Relação entre cargas de trabalho e o presenteísmo entre trabalhadores de enfermagem

RESUMO

Objetivo:

analisar a relação entre a exposição às cargas de trabalho e o presenteísmo entre trabalhadores de enfermagem no contexto socioambiental de hospitais universitários.

Método:

estudo quantitativo, transversal e analítico, com 355 trabalhadores de enfermagem de dois hospitais universitários no sul do Brasil. A coleta de dados ocorreu de novembro de 2019 a fevereiro de 2020. Utilizou-se a Escala de Cargas de Trabalho nas Atividades de Enfermagem e o Work Limitations Questionnaire. Empregou-se estatística descritiva, análise de variância e teste de correlação de Pearson.

Resultados:

verificou-se correlação significativa entre as cargas químicas e a gerência de tempo; cargas biológicas e gerência de tempo, demanda física e perda de produtividade; cargas fisiológicas e demanda mental e interpessoal, demanda de produção e perda de produtividade; cargas psíquicas e demanda de produção.

Conclusão:

existe relação entre as cargas de trabalho e o presenteísmo na enfermagem, verificado por limitações e perda de produtividade.

Descritores:
Presenteísmo; Carga de Trabalho; Equipe de Enfermagem; Hospitais Universitários; Enfermagem

ABSTRACT

Objective:

to analyze the relationship between exposure to workloads and presenteeism among nursing workers in the socio-environmental context of university hospitals.

Method:

this is a quantitative, cross-sectional and analytical study with 355 nursing workers from two university hospitals in southern Brazil. Data were collected from November 2019 to February 2020. The Workload Scale in Nursing Activities and the Work Limitations Questionnaire were used. Descriptive statistics, variance analysis and Pearson’s correlation test were used.

Results:

there was a significant correlation between chemical loads and time management; biological loads and time management, physical demand and productivity loss; physiological loads and mental and interpersonal demand, production demand and loss of productivity; psychological loads and production demand.

Conclusions:

there is a relationship between workloads and nursing presenteeism, verified by limitations and loss of productivity.

Descriptors:
Presenteeism; Workload; Nursing, Team; Hospitals, University; Nursing

RESUMEN

Objetivo:

analizar la relación entre la exposición a la carga de trabajo y el presentismo entre los trabajadores de enfermería en el contexto socioambiental de los hospitales universitarios.

Métodos:

estudio cuantitativo, transversal y analítico con 355 trabajadores de enfermería de dos hospitales universitarios del sur de Brasil. La recolección de datos se realizó de noviembre de 2019 a febrero de 2020. Se utilizó la Escala de Carga de Trabajo para Actividades de Enfermería y el Work Limitations Questionnaire. Se utilizó estadística descriptiva, análisis de varianza y prueba de correlación de Pearson.

Resultados:

hubo una correlación significativa entre las cargas químicas y la gestión del tiempo; cargas biológicas y gestión del tiempo, demanda física y pérdida de productividad; cargas fisiológicas y demanda mental e interpersonal, demanda de producción y pérdida de productividad; cargas psíquicas y demanda de producción.

Conclusiones:

Existe una relación entre cargas de trabajo y presentismo en enfermería, verificada por limitaciones y pérdida de productividad.

Descriptores:
Presentismo; Carga de Trabajo; Grupo de Enfermería; Hospitales Universitarios; Enfermería

INTRODUÇÃO

Na área da saúde, as condições de trabalho em que ocorre o desenvolvimento da assistência, as características relacionadas ao ambiente e as atividades de trabalho da enfermagem expõem os trabalhadores a diferentes cargas de trabalho⁽¹⁾. A definição de cargas de trabalho compreende os elementos do próprio ambiente laboral, que, por meio da sua interação com o trabalhador, são capazes de gerar desgastes físicos e psíquicos à sua saúde⁽²⁾.

A presença das cargas de trabalho no ambiente laboral também gera perda de produtividade entre trabalhadores de enfermagem, limitações e dificuldade para o desenvolvimento das atividades⁽³⁾. Essa diminuição da produtividade, assim como a redução da qualidade da assistência, caracterizam o fenômeno denominado presenteísmo, que se refere ao fato de o trabalhador desenvolver o trabalho, apesar de estar doente, diante da sobrecarga de trabalho, falta de apoio da chefia, condições físicas e mentais dos trabalhadores⁽⁴⁾.

O ambiente hospitalar é o local de trabalho com maior prevalência de presenteísmo⁽⁵⁾, e entre a equipe de enfermagem, os enfermeiros são considerados os mais presenteístas⁽⁴⁾. Outros estudos destacam que o presenteísmo é um desafio para a gestão da enfermagem, que deve planejar e gerenciar o trabalho, de forma que não sobrecarregue os trabalhadores, mantendo um número adequado de trabalhadores e reduzindo tarefas, pelo fato de que o presenteísmo é precedido por demandas de trabalho, esgotamento e exaustão^(6-7).

