Acessibilidade / Reportar erro

AS TEIAS EPISTOLARES DE JOSÉ ENRIQUE RODÓ COMO TESTEMUNHO DA REVISTA NACIONAL DE LITERATURA Y CIENCIAS SOCIALES (1895-1897)1 1 Artigo não publicado em plataforma preprint. Todas as fontes e bibliografia utilizadas são referenciadas no artigo. As correspondências mencionadas pertencem ao acervo da Coleção José Enrique Rodó do Arquivo Literário da Biblioteca Nacional de Uruguay. Montevidéu, Uruguai. Pesquisa financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Cnpq), na modalidade Pós-Doutorado Sênior. Processo (102147/2022-1).

THE EPISTOLARY WEBS OF JOSÉ ENRIQUE RODÓ AS A TESTIMONY OF THE REVISTA NACIONAL DE LITERATURA Y CIENCIAS SOCIALES (1895-1897)

Resumo

Neste texto temos como objetivo revisitar um momento chave do diálogo epistolar do pensador uruguaio José Enrique Rodó (1871-1917): o interregno 1895-1897, período em que a atuação do então jovem escritor estava voltada ao projeto editorial da Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales. Localizando Rodó no epicentro da teia de relacionamento construída em torno das cartas e da Revista Nacional, analisaremos como as correspondências recebidas por ele, conservadas em seu Arquivo, podem ser lidas como legitimadoras de sua trajetória no exercício pedagógico da crítica literária, ao mesmo tempo em que denunciam sua atuação como uma potência intelectual para autores de diversas partes do continente, interessados em compartilhar ideias e projetos em prol da produção do conhecimento sobre a América Latina naquele momento.

Palavras-chave
José Enrique Rodó; correspondências; Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales ; América Latina; arquivo

Abstract

In this article we aim to revisit a key moment in the epistolary dialogue of the Uruguayan thinker José Enrique Rodó (1871-1917): the interregnum 1895-1897, a period in which the work of the then young writer was turned to the editorial project of the Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales. By placing Rodó at the epicenter of the relationship web built around the missives and the Revista Nacional, we will analyze how the correspondences received by him, kept in his Archive, can be read as legitimizers of his trajectory in the pedagogical exercise of literary criticism, and at the same time, they reveal his performance as an intellectual power for authors from different parts of the continent, interested in sharing ideas and projects in favor of the production of knowledge about Latin America at that time.

Keywords
José Enrique Rodó; correspondences; Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales ; Latin America; archive

A abundante correspondência José Enrique Rodó preservada em seu Arquivo, localizado na Biblioteca Nacional del Uruguay (BNU), revela um expressivo corpus epistolar que o conecta, de modo polifônico, a outras vozes e escutas a partir de seu país, capaz de remontar parte de um quadro histórico, cultural e intelectual do continente. Além disso, demonstra que o autor uruguaio foi um escritor de cartas ativo, e bastante atento a seus correspondentes.

Conforme ressaltou Ibañez (2014 p. 40)IBÁÑEZ, Roberto. Imagen documental de José Enrique Rodó. Montevideo: Biblioteca Nacional del Uruguay, 2014., Rodó possuía uma “vontade testamentária” que se traduziu na conservação cuidadosa de toda correspondência que recebia, desde cartões postais, fotografias ou recados enviados por seus interlocutores. Além disso, muitas vezes escrevia rascunhos ou fazia cópias das cartas despachadas. Este reconhecimento do valor de sua correspondência pode vir a ser um bom sinal de que vislumbrava a contribuição que esse diálogo pudesse oferecer no futuro, principalmente ao trabalho de interessados em revisitar as fontes primárias para a análise da história intelectual latino-americana.

Neste texto, objetivamos analisar suas correspondências recebidas entre 1895 e 1897, justamente o período em que Rodó, junto aos autores Victor Perez Petit (1871-1947),3 3 Poeta, narrador, ensaísta e dramaturgo uruguaio. Em 1937 lançou a biografia referência de José Enrique Rodó, intitulada Rodó: su vida, su obra. Carlos Martinez Vigil (1870-1949)4 4 Escritor, filólogo uruguaio e um dos fundadores da Academia Nacional de Letras Uruguaia. e Daniel Martinez Vigil (1867-1940),5 5 Poeta e jornalista uruguaio. deu vida à Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales. As cartas serão lidas como documentos de memória, planos, roteiros, fragmentos ou textos completos esboçados e pensados por seus correspondentes, e posteriormente publicados na Revista. Desse modo, em nossa hipótese aventada, as correspondências ocupam o lugar de principal testemunho da Revista, pois nos possibilita seguir o percurso criativo de seus interlocutores, além de revelar as leituras, os comentários pessoais e literários, o intercâmbio de projetos redacionais, dentre outras coisas.

De acordo com Horacio Tarcus (2020)TARCUS, Horacio. Las revistas culturales latinoamericanas: giro material, tramas intelectuales y redes revisteriles. Buenos Aires: Tren en Movimiento, 2020., o campo revisteril latino-americano é um campo de estudo emergente acessado por múltiplas disciplinas, consolidado nos últimos 20 anos, e há uma clara vinculação entre o ciclo de revistas e o ciclo intelectual latino-americano; portanto as publicações periódicas são concebidas como laços de redes intelectuais, se tornando agentes privilegiados para disputar a hegemonia do campo cultural.

Foi objetivando ampliar o olhar dos leitores a respeito da vida literária que Rodó empregou a correspondência com pessoas envolvidas no mundo das letras. As cartas trazem detalhes da vida cultural e social latino-americana, e se tornaram ferramenta fundamental para interligar escritoras e escritores. Estas correspondências, cuja sequência cronológica aqui analisada ocorreu entre os anos 1895 e 1897, adquirem ainda mais sentido se considerarmos que a Revista estava no centro da maioria delas, e ao observarmos o índice dos autores que publicaram em suas páginas e as cartas enviadas a Rodó, conseguimos tecer o que Liliana Weinberg (2021, p. XI)WEINBERG, Liliana. Introducción. In: WEINBERG, Liliana (org.). Redes intelectuales y redes textuales: formas y prácticas de la sociabilidad letrada. Ciudad de México, DF: UNAM, 2021, p. XI-XXXII. chamou de “redes intelectuais e redes textuais”. Deste modo, confluir cartas e Revista potencializa as diversas modalidades de “sociabilidade letrada”.

Nesse sentido, as cartas testemunham a gênese de um número da Revista Nacional, e como apontou José-Luiz Diaz (2007, p. 123)DIAZ, José-Luiz. Qual genética para as correspondências? Manuscrítica: Revista de Crítica Genética, São Paulo, n. 15, p. 119-162, 2012. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/manuscritica/article/view/177609>. Acesso em: 10 abr. 2023.
https://www.revistas.usp.br/manuscritica...
, podem funcionar como “laboratório”, ou “caixa registradora”, dos estados de criação de um texto, ou de uma obra em particular.

A interlocução entre a Revista e as correspondências nos possibilita reconstruir novas análises a partir de campos transdisciplinares; além disso, serão vistas como duas ferramentas intelectuais utilizadas por Rodó. A primeira representou canais de atualização e acompanhamento de diversos debates estéticos, políticos, sociais e culturais, e as segundas comprovam que o autor de Ariel foi um grande construtor de vínculos ao redor de problemas e expectativas vivenciados pelos autores hispano-americanos da última década do século XIX.

Deste modo, a atitude de Rodó, em nossa perspectiva, revela um processo de sistematização de redes intelectuais que se organizaram como resposta ao processo de modernização literária daquele momento.

De acordo com Ángel Rama (1985)RAMA, Ángel. Rubén Darío y el Modernismo. Caracas; Barcelona: Alfadi; Colección Trópicos, 1985., a sistematização de redes que aos poucos vão se organizando em resposta à modernidade, a busca de formas de apreensão de novos modos de vida, principalmente das elites urbanas, receptoras privilegiadas das mudanças estéticas e ideológicas dos centros europeus, vão moldando novas perspectivas ao campo cultural. Segundo o crítico, em momentos de mudanças intensas nas sociedades latino-americanas, se elege com acerto instalar-se na modernidade, se apropriando do instrumental europeu contemporâneo, principalmente no campo da imprensa. Esse aspecto foi denominado por Rama como parte de certo “isocronismo”, pois transformações literárias do Novo Mundo seguiam muito próximas daquelas produzidas nos pulsantes centros culturais.

Como veremos, dentre os correspondentes de Rodó neste período, também estão autores europeus, que inclusive ressaltam a importância da Revista para o momento de inserção da literatura hispano-americana, e simultaneamente detectamos a presença de escritoras, o que confere possibilidades à parcela feminina de iniciar o processo de sua profissionalização e, neste caso, a literatura e a leitura serviam como plataformas de divulgação de pensamentos também para a mulher.

Para a exposição do argumento, dividimos as cartas recebidas anualmente, e mencionaremos aquelas que se referem diretamente à Revista, isto é, as cartas como guia dos autores que tiveram seus textos publicados em suas páginas. Como veremos, em algumas ocasiões, não há uma sincronia entre as correspondências e os textos destes correspondentes divulgados nas páginas do periódico; no entanto, como delimitação utilizada na organização deste texto, todos tiveram algum tipo de contribuição publicada.

As cartas como mediações culturais e editoriais

Como já apontamos, a Revista teve seu funcionamento nos anos de 1895, 1896 e 1897. Dentre algumas razões para que deixasse de ser editada, conforme Etcheverry (1950)ETCHEVERRY, José Enrique: La Revista Nacional (1895-1897). Número, Montevideo, n. 6-8, p. 263-286, 1950., estiveram o contexto político do país, marcado por muitas convulsões e guerra civil, o esforço intenso de seus editores, que se dividiam entre outras atividades profissionais, e o custo para sua manutenção; porém, “la desaparición de la Revista Nacional dejaba a Rodó en posesión de una sólida reputación de crítico y de un público calificado y numeroso” (RODRÍGUEZ MONEGAL, 1967RODRÍGUEZ MONEGAL, Emir (ed.). José Enrique Rodó: obras completas. Madrid: Aguilar, 1967., p. 27). Além disso, foi por meio deste veículo de comunicação que Rodó iniciou o intercâmbio epistolar de modo sistemático, atividade que se manteve durante toda sua carreira como literato.

