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Adolescência, gravidez e maternidade: a percepção de si e a relação com o trabalho

Adolescence, pregnancy, and maternity: self-perception and the relationship with work

Resumos

Este trabalho é resultado de uma pesquisa qualitativa, desenvolvida com jovens trabalhadores, adolescentes carentes de São Paulo. Investigou o processo de constituição social do jovem adolescente, como trabalhador e como indivíduo, a partir de suas relações no local de trabalho. Além do trabalho, outras esferas de sociabilidade - em especial, a família e a escola - fizeram parte da investigação, tendo em vista que a compreensão da relação do jovem com o trabalho passa pela necessidade de discussão das relações estabelecidas nas e com as outras esferas das quais participam, uma vez que não estão desvinculadas do ato de trabalhar, ao contrário, fornecem-lhe sentido. Este artigo parte dessa pesquisa para tentar entender as relações estabelecidas entre a adolescência, a gravidez, a maternidade, a família e o trabalho. A análise aponta para novas formas de se compreender a coexistência desses elementos na elaboração das percepções concernentes à transição para a vida adulta.

Adolescência; Status adulto; Gravidez; Maternidade; Trabalho


The present study is a result of/ qualitative research conducted with poor adolescent workers from São Paulo, Brazil, investigating the process of social formation of young adolescents as workers and individuals from their relations with the workplace. In addition to work, other spheres of sociability - especially family and the school - were part of the investigation, taking into account that understanding the relationship between young people and work implies the discussion of the relations established with the other spheres they are part of, since they are untied to the act of working, but rather, they give it meaning. From the/ research, this article tries to understand the relations established among adolescence, pregnancy, maternity, family, and work. The analysis indicates new forms of understanding the coexistence of these elements in the perception regarding the transition to adult life.

Adolescence; Adult Status; Pregnancy; Maternity; Work


ARTIGOS

Régia Cristina Oliveira

Socióloga, Doutora em Sociologia. Pós-doutoranda da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Professora convidada da disciplina Antropologia do corpo e da saúde na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).E-mail: rcolira@yahoo.com.br. Endereço: Rua Simão Lopes 1504, apto 21, bloco A, CEP 04167-000, Vila Moraes, São Paulo, SP, Brasil

RESUMO

Este trabalho é resultado de uma pesquisa qualitativa, desenvolvida com jovens trabalhadores, adolescentes carentes de São Paulo. Investigou o processo de constituição social do jovem adolescente, como trabalhador e como indivíduo, a partir de suas relações no local de trabalho. Além do trabalho, outras esferas de sociabilidade - em especial, a família e a escola - fizeram parte da investigação, tendo em vista que a compreensão da relação do jovem com o trabalho passa pela necessidade de discussão das relações estabelecidas nas e com as outras esferas das quais participam, uma vez que não estão desvinculadas do ato de trabalhar, ao contrário, fornecem-lhe sentido. Este artigo parte dessa pesquisa para tentar entender as relações estabelecidas entre a adolescência, a gravidez, a maternidade, a família e o trabalho. A análise aponta para novas formas de se compreender a coexistência desses elementos na elaboração das percepções concernentes à transição para a vida adulta.

Palavras-chave: Adolescência; Status adulto; Gravidez; Maternidade; Trabalho.

ABSTRACT

The present study is a result of/ qualitative research conducted with poor adolescent workers from São Paulo, Brazil, investigating the process of social formation of young adolescents as workers and individuals from their relations with the workplace. In addition to work, other spheres of sociability - especially family and the school - were part of the investigation, taking into account that understanding the relationship between young people and work implies the discussion of the relations established with the other spheres they are part of, since they are untied to the act of working, but rather, they give it meaning. From the/ research, this article tries to understand the relations established among adolescence, pregnancy, maternity, family, and work. The analysis indicates new forms of understanding the coexistence of these elements in the perception regarding the transition to adult life.

Keywords: Adolescence; Adult Status; Pregnancy; Maternity; Work.

Introdução

Este artigo tem o propósito de apresentar elementos para a compreensão dos processos de ressignificação da relação existente entre adolescência, gravidez, maternidade e para a obtenção do status de indivíduo adulto nas camadas populares.

Partindo de um referencial teórico sobre juventude, adolescência, gravidez e gênero, busca-se refletir sobre os significados sociais e simbólicos da vivência da gravidez e da maternidade na adolescência a partir da problematização do conceito de indivíduo adulto e, com ele, da noção de fases da vida.