O presenteísmo foi evidenciado em estudo que indica que enfermeiros atuantes em hospitais e Atenção Primária à Saúde do Brasil, Portugal e Espanha desenvolvem o trabalho mesmo apresentando alguma doença⁽⁸⁾. Da mesma forma, verificou-se a ocorrência de presenteísmo entre uma equipe multiprofissional de uma Unidade de Terapia Intensiva, decorrente de problemas de saúde físicos e psicológicos⁽⁹⁾. Considerando-se que o presenteísmo ocorre em diferentes contextos, faz-se necessário aprofundar essa temática em hospitais universitários, devido às suas características que envolvem a assistência ao paciente junto às demandas de ensino, pesquisa e extensão vinculadas à Universidade.

Além disso, o presenteísmo na enfermagem vem sendo discutido no âmbito internacional, por comprometer a saúde dos trabalhadores e as atividades desenvolvidas na assistência aos pacientes⁽¹⁰⁾. Isso pode estar ligado à presença das cargas de trabalho na enfermagem, decorrente das condições em que as atividades são desempenhadas; logo, este estudo buscou relacionar a exposição às cargas de trabalho com as limitações que geram o presenteísmo. Entende-se que, na enfermagem, há um compromisso com a qualidade da assistência, fazendo com que os trabalhadores executem o trabalho, apesar de sentirem alterações na sua saúde. Com isso, essa análise possibilitará melhorias nas condições de trabalho em hospitais universitários e, consequentemente, a redução da exposição às cargas de trabalho, minimizando os impactos negativos a saúde dos trabalhadores, o adoecimento e o presenteísmo.

OBJETIVO

Analisar a relação entre a exposição às cargas de trabalho e o presenteísmo entre trabalhadores de enfermagem no contexto socioambiental de hospitais universitários.

MÉTODOS

Aspectos éticos

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos, e os aspectos éticos foram respeitados, preconizando a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde.

Desenho, período e local do estudo

Estudo quantitativo transversal e analítico, desenvolvido a partir da ferramenta STROBE em dois hospitais universitários vinculados a universidades públicas, localizados em dois municípios no sul do Brasil, identificados por H1 e H2. A coleta de dados foi realizada entre os meses de novembro de 2019 e fevereiro de 2020.

População ou amostra; critérios de inclusão e exclusão

Para o cálculo amostral, considerou-se a população de 752 trabalhadores de enfermagem, sendo 366 trabalhadores do H1 e 376 do H2, sendo 174 enfermeiros, 448 técnicos em enfermagem e 120 auxiliares de enfermagem. Logo, empregou-se o nível de confiabilidade de 95%, obtendo como amostra mínima 255 participantes⁽¹¹⁾. A amostragem foi do tipo não probabilística por conveniência, buscando atingir o maior número de participantes nos turnos da manhã, tarde e noite, atingindo uma amostra de 355 participantes. Dentre eles estão 95 enfermeiros, 229 técnicos em enfermagem e 31 auxiliares de enfermagem.

Os critérios de inclusão foram atuar nas seguintes unidades de assistência: Clínica Médica, Clínica Cirúrgica, Serviço de Pronto Atendimento, Rede de Urgência e Emergência, Clínica Obstétrica, Maternidade, Clínica Pediátrica, Centro Cirúrgico e Unidade de Terapia Intensiva (geral e neonatal). As unidades foram selecionadas por aproximação dos processos de trabalho. Como critérios de exclusão, elencaram-se: estar de férias ou licenças de qualquer natureza no momento da coleta de dados.

Destaca-se que os trabalhadores do Serviço de Pronto Atendimento e Rede de Urgência e Emergência foram mantidos como unidades de trabalho diferentes, pois a Rede de Urgência e Emergência, apesar de ser considerada porta de entrada do hospital, recebe os pacientes de outro pronto atendimento, além de ser subdividida em três setores, o que aumenta o quantitativo de trabalhadores, e a diferencia do Serviço de Pronto Atendimento. Nas demais unidades, não houve diferenciação dos trabalhadores entre os dois hospitais para análise dos dados devido à equivalência dos processos de trabalho.

Protocolo do estudo

A coleta de dados ocorreu por uma equipe previamente treinada, que distribuiu 400 instrumentos para os trabalhadores nos setores de trabalho individualmente, obtendo-se retorno de 372. Destes, dois foram excluídos por preenchimento incorreto, oito foram devolvidos em branco e um por recusa. Para coleta de dados, utilizou-se um instrumento elaborado pelo autor com variáveis sociodemográficas e laborais, contendo questões abertas e fechadas, incluindo sexo, idade, função de trabalho e exercício de cargo de chefia.

Para análise do presenteísmo, utilizou-se o Work Limitations Questionnaire (WLQ), que avalia a frequência de dificuldade ou capacidade de realizar as tarefas relacionadas ao trabalho, identificando o presenteísmo, instrumento que somente pode ser utilizado com a permissão dos autores; para tanto, foi necessária a assinatura de um Confidentiality Disclosure Agreement. O WLQ é composto por 25 itens em cinco questões, distribuídas em quatro domínios de limitação no trabalho: gerência de tempo, domínio demanda física, demanda mental-interpessoal e demanda de produção⁽¹²⁾. Esse instrumento foi escolhido para o estudo, tendo em vista que ele é capaz de identificar as limitações para o trabalho, o que possibilita o desenvolvimento de ações específicas às demandas apresentadas pelos trabalhadores.

