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PRÁTICAS DE PREVENÇÃO DE INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS ENTRE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS

RESUMO

Objetivo:

analisar as práticas sexuais adotadas por estudantes universitários para prevenção de Infecções Sexualmente Transmissíveis

Método:

estudo quantitativo, descritivo e transversal, realizado em 2016, em uma universidade privada no município do Rio de Janeiro, Brasil. Selecionou-se amostra por conveniência, estratificada por sexo, de 768 estudantes que responderam a um questionário autoaplicado, estruturado com variáveis de caracterização sociodemográfica e relacionadas ao conhecimento sobre infecções sexualmente transmissíveis, práticas sexuais, práticas de prevenção e cuidados com a saúde sexual. Na análise, empregou-se a estatística descritiva, testes de quiquadrado e análise de variância, com nível de significância de 5%.

Resultados:

a maioria dos universitários ‒ 654(85,16%) ‒ tinha vida sexual ativa e 480(62,54%) não fazia uso do preservativo em todos os intercursos sexuais. Entre os participantes, 509(84,83%) afirmaram ter relação sexual com parceiro fixo, dos quais 224(44,01%) utilizaram o preservativo. No grupo investigado, 313(47,86%) tiveram relações com parceiros casuais, sendo que 199 (63,58%) informaram ter usado o preservativo. Entre os participantes, 174(26,61%) tiveram suas práticas sexuais classificadas como adequadas/satisfatórias.

Conclusão:

os achados evidenciam que os universitários investigados apresentam um comportamento de risco para Infecções Sexualmente Transmissíveis decorrente de práticas sexuais inadequadas/insatisfatórias. Ações de educação em saúde devem considerar aspectos culturais e individuais do grupo para favorecer a reflexão sobre as práticas de prevenção de doenças transmitidas pelo sexo.

DESCRITORES
Comportamento sexual; Prevenção primária; Adulto Jovem; Doenças sexualmente transmissíveis; Saúde sexual; Assunção de riscos

ABSTRACT

Objective:

to analyze the sexual practices adopted by university students for the prevention of Sexually Transmitted Infections

Method:

a quantitative, descriptive and cross-sectional study, conducted in 2016, at a private university in the municipality of Rio de Janeiro, Brazil. A convenience sample was selected, stratified by gender, of 768 students who answered a self-administered questionnaire, structured with variables of sociodemographic characterization and related to knowledge about sexually transmitted infections, sexual practices, prevention practices and care with sexual health. In the analysis, descriptive statistics, chi-square tests and analysis of variance were used, with a significance level of 5%.

Results:

most of the university students ‒ 654 (85.16%) ‒ had an active sex life and 480 (62.54%) did not use condoms in all their sexual encounters. Among the participants, 509 (84.83%) said they had sexual intercourse with a steady partner, of which 224 (44.01%) used a condom. In the investigated group, 313 (47.86%) had relationships with casual partners, with 199 (63.58%) reporting having used a condom. Among the participants, 174 (26.61%) had their sexual practices classified as adequate/satisfactory.

Conclusion:

the findings show that the university students investigated present a risk behavior for Sexually Transmitted Infections due to inadequate/unsatisfactory sexual practices. Health education actions should consider cultural and individual aspects of the group in order to encourage reflection on practices for the prevention of sexually transmitted diseases.

DESCRIPTORS
Sexual behavior; Primary prevention; Young adult; Sexually transmitted diseases; Sexual health; Risk assumption

RESUMEN

Objetivo:

analizar las prácticas sexuales adoptadas por estudiantes universitarios para prevenir Infecciones de Transmisión Sexual.

Método:

estudio cuantitativo, descriptivo y transversal, realizado en el año 2016 en una universidad privada del municipio de Río de Janeiro, Brasil. Ajustada por conveniencia y estratificada por sexo, la muestra estuvo compuesta por 768 estudiantes que respondieron un cuestionario autoaplicado, estructurado con variables de caracterización sociodemográfica y relacionadas con el conocimiento sobre infecciones de transmisión sexual, prácticas sexuales, prácticas de prevención y cuidados con la salud sexual. En el análisis se empleó la estadística descriptiva, pruebas de Chi-cuadrado y análisis de variancia, con un nivel de significancia del 5%.

Resultados:

la mayoría de los universitarios ‒ 654 (85,16%) ‒ tenía una vida sexual activa y 480 (62,54%) no usaban preservativo en todos sus encuentros sexuales. Entre los participantes, 509 (84,83%) afirmaron tener relaciones sexuales con una pareja fija y, de ellos, 224 (44,01%) utilizaban preservativo. En el grupo investigado, 313 (47,86%) tuvieron relaciones con parejas casuales, y 199 (63,58%) declararon haber usado preservativo. Entre los participantes, las prácticas sexuales de 174 (26,61%) de ellos se clasificaron como adecuadas/satisfactorias.

Conclusión:

las conclusiones del estudio evidencian que los universitarios investigados presentan un comportamiento de riesgo para contraer Infecciones de Transmisión Sexual como resultado de prácticas sexuales inadecuadas/insatisfactorias. Las medidas de educación en salud deben considerar aspectos culturales e individuales del grupo para favorecer la reflexión sobre las prácticas de prevención de enfermedades de transmisión sexual.