A discussão dessas questões é resultado de uma pesquisa qualitativa feita com treze jovens, cinco mulheres e oito homens, na faixa etária dos dezessete aos vinte e sete anos, que trabalhavam em um programa para adolescentes de camadas populares das Empresas de Correios e Telégrafos de São Paulo. O objetivo dessa pesquisa foi apreender como esses jovens estruturavam suas identidades - de jovens, homens, mulheres, adolescentes, trabalhadores etc - e como significavam a realidade ao seu redor, a partir de uma experiência regular de trabalho.

Tendo em vista que a compreensão da relação do(a) jovem com o trabalho passa pela necessidade de apreensão das relações estabelecidas em outras esferas que dão sentido ao ato de trabalhar, dentre as quais, a esfera familiar, os pais dos jovens também foram entrevistados.

As entrevistas, tanto com os jovens quanto com os pais, foram semiestruturadas1 1 As entrevistas semiestruturadas são entrevistas com roteiro prévio, nas quais o pesquisador pode efetuar intervenções quando lhe parecer necessário, com a finalidade de trazer o entrevistado para os temas que deseja investigar. (Queiroz, 1991) , gravadas e posteriormente transcritas, o que permitiu uma leitura exaustiva do material e um estudo mais cuidadoso.

Para a discussão das questões propostas neste artigo, foram selecionadas falas de duas jovens solteiras que vivenciavam a experiência da gravidez e da maternidade, bem como dos pais de uma delas e da mãe de uma terceira - irmã de um dos entrevistados, grávida, no momento da entrevista feita com seu irmão.

A ideia deste estudo não é propor generalizações a partir dos poucos casos analisados. Antes, busca-se apreender desses casos específicos elementos importantes associados à construção da noção de vida adulta, no momento contemporâneo. Essa construção, relacionada à noção de responsabilidade, seriedade e compromisso, bem como à relação estabelecida com o trabalho remunerado, evidenciou seus reflexos, tanto na maneira como as jovens grávidas e com filho percebiam a si mesmas quanto na forma como eram vistas por seus familiares.

Ao levantar essas questões, este artigo propõe refletir sobre a complexidade que caracteriza a vivência e a demarcação das fases da vida - infância, adolescência e vida adulta, advogando a importância de apreensão das significações e ressignificações das experiências de gravidez e maternidade por aqueles indivíduos que as vivenciam.

A gravidez e a maternidade são fenômenos biológicos, que também abrangem dimensões culturais, históricas, sociais e afetivas (Paim, 1998). "Etapas" biológicas como o nascimento, a amamentação, o crescimento e a adolescência (Mauss, 1974) existem como realidades simbólicas circunscritas, imaginadas e reproduzidas de diferentes maneiras, dependendo dos contextos socioculturais.

Ainda que a gravidez seja processada no corpo das mulheres, seus significados são construídos com base na experiência social e cultural e variam conforme a classe social, a idade, o sexo, dentre outros fatores.

Nesse sentido, o entendimento de como as jovens das camadas populares percebem a si próprias, a partir da vivência da gravidez e da maternidade, passa pela necessidade de compreensão do entorno, ou seja, da apreensão de um conjunto de práticas e valores mais amplos existentes nesses grupos, dentre os quais, a divisão de papéis dentro de casa.

O trabalho remunerado, esfera central entre os jovens da camada popular (Oliveira, 2006; Guimarães, 2005), faz parte de um conjunto de obrigações recíprocas no interior das famílias (Sarti, 1996).

Para os indivíduos jovens dessa camada social, o trabalho é uma espécie de elo de ligação com o mundo social. Trata-se da ocupação legítima do espaço público por meio do acesso ao mercado de trabalho. No entanto, as representações desenvolvidas sobre o trabalho variam conforme o gênero.

Para os jovens homens, o trabalho liga-se, de modo geral, à ideia de obrigação, devendo ser aprendido o quanto antes (Oliveira, 2001, 2006). Esse aprendizado está relacionado às representações tradicionais sobre a divisão de papéis dentro de casa, cabendo ao homem, em situação ideal, prover sua família (Sarti, 1996).

Entre as jovens mulheres dessas camadas sociais, a relação com o trabalho é desvinculada da noção simbólica de provedoras, mantendo-se as representações tradicionais sobre a divisão de papéis no interior da família. Segundo essas representações, a mulher está encarregada dos cuidados da casa, incluindo a alimentação e a educação das crianças. Ainda que trabalhem, com o incentivo da família, para auxiliar o grupo doméstico e adquirir bens de consumo e poder desfrutar de espaços de lazer (Abramo, 1994), a relação que estabelecem com o trabalho não tem o sentido da obrigação encontrada entre os jovens do sexo masculino.