Para análise das cargas de trabalho, empregou-se a Escala de Cargas de Trabalho nas Atividades de Enfermagem (ECTAE), elaborada para analisar as situações de exposição às cargas de trabalho no contexto socioambiental de hospitais universitários. A ECTAE é composta por 22 itens, distribuídos em seis construtos de cargas de trabalho⁽²⁾. O constructo F1, Cargas psíquicas, aborda tarefas administrativas, assistenciais e atividades de ensino, pesquisa e extensão, comunicação, orientação e supervisão, trabalho em equipe, atenção constante, violência psicológica e/ou moral, tensão no trabalho; o F2, Cargas fisiológicas, refere-se à manipulação de peso, transporte de pacientes, esforço físico; o F3, Cargas biológicas, avalia a presença de microorganismos, secreções, fluídos corporais e realização de procedimentos; o F4, Cargas mecânicas, refere-se a sofrer violência física, quedas e acidentes de trabalho; o F5, Cargas físicas, analisa a infraestrutura, iluminação, espaço físico, materiais, descarte de resíduos e choque elétrico; o F6, Cargas químicas, aborda o preparo e administração de medicamentos e manipulação de produtos de limpeza e desinfecção de materiais.

Os itens da ECTAE são avaliados por duas escalas Likert de cinco pontos, de intensidade (nada intensa=0; pouco intensa=1; intensa=2; muito intensa=3; extremamente intensa=4) e frequência (nada frequente=0; pouco frequente=1; frequente=2; muito frequente=3; extremamente frequente=4). Essa escala foi validada com alfa de Cronbach de 0,87, a medida de adequação da amostra obtida (KMO) foi de 0,87 e o teste de esfericidade de Bartlett (BTS) identificou significância estatística de 0,001.

Análise dos resultados e estatística

Os dados foram digitados no Microsoft Office Excel 2020; após, foram transportados para Statistical Package for Social Sciences, versão 24, para a realização das análises estatísticas. A análise do WLQ seguiu o manual fornecido pela autora do instrumento. Esse instrumento possui uma regra para viabilidade do questionário depois de preenchido referente a um número mínimo de respostas para cada domínio com necessidade de exclusão, identificando o índice WLQ, que permite determinar a porcentagem de perda de produtividade dos trabalhadores⁽¹²⁾.

Para tanto, verificaram-se os instrumentos que possuíam o número mínimo de respostas para cada domínio. A partir dessa regra, foram excluídos seis questionários. Dessa forma, foram considerados 355 participantes para realização do estudo.

Na análise dos dados de caracterização sociodemográficas, laborais dos trabalhadores e da ECTAE, realizou-se estatística descritiva por meio de distribuição de frequências relativas e absolutas, média e desvio padrão. Para os dados do WLQ, também foram utilizadas estatísticas descritivas por meio de distribuição de frequências relativas e absolutas, medidas de posição, como média, mediana e quartis e medidas de variabilidade, como desvio padrão, mínimo e máximo, permitindo analisar o presenteísmo de acordo com as características laborais dos trabalhadores de enfermagem⁽¹³⁾.

A normalidade dos dados numéricos foi testada por meio do teste Kolmogorov-Smirnov (p=0,000), verificando-se distribuição normal e utilizando testes paramétricos para as análises inferenciais. Realizou-se a análise de variância (ANOVA) para comparar as médias obtidas pelos trabalhadores nos itens do WLQ de acordo com as unidades de trabalho, função de trabalho e exercício de cargo de chefia. Já o teste de Correlação de Pearson, foi utilizado para analisar a relação entre as cargas de trabalho e o presenteísmo, adotando-se r entre -1 e 1. Foi adotado valor de p <0,05 como significância estatística em todas as análises⁽¹³⁾.

RESULTADOS

De acordo com as características sociodemográficas dos 355 trabalhadores de enfermagem, 290 (81,7%) eram do sexo feminino e 65 (18,3%) do sexo masculino, com idade média de 38,9 anos (DP±8,6 anos). As cargas de trabalho que apresentaram maior intensidade, exposição muito intensa, foram as cargas biológicas, com média de 3,0 (DP=0,95). As cargas fisiológicas e químicas foram identificadas como exposição intensa, com médias de 2,53 (DP=1,12) e 2,36 (DP=1,10). As cargas psíquicas apresentaram média de 1,83 (DP=0,91) e as cargas físicas média de 1,40 (DP=1,07), sendo identificadas como exposição pouco intensa; e, por fim, as cargas mecânicas foram identificadas como exposição nada intensa e apresentaram média de 0,92 (DP=0,93). A Tabela 1 apresenta a intensidade das cargas de trabalho de acordo com as categorias de trabalho, evidenciando que os técnicos em enfermagem identificaram maior média de intensidade com relação às demais categorias de trabalho para as cargas biológicas, 3,13 (DP=0,91), cargas químicas, 2,64 (DP=1,08), e cargas fisiológicas, 2,64 (DP=1,11). Os enfermeiros apresentam maior média de intensidade para as cargas psíquicas, 2,29 (DP=0,94), e físicas, 1,54 (DP=1,17), em relação aos técnicos e auxiliares de enfermagem. Os auxiliares de enfermagem apresentaram maior média de intensidade para as cargas mecânicas, 1,11 (0,91), em relação aos enfermeiros e técnicos em enfermagem.

