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O corpo como arma e a morte como política

O artigo investiga a psicologia do martírio através da análise de discursos sobre a morte, cartas finais e testamentos deixados por homens do Oriente Médio que se empenharam em missões de suicídio nas guerras da região. O autor propõe que o corpo humano é tanto um objeto social quanto uma entidade biológica e que a morte é tanto um evento social quanto um acontecimento físico. Um corpo biologicamente vivo pode estar morto simbolicamente enquanto uma pessoa fisicamente morta pode ser mais poderosa do que os vivos. A comunicação que se faz enquanto se prepara para uma morte iminente é uma mensagem pesada comparável ao primeiro ou ao último sonho na psicanálise, pois poderá fornecer pistas valiosas não somente para a experiência psíquica imediata, mas, também, ao modo característico pelo qual se relaciona com o mundo dos objetos. Cartas finais, textos escritos em face de morte iminente, ou notas de suicídio, possuem uma qualidade especialmente exigente, de imploração. O autor encontra modos de comunicação e metacomunicação em tais escritos: podem parecer distantes, abstratos ou íntimos, e cada escritor transmite de modo diferente seus pensamentos, fantasias e relações com o mundo, com Deus, bem como com a justiça, a vingança morte, a imortalidade, os entes queridos e os inimigos.

Psicologia do martírio; discursos de morte; missões de suicídio; usos do corpo


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