No entanto, fatores conjunturais - como a situação de desemprego -, a relação estabelecida com a escola, os projetos futuros e a gravidez na adolescência revelam diversidades de expectativas com relação a essa atividade, resultando em maior ou menor comprometimento com o trabalho, bem como em alcance e/ou ressignificação do status adulto.

Adolescência e Vida Adulta: repensando a noção de fases

A delimitação da adolescência como uma das fases da vida apoia-se em uma perspectiva diacrônica, linear. Segundo ela, o processo de desenvolvimento é entendido a partir da passagem do indivíduo por etapas ordenadas da vida: nascimento, infância, adolescência, vida adulta ao envelhecimento.

Essa perspectiva evolucionista e linear desconsidera a importância do contexto social e cultural na percepção do desenvolvimento infantil. Sarti (2004, p. 121) aborda essa questão, mostrando que os pressupostos evolucionistas implícitos nela supõem a existência de "'etapas' a ser superadas dentro de um caminho predeterminado, independentemente das particularidades culturais e do contexto social". A autora questiona a validade dessas definições descontextualizadas para definir um padrão de desenvolvimento infantil. Desse modo, ainda que a adolescência possa ser considerada, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), um período da vida que vai dos 15 aos 19 anos de idade, esses limites podem ser estendidos ou encurtados, segundo diferentes interpretações e contextos socioculturais.

Outro aspecto importante relacionado à ideia de fases da vida diz respeito à validade de sua utilização para definir a adolescência nas sociedades contemporâneas, uma vez que, atualmente, as etapas fronteiriças de passagem à vida adulta são cada vez mais retardadas e complexas. Alguns trabalhos (Pais, 2001; Guerreiro e Abrantes, 2005) que analisam a juventude têm mostrado que as etapas demarcadoras, no passado, da entrada do indivíduo na vida adulta - a saída da casa dos pais, a entrada na vida profissional e o casamento - não estão valendo para os dias de hoje. O que tem sido destacado é o fato de jovens de mais de trinta anos continuarem vivendo na casa dos pais, assim como a ocorrência, cada vez mais frequente, do fenômeno da coabitação (o/a jovem casado/a morando com a família de origem).

Além da coabitação, inserções profissionais instáveis e percursos escolares mais longos (Guerreiro e Abrantes, 2005), são, dentre outros fenômenos, responsáveis pela redefinição, nas gerações mais jovens, dos modos de atingir a condição de vida adulta.

A gravidez na adolescência, como atestam pesquisas sobre o tema, está relacionada à obtenção do status adulto, mas o que significa ser adulto no momento contemporâneo? Mudanças nas várias esferas da vida - família, escola, trabalho - têm dado lugar a novas formas de viver as "transições", de pensar as "fases da vida", que se mostram cada vez mais diversificadas, fragmentadas e reversíveis (Pais, 2001).

A complexidade de demarcação das "fases da vida" e dos processos de transição para a vida adulta associa-se à complexa definição do "ser adulto". A permanência na casa dos pais, a dependência financeira, dentre outros fatores, trazem consigo a ressignificação da noção de vida adulta, tradicionalmente associada à independência e à autonomia2 2 A autonomia, trabalhada por Kant "é a capacidade de um indivíduo de se dar a si mesmo sua própria lei." A independência, segundo Leibniz, diz respeito à capacidade da mônada (aqui, indivíduo) ser autossuficiente, dispondo de recursos próprios que lhe permitam a independência dos outros indivíduos (Singly, 2000, p. 13). . Ao mesmo tempo, perceber-se adolescente ou adulto não significa encontrar-se encerrado nos modelos tradicionais de transição de uma "fase" para outra.

A pesquisa empreendida com os treze jovens mostrou que as experiências pessoais particulares é que têm definido, para cada um, sua condição de adolescente ou de adulto. Mesmo a gravidez e a chegada do filho mostraram a existência de processos de ressignificação da condição juvenil e da obtenção do status adulto. Esses processos apareceram relacionados às experiências singularmente vividas e culturalmente referenciadas.