Tabela 1
Intensidade das cargas de trabalho por categoria de trabalho, Rio Grande, Rio Grande do Sul, Brasil, 2020 (N=355)

Itens ECTAE	Categoria de trabalho
	Enfermeiros		Técnicos em enfermagem		Auxiliares de enfermagem
	X̅	DP	X̅	DP	X̅	DP
Cargas biológicas	2,87	1,04	3,13	0,91	2,60	0,91
Cargas mecânicas	1,08	1,13	0,83	0,83	1,11	0,91
Cargas químicas	1,72	0,93	2,64	1,08	2,35	0,98
Cargas físicas	1,54	1,17	1,35	1,06	1,34	0,81
Cargas psíquicas	2,29	0,94	1,70	0,84	1,48	0,83
Cargas fisiológicas	2,32	1,19	2,64	1,11	2,48	1,05

• Nota: ECTAE - Escala de Cargas de Trabalho nas Atividades de Enfermagem.

A Tabela 2 apresenta a distribuição dos trabalhadores de enfermagem segundo os valores obtidos no WLQ. O presenteísmo é identificado pela perda de produtividade média de 5,7%, sendo que 75% dos trabalhadores apresentaram 7,5% de produtividade perdida. No domínio demanda física, obteve-se média de 43,7% de limitação e 75% dos trabalhadores apresentaram limitação física de 66,6%.

Tabela 2
Valores obtidos pelos trabalhadores de enfermagem nos itens do Work Limitations Questionnaire, Rio Grande, Rio Grande do Sul, Brasil, 2020 (N=355)

Domínios WLQ	N	X̅	DP	Q1	Med	Q3
Índice WLQ	355	5,7	3,8	3,24	5,1	7,5
Gerência de tempo	355	21,3	20,0	5	15	31,2
Demanda física	355	43,7	28,3	20,8	41,6	66,6
Demanda mental-interpessoal	355	17,3	17,0	5,5	13,8	25
Demanda de produção	355	16,7	17,9	5	10	25

• Nota: X̅- média; DP - desvio padrão; Q1 - primeiro quartil; Med - mediana; Q3 - terceiro quartil; WLQ - Work Limitations Questionnaire.

Na Tabela 3, o índice WLQ e os domínios de limitação foram verificados entre os trabalhadores de enfermagem de acordo com suas características laborais. Identificou-se que, segundo as unidades de trabalho, a Rede de Urgência e Emergência foi a unidade que apresentou maior média de limitação nos domínios gerência de tempo (27,5%), demanda de produção (21,9%) e também a maior média de produtividade perdida (6,9%). No domínio demanda física, a unidade que apresentou maior média de limitação foi o Serviço de Pronto Atendimento (51,1%). No domínio demanda mental-interpessoal, a maior média de limitação foi da Unidade de Clínica Médica (21,7%).

Tabela 3
Valores obtidos nos itens do Work Limitations Questionnaire pelos trabalhadores de enfermagem segundo suas características laborais, Rio Grande, Rio Grande do Sul, Brasil, 2020 (N=355)

Variáveis	n	Gerência		Demanda						WLQ
		Tempo		Física		Mental-Interpessoal		Produção
		X̅	DP	X̅	DP	X̅	DP	X̅	DP	X̅	DP
Unidade de trabalho
CO	20	20,2	15,9	37,9	30,4	17,4	19,8	12,2	13,5	5,0	3,8
MAT	49	25,1	20,4	42,8	26,6	19,3	18,2	18,8	18,1	6,3	3,9
UP	28	14,3	13,9	44,4	36,3	10,4	8,7	7,5	9,7	3,9	2,6
SPA	31	12,0	11,7	51,1	25,8	12,6	10,3	13,1	14,0	4,8	2,6
UCM	56	24,4	19,4	41,2	26,2	21,7	18,1	21,4	19,5	6,6	3,8
UCC	30	23,7	23,2	47,2	28,3	15,6	15,1	16,0	15,2	5,7	3,6
CC	19	15,0	12,4	39,6	25,2	16,3	18,6	15,5	21,6	5,1	3,8
UTI Geral	24	20,2	20,7	46,4	28,0	19,7	19,8	17,9	20,3	6,1	3,8
UTI Neo	46	19,3	14,9	41,6	29,4	13,0	12,4	13,0	13,0	4,9	2,5
RUE	52	27,5	27,4	44,8	27,4	21,4	20,2	21,9	21,7	6,9	4,8
Função de trabalho
Enfermeiro	95	27,1	22,5	42,9	28,9	22,2	20,4	22,9	23,5	7,0	4,7
Técnico em enfermagem	229	19,4	18,6	43,0	27,4	15,9	15,2	15,0	14,6	5,3	3,2
Auxiliar de enfermagem	31	16,8	16,2	51,7	29,7	13,0	14,4	9,1	12,4	4,7	2,8
Cargo de chefia
Sim	12	33,6	29,9	46,8	27,8	36,1	35,7	44,1	39,4	10,5	7,1
Não	83	20,1	19,1	42,8	28,2	16,4	15,6	15,3	15,5	5,4	3,4