DESCRIPTORES
Comportamiento sexual; Prevención primaria; Adulto joven; Enfermedades de transmisión sexual; Salud sexual; Asunción de riesgos

INTRODUÇÃO

As Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) causam grandes efeitos mundiais na saúde sexual e reprodutiva e estão entre as cinco principais causas de procura da população para o atendimento em saúde. No Brasil, anualmente, a estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) para as IST é de 937.000 casos para sífilis, 1.541.800 para gonorreia, 1.967.200 para clamídia, 640.900 para herpes genital e 685.400 para HPV. A infecção pelo HPV tem apresentado prevalência, principalmente, entre adolescentes e jovens. As maiores taxas de infecção gonocócica e por clamídia foram observadas, também, nessa população.11. World Health Organization. Global Healthy Sector Strategy on Sexually Transmitted Infections, 2016-2021. Geneva(CH): WHO; 2016 [cited 2018 Mar 09]. Available from: http://www.who.int/reproductivehealth/publications/rtis/ghss-stis/en/
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Estudo22. Hughes G, Field N. The epidemiology of sexually transmitted infections in the UK: impact of behavior, services and interventions. Future Microbiol [Internet]. 2015 [cited 2018 Mar 09];10(1):35-51. Available from: https://doi.org/10.2217/fmb.14.110
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realizado no Reino Unido sinaliza que o diagnóstico de IST aumentou, de modo expressivo, nos últimos dez anos e as maiores taxas são encontradas entre os jovens, com idade abaixo de 25 anos, homens que fazem sexo com homens (HSH) e certas populações de minoria étnica negra.

Os jovens, em geral, costumam ter o início das práticas sexuais na adolescência, sendo entendidas como um rito de passagem para a idade adulta e vivenciada de forma distinta entre os gêneros, cuja influência ocorre por aspectos culturais, econômicos e sociais.33. Bezerra EO, Pereira MLD, Chaves ACP, Monteiro PV. Social representations of adolescents on sexual relations and the use of condoms. Rev Gaúcha Enferm [Internet]. 2015 [cited 2018 Aug 20];36(1):84-91. Available from: https://doi.org/10.1590/1983-1447.2015.01.45639
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O comportamento sexual de estudantes universitários foi investigado44. Firmeza SNRM, Fernandes KJSS, Santos EN, Araújo WJG, Oliveira ES, Silva ARV. Sexual behavior among students of a public university. Rev Rene [Internet]. 2016 [cited 2018 May 20];17(4):506-11. Available from: https://doi.org/10.15253/2175-6783.2016000400010
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tendo-se constatado que a maioria teve a sexarca com idade inferior a 18 anos, fato confirmado em outros estudos.55. Borges ALV, Fujimori E, Kuschnir MCC, Chofakian CBN, Moraes AJP, Azevedo GD, et al. ERICA: sexual initiation and contraception in Brazilian adolescents. Rev Saúde Públ [Internet]. 2016 [cited 2017 Dec 15];50(suppl.1):15s. Available from: https://doi.org/10.1590/S01518-8787.2016050006686
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-77. Sales WB, Caveião C, Visentin A, Mocelin D, Costa PM, Simm EB. Comportamento sexual de risco e conhecimento sobre IST/SIDA em universitários da saúde. Rev Enf Ref [Internet]. 2016 [cited 2017 May 16];4(10):19-27. Available from: https://doi.org/10.12707/riv16019
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A vivência da sexualidade pelos jovens apresenta distintos mecanismos e sustenta-se em dois componentes interligados: o indivíduo, com seu conteúdo biológico e psicoemocional, e a inserção sociocultural, com múltiplos valores e grupos de referência. Em nossa sociedade, embora muitos costumes tenham se modificado e a prática sexual ocorra em idades cada vez mais precoces, a virgindade é, ainda, um assunto em discussão. A perda ou conservação da virgindade continua sendo influenciada por pressão social e sobrepõe-se à decisão pessoal do jovem.88. Saito MI. Visão Histórica da Sexualidade. In Saito MI, Silva LED, Leal MM. Adolescência: Prevenção e risco. 3th ed. São Paulo, SP(BR): Editora Atheneu; 2014.

Considerando a ocorrência das IST, sabe-se que vários fatores podem contribuir para que um indivíduo fique exposto à infecção. O comportamento sexual é considerado arriscado quando os indivíduos não utilizam o preservativo para evitar gestação indesejada e/ou proteger-se da contaminação por doenças sexualmente transmissíveis. Aspectos emocionais influenciam o comportamento dos jovens. Autores99. Chinazzo IR, Câmara SHG, Frantz DG. Comportamento sexual de risco em jovens: aspectos cognitivos e emocionais. Psico USF [Internet]. 2014 [cited 2017 May 15];19(1):1-12. Available from: http://www.scielo.br/pdf/pusf/v19n1/a02v19n1.pdf
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sinalizam a existência de prioridade do componente atitudinal na predição da intenção de realizar relações sexuais sem preservativo.Nesse contexto, elaborou-se a seguinte questão de pesquisa: Quais são as práticas adotadas pelos jovens para a prevenção das Infecções Sexualmente Transmissíveis?