Conforme seus coordenadores, o objetivo da publicação era expressar a “vida cerebral” das novas gerações em termos de matéria científica e literária, uma vez que tinha caráter diferenciado do “noticieirismo sensacional”, e estaria mais interessada em trabalhos científicos ou das letras humanas.6 6 RODÓ, José Enrique et al. Programa de la Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 1, n. 1, p. 1, 1895.

Em seu programa de redação, o periódico quinzenal afirmou que a juventude estava privada de uma publicação capaz de exteriorizar seus anseios e de demonstrar suas energias, em conformidade com a “peculiaridade da raça” e com as tendências das correntes científicas do presente século. Nesse sentido, determinam como política editorial, no primeiro número da Revista, publicado em março de 1895:

puede con igual justicia ser señalada por los más optimistas como sintomatología precursora de un estado decadente, si no anómalo, del pensamiento nacional. No creemos que nos tilde de presuntuosos si decimos que la presente publicación tiente a satisfacer, por lo menos, la premiosa necesidad ya apuntada y a sacudir el marasmo en que yacen por el momento las fuerzas vivas de la intelectualidad uruguaya.7 7 Ibidem, loc. cit.

No total, se somam 60 números, que trazem em suas sessões textos literários de diversos formatos, comentários sobre obras, crítica literária, reflexões teóricas, notícias sobre a sociedade, programação cultural, cartas enviadas a seus redatores. José Enrique Etcheverry (1950) destacou que seus principais conteúdos, a literatura e as ciências sociais, conforme seu título, apontavam a preocupação rodoniana de principalmente divulgar o que o continente produzia em termos de romance, folhetins, poesias, ensaios em geral, além da produção filosófica, jurídica, sociológica, econômica etc., uma grande utilidade para a juventude universitária. E na sessão “Sueltos”, que encerra, normalmente, cada número, se anunciavam livros recém-publicados, revistas e cartas recebidas pela redação, novos colaboradores, notícias da circulação de autores etc., elementos que davam agilidade, flexibilidade bastante oportunas para o tom sério do periódico.

A Revista, segundo Rodríguez Monegal (1967)RODRÍGUEZ, MONEGAL, Emir. Prologo. In: RODRÍGUEZ MONEGAL, Emir (ed.). José Enrique Rodó: obras completas. Madrid: Aguilar, 1967, p. 19-143., foi a primeira tribuna literária de Rodó, que a partir dela proclamou alguns princípios fundamentais de sua política literária: a necessidade de preservar a continuidade da cultura hispânica e ocidental, o sentimento de tradição literária hispano-americana e nacional. Além disso, revelou seu interesse pela literatura contemporânea de língua espanhola.

Como uma publicação de jovens, foi um meio para divulgação de ideias, debates e discussões acerca do modernismo e americanismo literários. A Revista, que segundo Etcheverry (1950)ETCHEVERRY, José Enrique: La Revista Nacional (1895-1897). Número, Montevideo, n. 6-8, p. 263-286, 1950., inicialmente só aspirava ser expressão e voz da jovem intelectualidade uruguaia, passou a constituir, pela vontade consciente de seus redatores e pela acolhida na América, o órgão cultural da nova geração americana.

Algumas cartas enviadas e recebidas por Rodó neste período atestam a pretensão da Revista, principalmente a partir de 1896, em expandir os horizontes para os outros países do continente. Além disso, as cartas trocadas com redatores de outras revistas também apontam o intercâmbio de produções de diversos países.

Conforme Fernanda Beigel (2003)BEIGEL, Fernanda. Las revistas culturales como documentos de la historia latinoamericana. Utopía y Praxis Latinoamericana, Caracas, v. 8, n. 20, p. 105-115, 2003. Disponível em: <https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=2733727>. Acesso em: 10 abr. 2023.
https://dialnet.unirioja.es/servlet/arti...
, as publicações em revistas tiveram o papel protagonista na consolidação do campo cultural, pois se caracterizavam por amalgamar as ideias de grupos heterogêneos, provenientes de experiências políticas ou culturais diversas. Os diretores de revistas tiveram valor indiscutível, uma vez que contribuíram como expoentes de calibre no campo intelectual de cada país, e atuaram como catalizadores de novos projetos político-culturais, algumas vezes foram orientadores, outras contribuíram como colaboradores, mas essencialmente foram, em geral, editorialistas, dirigentes políticos, ensaístas, conferencistas, ideólogos, livreiros, distribuidores, tipógrafos e profissionais da imprensa.

Deste modo, a análise da Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, considerando as cartas como mapas, nos ajuda a superar os estudos centrados em entidades nacionais, em favor de uma perspectiva comparativa que auxilia no entendimento das formas de circulação de ideias que ultrapassam fronteiras.

Liliana Weinberg (2021)WEINBERG, Liliana. Introducción. In: WEINBERG, Liliana (org.). Redes intelectuales y redes textuales: formas y prácticas de la sociabilidad letrada. Ciudad de México, DF: UNAM, 2021, p. XI-XXXII. classifica que a relação entre modernização e educação possa ser encarada como uma chave interpretativa importante para compreender os papeis das revistas na América, uma vez que são possibilidades para assentar as bases de nossa independência intelectual, e de alcançar uma segunda forma de emancipação que completaria a independência política – o afã didático declarado dos periódicos, notícias de história, política, ciência, tudo o que, segundo a autora, permitisse gerar um sentido de cidadania americana para o conhecimento.

Para José Enrique Rodó, a Revista foi sua plataforma de acesso aos círculos da crítica hispano-americana, e projetou seu nome para além das fronteiras. Como veremos, o autor conseguiu divulgar sua produção, e ao mesmo tempo a de outros autores, e a partir dela iniciar o que se configuraria futuramente em uma rede intelectual arielista.

Desse período analisado neste texto, somam-se aproximadamente 160 cartas recebidas por Rodó que estão conservadas em seu Arquivo, cujo estado de preservação da maioria é muito bom. A partir de Montevidéu, Rodó dirigiu e recebeu inúmeras cartas para diversos países da Hispano-América, e algumas delas para fora desta comarca. Este conjunto de correspondências forma um complexo de caminhos enredados principalmente em temas atrelados a seu continente. Sua escritura epistolar, como ressalta Belém Castro Morales (2016)CASTRO MORALES, Belén. José Enrique Rodó: estudio crítico. Madrid: Biblioteca Virtual Ignacio Larramendi de Polígrafos, 2016., é um diálogo diverso, mas altamente eficaz para influenciar a gestação de projetos comuns. Por este meio de comunicação coletivo, que muitas vezes cumpriu uma função similar a das resenhas e de planos futuros, observamos a possibilidade de revisitar alguns itinerários de trabalho.

Parte desta correspondência foi publicada primeiramente por Hugo de Barbagelata em 1921BARBAGELATA, Hugo. Epistolario. Paris: Vertongen, 1921., e posteriormente em sua Obra completa, organizada por Emír Rodríguez Monegal (1957 e 1967), e por Wilfredo PencoPENCO, Wilfredo. Cartas de José Enrique Rodó a Juan Francisco Piquet: primera serie. Montevideo: Biblioteca Nacional, 1980., em Cartas de José Enrique Rodó a Juan Francisco Piquet (1979). Nos anos 1940 seu arquivo começou a ser organizado por Roberto Ibáñez, cuja distribuição metódica realizada pela equipe o dividiu em cinco seções temáticas: manuscritos, correspondência, impressos, documentos e testemunhos. A unidade “correspondência” foi dividida em três séries regulares e consecutivas: cartas de Rodó, cartas a Rodó e cartas sobre Rodó, das quais algumas destas se tornaram prólogos de livros, ou foram publicadas em jornais e revistas como cartas abertas, mas sua maioria permanece inédita.

Rodríguez Monegal (1967, p. 1320)RODRÍGUEZ MONEGAL, Emir (ed.). José Enrique Rodó: obras completas. Madrid: Aguilar, 1967. encara a correspondência de Rodó como uma “arma formidable de su labor de proselitismo americanista”. Neste sentido as cartas, como apontou Nora Bouvet (2006), cumpriram um rol sumamente importante na construção de âmbitos afetivos, políticos, intelectuais e artísticos; o gênero epistolar é capaz de criar laços entre a subjetividade e o social, entre o eu e os outros.

Así lo epistolar puede ser concebido como el primario de un lazo destinado a usos múltiples, vastos intercambios sociales y procesos creativos que, podemos reducir a dos grandes esferas discursivas, social y literaria, interrelacionadas: la carta como medio de comunicación social y la carta como un medio de creación literaria

(BOUVET, 2006BOUVET, Nora. La escritura epistolar. Buenos Aires: Edueba, 2006., p. 107).

É neste entremeio entre sociedade (debate sobre o continente) e a literatura (a Revista Literaria) que queremos analisar as correspondências recebidas por Rodó entre 1895 e 1897. As redes de colaboradores da Revista tecidas por meio das cartas foram eficientes como procedência, já que muitas vezes estas correspondências traziam também no conteúdo de seus envelopes os textos manuscritos a serem publicados. A partir de seu mapa letrado podemos detectar informações sobre a produção, distribuição e comercialização de livros, folhetos e revistas.

1895: o início do projeto de incorporação intelectual

A partir de 1895 podemos observar o início do processo das cartas como testemunhos da relação intelectual entre Rodó e seus correspondentes. Em seu Arquivo estão contabilizadas um total de 15 cartas recebidas entre 1892 e 1895. Apesar de não representar um número expressivo em comparação aos anos seguintes, podemos detectar alguns sinais que retratam o movimento rodoniano em busca da consolidação do projeto editorial coletivo. Para tanto, ressaltamos as cartas do uruguaio Pedro Miranda e a do espanhol Leopoldo Alas.