• Neo - unidade de terapia intensiva neonatal; RUE - rede de urgência e emergência; WLQ - Work Limitations Questionnaire (FALTANDOOOO)

Com relação à função desempenhada pelos trabalhadores, evidencia-se que os enfermeiros apresentaram maior média de produtividade perdida (7,0%), seguido pelos técnicos em enfermagem (5,3%) e auxiliares de enfermagem (4,7%). Além disso, os enfermeiros também possuíram maior média de limitação nos domínios gerência de tempo (27,1%), demanda mental-interpessoal (22,2%), demanda de produção (22,9%). Os auxiliares de enfermagem apresentaram maior média de limitação no domínio demanda física (51,7%). Destaca-se que os enfermeiros que exercem cargos de chefia apresentam maior média de produtividade perdida (10,5%), assim como nos demais itens do WLQ.

O teste ANOVA foi realizado, verificando-se diferença significativa entre as características laborais dos trabalhadores de enfermagem e os itens de avaliação do WLQ. A unidade de trabalho apresentou diferença estatisticamente significativa com gerência de tempo (p=0,008), demanda mental-interpessoal (p=0,027), demanda de produção (p=0,010) e índice de perda de produtividade (p=0,010). Verificaram-se também as diferenças significativas entre função de trabalho e gerência de tempo (p=0,002), demanda mental-interpessoal (p=0,003), demanda de produção (p=0,001) e índice WLQ (p=0,001). Diferença significativa foi identifica entre a variável exercer cargo de chefia e gerência de tempo (p=0,021), demanda mental-interpessoal (p=0,001), demanda de produção (p=0,001) e WLQ (p=0,001) (Tabela 4).

Tabela 4
Diferenças significativas entre itens do Work Limitations Questionnaire e características laborais dos trabalhadores de enfermagem, Rio Grande, Rio Grande do Sul, Brasil, 2020 (N=355)

Variáveis	Gerência	Demanda			WLQ
	Tempo	Física	Mental-Interpessoal	Produção
	p*	p*	p*	p*	p*
Unidade de trabalho	0,008†	0,826	0,027†	0,010†	0,010†
Função de trabalho	0,002†	0,253	0,003†	0,001†	0,001†
Cargo de chefia	0,021†	0,628	0,001†	0,001†	0,001†

• Nota:
• ^*
  Teste ANOVA;
• ^†
  nível de significância p<0,05; WLQ - Work Limitations Questionnaire.

Na Tabela 5, verificou-se o relacionamento positivo entre as cargas de trabalho físicas por meio do item do instrumento “Q03. Manipular produtos de limpeza e desinfecção, de equipamentos e materiais, como formaldeído, hipoclorito de sódio, sabões, ácido peracético, álcool” e o domínio gerência de tempo (r=0,13, p<0,015). Portanto, quando ocorre o aumento desta carga química durante as atividades de enfermagem, gera um aumento de limitação de tempo entre os trabalhadores de enfermagem.

Tabela 5
Teste de Correlação de Pearson entre a Escala de Cargas de Trabalho nas Atividades de Enfermagem e itens do Work Limitations Questionnaire, Rio Grande, Rio Grande do Sul, Brasil, 2020 (N=355)

Cargas de Trabalho	Itens ECTAE	Gerência	Demanda			WLQ
		Tempo	Física	Mental-Interpessoal	Produção
		r*	r*	r*	r*	r*
Químicas	Q03	0,13†	-0,04	0,09	0,07	0,08
Biológicas	Q05	0,10†	-0,09	0,06	0,05	0,04
	Q10	0,03	-0,12†	0,02	0,04	0,00
	Q11	-0,10†	-0,14†	-0,09	-0,06	-0,12†
Fisiológicas	Q15	0,06	-0,04	0,15†	0,11†	0,11†
Psíquicas	Q22	0,05	0,00	0,03	-0,10*	-0,01

• Nota:
• ^*
  Teste de Correlação de Person;
• ^†
  Força do relacionamento ≥ -1 e ≤+1; ECTAE - Escala de Cargas de Trabalho nas Atividades de Enfermagem; WLQ - Work Limitations Questionnaire.

Outro item que apresentou correlação positiva com a limitação gerência de tempo foi “Q05. Utilizar luvas de látex para realização de procedimentos invasivos e não invasivos nos pacientes e manipulação de produtos” (r=0,10, p<0,042). Questão relacionada à exposição às cargas biológicas identifica que, quando aumenta o desenvolvimento de atividades que necessitam luvas de látex, aumenta a limitação de tempo dos trabalhadores.