Para responder à questão de pesquisa, foi delineado o seguinte objetivo para o estudo: Analisar as práticas sexuais adotadas pelos estudantes universitários para prevenção de Infecções Sexualmente Transmissíveis.

MÉTODO

Estudo quantitativo, descritivo e transversal, desenvolvido em uma universidade privada no município do Rio de Janeiro, Brasil.

Foi selecionada uma amostra por conveniência, estratificada por sexo dos estudantes, independente do período acadêmico. A amostra foi definida utilizando o cálculo amostral para estudos transversais de população finita (17 mil alunos), com margem de erro de 5%, nível de confiança de 95%, nível de significância de p=0,05, distribuídos de forma heterogênea, considerando os sexos feminino e masculino. Definiu-se uma amostra de 768 estudantes universitários, sendo 384 do sexo feminino e 384 do masculino, independente do curso de graduação, na faixa etária de 18 a 29 anos.

O recorte etário utilizado tem como referência o Estatuto da Juventude brasileira, de 2013, que classifica como jovem os indivíduos com idades entre 15 e 29 anos. Na composição da amostra, foram selecionados estudantes com idade igual ou superior a 18 anos, sendo excluídos aqueles com idade inferior a 18 anos por necessitarem apresentar autorização dos responsáveis para participar, o que poderia prejudicar o processo de captação das informações. Foram incluídos, no estudo, estudantes regularmente matriculados, de diferentes cursos de graduação e em qualquer período acadêmico, presentes no campo da pesquisa no período da coleta dos dados.

Os dados foram coletados nos meses de junho e julho de 2016 por cinco estudantes de graduação em enfermagem e dois do programa de pós-graduação vinculados ao projeto de pesquisa. Todos foram capacitados e certificados em encontros presenciais para a coleta de dados. Os estudantes universitários foram abordados em espaços de convivência de modo a não comprometer as atividades acadêmicas. Acrescenta-se que esta investigação está integrada à pesquisa intitulada Sexualidade e vulnerabilidade dos jovens em tempos de Infecções Sexualmente Transmissíveis, vinculada ao programa de pós-graduação.

Para a coleta dos dados, empregou-se um questionário autoaplicável, estruturado com 60 questões fechadas, com variáveis sociodemográficas e relacionadas ao conhecimento sobre as IST, práticas sexuais, práticas de prevenção de IST e cuidados com a saúde sexual. Este instrumento foi adaptado da Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas na População Brasileira, realizada pelo Ministério da Saúde, em 2008 e 2011. Considerando que este estudo é recorte de uma pesquisa maior, foram selecionadas 32 variáveis do instrumento da pesquisa matriz que atendiam ao objetivo desta investigação. Assim, as variáveis eleitas foram as sociodemográficas e aquelas relacionadas às práticas de prevenção de IST dos universitários que respondiam ao objetivo desta investigação.

Para analisar as práticas adotadas pelos universitários para prevenção de IST, foi atribuída uma pontuação. As variáveis selecionadas e sua devida pontuação estão apresentadas no Quadro 1.

Quadro 1 -
Pontuação das variáveis selecionadas para analisar as práticas adotadas pelos estudantes universitários para a prevenção das IST. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2016.

A prática é considerada como adequada/satisfatória caso os universitários informem usar o preservativo em todos os intercursos sexuais. Uma prática de prevenção é considerada inadequada/insatisfatória se os estudantes receberam qualquer valor de pontuação. O critério adotado para essa classificação teve por base um estudo10 que teve o propósito de avaliar a adequação do conhecimento, atitude e prática de mulheres em relação aos preservativos masculinos e femininos como medidas preventivas de IST/HIV.

Os dados obtidos no questionário foram tabulados e organizados com auxílio do software Microsoft Excel 2011 e analisados pelo Software Statistical Package for the Social Sciences 22.0 (SPSS) com estatística descritiva, em frequências absolutas, relativas e análise bivariada. Também houve análise inferencial, com aplicação de testes de associação entre variáveis como o quiquadrado de Pearson e análise de variância (ANOVA).

Foram respeitados todos os requisitos éticos propostos pela Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. Todos os respondentes tomaram ciência dos objetivos da pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

RESULTADOS

Dados da caracterização sociodemográfica dos participantes

Participaram do estudo 768 estudantes de graduação, sendo 384(50%) do sexo masculino e 384(50%) do sexo feminino. A faixa etária predominante foi de 18 a 24 anos ‒ 683(88,92%) ‒ e uma representatividade menor ‒ 85(11,06%) ‒ com idades entre 25 e 29 anos. Quanto ao estado marital, 450(58,72%) declararam-se solteiros, seguidos de 286(37,24%) com companheiro fixo. Houve predominância ‒ 435(56,72%) ‒ de jovens que se declararam brancos, 199(25,91%) pardos e 89(11,59%) pretos. Entre os universitários, 512(66,67%) afirmaram ser religiosos, dos quais 209(40,82%) declararam-se católicos, seguidos de 139(27,15%) evangélicos.

As práticas sexuais e a prevenção de Infecções Sexualmente Transmissíveis por estudantes universitários

Do total dos universitários investigados, 654(85,16%) eram sexualmente ativos e destes, 480(62,54%) informaram não fazer o uso de preservativos em todas as relações sexuais, 243(17,3%) afirmaram fazê-lo e apenas 2(0,31%) estudantes não responderam à questão.