A noção de experimentação (Maunaye, 2000), caracterizando as situações vividas pelos indivíduos, contrapõe-se à ideia evolucionista de fases, entendidas como categorias fechadas e lineares. Essa noção de experimentação reafirma a complexidade da vivência da gravidez na adolescência e, com ela, dos significados da obtenção do status adulto. Ser adulto nessas circunstâncias pode significar ser também adolescente, ou ser "um pouco de tudo", como revelou Ana3 3 Os nomes são fictícios para preservar a identidade dos entrevistados. , 21 anos, uma das participantes da pesquisa que estava grávida no momento da entrevista. Essa entrevistada acrescenta que pretende "nunca deixar de ser adolescente". Ao que parece, essa situação fez com que ela buscasse reforçar "sua porção" adolescente, numa tentativa de, por um lado, amenizar as prováveis responsabilidades que terá de assumir com a chegada do filho e, por outro, relativizar sua condição de indivíduo adulto, deixando clara a ideia de que a maternidade não implicará mudança definitiva em seu status social, ao menos, na maneira de se perceber.

Ao afirmar que pretende nunca deixar de ser adolescente, a entrevistada reivindica a possibilidade de viver aspectos diferentes das três "etapas da vida" - adolescência, juventude e vida adulta - sem ter de estar "aprisionada" em nenhuma delas. Isso revela a fluidez desses conceitos e a diversidade de possibilidades de vivenciá-los.

O momento contemporâneo, caracterizado por uma socialização múltipla e contraditória (Singly, 2000), relacionada aos processos de transformação das várias esferas da vida, bem como às possibilidades de ofertas dadas pelo contexto urbano em termos de papéis e afiliações, também se define pelo processo de individualização crescente, o que reforça a singularização das experiências. Disso resulta o aniquilamento da perspectiva de linearidade na percepção das biografias e por meio dessas, na possibilidade de diversidade de significados construídos em torno das noções de adolescência e vida adulta.

Ao considerar ser "um pouco de tudo" a jovem reafirma a fluidez dos processos de transição para a vida adulta ao mesmo tempo em que traz à tona uma das contradições que caracterizam nossa época, qual seja, a existência de um descompasso entre sexualidade e independência familiar. Khel (2004, p. 106) analisa esse aspecto, mostrando que as adolescentes que ficam grávidas acabam amarradas à contradição definida pela existência de "uma vida sexual 'adulta' que acompanha as condições de maturação biológica e o lugar social de dependência em relação à família que lhes confere uma condição infantil".

A leitura e análise de toda a entrevista permitem perceber que, por um lado, a jovem que pretende "nunca deixar de ser adolescente" busca preservar o espaço da diversão, da descontração, de certa moratória (Abramo, 2005) atrelada à condição de "adolescente", segundo representações sobre essa fase da vida. É ressignificado o que poderia ser um constrangimento para o exercício de sua liberdade e experimentação, na medida em que reivindica para si o status de jovem e mesmo de adolescente. A jovem deixa revelar, com certo temor, sua entrada no universo adulto e a obtenção do status de indivíduo adulto, ressignificando esse termo. Ser adulto, para ela, é principalmente "não ser só adulto". Assim, segundo essa percepção, ser adulto é, principalmente, ser também adolescente e jovem. Nesses termos, a vida adulta só se define pela inclusão das outras fases da vida.

A gravidez na adolescência é expressão da junção e da consequente ressignificação dessas fases - infância, adolescência e vida adulta. Diante desse processo, é importante destacar o fato de que a obtenção do status adulto não é algo que se dê imediatamente após o conhecimento da gravidez ou mesmo após a chegada do filho (um dos marcos de transição), mas que represente um processo mais ou menos longo de construção da identidade em que pesam outros elementos, como o planejamento da gravidez.

Vilar e Gaspar (1999) discutem esse aspecto, a partir de uma pesquisa feita com 14 jovens portugueses, adolescentes grávidas, na faixa etária dos 14 aos 21 anos. Segundo perceberam, nas camadas populares, quando a gravidez não é planejada, há um processo de assimilação gradual, que consiste na aceitação da gravidez por parte da jovem (quando já não o é desde o início), de sua família e dos vários círculos sociais em que se move. Nesses casos, o status de adulto que um filho confere é conseguido em longo prazo.

A Gravidez na Adolescência e a Relação com o Trabalho: discutindo os significados da obtenção do status adulto

A adolescência, etapa de expressão e vivência do corpo - tanto pela ordem das transformações biológicas (Palácios, 1995) quanto subjetiva -, figura-se como o momento em que a preocupação com a afirmação e a justificação das diferenciações sexuais aparecem como questões importantes (Rohden, 2001), definido as relações de gênero4 4 Ao gênero correspondem as diferenças sexuais aceitas entre os sexos, em um determinado tempo e lugar, que também expressam relações de poder (Scott, 1995). Foucault (2006) analisa, sob outra perspectiva, a relação entre corpo, sexualidade e poder, mostrando como determinadas diferenças sexuais são aceitas em um determinado tempo e lugar. .