Apesar de as trocas das cartas terem iniciado em 1895, muitos destes autores só terão seus textos publicados em edições posteriores a este primeiro ano da Revista – desta forma, em alguns momentos não há uma sincronia entre cartas e textos. É o caso de Pedro Miranda, que em carta datada de 6 de abril de 1895, remetida da cidade de Minas (Departamento de Lavalleja), escreve que havia recebido, por meio de outro colega em comum, o convite de Rodó para administrar a distribuição da Revista naquela cidade. Agradece pela confiança e pede que Rodó lhe envie 20 exemplares para iniciar seu trabalho. Nesta situação, observamos uma preocupação de seus editores com a circulação interna daquele veículo de comunicação, bem como a necessidade de forjar redes atuando nesse processo. Assim como Rodó também articulava seus contatos, os outros editores da Revista também realizavam o mesmo procedimento.

Pedro Miranda publicou sua primeira contribuição em 10 de janeiro de 1896, um trecho de uma crônica chamada “¡Las cinco!”. Seus outros textos publicados foram “A la vejez, Virualas”, “Por seguir a una muchacha”, “Celino”, “Solos de violín”, “Degradado”, “¡Destino! (ensaio psicológico)” e, por fim, “Puntos sociológicos”.8 8 MIRANDA, Pedro. ¡Las cinco! Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 2, n. 21, p. 332, 1896; A la vejez, Virualas. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 2, n. 31, p. 107-108, 1896; Por seguir a una muchacha. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 2, n. 41, p. 268-268, 1897; Celino. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 47, p. 364-365, 1897; Solos de violín. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 49, p. 12-13, 1897; Degradado. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 52, p. 56-58, 1897; ¡Destino! (ensaio psicológico). Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 57, p. 138-142, 1897; Puntos sociológicos. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 57, p. 189-190, 1897.

A carta emblemática do então já consolidado crítico espanhol, Leopoldo Alas (Clarín), já dava a entender que a “empresa juvenil”, que contava com parcos recursos financeiros e que estava preocupada em criar possibilidades para sua distribuição interna no país, poderia vislumbrar novos rumos. Em missiva significativa, em que analisava a circulação do periódico e seu projeto, Alas menciona o terceiro estudo de Rodó publicado na Revista. Nesse texto o tema era justamente a crítica literária de Leopoldo Alas. Nesse trabalho intitulado “La Crítica de ‘Clarín’”, o então iniciante escritor uruguaio assinala a reivindicação da crítica como uma ciência.

Dentre as observações de Rodó sobre Clarín, ressaltamos:

Su naturalismo, que nunca excluyó el criterio amplio y la cultura total que le han llevado a la ardorosa defensa de los clásicos como elemento de educación literaria irreemplazable, se señaló además por cierta “dilatación de horizontes” que, en presencia de actuales modificaciones de su crítica, es oportuno recordar.9 9 RODÓ, José Enrique. La crítica de Clarín. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 1, n. 5, p. 75-76, 1895.

Em resposta a esse estudo, Alas escreveu uma carta direcionada à redação da Revista, em 29 de dezembro de 1895, na qual diz:

Muy señor mío: he recibido un ejemplar del numero 5 de su ilustrada Revista, en la cual leo una segunda parte de un artículo que se me dedica, y que va firmado por el señor D. José Enrique Rodó. Escriba a V. Ante todo, para rogarle que, em mi nombre, dé las gracias más expresivas al Sr. Rodó por su artículo

(ALAS, 1895ALAS, Leopoldo. Palique. La Saeta, Barcelona, v. 25, n. 2, p. 2-3, 1897.).10 10 Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (25330-25330V).

Esta carta foi reproduzida na Revista Nacional, na edição de 25 de janeiro de 1896, no número 22, o que demonstra a relação, desde o princípio, inextricável entre o periódico e as cartas. Além disso, o reconhecimento de um crítico como Alas respaldava ainda mais a importância da Revista, além da crítica de Rodó. A carta publicada pode ser lida como uma espécie de consolidação do projeto editorial empreendido pelos redatores.

No Arquivo Rodó é possível localizar um rascunho da resposta de Rodó à carta de Alas, transcrita por Rodríguez Monegal (1967, p. 1323)RODRÍGUEZ MONEGAL, Emir (ed.). José Enrique Rodó: obras completas. Madrid: Aguilar, 1967.:

Maestro y mi amigo: mi compañero, el director de la Revista Nacional, donde hago mis primeras armas literarias, me ha dado a leer la atenta carta que con fecha de diciembre ppdo, le ha dirigido Ud. a propósito del artículo por mí publicado en esa Revista con el título de La Crítica de Clarín. Necesito testimoniar a Ud. mi satisfacción y mi gratitud por esta carta, para mí muy honrosa (…). Con el número de la Revista, en que se publicó la primera parte de mi artículo sobre Ud. envíole algunos otros que contienen trabajos míos.

Nota-se que Rodó se refere a Clarín como mestre, e suas palavras não escondem a satisfação por receber um elogio dele. Nessa mesma carta, Rodó menciona também que no ambiente ingrato para todas as manifestações desinteressadas do trabalho intelectual, das “democracias inquietas e mercantilizadas”, as palavras de Alas serviam como alento. Ao empregar a correspondência com personalidades envolvidas com o mundo das letras, observamos uma ampla rede de contatos que começava a se irradiar e a moldar uma pulsante rede de sociabilidade literária.

Como apontou Belém Castro Morales (1990)CASTRO MORALES, María Belén de. José Enrique Rodó modernista: utopía y regeneración. Isla Canarias: Universidad de la Laguna, 1990., o intercâmbio epistolar entre Rodó e Alas mostra um tipo de relação intelectual presidida pela troca de ideias acerca da literatura e da crítica, num momento histórico e cultural em trânsito, marcado pela finalização do positivismo, crise do naturalismo, recuperação de velhos ideais e pela busca pelas vias do progresso cultural. O crítico espanhol publicou dois comentários elogiosos sobre a Revista no periódico La Saeta, de Barcelona, ressaltando sua originalidade, e livre de vínculo das “pestes pegajosas de Paris”:

Críticos como el Sr. Rodó pueden hacer mucho en América, por la sincera unión moral e intelectual de España y las repúblicas hispanoamericanas, unión que podría preparar lazos políticos y económicos futuros, de los que, a mi ver, ya tiene sentadas en las premisas la historia, y que las consecuencias que saque el porvenir

(ALAS, 1897ALAS, Leopoldo. Palique. La Saeta, Barcelona, v. 25, n. 2, p. 2-3, 1897., p. 2-3).

Alfonso Morales (1992)GARCÍA MORALES, Alfonso. Literatura y pensamiento hispánico de fin de siglo: Clarín y Rodó. Sevilla: Publicaciones de Sevilla, 1992. ressaltou que Rodó foi um grande leitor de Alas, e é muito provável que tivesse conhecimento do plano dos folhetos literários que Clarín vinha publicando desde 1886. O espírito novo, caracterizado pelo idealismo e pela religiosidade, vinha contrastar com o positivismo estreito e o egoísmo generalizado do mundo moderno.

O que depreendemos deste período de trocas de cartas e dos textos publicados na Revista é a convergência de ideias que se fundamentam num projeto editorial compartilhado para a elaboração de uma publicação voltada para a divulgação da literatura e da ciência produzidas no continente. O início do projeto confirma a existência de redes de produção e distribuição de livros, folhetos e textos soltos, tendo como veículo fundamental as correspondências, repletas de informações sobre a vida intelectual daquele momento.

1896: expandindo os horizontes da comunicação

O ano de 1896 foi bastante frutífero no que se refere à trama escrita rodoniana. No arquivo se contabilizam 39 cartas recebidas neste ano, e como veremos, em sua maioria trocada com autores que também tiveram assiduidade na Revista. Iniciamos com os autores da vizinha Argentina, que foram os principais correspondentes de Rodó naquele ano. Em cartão datado em março de 1896, Manuel Ugarte, então diretor da Revista Literária, saúda afetuosamente seu colega:

y al enviarle un artículo para el numero extraordinario que preparan, le agradece su fina invitación. Las páginas que se adjunta solo tienen el mérito de ser inéditas. Espero de Vd. igual contribuición para La Revista Literaria. 11 11 Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (25186-25186V).

No número 25 da Revista, de 10 de abril, o conto “Carnavalescas”, de Ugarte foi publicado, em cuja descrição diz que o texto é do “jovem e distinto escritor argentino”.12 12 UGARTE, Manuel. Carnavalescas. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 2, n. 25, p. 7, 1896.

Em resposta à solicitação de Ugarte, Rodó escreveu uma contribuição à Revista Literaria, em formato de carta, a qual foi intitulada “Por una unidad de América”. Nela diz retribuir a contribuição do autor argentino à Revista Nacional, e que a questão da internacionalidade americana impressa por Ugarte em seu periódico, leva a estas páginas a “oferenda intelectual” de diversas seções do continente. Em suas palavras,

lograr que acabe el actual desconocimiento de América por América misma, merced a la Concentración de las manifestaciones, hoy dispersas, de su intelectualidad, en un órgano de propagación autorizado; hacer que se fortifiquen y se estrechen los lazos de confraternidad que una incuria culpable ha vuelto débiles, hasta conducirnos a un aislamiento que es un absurdo y un delito, son para mí las inspiraciones más plausibles, mas fecundas, que pueden animar en nuestros pueblos, a cuantos dirigen publicaciones del género de la usted

(RODRÍGUEZ MONEGAL, 1967RODRÍGUEZ MONEGAL, Emir (ed.). José Enrique Rodó: obras completas. Madrid: Aguilar, 1967., p. 831).