Quanto às atividades sexuais, nos últimos 12 meses, 600(91,74%) informaram ter tido relações sexuais nesse intervalo de tempo. Destes, 509(84,83%) tiveram relações sexuais com parceiro fixo e 224(44,01%) utilizaram preservativos com essa parceria. Quanto à relação sexual com parceiros casuais, dentre 313(47,86%) estudantes que informaram esse tipo de parceria, 199(63,58%) usaram preservativos. O uso de álcool e drogas antes da última relação sexual foi relatado por 198(30,28%) estudantes, enquanto 454(69,42%) não fizeram uso e apenas dois não informaram.

No que concerne à negociação do uso do preservativo nas relações sexuais, 277(43,35%) estudantes informaram não negociar e 121(18,50%) negociam em parte. Os universitários fizeram uma autoavaliação quanto à possibilidade de adquirir IST. Os achados evidenciaram que 308(45,44%) acreditam ser pouco possível, 163(26,30%) ser impossível e somente 73(11,16%) estudantes acreditam na possibilidade de adquirir IST.

Para verificar a adequação ou inadequação das práticas de prevenção dos universitários, foram selecionadas quatro variáveis às quais foi associada uma pontuação de 0 a 3 pontos. Do total de 654 universitários sexualmente ativos, apenas 174(26,61%) tiveram pontuação zero. Os demais atingiram diferentes pontuações que variaram de 1 a 7. Os resultados são apresentados na Tabela 1.

Tabela 1 -
Práticas de prevenção consolidadas dos estudantes universitários. Rio de janeiro, Brasil, 2016. (n=654)

A Tabela 2 apresenta os resultados da análise de variância (ANOVA) e evidencia a correlação das práticas de prevenção adotadas pelos estudantes universitários relacionadas às variáveis: uso do preservativo em todas as relações sexuais, negociação do uso do preservativo e possibilidade de adquirir uma IST.

Tabela 2 -
Correlação das práticas de prevenção adotadas pelos estudantes universitários. Rio de janeiro, Brasil, 2016. (n=654)

Os resultados apresentam p-valor inferior a 0,05. Desse modo, rejeita-se a hipótese nula, ou seja, os dados indicam que os estudantes os quais não utilizaram o preservativo em todas as relações sexuais, bem como não negociam o seu uso durante as atividades sexuais, e que responderam como possível e muito possível adquirir IST, de fato, têm uma média de prática de prevenção inadequada maior e ficam mais expostos às IST.

DISCUSSÃO

O tema juventude tem se apresentado como uma questão significativa no século XXI. A cada ano, a Organização das Nações Unidas (ONU) discute aspectos relacionados a esse grupo e estimula discussões para promoção da paz, respeito pelos direitos humanos, solidariedade e liberdade, demonstrando a necessidade de mudanças na relação da sociedade e do Estado com essa parcela da população.

Os jovens estão inseridos em diversos espaços na sociedade como, por exemplo, nas universidades. Esses ambientes devem ser aproveitados para o diálogo, de forma a objetivar não somente o desenvolvimento social, econômico e cultural desse grupo, mas prover ferramentas que possam minimizar as vulnerabilidades dos estudantes no tocante às IST.

No Brasil, 87,9% das instituições de ensino superior pertencem à rede privada e registram 92,4% de participação no número de matrículas. A idade média de ingresso na universidade é de 18 anos; a idade concluinte, 23 anos e a idade modal dos estudantes regularmente matriculados é de 21 anos, destaca o Censo de Educação Superior.1111. Ministério da Educação (BR). Censo da educação superior 2017: Notas estatísticas. Brasília, DF(BR): Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira; 2017 [cited 2019 June 14]. Available from: http://portal.inep.gov.br/censo-da-educacao-superior
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O delineamento sociodemográfico deste estudo demonstra que a representatividade do grupo de jovens com idades entre 18 e 24 anos corresponde à faixa etária de matriculados nas universidades do país.

Quanto ao estado conjugal, mais da metade dos jovens declararam-se solteiros. Dados do Censo demográfico brasileiro1212. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (BR). Censo Demográfico 2010 [cited 2018 Apr 02]. Available from: https://censo2010.ibge.gov.br/resultados.html
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evidenciam que a população é composta por 55,3% de indivíduos solteiros e a idade média para casar é de 24,4 anos. Nesta pesquisa, a maioria dos universitários com idade inferior a 24 anos são solteiros, congruente ao Censo brasileiro.

O Brasil é um país de grande diversidade étnica e religiosa. A população é composta por indivíduos brancos ‒ 47,7% ‒ e católicos ‒ 64,6% ‒, conforme demonstra o Censo brasileiro.1212. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (BR). Censo Demográfico 2010 [cited 2018 Apr 02]. Available from: https://censo2010.ibge.gov.br/resultados.html
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Os achados deste estudo são consoantes ao Censo. A religião e religiosidade de uma pessoa costuma influenciar o momento da iniciação sexual, especialmente entre jovens que se consideram religiosos. O pensamento, então, fica dividido em duas vertentes: a comunidade religiosa e o convívio social mais amplo.1313. Coutinho RZ, Ribeiro MP. Religião, religiosidade e iniciação sexual na adolescência e juventude. Rev Bras Estud Popul [Internet]. 2014 [cited 2018 June 02];31(2):333-65. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rbepop/v31n2/a06v31n2.pdf
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Jovens que se consideram religiosos tendem a ter uma iniciação sexual mais tardia, entretanto outros fatores podem influenciar o início das práticas sexuais, como o contexto social e questões de gênero.