Le Breton (2006), associando gênero e biologia, mostra que a capacidade de o homem fecundar a mulher, enquanto ela conhece a menstruação, carrega a criança em si, coloca-a no mundo e depois a aleita são traços estruturais em torno dos quais as sociedades humanas imprimem significados para definir as relações de gênero, determinando socialmente o homem e a mulher, bem como seus papéis sociais.

Assim, a maneira como o social interpreta as diferenças entre os sexos orienta as formas de criação e educação da criança "segundo o papel estereotipado que dela se espera" (Le Breton, 2006, p. 67).

Nas camadas populares, um dos elementos que compõem o processo de educação e de criação dos jovens, desde a adolescência, refere-se ao trabalho, diferentemente exercido pelos jovens, segundo o sexo. Nesses meios, com frequência, o trabalho começa cedo, fruto não apenas da necessidade, mas das representações existentes em torno da importância do trabalho dos filhos, segundo um código moral de obrigações recíprocas (Sarti, 1996). Mas a relação com o trabalho diferencia-se segundo o gênero. Jovens trabalhadores de sexo diferentes têm comportamentos diferenciados em relação à sua vivência (Oliveira, 2006). Há diferenças de valores, prioridades, urgências, preocupações, relacionadas também ao lugar que ocupam, segundo representações e papéis a desempenhar na casa, na família e na sociedade.

Às mulheres cabem o aprendizado e o desempenho de atividades relacionadas ao espaço doméstico, como o cuidado da casa e a educação dos filhos, e aos homens, as tarefas de sustento e de proteção da família. Assim, nas camadas populares, ainda que os jovens de ambos os sexos comecem a trabalhar na adolescência, os significados desse exercício não é o mesmo, diferenciando-se segundo expectativas e representações referentes aos papéis sociais para eles. Um desses papéis, para as mulheres, refere-se à maternidade. As jovens, desde cedo, são preparadas para ser mães, aprendendo a cuidar da casa e dos irmãos menores (Sarti, 1996; Paim,1998).

Mesmo nos casos de gravidez não planejada, a maternidade parece surgir, nos meios populares, como uma espécie de ancoragem social (Vilar e Gaspar, 1999), tendo em vista os significados que envolvem as relações de gênero. A gravidez tem o potencial de elevar as jovens à posição de mulheres, conferindo-lhes status de adultas. Nesses meios, a família ocupa posição central, enquanto a escolaridade e o trabalho tomam posições periféricas.

Todavia, mesmo nos meios populares, a escolarização, no sentido de profissionalização, pode vir associada à elaboração de projetos futuros, não tão periféricos e tampouco circunscritos ao sexo masculino. Contemporaneamente, o aumento da exigência de escolaridade para a obtenção e manutenção do emprego tem contribuído para o estabelecimento de esforços dos jovens no sentido da finalização do ensino médio (Martins, 2000; Oliveira, 2001). A conquista do término do ensino médio, muitas vezes, engendra expectativas de continuação dos estudos (Oliveira, 2006), possibilitadas pelo apoio familiar.

A gravidez na adolescência, em grande medida, é responsável pela interrupção dos estudos, mas isso não elimina os projetos de retorno à escola, que são combinados, não sem tensões, com as novas exigências da maternidade.

A importância da escola na elaboração de projetos futuros foi apresentada pelos treze jovens que participaram desta pesquisa, incluindo as duas jovens que vivenciavam a experiência da gravidez e da maternidade na adolescência. Para elas, esse fato esteve relacionado, em parte, à valorização da juventude. Fenômeno moderno, a valorização da juventude está associada a estilos de vida e a valores não propriamente circunscritos a um grupo etário (Peralva, 1997). Dentre os atributos relacionados à valorização do "ser jovem" destacam-se a atividade e a disposição (Oliveira, 2001; Barbieri, 2008).

Em meio a essa valorização da juventude, as jovens adolescentes grávidas e as que já são mães, vivenciam um misto de referências - família, meio social, mídia etc. -, precisando construir um sentido de sua experiência por si mesmo. (Dubet, 1994). Assim, aliada aos papéis de gênero no interior do grupo familiar, que estabelecem expectativas relacionadas aos papéis sociais masculino e feminino, as relações que estabelecem com o trabalho, no sentido da elaboração de projetos futuros, a vivência nas outras esferas, como a escola, tornam complexa a experiência da maternidade na adolescência e, com ela, o sentido de pertencer à vida adulta.