O relacionamento negativo foi identificado entre a carga biológica por meio do item “Q10. Ter contato com secreções no momento da realização de curativos, cuidados com drenos e aspiração oral, nasal ou traqueal” e a limitação demanda física (r=-0,12, p<0,018). Logo, evidenciou-se que, quando aumenta a exposição à carga biológica, diminui a limitação física dos trabalhadores.

A carga biológica, por meio do item “Q11. Realizar assistência a pacientes acometidos por microorganismos (vírus, bactérias, fungos) e pacientes em precaução por contato, aerossóis e gotículas”, apresentou correlação negativa com o domínio gerência de tempo (r=-0,10, p<0,042), domínio demanda física (r=-0,14, p<0,007) e perda de produtividade (r=-0,12, p<0,019). Portanto, identificou-se que, quando ocorre o aumento da exposição a essas cargas biológicas, os trabalhadores apresentaram diminuição das limitações relacionadas à demanda de tempo, demanda física e perda de produtividade.

O item “Q15. Realizar transporte do paciente da maca para a cama ou cadeira de rodas, transporte de paciente e de equipamentos” apresentou correlação positiva com os domínios de limitação demanda de produção (r=0,11, p<0,038), demanda mental-interpessoal (r=0,15, p<0,004) e índice de perda de produtividade (r=0,15, p< 0,004). Esse item caracteriza a exposição à carga fisiológica, evidenciando que, quando ocorre o aumento desta carga, aumenta as limitações de demanda mental-interpessoal, demanda de produção e perda de produtividade entre os trabalhadores.

Verificou-se também o relacionamento negativo entre a carga psíquica por meio do item “Q22. Trabalhar excessivamente em decorrência das tarefas administrativas, assistenciais e atividades de ensino, pesquisa e extensão” e demanda de produção (r=-0,10, p<0,050). Identificou-se que, quando a carga psíquica dos trabalhadores de enfermagem aumenta, diminui a limitação demanda de produção entre eles, uma vez que a demanda de produção é descrita como conseguir concluir todas as atividades vinculadas ao trabalho.

DISCUSSÃO

A exposição dos trabalhadores de enfermagem às cargas de trabalho evidenciou que as cargas biológicas foram identificadas pelos trabalhadores como muito intensa nas atividades de enfermagem. As cargas fisiológicas e cargas químicas foram identificadas como intensas no trabalho. Essas cargas de trabalho representam como ocorre o processo de trabalho da enfermagem no ambiente hospitalar, no qual as atividades envolvendo os pacientes, com exposição materiais biológicos, esforço físico e manipulação de peso, estão entre as rotinas mais desgastantes no trabalho⁽¹⁴⁾.

De acordo com o presenteísmo, nos dois hospitais universitários, verificou-se perda de produtividade entre os trabalhadores de enfermagem. Com relação aos domínios do WLQ, eles apresentaram maior limitação para a demanda física, seguida da gerência de tempo. Sob um ponto de vista semelhante, estudo com 328 enfermeiros destaca que os trabalhadores que apresentavam estado ruim de saúde (50,0%) e possuíam mais experiências de presenteísmo quando comparado ao grupo de enfermeiros que apresentavam bom estado de saúde (27,8%)⁽¹⁵⁾.

Corroborando o resultado de limitação para atividades relacionadas à demanda física e gerência de tempo, estudo com 211 trabalhadores de enfermagem de um hospital de ensino que apresentavam redução de desempenho do trabalho, devido ao presenteísmo, manifestavam sintomas musculoesqueléticos, como a dor lombar⁽¹⁶⁾. Os trabalhadores presenteístas também relatam dificuldades mentais, exemplificadas por baixa concentração, dificuldades em concluir tarefas burocráticas e de assistência aos pacientes⁽¹⁰⁾.

As unidades que apresentaram maior média de limitação nos domínios do WLQ e perda de produtividade foram a Rede de Urgência, o Serviço de Pronto Atendimento e a Unidade de Clínica Médica. Essas unidades apresentam como característica a assistência de enfermagem a pacientes que necessitam de cuidados de urgência e emergência, pacientes acamados e em cuidados paliativos, dependendo de maior demanda de trabalho da equipe de enfermagem, favorecendo o presenteísmo.

Corroborando estes resultados, estudo com 62 trabalhadores de uma equipe multiprofissional de uma Unidade de Terapia Intensiva, sendo 62,12% da equipe de enfermagem, evidenciou que o presenteísmo está relacionado às características sociodemográficas e laborais dos trabalhadores, como sexo, idade, terem filhos dependentes, realizar outra atividade profissional, horário de trabalho, realizar hora extra e já ter se afastado do trabalho⁽⁹⁾.