Estudo realizado com 48 universitários na África do Sul, com idades entre 18 e 24 anos, de diferentes etnias e crenças religiosas, buscou conhecer as percepções dos estudantes sobre o papel da religião e crenças religiosas em suas decisões e práticas sexuais. Na visão dos estudantes, a religião não tem influência em suas decisões da vida diária e no comportamento sexual, como a multiplicidade de parcerias e o sexo inseguro (sem preservativo). Os autores acreditam que a incerteza da sociedade moderna na religião denota uma influência limitada das crenças religiosas em relação à moral e aos valores da sociedade. Acrescentam que o ceticismo dos participantes sobre a influência da religião em suas práticas sexuais pode ser reflexo de um ceticismo mais amplo nas estruturas sociais, presentes na fase do desenvolvimento adulto.1414. Moodley CG. Perceptions of South African Emerging Adult FET College Students on Sexual Practices in Relation to Religion. J Relig Health [Internet]. 2017 [cited 2019 June 16];56(5):1515-36. Available from: https://doi.org/10.1007/s10943-016-0312-x
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No contexto da sexualidade, sabe-se que, a partir da década de 60, começaram a ocorrer mudanças sexuais ou relacionadas ao sexo, consolidando uma revolução sexual. Houve um aumento de atividades sexuais não conjugais e a expressão mais importante foi que homens e mulheres iniciam seus intercursos sexuais em idade cada vez mais precoce, reforçada pela idade mais avançada do casamento. Neste cenário, os jovens dispunham de um tempo maior para adquirir sua experiência sexual antes de se relacionar monogamicamente em uma relação duradoura.1515. Gagnon JH. Uma interpretação do desejo: ensaios sobre o estudo da sexualidade. Rio de Janeiro, RJ(BR): Garamond; 2006.

Somado a esse cenário, o aumento no número de divórcios criou uma oportunidade para que, principalmente os homens, praticassem atividade sexual não monogâmica. Assim, a partir dos anos 60, profundas alterações foram observadas nas gerações e os experimentos sexuais passaram a ocorrer com um número maior de parceiros1515. Gagnon JH. Uma interpretação do desejo: ensaios sobre o estudo da sexualidade. Rio de Janeiro, RJ(BR): Garamond; 2006.. Os costumes, definidos como o que as pessoas consideram ser certo ou errado num determinado lugar e momento, são os árbitros da conduta sexual. O que antes era incorreto passa, então, a ser aceitável.1515. Gagnon JH. Uma interpretação do desejo: ensaios sobre o estudo da sexualidade. Rio de Janeiro, RJ(BR): Garamond; 2006.

O comportamento sexual é um processo aprendido, complexo, inserido em roteiros sexuais que está atrelado aos contextos culturais e históricos do indivíduo. Existe importância nas ações individuais e culturais para a condução de atividades sexuais. Os atos sexuais necessitam de uma aprendizagem e somente são possíveis por estarem inseridos em roteiros sociais, existindo três níveis de roteirização: cenários culturais, roteiros interpessoais e roteiros intrapsíquicos.1515. Gagnon JH. Uma interpretação do desejo: ensaios sobre o estudo da sexualidade. Rio de Janeiro, RJ(BR): Garamond; 2006.

Inúmeros fatores contribuem para a iniciação sexual em idades precoces, como o reconhecimento dos aspectos negativos da repressão sexual que existia. Existe, na sociedade, uma permissividade negligente que ocasiona a desorganização nos padrões de conduta. Atualmente, há um avanço da liberdade que acarreta uma concepção do sexo e da vida sexual mais desinibida e com mais liberalidade. A iniciação da atividade sexual, geralmente, ocorre na adolescência. Esta pode acontecer por curiosidade, competição ou para evitar sentimentos de isolamento e solidão. Alguns jovens criam vínculos no relacionamento semelhante a casais adultos, sem, necessariamente, corresponder ao desenvolvimento emocional.1616. Adamo FA. Sexualidade: alguns aspectos. In: Saito MI, Silva LED, Leal MM. Adolescência: Prevenção e risco. 3th ed. São Paulo, SP(BR): Editora Atheneu; 2014.Nesta investigação, a maioria dos participantes são universitários na faixa etária entre 18 e 24 anos com vida sexual ativa.