As entrevistas com as duas jovens que vivenciavam a experiência da gravidez e da maternidade na adolescência evidenciaram a associação existente entre o tipo de relação estabelecida com o trabalho e com o grupo familiar e a definição de si, por si mesma e pelos outros, como adolescentes e/ou adultas, permitindo apreender processos de ressignificação do "ser adulto".

Um dos principais fatores relacionados à percepção de pertencimento ao universo adulto diz respeito à aquisição de responsabilidades (Guimarães, 2005; Oliveira, 2006), e a chegada de um filho carrega consigo a observância desse aspecto. Todavia, características apontadas ao indivíduo adulto, como seriedade e tédio, resultam em processos de reelaboração das experiências vividas e de ressignificação da pertença a esse status.

Uma das jovens, Luiza, dezenove anos, mãe de um garoto de três anos, disse considerar-se ainda criança, por ser muito brincalhona. A ideia de adulto está ligada a um estilo de vida que se caracteriza pelo tédio, em oposição à espontaneidade e à alegria: "ser adulto é muito chato. A pessoa fica com aquela cara amarrada, não quer fazer nada, perde a alegria".

Essa jovem busca se afastar da imagem projetada do indivíduo adulto, relacionada ao tédio5 5 Em pesquisas feitas com jovens noruegueses, na faixa etária dos 18 aos 25 anos, Nilsen (1998) percebeu essa relação existente com a idade adulta, associada à rotina, ao tédio e ao estático. e à monotonia. Ao fazer esse movimento, ela também reconstrói o sentido da maternidade, relacionada não apenas aos deveres impostos com o filho como também à alegria de sua presença. Com isso, ela também re-elabora o sentido dos encargos da vida adulta e da obtenção desse status, afirmando a possibilidade de viver as responsabilidades com disposição, sem ficar com aquela cara amarrada.

Luiza morava com a mãe e o padrasto no momento da entrevista. O filho, que lhe trouxera o sentido da vida, também a impulsionaria à elaboração dos projetos futuros, possibilitados pelo auxílio familiar: "Meu filho é a minha vida e pretendo ter um futuro de verdade, e não significa apenas estar viva".

Os auxílios financeiro e emocional que recebia da mãe, o cuidado que lhe era dispensado e a seu filho, permitiam que ela vivenciasse sua juventude, pensada como "meio adolescência", despreocupando-se dos encargos da alimentação e da manutenção da casa, por exemplo. Ela e seu filho podiam "sobreviver" graças ao auxílio da mãe e, ao mesmo tempo, com o apoio da mãe, ela podia elaborar seus planos futuros, buscando não "apenas estar viva", mas construir "um futuro de verdade", com inclusão de seus sonhos e de seu filho, manifestando o desejo de melhorar de vida, não se contentando com um "futuro de sobrevivência", mas almejando um "futuro de verdade".

Trabalhar é um referencial importante para os jovens das famílias de baixa renda, seja pela possibilidade da construção de uma identidade de trabalhador, caso dos homens, realizando, portanto, expectativas de cumprimento de papéis dentro do espaço doméstico, seja por se firmar como esfera de apoio para a construção de projetos futuros que tantas vezes incluem o grupo familiar, como revelou Luiza.

Gravidez na Adolescência e Obtenção do Status Adulto: o que pensa a outra geração

A compreensão da relação estabelecida entre gravidez na adolescência e obtenção do status adulto nas camadas populares passa pela apreensão dos significados atribuídos não apenas por seus protagonistas, mas, também, por seus familiares. A família é uma fonte de referências para as jovens. Espaço de apoio, proteção, e também palco de conflitos (Sarti, 2004).

Nesses meios, a notícia da gravidez na adolescência é inicialmente recebida com tristeza. É o desgosto e a "expressão da moral sexual reprovadora" de uma gravidez não planejada (Vilar e Gaspar, 1999).

Nos meios populares, a reputação da jovem e da família é motivo de grande preocupação, assim como a situação financeira após a chegada da criança. O depoimento dos pais de uma das jovens, Carla, grávida aos dezesseis anos, revelou a preocupação com a necessidade de ocultação do fato aos parentes: "eles não pagam minhas contas, não estão aqui conosco pra passar o que a gente passa, não têm que dar palpite", afirmou o pai de Carla. Os pais da jovem buscavam evitar falatórios que possam associar a gravidez à irresponsabilidade dela e deles, que "não a orientaram". Tratava-se de "começar de uma forma difícil", avaliou a mãe da jovem.