Observamos por meio destas correspondências, e do intercâmbio de contribuições de textos publicadas em periódicos distintos, o estabelecimento de uma cruzada continental traçada por intelectuais de diferentes países, cujos projetos se encontraram e delimitaram como um mote para a região: a união pela palavra.

Em outra correspondência de Manuel Ugarte, de 6 de maio de 1896, o autor argentino encaminha nova contribuição à Revista, acompanhada de um retrato, além de agradecer pela bela carta que Rodó lhe enviou sobre a fraternidade latino-americana. Esta contribuição de Ugarte é o poema “Prosa en verso”. Outro poema enviado é intitulado “Fúnebre”, e a última contribuição de Ugarte publicada no veículo uruguaio foi a poesia “Dos sonetos”, em seu último número.13 13 UGARTE, Manuel. Prosa en verso. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 2, n. 29, p. 75, 1896; Fúnebre. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 44, p. 314, 1897; Dos sonetos. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 60, p. 185, 1897.

Outro correspondente argentino que se comunicou com Rodó naquele ano foi o poeta e diplomático Leopoldo Díaz. Em cartão remetido em janeiro de 1896, agradece o autor uruguaio pelo “gentil estudo” de sua obra Bajo-Relieves, de 1895. Rodó, em seu juízo crítico publicado na edição de dezembro de 1895, o intitulou “De dos poetas: ecos lejanos, por Carlos Guido Spano Bajo-Relieves, por Leopoldo Díaz”; no texto enfatizou: “no es por cierto, el taller de un ignorado: el nombre de Leopoldo Díaz ocupa, ha tiempo, para los que aspiramos a la superioridad espiritual del buen gusto, puesto honroso en la más distinguida selección de las amistades de la inteligencia”.14 14 RODÓ, José Enrique. De dos poetas Guido Spano y Leopoldo Díaz. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 1, n. 19, p. 292-295, 1895.

Sempre atento a um modo didático de comentar as obras, Rodó enfatiza a questão da espiritualidade, do bom gosto e da inteligência como elementos presentes no livro de Díaz, além de demonstrar seu interesse na divulgação e no estímulo à leitura das obras recém-lançadas no continente.

Em carta do poeta argentino enviada a Rodó, de março de 1896, Díaz responde, em papel timbrado com o símbolo do Ateneu de Buenos Aires, uma carta de Rodó na qual aceita contribuir com a Revista, e que é um orgulho fazer parte de um “grupo tão seleto”: “contesto a su amable invitación remitiendo para la simpatica Revista Nacional, que leo con placer, ese pequeño trabajo inédito, que es el único que tengo disponible”.15 15 Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (25181). Trata-se do poema “El llanto del Monstruo”, dedicado a Rubén Darío.16 16 DÍAZ, Leopoldo. El llanto del Monstruo. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 2, n. 24, p. 372, 1896.

Os redatores fazem uma nota de apresentação dizendo que o “exímio poeta” argentino lhes remete de Buenos Aires a preciosa composição que com verdadeiro prazer publicam, além de advertirem que não é de praxe a Revista publicar textos que não sejam inéditos, que no entanto abriram uma exceção em favor do trabalho deste autor. Anunciam ainda que Díaz prepara um texto inédito, que viria a ser a poesia chamada “A Verlaine”.17 17 DÍAZ, Leopoldo. A Verlaine. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 2, n. 32, p. 115, 1896.

Seu quarto texto publicado são dois poemas chamados “Voces del limbo” e “Dije al pájaro blanco”. Por fim, a última contribuição de Díaz foram os poemas “Las lágrimas” e“El beso a la sombra”.18 18 DÍAZ, Leopoldo. Voces del limbo: dije al pájaro blanco. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 45, p. 321, 1897; Las lágrimas rojas: el beso a la sombra. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 54, p. 84, 1897.

Esta relação intelectual traçada entre Rodó e Díaz nos dá a dimensão de gêneros híbridos que se entrecruzaram neste momento da literatura hispano-americana. A crítica de Rodó sobre o livro de Díaz fez iniciar uma relação de correspondência, que por sua vez se transformou em convites para publicar textos na Revista, movimento que se repete com outros interlocutores.

Em carta não datada, Ramón Iribas enviou uma resposta ao convite de Rodó para contribuir com a Revista, timbrada com informações do periódico La Ilustración Sud-Americana, de Buenos Aires. Na carta Iribas escreveu: “acepto y agradezo su gentil ofrecimiento, y envío “Dos líneas”, demasiado personales, yo lo sé”.19 19 Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (25201). Este texto foi publicano na Revista de número 32, de 25 de julho de 1896, e está dedicado a Rodó.

Outro autor argentino que se correspondeu com Rodó e também publicou na Revista foi Casimiro Pietro, emigrado espanhol que vivia em Buenos Aires e foi diretor do Almanaque Sud-Americano, anuário de caráter artístico e literário. Em carta datada de 5 de agosto de 1896, diz ter recebido boas notícias do Uruguai, e agradece o convite enviado por Perez Petit para contribuir com algum texto.20 20 Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (25214). Suas duas contribuições para a Revista foram o conto “Judith”, e o poema “En el Rosal”, este dedicado a Rodó.21 21 PIETRO, Casemiro. Judith. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 2, n. 36, p. 177, 1896; En el Rosal. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 57, p. 130-131, 1897.

Observamos as figuras de editores de revistas preocupados em estabelecer vínculos também com revistas fora dos limites nacionais. Como observa Horacio Tarcus (2020)TARCUS, Horacio. Las revistas culturales latinoamericanas: giro material, tramas intelectuales y redes revisteriles. Buenos Aires: Tren en Movimiento, 2020., as revistas se constituíram em pequenas comunidades de intelectuais; tratam-se de veículos em movimentos contínuos, e que conseguiram congregar ideias e torno da construção de leitores.

Expandindo sua rede de contatos com outros países tendo como veículo principal as revistas, o diretor de periódicos peruano José Maria Barreto enviou uma carta para Rodó em nome da redação da Revista Letras, localizada na cidade de Tacna, no Peru. A carta é datada de 6 de outubro de 1896, e diz:

considero a Ud., mi admirado escritor, como uno de los que mis impulsos puede dar a mi periódico con su galana y valiosa colaboración, y en tal virtud y en aras del compañerismo literario – me permito suplicarle encarecidamente quiera Ud. honrar las columnas de “Letras”, con las gallardas producciones de su ingenio. 22 22 Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (25236).

Na seção “Sueltos” da Revista Nacional de 25 de dezembro de 1896, número 42, há uma nota sobre a Revista Letras, redatada pelo “jovem e distinto escritor peruano José M. Barreto”.23 23 RODÓ, José Enrique et al. Sueltos. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 2, n. 42, p. 288, 1895. Sua primeira contribuição se chama “Verbis”, pequeno conto dedicado a Rodó. Seu segundo conto, intitulado “El alfiler”, foi dedicado aos irmãos Daniel e Carlos Martínez Vigil, e por fim, um último texto chamado “¡Entre las sombras!” foi publicado no periódico.24 24 BARRETO, José Maria. Verbis. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 43, p. 295-296, 1897; El alfiler. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 53, p. 74, 1897; ¡Entre las sombras! Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 58, p. 157, 1897.

Outro autor peruano, Octavio Espinoza y G., enviou uma carta para Rodó na primavera de 1896, na qual agradeceu o envio do número da Revista em que possui um texto publicado, e aproveita a ocasião para elogiar a edição. Seu primeiro trabalho se chama “Del libro Espontáneas”, e o segundo é uma poesia “El aquelarre de las rosas”.25 25 ESPINOZA, Octavio. Del libro Espontáneas. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 2, n. 33, p. 137, 1896; El aquelarre de las rosas. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 2, n. 41, p. 167, 1896.

A escritora peruana Mercedes Cabello Carbonera também iniciou sua correspondência com Rodó em 1896. Carbonera se afirmou como escritora em seu país no final dos anos 1870, quando começou a participar de periódicos culturais voltados para mulheres. Em carta de 26 de setembro de 1896, Carbonera escreveu a Rodó:

Muy estimado colega, fue su carta me ha dado complacido, no necesitaré probárselo; me prodiga U. elogios y me pide mi colaboración para su Revista, y ambas cosas me revelan que hay en U. bondad y simpatía para juzgarme. 26 26 Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (25227).

A autora se lamenta no fundo de sua alma por não enviar algo inédito para a Revista, mas promete fazê-lo. Como observação final, diz que recebeu de Nova Iorque as provas de seu novo conto.

A única contribuição de Carbonera à Revista foi um estudo crítico sobre o texto “La vida nueva”, de Rodó. Este texto manuscrito está entre as correspondências de Rodó em seu Arquivo. Originalmente, a crítica foi publicada no jornal El Comércio, de Lima, e aponta:

Como voz vibradora de la espiritualidad que no muere; como clamor de un proscrito del Ideal Moderno; como protesta contra la Objetividad vulgar del Arte que, matando el espíritu ha pretendido suprimir el sentimiento, el amor, y todo lo bello y sublime que del ser humano se irradiaron, – así han brotado de la pluma del notable literato José Enrique Rodó, las páginas que, cual deliciosa golosina, habrán devorado muchos lectores. 27 27 CARBONERA, Mercedes Cabello. La vida nueva. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 59, p. 169-170, 1897, p. 169.

Observamos que paulatinamente Rodó segue expandindo seu perímetro de alcance no continente, buscando intelectuais de outros países para além do Rio da Prata. Seu trabalho exorta a outros intelectuais a também produzirem textos, pensar os problemas e as questões ligadas a seus países, ou também divulgar seus romances, teorias, contos e poesias.

O escritor panamenho Adolfo García foi correspondente de Rodó e também publicou na Revista Nacional. Em carta de 30 de outubro de 1896, se diz muito feliz por ter recebido a carta do uruguaio, e pela demonstração de “simpatias literárias”.28 28 Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (25254). Envia alguns versos, que diz esperar serem meritórios dada a importância das colunas da Revista, e teve seu poema “Arco-íris” publicado.29 29 GARCÍA, Adolfo. Arco-íris. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 2, n. 42, p. 252, 1896.