O uso do preservativo pelos universitários na primeira e em todas as relações sexuais foi avaliado. Existem muitos fatores que podem comprometer o uso constante do preservativo. Pesquisa realizada com jovens na região sul do Brasil revelou que, para alguns homens, o sexo sem camisinha era reconhecido como bom e gostoso, oferecendo sentimentos de prazer e satisfação em sobreposição ao risco de uma doença ou gravidez. Em contraposição, o uso do preservativo foi considerado como ruim e desconfortável, apesar de ser compreendido como uma forma correta para a prática sexual. Para as mulheres, o risco de gravidez é o motivo mais significativo para o uso do preservativo. Nota-se, então, que, em nossa sociedade, existe um aspecto cultural que responsabiliza as mulheres pela reprodução, provocando maiores modificações em sua rotina de vida em comparação ao homem, responsabilizando-a pelo cuidado com o concepto.33. Bezerra EO, Pereira MLD, Chaves ACP, Monteiro PV. Social representations of adolescents on sexual relations and the use of condoms. Rev Gaúcha Enferm [Internet]. 2015 [cited 2018 Aug 20];36(1):84-91. Available from: https://doi.org/10.1590/1983-1447.2015.01.45639
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Estudo1717. Moreira LR, Dumith SC, Paludo SS. Condom use in last sexual intercourse among undergraduate students: how many are using them and who are they? Ciênc Saúde Coletiva [Internet]. 2018 [cited 2018 Mar 05];23(4):255-66. Available from: https://doi.org/10.1590/1413-81232018234.16492016
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analisou a prevalência do uso de preservativos por 1215 universitários de uma cidade do sul do Brasil. Na referida pesquisa, verificou-se que a probabilidade dessa prática aumentava de acordo com as variáveis: sexo masculino, menor faixa etária, uso de preservativo na primeira relação sexual, maior idade de início da vida sexual, não ter companheiro e parceiro casual na última relação. Pesquisa realizada na Universidade de Jaén, na Espanha, que avaliou os conhecimentos e atitudes sobre sexualidade, constatou que 56% empregavam o preservativo masculino e a principal razão para seu uso era evitar uma gravidez não planejada.1818. Mármol RM, Cruz RM, Muñoz IS. Conocimientos y actitudes sobre sexualidad en adolescentes de primer curso de Grado en Educación Infantil y Primaria de la Universidad de Jaén. Enferm Glob [Internet]. 2016 [cited 2018 Jul 17];15(1):164-73. Available from: http://scielo.isciii.es/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1695-61412016000100009
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Esses resultados são semelhantes aos achados desta investigação, demonstrando que os jovens usam preservativos, principalmente, para prevenção de uma gravidez. Outros métodos contraceptivos, também, podem substituir o uso desse recurso e alguns fatores podem afetar, de modo negativo, o uso do preservativo. Investigação1919. Camacho Rodriguez DE, Varela YP. Percepciones que afectan negativamente el uso del condón en universitarios de la Costa Caribe colombiana. Hacia Promoc Salud [Internet]. 2014 [cited 2017 Nov 15];19(1):54-67. Available from: http://www.scielo.org.co/pdf/hpsal/v19n1/v19n1a05.pdf
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realizada na Costa do Caribe, na Colômbia, identificou que o uso do preservativo, entre os participantes masculinos, estava associado ao rompimento do romantismo por “quebrar o clima” durante a colocação e pela pressão de tê-los sempre. Para as mulheres, a preocupação era relacionada à descoberta do preservativo por algum familiar e à vergonha de comprá-los.

A avaliação das práticas sexuais e de prevenção de IST demonstrou que os estudantes universitários tendem a fazer maior uso do preservativo com parceiros casuais do que com parceria fixa. Este comportamento pode estar associado ao sentimento de confiança em relação à fidelidade do parceiro.2020. Aguiar A, Camargo BV. Romantic relationships, adolescence and HIV: love as an element of vulnerability. Paideia [Internet]. 2016 [cited 2018 Aug 03];24(58):165-75. Available from: https://doi.org/10.1590/1982-43272458201404
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Outros estudos77. Sales WB, Caveião C, Visentin A, Mocelin D, Costa PM, Simm EB. Comportamento sexual de risco e conhecimento sobre IST/SIDA em universitários da saúde. Rev Enf Ref [Internet]. 2016 [cited 2017 May 16];4(10):19-27. Available from: https://doi.org/10.12707/riv16019
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,1010. Andrade SSC, Zaccara AAL, Leite KNS, Brito KKG, Soares MJGO, Costa MML et al. Knowledge, attitude and practice of condom use by women of an impoverished urban area. Esc Enferm USP [Internet]. 2015 [cited 2018 June 15];49(3):364-72. Available from: https://doi.org/10.1590/S0080-623420150000300002
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,1717. Moreira LR, Dumith SC, Paludo SS. Condom use in last sexual intercourse among undergraduate students: how many are using them and who are they? Ciênc Saúde Coletiva [Internet]. 2018 [cited 2018 Mar 05];23(4):255-66. Available from: https://doi.org/10.1590/1413-81232018234.16492016
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,2121. Alves B, Gonçalves MB, Fontoura LV, Neves GDE. Sexual profile of university students. Rev Bras Promoç Saúde [Internet]. 2017 [cited 2018 June 17];30(4):1-8. Available from: https://doi.org/10.5020/18061230.2017.6219
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sinalizam que o uso inconsistente do preservativo está associado não somente à fidelidade e à confiança no parceiro, à dificuldade de negociar o seu uso, entre outros fatores. Pesquisas1010. Andrade SSC, Zaccara AAL, Leite KNS, Brito KKG, Soares MJGO, Costa MML et al. Knowledge, attitude and practice of condom use by women of an impoverished urban area. Esc Enferm USP [Internet]. 2015 [cited 2018 June 15];49(3):364-72. Available from: https://doi.org/10.1590/S0080-623420150000300002
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,1717. Moreira LR, Dumith SC, Paludo SS. Condom use in last sexual intercourse among undergraduate students: how many are using them and who are they? Ciênc Saúde Coletiva [Internet]. 2018 [cited 2018 Mar 05];23(4):255-66. Available from: https://doi.org/10.1590/1413-81232018234.16492016
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têm demonstrado que existe relação entre o uso do preservativo e o tipo de parceria, ou seja, pessoas com relacionamentos fixos costumam substituir o preservativo por outros métodos contraceptivos (como o anticoncepcional hormonal oral). Assim, demonstram maior preocupação com a prevenção de uma gravidez não planejada e não priorizam a prevenção das doenças transmitidas pelo sexo. Este comportamento é mais observado em relacionamentos com parcerias casuais, em que não existe confiança nos parceiros. O uso do preservativo neste tipo de relacionamento tem dupla função, ou seja, para evitar a gravidez não desejada e as IST. Embora o uso do preservativo seja mais frequente no grupo de universitários que informaram a prática de sexo com parcerias casuais, uma parcela desses estudantes não faz uso de preservativos ‒ ou não usam de modo continuado ‒ e ficam expostos às IST.