Com esta situação, a jovem adolescente contrariou as expectativas existentes no interior da família com relação ao cumprimento de um modelo ideal relacionado às "fases da vida" e ao estado civil dos filhos. A gravidez precoce acaba sendo vista como irresponsabilidade, especialmente quando a adolescente não vive em conjugalidade. Nas situações em que a conjugalidade existe, a notícia da gravidez é recebida, normalmente, com festividade, uma vez que não contraria a moral tradicional (Vilar e Gaspar, 1999). Esse fato pôde ser observado na família de Carla. Somente quando o pai da criança passou a coabitar na casa é que ele foi considerado "da família". Houve um processo de assimilação da gravidez facilitado pela situação de conjugalidade.

A assimilação também é resultado da valorização da maternidade associada aos significados que envolvem as relações de gênero, em especial, o reforço da identidade da jovem como mulher e, junto a isso, a emergência de atribuições maternas que lhe permite conquistar o status de adulta.

Todavia, assim como a assimilação da notícia da gravidez, a obtenção do status adulto parece ser resultado de um longo processo. Segundo expectativas relacionadas ao gênero, nas camadas populares, as jovens são educadas e preparadas para a maternidade. Contudo, a gravidez não planejada "é um fenômeno socialmente considerado desviante" (Vilar e Gaspar, 1999), também relacionado à irresponsabilidade e à imaturidade. Assim, se uma das características que marcam a percepção da entrada na vida adulta é a aquisição de responsabilidade (Guimarães, 2005; Oliveira, 2006), a obtenção desse status pela adolescente que vivencia a gravidez e a maternidade não planejada é algo complexo, resultado de um processo de construção e aceitação mais ou menos longo.

Maria das Graças, mãe de Luiza, que tem um filho de três anos, exemplifica essa questão. Ao comentar que a filha tem ciúmes de toda a atenção dada ao garotinho, ela diz considerar sua filha infantil: "É como um irmão pra ela. Ela tem ciúmes, quer que eu dê a mesma atenção pra ela, porque eu é que fico o dia todo cuidando dele pra ela trabalhar".

Essa entrevistada deixa clara a ideia de que a função principal dos cuidados da criança cabe mais à avó, uma vez que a relação da jovem com seu filho demonstra ser mais fraternal do que maternal. Ele é "como um irmão pra ela". A questão, portanto, não se reduz aos aspectos materiais e afetivos relativos aos cuidados e à dedicação à criança, mas diz respeito à relação estabelecida entre a jovem e sua mãe, ao que é definido como o papel de cada uma, segundo a percepção e os significados das posturas que assumem diante do trabalho, do grupo familiar e, enfim, da vida. Essas posturas engendram maneiras de ser, de se ver e de ser vista, importantes no processo de identificação.

A gravidez não planejada sinaliza a imaturidade, tanto do ponto de vista dos pais, quanto dos próprios jovens que moram com eles. Essa imaturidade está relacionada à falta de planejamento, de previsibilidade e de cuidados em relação a si mesma e à vida, de modo geral. Essas "faltas" aliam-se à reprodução de um estereótipo relacionado à adolescência, considerada, por vezes, uma fase difícil. Engravidar nesse período, sendo solteira, significa seguir os impulsos sem medir as consequências, arriscar-se sem perceber os "perigos", como fazem as crianças, que vivenciam a primeira das várias "etapas" da vida.

Comentários Finais

Contemporaneamente, vivemos em meio a transformações nas várias esferas sociais, as quais se associam modificações nos significados das "etapas" da vida e nos sentidos da transição para o universo adulto. Os modos de acesso à maturidade encontram-se modificados, seguindo uma tendência que não é apenas social, mas também cultural (Peralva, 1997).

A tendência, por exemplo, do prolongamento da escolaridade, associada à elaboração de projetos relacionados à profissionalização, contribui para a redefinição dos processos de transição para a vida adulta.

Mas isso não ocorre de forma homogênea. Nas camadas populares, a gravidez na adolescência, para as jovens mulheres, e o trabalho, para os rapazes, são meios, através dos quais, os jovens podem ter acesso ao status adulto. Todavia, esse acesso não é automático, sendo fruto de uma construção mais ou menos longa. Ao mesmo tempo, precisam estar associados à aquisição de responsabilidade. No caso das jovens, engravidar na adolescência pode denunciar uma atitude irresponsável, imatura, especialmente se estiver desvinculada da conjugalidade. Nesse caso, a percepção da obtenção do status adulto, tanto pela jovem, quanto por seus familiares, pode demandar mais tempo, sendo resultado de um processo mais longo de assimilação.

