Perfekthion e Horsban 480 CE aos 37 e 73 dias, respectivamente, após a germinação. Foram realizados três cortes do capim, aos 51, 87 e 119 dias após a germinação. Esse material foi seco a 60 ºC até peso constante e depois pesado. Após cada corte foram realizadas adubações com nitrogênio e potássio equivalentes a 60 kg ha-1 N e 30 kg ha-1 K2O no primeiro e terceiro cortes; 30 kg ha-1 N e 30 kg ha-1 K2O no segundo corte. Foram realizadas oito contagens de perfilhos, aos 18, 25, 32, 39, 46, 71, 93 e 119 dias após a germinação. O número de perfilhos por planta antes do primeiro corte foi definido contando todos os perfilhos das cinco plantas e depois esse valor foi dividido pelo número de plantas com perfilhos. Após os cortes, o número de perfilho foi determinado contando os perfilhos de uma única planta escolhida aleatoriamente.

Os teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA), nos três cortes, foram determinados no Laboratório de Bromatologia do Departamento de Biologia e Zootecnia.

Os dados coletados foram submetidos à análise de variância e teste F e as médias dos tratamentos foram comparadas aplicando-se o teste de Tukey, a 5% de probabilidade. A análise estatística foi realizada utilizando-se o programa estatístico SANEST.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Verificou-se pela análise de solo que não houve diferença significativa dos corretivos na correção da acidez potencial (H+Al). No entanto, a interação corretivo x doses foi significativa, ocorrendo decréscimo do H+Al no solo em função do aumento das doses de calcário e escória silicatada, ajustando-se as equações linear e quadrática y = 37,650 - 0,7200x e y = 32,014 + 0,652x - 0,048x2, respectivamente (Figura 1). De modo geral, observou-se efeito favorável das duas fontes de corretivos para as variáveis pH, K, Ca, Mg e (H+Al) comparativamente à análise química inicial (Tabela 1). Prado (2000) avaliou o efeito dos tratamentos com calcário e escória silicatada nos atributos químicos do solo, em cana-de-açúcar, e observou que tanto o calcário como a escória silicatada influenciaram as propriedades químicas do solo, aumentando o pH e os teores de cálcio e magnésio. Resultados semelhantes foram verificados por Pereira (1978) e Piau (1995), que avaliaram a escória e calcário em dois solos, e observaram que ambos corretivos apresentaram comportamento semelhante quanto à correção da acidez com incrementos nos teores de cálcio e magnésio.


Houve aumento do pH em todos tratamentos, sendo que o corretivo calcário proporcionou maior valor do pH quando comparado com a escória silicatada (Tabela 1). Esse resultado pode estar relacionado ao maior PRNT do calcário e confirma os obtidos por Fortes (1993), que verificaram ineficiência da aplicação de escória baseado no poder de neutralizadção (PN) para a correção do solo comparativamente ao calcário. Prado & Fernandes (2000), estudando o efeito do calcário e da escória na correção de acidez do solo, observaram baixa eficiência da escória de siderurgia, com base no PN adotado para o calcário. O teor de potássio foi maior no solo que recebeu escória silicatada. O contrário ocorreu com o magnésio, pois houve acréscimo em seu teor no solo corrigido com calcário. O teor de cálcio não diferiu entre os corretivos (Tabela 1).

As variáveis pH, Ca, Mg e H+Al foram significativas em relação ao fator dose, independentemente do corretivo, ajustando-se respectivamente às equações lineares y = 4,708 + 0,038x, y = 12,425 + 0,750x, y = 8,837 + 0,380x e y = 36,037 - 0,516x, com coeficientes de regressão significativos a 1%. No entanto, verificou-se aumento no teor de magnésio no solo em função do aumento das doses de calcário e escória silicatada, ajustando-se, respectivamente, às equações lineares y = 8,825 + 0,563x e y = 8,850 + 0,197x, com coeficientes de regressão lineares significativos a 1% (Figura 2). Esse aumento de magnésio pode ser explicado devido ao calcário possuir maior quantidade de MgO em relação à escória silicatada.


Na primeira contagem do número de perfilhos observou-se efeito significativo para a variável corretivo (Tabela 2), obtendo-se maior número de perfilhos quando foi aplicada a escória silicatada. Esse mesmo efeito foi observado na segunda contagem do número de perfilhos, em que verificou-se aumento dos perfilhos na dose de 1,5 vezes a dose recomendada apenas para a escória silicatada (Figura 3).


O número de perfilhos da quinta contagem para o corretivo calcário em função das doses apresentou maior número a partir da aplicação de 1,0 vez a dose recomendada, ajustando-se à equação quadrática y = 12,477 - 0,455x + 0,020x2 (Figura 4). No entanto, para a escória silicatada ajustou-se à equação cúbica y = 10,148 + 0,634x - 0,098x2 + 0,003x3, havendo maior perfilhamento com 2,0 vezes a dose recomendada.


O maior teor de proteína foi observado no terceiro corte com a aplicação de escória silicatada correspondente à dose recomendada (Tabela 3).

Os teores médios das variáveis matéria seca, proteína, FDN e FDA encontram-se na Tabela 2. Verifica-se que o teor de matéria seca foi maior no terceiro corte, variando de 12,18 g vaso-1 (1,5 vezes a dose recomendada de calcário) a 15,59 g vaso-1 (1,0 vez a dose recomendada de escória). Analisando o teor de proteína, observa-se que o valor decresceu a cada corte realizado, concordando com os resultados obtidos por Costa et al. (2007), os quais observaram que o aumento no intervalo de corte refletiu em menor teor de proteína. Esse fato deve estar relacionado ao estádio de desenvolvimento da planta, visto que forragens mais maduras apresentam baixa proporção de carboidratos solúveis, carboidratos de baixa digestibilidade e aumento de proporção de lignina, celulose, hemicelulose e outras frações indigestíveis.

A correção do solo, independentemente do tipo de corretivo, tendeu a aumentar os teores médios de matéria seca (Tabela 3), porém estatisticamente não apresentou diferença em função dos tipos e doses dos corretivos. Soares Filho (1991), em experimento com braquiária submetida à incorporação de calcário com grade aradora também não encontrou efeito significativo sobre a produção de matéria seca.

A composição bromatológica da braquiária, avaliada pelos teores de FDN e FDA, não foi afetada pelos corretivos de acidez, exceto no terceiro corte, em que a aplicação de calcário proporcionou maior teor de FDN em relação à escória silicatada. O uso de calcário, além de corrigir a acidez do solo, fornece cálcio às plantas, o que pode fortalecer a estrutura da parede celular, tornando-a mais resistente à degradação. Os teores médios de FDN aumentaram do primeiro para o terceiro corte, enquanto os de FDA apresentaram comportamento inverso, indicando assim maior proporção de estruturas de menor degradabilidade com o aumento do intervalo de corte.

CONCLUSÕES

Tanto a escória quanto o calcário proporcionaram aumento do pH do solo, refletindo no aumento da disponibilidade de nutrientes como cálcio e magnésio.

A aplicação de calcário proporcionou maior número de perfilhos nas contagens iniciais, enquanto a aplicação de escória aumentou o número de perfilhos na quinta e sexta contagens.

O capim-braquiária não respondeu em produção de matéria seca e FDA aos tipos e doses de corretivos avaliados.

Recebido para publicação em abril de 2009 e aprovado em abril de 2010

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    21 Mar 2012
  • Data do Fascículo
    Jun 2010

Histórico

  • Recebido
    Abr 2009
  • Aceito
    Abr 2010
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