A adesão ao uso do preservativo, também, é afetada pelo uso de bebidas alcoólicas e/ou outras drogas antes das relações sexuais. O consumo do álcool é realizado com diversos propósitos e trata-se de uma droga psicotrópica, depressora do sistema nervoso central, que causa redução de atividades cerebrais. O álcool é consumido, em geral, para a redução da ansiedade, desinibição e aumento da loquacidade. Consumido antes ou durante os atos sexuais, acredita-se que favorece a desinibição e o aumento do prazer, o que tem contribuído para o aumento do consumo do álcool, especialmente antes de atividades sexuais. O consumo dessa substância torna-se um fator de risco para Infecções Sexualmente Transmissíveis, considerando que, ao ingerir bebida alcoólica durante ou antes do ato sexual, as pessoas tendem a não fazer uso de preservativos, a realizar troca de parceiros e a ter parceiros casuais.2222. Gil-Gárcia E, Martini JG, Porcel-Gálvez AM. Alcohol consumption and risky sexual practices: the pattern of nursing students from the Spanish University. Rev Latino-Am Enfermagem [Internet]. 2013 [cited 2018 Aug 21];21(4):941-7. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v21n4/0104-1169-rlae-21-04-0941.pdf
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-2525. Villegas N, Cianelli R, Santisteban D, Lara L, Vargas J. Factores que Influencian la Adquisición de Infecciones de Transmisión Sexual y VIH en Mujeres Jóvenes Chilenas que Participaron en la Intervención Online I-STIPI. Hisp Health Care Int [Internet]. 2016 [cited 2019 June 16];14(1): 47-56. Available from: https://doi.org/10.1177/1540415316629682
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Para analisar as práticas adotadas pelos estudantes universitários no que concerne à prevenção de IST, foram realizados testes que avaliaram o uso do preservativo e o consumo de álcool e/ou outras drogas. Foi evidenciado, nos achados, que os universitários possuíam uma prática de prevenção inadequada, ficando vulneráveis às IST. Relacionando as práticas de prevenção dos universitários com a possibilidade de adquirir uma Infecção Sexualmente Transmissível, observa-se que os estudantes que responderam ser possível e muito possível adquirir IST possuem uma média de prática inadequada maior, ou seja, ficam mais expostos e têm consciência disso.