Ainda assim, seja em sua gênese ou em sua reavaliação, a maternidade e os significados a ela atribuídos são bastante valorizados nas camadas populares, uma vez que possibilitam a afirmação da identidade de mulher e, com ela, a realização dos papéis femininos ligados à família e ao cuidado dos filhos.

Dos depoimentos colhidos e apresentados é possível ressaltar que a percepção das "fases da vida", bem como a transição para o universo adulto, passa pelas relações de gênero. Isso significa dizer que existem sentidos e práticas diversas, não apenas referidas às apreensões das experiências singulares dos indivíduos, por eles mesmos, mas também à maneira como homens e mulheres se posicionam diante das situações vividas, resultado, em grande medida, da educação familiar. Como não eram objetos dessa pesquisa, não foram entrevistados jovens pais. Todavia, afirma-se a importância de apreensão dos significados por eles atribuídos à obtenção do status adulto. Isso remete às representações e às expectativas sobre os papéis de cada um, tanto na família, quanto na vida social.

No referente à vida social, a valorização da juventude, veiculada pelos meios de comunicação de massa, ao penetrar na esfera familiar, serve aos jovens como outro referencial para suas condutas.

A percepção da juventude como um valor tem relação, em nosso país, com a questão da longevidade. No Brasil, o aumento da expectativa de vida, que já dobrou em menos de um século, vem fazendo com que a definição das fases da vida, marcada em seus extremos pelo nascimento e pela morte, sofra uma alteração profunda (Peralva, 1997). Nesse processo, o envelhecimento é postergado, a juventude valorizada, as "fases" da vida redefinidas.

Apoiado nesses aspectos que configuram a vida moderna atual, este artigo buscou problematizar os significados da vida adulta por meio da apreensão da relação estabelecida entre gravidez na adolescência e obtenção do status adulto. A análise das falas dos entrevistados apresentados não visou à generalização, mas serviu de instrumento para pensar essa relação nas camadas populares.

Por meio dessas falas foi possível apreender relações estabelecidas entre gravidez, maternidade e trabalho, inseridas no contexto das concepções de adolescência e vida adulta. Essa articulação apontou a existência de processos de ressignificação relacionados às experiências individuais, ancoradas a referências socioculturais.

A investigação de outros elementos, além daqueles que definem as relações estabelecidas com a família, o trabalho, os estudos, e as referências valorativas da juventude pelo meio social, pode resultar em maior compreensão dos significados da gravidez como forma de transição para o universo adulto nas camadas populares.

Recebido em: 27/09/2007

Reapresentado em: 31/07/2008

Aprovado em: 06/08/2008

Financiamento: FAPESP Processo nº01/13503-3. Projeto intitulado "A constituição de si e a significação do mundo: uma análise sociológica sobre jovens trabalhadores".

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  • Adolescência, gravidez e maternidade: a percepção de si e a relação com o trabalho

    Adolescence, pregnancy, and maternity: self-perception and the relationship with work
  • 1
    As entrevistas semiestruturadas são entrevistas com roteiro prévio, nas quais o pesquisador pode efetuar intervenções quando lhe parecer necessário, com a finalidade de trazer o entrevistado para os temas que deseja investigar. (Queiroz, 1991)
  • 2
    A autonomia, trabalhada por Kant "é a capacidade de um indivíduo de se dar a si mesmo sua própria lei." A independência, segundo Leibniz, diz respeito à capacidade da mônada (aqui, indivíduo) ser autossuficiente, dispondo de recursos próprios que lhe permitam a independência dos outros indivíduos (Singly, 2000, p. 13).
  • 3
    Os nomes são fictícios para preservar a identidade dos entrevistados.
  • 4
    Ao gênero correspondem as diferenças sexuais aceitas entre os sexos, em um determinado tempo e lugar, que também expressam relações de poder (Scott, 1995). Foucault (2006) analisa, sob outra perspectiva, a relação entre corpo, sexualidade e poder, mostrando como determinadas diferenças sexuais são aceitas em um determinado tempo e lugar.
  • 5
    Em pesquisas feitas com jovens noruegueses, na faixa etária dos 18 aos 25 anos, Nilsen (1998) percebeu essa relação existente com a idade adulta, associada à rotina, ao tédio e ao estático.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      09 Jan 2009
    • Data do Fascículo
      Dez 2008

    Histórico

    • Aceito
      06 Ago 2008
    • Recebido
      27 Set 2007
    • Revisado
      31 Jul 2008
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