A saúde comprometida dos trabalhadores está relacionada à redução da perda de produtividade na enfermagem e possui como fatores que levam ao presenteísmo o estresse o trabalho, a satisfação, o apoio social, o gerenciamento de recursos humanos, a remuneração, capacitação, autonomia e trabalho em equipe⁽¹⁷⁾. Trabalhadores da saúde consideram que o ambiente de trabalho hospitalar em urgência possuem atividades estressantes e confirmam comparecer o trabalho, mesmo estando doentes, evidenciando alta incidência de presenteísmo⁽⁴⁾. Destaca-se que o local de trabalho tem influência na saúde do trabalhador, sendo ambientes propícios para a implementação de iniciativas de promoção de saúde, buscando reduzir o presenteísmo⁽¹⁸⁾.

De acordo com a função dos trabalhadores, os enfermeiros foram os mais presenteístas, apresentando maior perda de produtividade, além de maior limitação nos domínios gerência de tempo, demanda mental e interpessoal e demanda de produção. Além disso, os enfermeiros que exerciam cargos de chefia possuíam maior produtividade perdida em relação àqueles que não exerciam esses cargos.

Ao encontro deste resultado, estudo destaca que o presenteísmo na equipe de enfermagem é identificado na categoria profissional dos enfermeiros e que a opção por comparecer ao trabalho com algum comprometimento físico ou psíquico ocorre pela sobrecarga de funções, falta de apoio dos supervisores⁽⁴⁾, condições financeiras, tensões com a equipe de trabalho e culpa⁽¹⁰⁾. Além disso, os trabalhadores que possuem cargos no trabalho, que necessitam de maior comprometimento, não se ausentam do trabalho por problemas de saúde⁽¹⁸⁾.

Confirmando a influência das características laborais dos trabalhadores de enfermagem com o presenteísmo, verificou-se diferença significativa entre os itens do WLQ gerência de tempo, demanda mental e interpessoal, demanda de produção e índice de perda de produtividade e as características laborais, unidades de trabalho, função de trabalho e exercício de cargo de chefia. Destaca-se que, frente a exposição de trabalhadores de enfermagem a fatores, como dificuldade de descanso e de realização das atividades, maior será a possibilidade de desenvolverem doenças relacionadas ao trabalho, situação agravada pelas condições de trabalho em que os trabalhadores desempenham a assistência⁽¹⁹⁾.

A relação entre as cargas de trabalho e o presenteísmo evidenciou que o aumento das cargas químicas gera maior limitação no domínio gerência de tempo pelos trabalhadores de enfermagem. Fato evidenciado pelas tarefas realizadas pela enfermagem e de assistência indireta ao paciente, que demandam tempo para serem desenvolvidas, podendo levar à incapacidade de o trabalhador em cumprir todas as atividades de trabalho durante um período de tempo. As cargas químicas são caracterizadas pela manipulação de produtos químicos, especialmente na limpeza de materiais. A exposição a essas cargas é atribuída a desgastes à saúde, como náuseas, tonturas e reações alérgicas⁽²⁰⁾.

A limitação de tempo dos trabalhadores também foi evidenciada pela relação com as cargas químicas durante a realização de atividades que necessitam de utilização de luvas de látex e a limitação no domínio gerência de tempo. O trabalho no ambiente hospitalar exige dos trabalhadores a utilização de equipamentos de proteção individual em virtude da exposição a agentes biológicos, como vírus, bactérias, fungos, entre outros. Um exemplo disso é a infecção do coronavírus, na qual os enfermeiros estão na linha de frente dos cuidados aos pacientes e são suscetíveis à contaminação, o que causa estresse mental entre os trabalhadores, que necessitam de mais tempo do que o habitual para serem cautelosos no momento de colocar e remover o equipamento de proteção individual, a fim de reduzir o risco de infecção⁽²¹⁾.

Por outro lado, o aumento das cargas biológicas gera diminuição de limitação no domínio demanda física dos trabalhadores. Tal fato pode estar relacionado à necessidade que os trabalhadores possuem de realizar assistência adequada aos pacientes, não deixando que situações de saúde física impossibilitem o desempenho das atividades, como a realização de curativos, cuidados com drenos e aspiração oral, nasal ou traqueal. Esse resultado é justificado, pois o presenteísmo, além de resultar em baixo desempenho e produtividades nos locais de trabalho, também gera consequências negativas para a saúde dos trabalhadores. Entre a equipe de enfermagem, o presenteísmo pode comprometer a assistência prestada ao paciente. Ao mesmo tempo, os trabalhadores também comprometem sua saúde para promover o cuidado dos pacientes⁽⁷⁾.

Essa característica da relação entre as cargas de trabalho e o não presenteísmo entre os trabalhadores também é verificado no aumento das cargas biológicas relacionadas à assistência a pacientes acometidos por microrganismos e precaução por contato, aerossóis e gotículas e a diminuição de limitação de gerência de tempo, demanda física e perda de produtividade. Tendo em vista que, inquestionavelmente, faz parte do trabalho de enfermagem atuar frente a situações que exponham os trabalhadores as cargas biológicas. Em estudo em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, verificou-se que os trabalhadores de enfermagem destacaram a exposição a secreções, vírus e bactérias, em virtude do atendimento a pessoas com doenças infectocontagiosas e transmissíveis⁽²⁰⁾.