Por fim, das correspondências enviadas a Rodó em 1896, temos a carta de Rafael Merchán, autor nascido em Cuba e exilado na Colômbia. Em sua primeira carta, datada de 16 de novembro de 1896, diz:

Doy a V. y à los demás señores, redactores de la Revista Nacional rendidas gracias, por su bondad en solicitar mi colaboración. Leo la Revista con mucho interés, y gozo al ver cuán adelantado se halle en esa Republica el movimiento intelectual. Se publican en ella trabajo de elevadísimo mérito, pertenecientes a diversos géneros, y los que llevan la firma de V. son los que siempre leo primero, porque V. escribe sobre los las materias de mi predilección, y lo hace V. como maestro. 30 30 Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (25260).

Na edição de 25 de dezembro de 1896, número 42, a redação da Revista publicou uma nota intitulada “La Revista Nacional en Colombia”, apontando que o veículo seguia no propósito de aumentar seu número de colaboradores,

con representantes acreditados de la intelectualidad de los diversos pueblos del Continente, plácele consignar que el éxito más lisonjero va coronando sus esfuerzos encaminados a realizar aquella aspiración para bien de la noble causa de la confraternidad literaria americana.31 31 RODÓ, José Enrique et al. La Revista Nacional en Colombia. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 2, n. 42, p. 281, 1896. .

Com isso, anunciam a publicação de trechos da carta de Merchán e a composição do jovem poeta colombiano, Adolfo García, este “prosélito entusiasta del modernismo poético acaudillado en América por Rubén Darío”. Neste caso, vemos revelado que neste labirinto de informações entrecruzadas, os caminhos podem congregar e religar uns autores aos outros. Neste transcurso guiado pela correspondência e por textos publicados no veículo em questão, nota-se também a experiência do exílio de muitos autores, que por razões diversas saíram de seus países, mas encontram possibilidades de refletir e falar sobre eles em seus trabalhos e em suas correspondências trocadas com Rodó.

A carta foi o único texto de Merchán publicado na Revista, no entanto, em suas páginas ecoaram novamente o autor ao publicar uma resenha de sua obra Cuba: justificación de su Guerra de Independencia, a qual foi intitulada “Notas bibliográficas”, e foi escrita pelo uruguaio Miguel Cané, que elogia o “estilo nobre e moderado” do autor cubano, cujo livro estaria a favor do “patriotismo e do talento de Merchán”.32 32 CANÉ, Miguel. Notas bibliográficas. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 46, p. 350-352, 1897, p. 351.

Observamos por meio destas cartas de 1896, revertidas em publicações da Revista Nacional, um processo de promoção solidária da produção intelectual disseminada por vários países da região, marcados por diferentes convulsões sociais, processos de modernização, mas que não abandonavam a tentativa de consolidação de um americanismo finissecular que adquiria cada vez mais vitalidade e força. Isto ficará explícito nas correspondências de 1897, cujo impacto das correspondências remetidas por Rodó aumentarão ainda mais o raio de redes tecidas com intelectuais de outros países.

1897: a consolidação de itinerários intelectuais grupais

Em 1896, Rodó planejou a publicação de uma coleção chamada “Vida nueva”, a qual dividiu em três partes: “La vida nueva I”, em que formulou seus propósitos e incluiu os seguintes textos: “El que vendrá” e “La novela nueva: a propósito de ‘Academias’, de Carlos Reyes”; “La vida nueva II: Rubén Darío: su personalidad literária: su última obra”; e, por fim, “La vida nueva III: Ariel”. Apenas a primeira parte foi publicada nas páginas da Revista Nacional, na edição de 26 de junho de 1896, número 30, em que lemos “El que vendrá”, e na edição de 25 de dezembro de 1897, “La novela nueva”, no número 42. A maioria das cartas recebidas a partir deste momento comentaram estes dois textos rodonianos, e ressaltaram sua qualidade como crítico literário, e também como grande intérprete daquele momento histórico vivenciado.33 33 RODÓ, José Enrique. El que vendrá. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 2, n. 30, p. 81-83, 1896; La novela nueva: a propósito de “Academias”, de Carlos Reyes. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 2, n. 42, p. 273-276, 1896.

Alguns de seus interlocutores dos anos anteriores prosseguiram o exercício da correspondência, como os argentinos Manuel Ugarte, Leopoldo Díaz e Casimiro Pietro, e o peruano José Maria Barreto. Nestas cartas continuam atestando o recebimento das respostas de Rodó, acompanhadas dos números da Revista, em seus conteúdos exaltam que o objetivo de pensar os projetos coletivos continuam, além de narrarem sobre suas vidas pessoais e profissionais, demonstrando a consolidação de uma amizade intelectual.

No ano de 1897, novos correspondentes argentinos foram incorporados, como Luis Berisso e Carlos Alfredo Becú. O ensaísta e editor Luis Berisso escreveu a Rodó em 17 de outubro de 1897, e apontou que voltou a ler os “notáveis estudos” “El que vendrá” e “La novela nueva”: “el lema que Ud. ha puesto al frente de sus páginas es una profesión de fe con la que estoy plenamente de acuerdo. Si Ud. lo lleva a término, la América contará en breve con un crítico eclético”.34 34 Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (25075).

Berisso já havia estreado como colaborador na Revista em 10 de março de 1897, com a tradução de “Belkiss” e “El ángel y la ninfa”,35 35 BERISSO, Luis. Belkiss: el ángel y la ninfa. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 46, p. 352, 1897. poemas de Eugenio Castro, e foi apresentado pelos editores como

un distinguido literato argentino cuyos artículos de diez años a esta parte, vienen engalanando las columnas de los mejores diarios y revistas bonaerenses (…). Su pluma es una de las mejores cortada entre las mejores de allende el plata, y ciertos primores maravillas por ella realizados, le han valido a su dueño elogios y parabienes que satisfarían al espíritu más exigente. 36 36 RODÓ, José Enrique et al. Eugenio de Castro y su traductor Luis Berisso. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 46, p. 353-354, 1897, p. 353.

Outros artigos de Berisso publicados na Revista foram “Manuel Guiérrez Nájera”, “El pensamento de América: Domingo F. Sarmiento”, “Evocando el pasado” “El pensamento de América: Juan B. Alberdi, José Joaquín Olmedo”.37 37 BERISSO, Luis. Manuel Guiérrez Nájera. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 49, p. 8-11, 1897; El pensamiento de América: Domingo F. Sarmiento. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 54, p. 88-90, 1897; Evocando el pasado. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 55, p. 106-108, 1897; El pensamiento de América: Juan B. Alberdi, José Joaquín Olmedo. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 60, p. 182-183, 1897.

A correspondência de Carlos Alfredo Becú, de 5 de setembro de 1897, perguntava a Rodó se seu livro Es la plenitude de los Extasis havia chegado à redação da Revista. Sua única contribuição neste periódico foram três pequenos sonetos publicados juntos no número 44.

Leopoldo Lugones também enviou carta a Rodó em 1897 e contribuiu com a Revista. Em carta escrita em 8 de outubro do mesmo ano apontou que recebeu o “elegante folheto” de Rodó, mas as circunstâncias familiares não lhe haviam permitido que o lesse até aquele momento, por isso estava impedido de tecer comentários, mas se sentia lisonjeado porque o autor uruguaio estava pedindo sua opinião. A primeira contribuição de Lugones no periódico ocorreu em data antes da carta enviada a Rodó, na edição de 15 de agosto de 1896, número 34, e foi precedida da seguinte nota:

Por intermedio del distinguido poeta y escritor don Casimiro Prieto, director del popular y acreditado Almanaque Sud-Americano, hemos obtenido la valiosa colaboración de los Señores Leopoldo Lugones y Carlos Ortiz, dos de los más afamados literatos de la nueva generación argentina.38 38 RODÓ, José Enrique et al. La Revista Nacional en Colombia. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 2, n. 34, p. 149, 1896.

A poesia publicada se chama “Flores de Pesadilla”; a segunda contribuição foi o poema “A la amante”, e a última se chama “Cuadro”.39 39 LUGONES, Leopoldo. Flores de Pesadilla. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 2, n. 34, p. 149, 1896; A la amante. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 47, p. 356-357, 1897; Cuadro. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 48, p. 379, 1897.

Outro autor argentino, integrante da galeria da Revista e que se comunicou com Rodó neste momento, foi José Pardo, que remeteu uma carta em que apontava que a revista dirigida por ele, Atlántida, recebeu o belo livro La vida nueva, complementando: “Muchas gracias. Solo puedo decirle una frase: És Ud. un crítico. Las columnas de Atlántida quedan à su disposición, esperando poder publicar dentro de poco alguno bello trabajo suyo”.40 40 Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (25102).

A primeira contribuição de José Pardo foi o pequeno texto “Bíblicas”, que a redação apresenta como “distinguido escritor argentino”, que então era o diretor da Revista América. De todos os autores mencionados até o momento, foi o que mais contribuiu, com nove textos, distribuídos entre os gêneros de poemas, contos e críticas literárias.41 41 PARDO, José. Bíblicas. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 30, p. 89, 1897.

Observamos que as relações intelectuais cultivadas por meio das cartas com autores argentinos neste interregno de duração da Revista evidenciam a evolução das redes americanistas de Rodó com o país vizinho. Nesta rede improvisada de autores que recomendavam outros autores, que também figuraram nos índices da Revista, lemos a demonstração de um esforço conjunto destes países da região do Rio da Prata de consolidar a um pensamento e literatura próprios.

Novamente buscando expandir suas relações intelectuais por meio das cartas neste período, Rodó começou a se corresponder com a escritora peruana Teresa González de Fanning, que ao longo de sua vida, assim como Carbonera, voltou seus esforços para a necessária educação da mulher em seu país, além de seu acesso a oportunidades de trabalho para além do âmbito doméstico.