A relação entre as cargas fisiológicas e o presenteísmo é verificada pelo aumento nas limitações de demanda mental-interpessoal, na demanda de produção e a perda de produtividade frente a exposição a essas cargas. Isso pode estar relacionado a fatores, como não conseguir cumprir as atividades, como o transporte de paciente, por demandas excessivas de trabalho, refletindo também a possibilidade de um quantitativo de profissionais inadequados ou trabalhadores presenteístas. Destaca-se que a equipe de enfermagem assume atividades assistenciais e administrativas, no entanto o quantitativo de trabalhadores não é suficiente para o número de pacientes atendidos⁽²²⁾.

As cargas fisiológicas são identificadas pelos trabalhadores de enfermagem como a realização de movimentos repetitivos, manter posições inadequadas durante a realização de procedimentos, ficar por longos períodos em posição ortostática e manipular pesos dos pacientes. Além disso, foram caracterizadas como responsáveis por distúrbios osteomusculares e lesões por esforço repetitivo⁽²⁰⁾. Estudo evidenciou que o presenteísmo acomete um número elevado de trabalhadores de enfermagem, manifestando-se por sintomas musculoesqueléticos e causando diminuição do desempenho e concentração no trabalho⁽¹⁶⁾.

O aumento da exposição às cargas psíquicas também apresentou relação negativa com o domínio demanda de produção, descrevendo uma ausência de limitação. Considerando que o estudo foi realizado no contexto de hospitais universitários, os trabalhadores estão expostos às cargas psíquicas, por desenvolverem, ao mesmo tempo, diferentes atividades, como administrativas, assistenciais e de ensino, pesquisa e extensão. Entretanto, não foi identificado que estas características comprometam a limitação para o trabalho.

Os trabalhadores que desenvolvem atividades com exigências físicas, cognitivas e sociais elevadas, muitas vezes, ignoram sintomas de adoecimento físico e psíquico e não costumam se ausentar por problemas de saúde. Isso pode ocorrer por se sentirem responsáveis com o trabalho, desenvolvendo diversas demandas por períodos prolongados, sem apoio social, caracterizando-os como presenteístas⁽¹⁸⁾. Portanto, o presenteísmo deve ser visualizado como um problema gerencial e assistencial, pois reflete a baixa produtividade, situações de insatisfação dos trabalhadores, aumento de incidentes, estresse, reduzida qualidade de assistência, conflitos e adoecimento⁽²³⁾.

Limitações do estudo

O desenho transversal deste estudo é identificado como uma limitação, visto que não possibilita a análise de relação de causa e efeito, assim como a realização em dois ambientes de trabalho. Desta forma, sugere-se a reprodução deste protocolo de estudo em outros hospitais universitários, tendo em vista a necessidade de discussão da temática entre trabalhadores de enfermagem de diferentes regiões do país e/ou hospitais que possuam caráter de formação profissional.

Contribuições para a área da enfermagem

Os resultados deste estudo contribuem com a área da enfermagem, ao identificar a relação de cargas de trabalho nas atividades de enfermagem e o presenteísmo entre trabalhadores de enfermagem, por meio de dois instrumentos validados. Com eles, importantes reflexões são possíveis em relação às condições de trabalho e atividades inerentes à profissão, que levam ou não ao presenteísmo dos trabalhadores de enfermagem.

CONCLUSÕES

Este estudo permitiu identificar a relação entre as cargas de trabalho e o presenteísmo por meio de dois instrumentos validados. O presenteísmo foi identificado por meio da avaliação de domínios de limitação e perda de produtividade, apresentando diferença significativa com as características laborais e sua relação com as cargas de trabalho das atividades de enfermagem.

Com isso, na correlação entre as variáveis, foi possível verificar quais condições de trabalho afetam a saúde dos trabalhadores de enfermagem, como a manipulação de produtos de limpeza e desinfecção, de equipamentos e materiais, a utilização de luvas de látex para realização de procedimentos invasivos e não invasivos nos pacientes e a realização de transporte do paciente e de equipamentos.

Entretanto, também se evidenciou que existem condições de trabalho que são tão intrínsecas às atividades de enfermagem, e mesmo sendo cargas de trabalho, não geram limitações e perda de produtividade. Como exemplo, realizar assistência a pacientes acometidos por microrganismos e pacientes em precaução por contato, aerossóis e gotículas, ter contato com secreções e trabalhar excessivamente em decorrência das tarefas administrativas, assistenciais e atividades de ensino, pesquisa e extensão.

Os resultados obtidos permitem promover um olhar direcionado às condições de trabalho e às cargas de trabalho que causam limitações e perda de produtividades entre os trabalhadores de enfermagem. Com isso, podem-se desenvolver ações voltadas à recuperação da saúde dos trabalhadores que vivenciam o presenteísmo.

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Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  26 Jul 2021
• Data do Fascículo
  2021

Histórico

• Recebido
  12 Jan 2021
• Aceito
  05 Abr 2021