Interessante apontar que Rodó se comunicou por cartas com poucas mulheres; no entanto, o fato de elas estarem presentes também nos índices da Revista revela que começavam a ser aceitas por este círculo intelectual de autores predominantemente homens do final do século XIX, e que a imprensa literária foi uma plataforma de publicização de seus escritos. Dentre as escassas produções de mulheres publicadas na Revista, as da escritora e educadora uruguaia Adela Castell foi a mais assídua. Interessante ressaltar que nos trabalhos e na atuação destas autoras as posturas são similares, como a defesa da educação e do trabalho para além do lar para as mulheres, desejos patrióticos, e a fé no progresso modernizador.

No Arquivo Rodó existem três cartas de González de Fanning, do ano de 1897. Na primeira delas, datada de 25 de agosto, a autora se desculpa pelo atraso em responder a carta de Rodó de 5 de julho, pois somente lhe havia sido entregue há poucos dias. Em suas palavras:

La invitación que em ella se sirve U. hacerme en nombre de la Redacción de la ‘Revista Nacional’ me complace y me honra. He aun tenido U. el feliz acierto de reunir en su interesante quincenario, las producciones literarias, perfumadas flores del alma, con los problemas y progresos de las ciencias sociales, sazonadas frutas de la inteligencia y la labor humanas; es decir lo ameno con lo útil. 42 42 Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (25006).

No final da carta se diz honrada e agradecida, além de encaminhar sua primeira colaboração, e ainda enxerga em Rodó um futuro amigo, o que realmente se concretizou, pois as correspondências entre ambos continuaram na década seguinte. O único texto de Teresa Fanning na Revista é “Perfiles a vuela pluma: Pepe Rosas”.43 43 FANNING, Teresa González de. Perfiles a vuela pluma: Pepe Rosas. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 56, p. 122-123, 1897.

Em carta de 5 de outubro de 1897, atesta a Rodó que recebeu o número da Revista que continha o folheto “La vida nueva”, com a seguinte dedicatória: “a insigne escritora”. Nela Fanning argumenta longamente porque não se julga digna deste elogio, e que sempre censurou o gênero convencional de elogios mútuos tão usado entre os escritores, e finaliza com uma provocação ao autor: “me ha hecho el desfavor de juzgarme de tan errado criterio que acepté como merecido un epíteto que su galanteria dedica al sexo, mas bien que al mérito de la escritora”.44 44 Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (2504V).

Interessante advertência da autora, justamente a qual se envolveu em diversas causas para as mulheres, como no campo educacional e profissional, advogando em favor da autonomia feminina. Na leitura da autora, Rodó pouco conhecia seus escritos, e numa atitude de humildade, não se considerava à altura de ser chamada de “insigne”, e simultaneamente a isso, mesmo que a relação intelectual entre ambos estava marcada por certa hierarquia entre redator e convidada, a autora se posiciona e pede que não seja tratada com deferências, que segundo ela não tinha a ver com sua escrita, mas sim com seu gênero.

Na última carta de 1897, datada em 25 de dezembro retomou o debate em tom mais ameno, talvez por conta da justificativa do autor tê-la convencido: “a mi vez entorno el mea culpa y hago firme propósito de no reincidir en ‘el gran pecado’ de dudar de la sinceridad de U. siquiera no sea mas por la cuenta que me tiene el darle crédito”.45 45 Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (25142).

Nesta carta ainda informa que Mercedes Carbonera iria para a região do Rio da Prata, e ainda diz que a seu juízo era a primeira escritora peruana, e talvez a primeira da América do Sul. A recomendação da colega de profissão ao autor é novamente sintoma deste contexto de modernização cultural, quando as mulheres passam a atuar na esfera literária pública, e a atitude de Fanning também aponta o desejo de instalar a figura da autora no contexto local do Prata. A participação destas mulheres na Revista revela a atualidade de suas páginas que abria espaço para a escrita pública, intervindo no ambiente cultural do continente.

Em relação às correspondências com autores da Colômbia, houve a integração de um novo nome no ano de 1897. Trata-se do poeta e educador Isaías Gamboa, que viveu exilado em vários países do continente. Em carta enviada em 5 de junho de 1897, escreveu em papel timbrado da Sociedad Científico Literária La Juventude Salvadoreña, agradecendo o convite para colaborar com o “ilustre periódico” e enviou sua primeira contribuição, uma pequena poesia inédita, enfatizando: “Ud. tiene la libertad de corregir lo que no le parece bien de mi escrita”.46 46 Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (24938).

Muitos correspondentes autorizavam Rodó, como uma atitude de mestre/aluno, a corrigir ou realizar alterações no texto. Além disso, muitos iniciavam as cartas se referindo a Rodó como mestre. Gamboa possui apenas uma poesia publicada na Revista, “Plegaria de Lázaro (prosa de Zolá)”. Na apresentação da Revista há um pequeno texto dizendo que Gamboa é um dos poetas mais renomados da América Central, e cultor da Gaia Ciência.47 47 GAMBOA, Isaías. Plegaria de Lázaro (prosa de Zolá). Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 50, p. 25, 1897.

Buscando expandir ainda mais sua rede de contatos com intelectuais, Rodó se relacionou em 1897 com o venezuelano Rufino Blanco Fombona. Em carta datada de 8 de setembro de 1897, de Caracas, o poeta escreveu que remetia uma resposta à amável carta de Rodó, e expressava sua gratidão por suas brilhantes frases. Ademais, menciona que conhecia números soltos da Revista, “tão interessante publicação americana”:

Voy a decirlo: lo que me ha gustado de la Revista Nacional es, primero: la divisa de U. “por la unidad intelectual de Hispano-América”; y luego una originalísima frase, también de U., reveladora de toda un alma, e inserta en un brillante artículo crítico sobre La novela nueva. Escribe U.: “las fronteras del mapa son las de la geografía del espíritu; y la patria intelectual nos es el terruño”.48 48 Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (25013).

A única contribuição de Blanco Fombona à Revista foi o texto “La Teoria Monroe aplicada a la Literatura”.49 49 BLANCO FOMBONA, Rufino. La Teoria Monroe aplicada a la Literatura. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 58, p. 153-155, 1897. Rodríguez Monegal (1967)RODRÍGUEZ MONEGAL, Emir (ed.). José Enrique Rodó: obras completas. Madrid: Aguilar, 1967. apontou que ambos os autores, guardadas algumas diferenças, compartilham o ideário americanista, e eram grandes admiradores de Bolívar. Num rascunho escrito de novembro de 1897, provavelmente em resposta a esta carta de Blanco Fombona mencionada, Rodó escreveu: “yo creo que en el arte, en la literatura, es donde principalmente puede contribuirse, hoy por hoy, a estrechar los lazos de esa unidad casi disuelta” (RODRÍGUEZ MONEGAL, 1967RODRÍGUEZ MONEGAL, Emir (ed.). José Enrique Rodó: obras completas. Madrid: Aguilar, 1967., p. 1354).

Entretanto, na mesma carta, apontou que seus americanismos destoavam um pouco, pois observou que o de Blanco Fombona seria um pouco “belicoso e intolerante”, ao passo que o seu procurava conciliar com amor da nossa América o das velhas nações, as quais mira com um sentimento filial. Esta constatação de Rodó revela também como característica de suas cartas um debate e discursos intelectuais que não eram necessariamente homogêneos, mas que se abriam também para discordâncias.

Em outubro de 1897, outro poeta renomado da América, Rubén Darío, enviou uma carta a Rodó, quando o nicaraguense já vivia em Buenos Aires. A curta carta dizia:

Señor y querido compañero, tanto el envío de su primer interesantísimo opúsculo de crítica como las amables palabras que lo acompañan, me hacen manifestarle mi agradecimiento. No hay dudas que comenzamos una vida nueva en nuestra américa. Su labor es una de tantas manifestaciones de ese hecho. Crea señor y querido compañero, en mi verdadera simpatia. 50 50 Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (25082-25082V).

Darío publicou quatro trabalhos na Revista. Antecedendo sua primeira contribuição, Daniel Martínez Vigil o apresentou como: “la Redacción de la Revista Nacional presenta sus homenajes al primogénito, al hermano mayor, al literato que escancia el vino de Chipre de sus concepciones en el ánfora sagrada de la forma griega”.51 51 VIGIL, Daniel. De Rubén Darío. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 2, n. 35, p. 161, 1896.

O primeiro trabalho de Darío foi intitulado “La Klepsidra: la extracción de la idea”; o segundo foi a poesia “Marina”; o terceiro “El amor y da saudade (de Eugenio Castro)”; e, por fim, “De Rubén Darío”, um pequeno poema escrito em resposta a um pedido de uma jovem admiradora de Lima para que o poeta lhe enviasse um autógrafo.52 52 DARÍO, Rubén. La Klepsidra: la extracción de la idea. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 2, n. 35, p. 161, 1896; Marina. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 2, n. 45, p. 321, 1896; El amor y da saudade (de Eugenio Castro). Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 2, n. 47, p. 354, 1896; De Rubén Darío. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 48, p. 376, 1897.

Neste ano de 1897, o cubano exilado em Nova Iorque, Francisco García Cisnero, escreveu em 20 de março a Rodó se apresentando como um “Majadero bibliófilo”.53 53 Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (25082-25895). Em sua carta dizia que sempre seguiu a história das letras latinas e que reuniu várias revistas importantes, sendo que da Revista possuía vários exemplares, mas não havia conseguido a edição de janeiro, pedindo portanto que Rodó lhe envie, além de elogiar seu trabalho, pedindo que lhe apresentasse mais sobre as letras uruguaias, as quais pouco conhecia.

A partir deste momento se iniciou o diálogo entre García Cisneros e Rodó, que prosseguiu na década seguinte, o que ressalta também uma disseminação do periódico nos Estados Unidos da América. Na Revista Nacional ele contribuiu com os textos “Bizantinos”, “Lejanías” e “Mosaico pompeyano”.54 54 GARCÍA CISNEROS, Francisco. Bizantinos. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 48, p. 381-382, 1897; Lejanías. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 49, p. 11, 1897; Mosaico pompeyano. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 52, p. 55, 1897.

Em relação a seu contato epistolar com a Bolívia, mencionamos uma carta de Tomas O’Connor D’Arlach, escritor, historiador e cronista da cidade de Tarija, e à época diretor do jornal La estrella de Tarija e da Revista Literaria. Em carta de 27 de julho de 1897, escreveu a Rodó agradecendo pelas “nobres palavras de condolência”55 55 Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (24987). sobre a perda de sua filha. Além disso, atesta o recebimento de sua “esplêndida Revista”, e agradece pela publicação de seu texto “Adolfo Ballivian”. No final da carta apontou que a Revista não só representa uma honra à imprensa do Prata, mas da América inteira. Outros textos escritos pelo boliviano foram os poemas “El ¡ay! de la orfandad”, e “Raquel”. A carta de Connor D’Arlach revela que o leque de temas também abrangia subjetividades e acontecimentos da vida privada, além de significarem pontes de afeto.56 56 O’CONNOR D’ARLACH, Tomas. Adolfo Ballivian. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 46, p. 340-343, 1897; El ¡ay! de la orfandad. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 44, p. 306, 1897; Raquel. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 60, p. 186-187, 1897.

Apesar de no ano de 1897 Rodó ter recebido diversas cartas de autores estrangeiros, continuou também recebendo cartas e contribuições de autores nacionais – dentre eles, José Gomensoro, quem escreveu em novembro de 1897 uma carta e ao mesmo tempo uma crítica a seu folheto “La vida nueva”.

¡Cuánto le agradezco su libro de críticas! En la indiferencia semi-explicita que domina los espíritus, en el bizantinismo literario en que hemos caído, – todo sé que con viral esfuerzo propensa a levantar ánimos, a dar una palabra de esperanza y a mostrarnos, como celajes de próxima y luciente aura, una vida nueva.57 57 Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (25103).

A primeira contribuição de Gomensoro à Revista foi “El sueño de Jesus”, posteriormente “Apuntes”, dedicado à Revista Nacional, “Verguenza Criolla”, “Lodo”, “Un matrimónio” e, por fim, seu juízo crítico ao texto “La vida nueva”.58 58 GOMENSORO, José. El sueño de Jesus. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 47, p. 363-364, 1897; Apuntes. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 51, p. 38-39, 1897; Verguenza Criolla. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 53, p. 53-55, 1897; Lodo. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 58, p. 150-153, 1897; Un matrimónio. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 59, p. 172-3, 1897; La vida nueva. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 60, p. 187-8, 1897. Isto também é sintoma de que apesar de buscar relações com autores de fora do país, o periódico também abria espaço a seus compatriotas.

Fora do continente americano, neste ano de 1897, temos o contato epistolar entre Rodó e o espanhol Salvador Rueda e o francês Pierre Ville. A carta de Rueda, de 31 de março, foi publicada na Revista. Sob um tom empolgante, o espanhol aponta:

Es un día de fiesta para mí este en que recibo los números de la Revista Nacional. Es para mí día de fiesta porque me encuentro con un periódico o revista como yo quisiera que hubiese muchos en América y con el hallazgo preciosísimo de un espíritu superior como el de usted. 59 59 Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (24924).

Rueda ainda ressalta que são justos os elogios do “meu amigo ilustre Clarín” a Rodó e ao periódico. Além de sua carta, Rueda também teve o poema “La musa humana” publicado.60 60 RUEDA, Salvador. La musa humana. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 52, p. 50, 1897. Este núcleo intelectual espanhol que acessou à Revista Nacional, além de contribuir com textos, a avalia com muito bons olhos, o que para seus redatores funcionava também como uma propaganda naquele país e, ao mesmo tempo, conferia seu êxito para além do continente.

Outro autor europeu que enviou uma carta a Rodó foi o hispanista francês Pierre Ville, em 14 de outubro de 1897. A carta refletia sobre o texto “La vida nueva”, de Rodó, e foi publicada na Revista. Escrita em francês, não traduzida na publicação, o correspondente diz que apesar de não ser um profundo conhecedor do castelhano, a leitura do texto o fez passar “momentos deliciosos”.61 61 Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (25069V). Além disso, afirma que Rodó possui um robusto e brilhante pensamento, e o incentiva a continuar escrevendo; por fim, diz que o jovem escritor merecia muito mais do que ser parabenizado, mas sim agradecido.

A correspondência entre Rodó e seu admirador francês prossegue na década seguinte. Interessante pontuar que os autores franceses sempre foram admirados por Rodó, e novamente a carta conferia um reconhecimento pela crítica estrangeira da importância de seu trabalho naquele momento.

Nöel Salomon (1973)SALOMÓN, Nöel. El autor de Ariel en Francia antes de 1917. Revista de la Biblioteca Nacional, Montevideo, n. 7, p. 9-24, 1973., em seu texto sobre a presença de Rodó na França, não comenta sobre esta carta de Ville, apenas analisa a difusão de suas ideias no país após a publicação de Ariel. Entretanto é válido ressaltar aqui que a reverência com a qual seu “La vida nueva” foi tratado pelo hispanista francês revela que seus escritos estavam em sincronia também com autores europeus.

As cartas, reconhecendo a importância da Revista e do pensamento de Rodó, apontam que a identidade cultural latino-americana do final do século XIX estava atenta ao cosmopolitismo e às redes de comunicação intelectual orientadas por novas possibilidades, além de vislumbrar uma união fraternal transnacional, projetando os autores do continente a participarem desta modernização literária em pé de igualdade com intelectuais da Europa, que durante séculos serviram como fontes de inspiração e desfrutaram o lugar de mestres. Por fim, como projetou o próprio Rodó, a Espanha poderia esperar muito mais de suas ex-colônias além da cópia.

Considerações finais

O espaço epistolar de Rodó revela uma intelectualidade fraturada, cujo espaço da Revista Nacional possibilitou compartilhar alguns ideais, dentre eles, o principal: a necessidade de expor suas questões e problemas simultaneamente em sua produção literária.

Neste caso aqui observado, a multiplicidade de signos que as cartas revelam se estende à densidade dos debates que elas geraram, passando sempre pela perspectiva supranacional, e foram formas embrionárias de muitos trabalhos. Rodó, um intelectual que acreditava na oportunidade de suas mensagens, se utilizava de diversos meios para divulgá-las. As cartas dirigidas a ele contextualizam sua movimentação entre a intelectualidade hispano-americana e europeia, além de se configurarem como um espaço capital para a formação de redes de sociabilidade, que foram tecidas de modo artesanal.

Neste texto, tentamos rastrear certos movimentos destas correspondências, entre 1895 e 1897, cujo foco principal foi o diálogo sobre sua obra coletiva, a Revista Nacional, que cobriu espaço editorial importante para a formação de autores e de público, sustentando como pauta principal a organicidade intelectual do continente.

Os vasos comunicantes entre as cartas e a Revista demarcaram conexões entre os autores, e apontaram o esforço coletivo para a consolidação de estratégias literárias para o disperso continente. Além disso, os redatores do veículo em questão cumpriram importante papel político ao trazerem as experiências literárias dos escritores das variadas partes da América Latina. Rodó, ao cumprir a função de um incansável recompilador, contribuiu para a construção de redes intelectuais de uma região fortemente marcada pela debilidade dos circuitos editoriais. Portanto, o painel de intenções de seu intercâmbio epistolar foi bastante amplo e, em nossa perspectiva, conseguiu lograr, a partir da dimensão dialógica presente nas correspondências, uma importante reflexão sobre a produção intelectual hispano-americana.

Os autores aqui mencionados, correspondentes de Rodó e autores de textos na Revista, tiveram distintas atuações, algumas mais, outras menos frequentes; no entanto podemos observar que nesta plataforma de publicização de ideias, ficções, poesias ou teorias, cidades menos conhecidas no cenário intelectual, ou mesmo capitais já pulsantes como Buenos Aires, por exemplo, tiveram espaço. Além disso, esta constelação de escritores, que aqui demos ênfase naqueles que giraram em torno da figura de José Enrique Rodó e da Revista Nacional, pode ser reveladora daquilo que muitas vezes está latente, mas que a análise dos arquivos pode nos ajudar a despontar.

  • 1
    Artigo não publicado em plataforma preprint. Todas as fontes e bibliografia utilizadas são referenciadas no artigo. As correspondências mencionadas pertencem ao acervo da Coleção José Enrique Rodó do Arquivo Literário da Biblioteca Nacional de Uruguay. Montevidéu, Uruguai. Pesquisa financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Cnpq), na modalidade Pós-Doutorado Sênior. Processo (102147/2022-1).
  • 3
    Poeta, narrador, ensaísta e dramaturgo uruguaio. Em 1937 lançou a biografia referência de José Enrique Rodó, intitulada Rodó: su vida, su obra.
  • 4
    Escritor, filólogo uruguaio e um dos fundadores da Academia Nacional de Letras Uruguaia.
  • 5
    Poeta e jornalista uruguaio.
  • 6
    RODÓ, José Enrique et al. Programa de la Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 1, n. 1, p. 1, 1895.
  • 7
    Ibidem, loc. cit.
  • 8
    MIRANDA, Pedro. ¡Las cinco! Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 2, n. 21, p. 332, 1896; A la vejez, Virualas. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 2, n. 31, p. 107-108, 1896; Por seguir a una muchacha. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 2, n. 41, p. 268-268, 1897; Celino. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 47, p. 364-365, 1897; Solos de violín. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 49, p. 12-13, 1897; Degradado. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 52, p. 56-58, 1897; ¡Destino! (ensaio psicológico). Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 57, p. 138-142, 1897; Puntos sociológicos. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 57, p. 189-190, 1897.
  • 9
    RODÓ, José Enrique. La crítica de Clarín. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 1, n. 5, p. 75-76, 1895.
  • 10
    Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (25330-25330V).
  • 11
    Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (25186-25186V).
  • 12
    UGARTE, Manuel. Carnavalescas. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 2, n. 25, p. 7, 1896.
  • 13
    UGARTE, Manuel. Prosa en verso. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 2, n. 29, p. 75, 1896; Fúnebre. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 44, p. 314, 1897; Dos sonetos. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 60, p. 185, 1897.
  • 14
    RODÓ, José Enrique. De dos poetas Guido Spano y Leopoldo Díaz. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 1, n. 19, p. 292-295, 1895.
  • 15
    Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (25181).
  • 16
    DÍAZ, Leopoldo. El llanto del Monstruo. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 2, n. 24, p. 372, 1896.
  • 17
    DÍAZ, Leopoldo. A Verlaine. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 2, n. 32, p. 115, 1896.
  • 18
    DÍAZ, Leopoldo. Voces del limbo: dije al pájaro blanco. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 45, p. 321, 1897; Las lágrimas rojas: el beso a la sombra. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 54, p. 84, 1897.
  • 19
    Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (25201).
  • 20
    Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (25214).
  • 21
    PIETRO, Casemiro. Judith. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 2, n. 36, p. 177, 1896; En el Rosal. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 57, p. 130-131, 1897.
  • 22
    Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (25236).
  • 23
    RODÓ, José Enrique et al. Sueltos. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 2, n. 42, p. 288, 1895.
  • 24
    BARRETO, José Maria. Verbis. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 43, p. 295-296, 1897; El alfiler. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 53, p. 74, 1897; ¡Entre las sombras! Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 58, p. 157, 1897.
  • 25
    ESPINOZA, Octavio. Del libro Espontáneas. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 2, n. 33, p. 137, 1896; El aquelarre de las rosas. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 2, n. 41, p. 167, 1896.
  • 26
    Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (25227).
  • 27
    CARBONERA, Mercedes Cabello. La vida nueva. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 59, p. 169-170, 1897, p. 169.
  • 28
    Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (25254).
  • 29
    GARCÍA, Adolfo. Arco-íris. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 2, n. 42, p. 252, 1896.
  • 30
    Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (25260).
  • 31
    RODÓ, José Enrique et al. La Revista Nacional en Colombia. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 2, n. 42, p. 281, 1896.
  • 32
    CANÉ, Miguel. Notas bibliográficas. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 46, p. 350-352, 1897, p. 351.
  • 33
    RODÓ, José Enrique. El que vendrá. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 2, n. 30, p. 81-83, 1896; La novela nueva: a propósito de “Academias”, de Carlos Reyes. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 2, n. 42, p. 273-276, 1896.
  • 34
    Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (25075).
  • 35
    BERISSO, Luis. Belkiss: el ángel y la ninfa. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 46, p. 352, 1897.
  • 36
    RODÓ, José Enrique et al. Eugenio de Castro y su traductor Luis Berisso. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 46, p. 353-354, 1897, p. 353.
  • 37
    BERISSO, Luis. Manuel Guiérrez Nájera. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 49, p. 8-11, 1897; El pensamiento de América: Domingo F. Sarmiento. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 54, p. 88-90, 1897; Evocando el pasado. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 55, p. 106-108, 1897; El pensamiento de América: Juan B. Alberdi, José Joaquín Olmedo. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 60, p. 182-183, 1897.
  • 38
    RODÓ, José Enrique et al. La Revista Nacional en Colombia. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 2, n. 34, p. 149, 1896.
  • 39
    LUGONES, Leopoldo. Flores de Pesadilla. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 2, n. 34, p. 149, 1896; A la amante. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 47, p. 356-357, 1897; Cuadro. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 48, p. 379, 1897.
  • 40
    Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (25102).
  • 41
    PARDO, José. Bíblicas. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 30, p. 89, 1897.
  • 42
    Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (25006).
  • 43
    FANNING, Teresa González de. Perfiles a vuela pluma: Pepe Rosas. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 56, p. 122-123, 1897.
  • 44
    Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (2504V).
  • 45
    Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (25142).
  • 46
    Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (24938).
  • 47
    GAMBOA, Isaías. Plegaria de Lázaro (prosa de Zolá). Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 50, p. 25, 1897.
  • 48
    Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (25013).
  • 49
    BLANCO FOMBONA, Rufino. La Teoria Monroe aplicada a la Literatura. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 58, p. 153-155, 1897.
  • 50
    Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (25082-25082V).
  • 51
    VIGIL, Daniel. De Rubén Darío. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 2, n. 35, p. 161, 1896.
  • 52
    DARÍO, Rubén. La Klepsidra: la extracción de la idea. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 2, n. 35, p. 161, 1896; Marina. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 2, n. 45, p. 321, 1896; El amor y da saudade (de Eugenio Castro). Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 2, n. 47, p. 354, 1896; De Rubén Darío. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 48, p. 376, 1897.
  • 53
    Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (25082-25895).
  • 54
    GARCÍA CISNEROS, Francisco. Bizantinos. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 48, p. 381-382, 1897; Lejanías. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 49, p. 11, 1897; Mosaico pompeyano. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 52, p. 55, 1897.
  • 55
    Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (24987).
  • 56
    O’CONNOR D’ARLACH, Tomas. Adolfo Ballivian. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 46, p. 340-343, 1897; El ¡ay! de la orfandad. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 44, p. 306, 1897; Raquel. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 60, p. 186-187, 1897.
  • 57
    Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (25103).
  • 58
    GOMENSORO, José. El sueño de Jesus. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 47, p. 363-364, 1897; Apuntes. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 51, p. 38-39, 1897; Verguenza Criolla. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 53, p. 53-55, 1897; Lodo. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 58, p. 150-153, 1897; Un matrimónio. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 59, p. 172-3, 1897; La vida nueva. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 60, p. 187-8, 1897.
  • 59
    Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (24924).
  • 60
    RUEDA, Salvador. La musa humana. Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales, Montevideo, v. 3, n. 52, p. 50, 1897.
  • 61
    Série Correspondência. Arquivo José Enrique Rodó, Biblioteca Nacional del Uruguay, BNU (25069V).

Fontes

  • Colección José Enrique Rodó Archivo Literario. Biblioteca Nacional de Uruguay. Montevideo, Uruguay.
  • Revista Nacional de Literatura y Ciencias Sociales Montevideo, 1895-1897. Periodicidade quinzenal. Direção e redação responsável: Daniel Martínez Vigil, Carlos Martínez Vigial, Víctor Pérez Petit, José Enrique Rodó.

Referências bibliográficas

  • ALAS, Leopoldo. Palique. La Saeta, Barcelona, v. 25, n. 2, p. 2-3, 1897.
  • BARBAGELATA, Hugo. Epistolario Paris: Vertongen, 1921.
  • BEIGEL, Fernanda. Las revistas culturales como documentos de la historia latinoamericana. Utopía y Praxis Latinoamericana, Caracas, v. 8, n. 20, p. 105-115, 2003. Disponível em: <https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=2733727>. Acesso em: 10 abr. 2023.
    » https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=2733727
  • BOUVET, Nora. La escritura epistolar Buenos Aires: Edueba, 2006.
  • CASTRO MORALES, Belén. José Enrique Rodó: estudio crítico Madrid: Biblioteca Virtual Ignacio Larramendi de Polígrafos, 2016.
  • CASTRO MORALES, María Belén de. José Enrique Rodó modernista: utopía y regeneración Isla Canarias: Universidad de la Laguna, 1990.
  • DIAZ, José-Luiz. Qual genética para as correspondências? Manuscrítica: Revista de Crítica Genética, São Paulo, n. 15, p. 119-162, 2012. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/manuscritica/article/view/177609>. Acesso em: 10 abr. 2023.
    » https://www.revistas.usp.br/manuscritica/article/view/177609
  • ETCHEVERRY, José Enrique: La Revista Nacional (1895-1897). Número, Montevideo, n. 6-8, p. 263-286, 1950.
  • IBÁÑEZ, Roberto. Imagen documental de José Enrique Rodó Montevideo: Biblioteca Nacional del Uruguay, 2014.
  • GARCÍA MORALES, Alfonso. Literatura y pensamiento hispánico de fin de siglo: Clarín y Rodó Sevilla: Publicaciones de Sevilla, 1992.
  • PENCO, Wilfredo. Cartas de José Enrique Rodó a Juan Francisco Piquet: primera serie Montevideo: Biblioteca Nacional, 1980.
  • TARCUS, Horacio. Las revistas culturales latinoamericanas: giro material, tramas intelectuales y redes revisteriles Buenos Aires: Tren en Movimiento, 2020.
  • RAMA, Ángel. Rubén Darío y el Modernismo Caracas; Barcelona: Alfadi; Colección Trópicos, 1985.
  • RODRÍGUEZ MONEGAL, Emir (ed.). José Enrique Rodó: obras completas Madrid: Aguilar, 1967.
  • RODRÍGUEZ, MONEGAL, Emir. Prologo. In: RODRÍGUEZ MONEGAL, Emir (ed.). José Enrique Rodó: obras completas Madrid: Aguilar, 1967, p. 19-143.
  • SALOMÓN, Nöel. El autor de Ariel en Francia antes de 1917. Revista de la Biblioteca Nacional, Montevideo, n. 7, p. 9-24, 1973.
  • WEINBERG, Liliana. Introducción. In: WEINBERG, Liliana (org.). Redes intelectuales y redes textuales: formas y prácticas de la sociabilidad letrada Ciudad de México, DF: UNAM, 2021, p. XI-XXXII.

Editado por

Editores Responsáveis

Miriam Dolhnikoff e Miguel Palmeira

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Jun 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    01 Jul 2022
  • Aceito
    01 Nov 2022
Universidade de São Paulo, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Departamento de História Av. Prof. Lineu Prestes, 338, 01305-000 São Paulo/SP Brasil, Tel.: (55 11) 3091-3701 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revistahistoria@usp.br