Um quantitativo expressivo dos universitários investigados acredita ser impossível ou pouco possível adquirir IST, entretanto dados do boletim epidemiológico do Ministério da Saúde brasileiro evidenciam que o crescimento de aids na juventude continua sendo uma preocupação para profissionais de saúde. Comparando-se os anos de 2006 e 2016, observou-se aumento na taxa de detecção em indivíduos com idade superior a 14 anos, em ambos os sexos. A taxa de detecção entre os homens é superior, sendo até três vezes maior do que entre as mulheres, no ano de 2016, para as faixas etárias de 20-24 e de 25-29 anos, demonstrando que as ações em saúde para a prevenção de IST devem ser intensificadas.2626. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento Nacional de DST, Aids e Hepatites Virais. Boletim Epidemiológico HIV-AIDS. Brasília, DF(BR): Ministério da Saúde; 2017 [cited 2018 Nov 07]. Available from: http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2017/boletim-epidemiologico-hivaids-2017
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A crença de que é impossível ou pouco possível adquirir IST dificulta ações para a promoção da saúde sexual desses jovens. A sensibilização dos jovens que acreditam não ser possível adquirir uma IST se torna um desafio para os profissionais de saúde, já que pode ser uma pessoa negligente nas práticas de prevenção. Nota-se, então, que os estudantes subestimam a percepção de risco de contrair uma IST, o que os tornam vulneráveis à exposição das infecções transmitidas pelo sexo.2020. Aguiar A, Camargo BV. Romantic relationships, adolescence and HIV: love as an element of vulnerability. Paideia [Internet]. 2016 [cited 2018 Aug 03];24(58):165-75. Available from: https://doi.org/10.1590/1982-43272458201404
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,2525. Villegas N, Cianelli R, Santisteban D, Lara L, Vargas J. Factores que Influencian la Adquisición de Infecciones de Transmisión Sexual y VIH en Mujeres Jóvenes Chilenas que Participaron en la Intervención Online I-STIPI. Hisp Health Care Int [Internet]. 2016 [cited 2019 June 16];14(1): 47-56. Available from: https://doi.org/10.1177/1540415316629682
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Ao relacionar as práticas de prevenção informadas pelos participantes com a variável da negociação do uso de preservativo, pode-se notar que os jovens que não negociam ou negociam em parte o uso do preservativo possuem outras práticas inadequadas e se tornam mais vulneráveis. Considerando as práticas sexuais e as práticas de prevenção referidas pelos estudantes investigados, acredita-se que os universitários sabem da relação existente entre o tipo de prática sexual (sexo seguro ou não) e o risco para adquirir uma Infecção Sexualmente Transmissível. Sabe-se que existem diversos fatores que interferem fortemente nas práticas sexuais, influenciando-as, de tal modo que, mesmo tendo consciência, muitos jovens não conseguem modificá-las. Isso implica pensar em ações educativas que aproveitem os ambientes pedagógicos para instrumentalizar os estudantes no sentido do cuidado com a saúde sexual.2727. Silva IR, Sousa FGM, Silva MM, Leite JL. Complex thinking supporting care strategies for the prevention of STDs/AIDS in adolescence. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2015 [cited 2018 Sept 02];24(3):859-66. Available from: https://doi.org/10.1590/0104-07072015003000014
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-2929. Castro EL, Caldas TA, Morcillo AM, Pereira EMA, Velho ENF. O conhecimento e o ensino sobre doenças sexualmente transmissíveis entre universitários. Ciênc Saúde Coletiva [Internet]. 2016 [cited 2018 May 17];21(6):1975-84. Available from: https://dx.doi.org/10.1590/1413-81232015216.00492015.
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A constatação de que os jovens possuem práticas de prevenção inadequadas e assumem comportamentos de risco para IST implica pensar em uma ação educativa como eixo fundamental no que se refere ao cuidado de enfermagem e à necessidade de identificar ambientes pedagógicos capazes de potencializar essa prática. Ainda nos tempos atuais, encontram-se práticas educativas desenvolvidas por profissionais de saúde, inclusive enfermeiros, com enfoque educativo-preventivo, sem incorporar a compreensão dos fatores determinantes dos problemas de saúde ou, ainda, as necessidades e saberes da população trabalhada. Sabe-se que a educação em saúde, ao se desenvolver por meio da escuta, problematização e produção conjunta do conhecimento, favorece a autonomia e a construção da cidadania do indivíduo, valorizando sua expressão na perspectiva do autocuidado.3030. Gazzinelli MF, Souza V, Fonseca RMGS, Fernandes MM, Carneiro ACLL, Godinho LK. Educational group practices in primary care: interaction between professionals, users and knowledge. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2015 [cited 2018 June 15];49(2):284-91. Available from: https://doi.org/10.1590/S0080-623420150000200014
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Nesse sentido, pensar o uso de outros recursos de comunicação para atingir o público jovem, como a internet, poderia ser uma estratégia que oferecesse conteúdos sobre os fatores de risco com estímulo para a prevenção das IST.2525. Villegas N, Cianelli R, Santisteban D, Lara L, Vargas J. Factores que Influencian la Adquisición de Infecciones de Transmisión Sexual y VIH en Mujeres Jóvenes Chilenas que Participaron en la Intervención Online I-STIPI. Hisp Health Care Int [Internet]. 2016 [cited 2019 June 16];14(1): 47-56. Available from: https://doi.org/10.1177/1540415316629682
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Este estudo teve como limitação ter sido desenvolvido em uma universidade particular e, portanto, pode não refletir a realidade de jovens que tenham um contexto social e histórico diferente. Além disso, os dados obtidos não podem ser generalizados. Acrescenta-se que são necessários outros estudos para aprofundar o conhecimento sobre as práticas de prevenção de IST dos estudantes universitários, com emprego de outras metodologias e realizado em outros cenários de ensino superior. Acredita-se que as contribuições desta pesquisa podem trazer visibilidade para a problemática da prevenção de IST no grupo jovem, além de vislumbrar práticas educativas voltadas a esse público.

CONCLUSÃO

O estudo, que teve o propósito de analisar as práticas sexuais adotadas pelos estudantes universitários para prevenção de IST, constatou que os estudantes não utilizam o preservativo em todas as relações sexuais, não negociam o uso com as parcerias, mas acreditam ser pouco possível ou impossível adquirir uma Infecção Sexualmente Transmissível. As práticas de prevenção de IST adotadas por esses estudantes são classificadas como inadequadas/insatisfatórias.

Considerando os resultados desta investigação, pode-se inferir que se faz necessário sensibilizar esse grupo em relação ao comportamento de risco que assumem ao ter relações sexuais desprotegidas e a importância da adoção de estratégias para prevenção de IST. Conscientizar e sensibilizar os estudantes sobre a relevância da assunção de práticas sexuais seguras é um desafio para profissionais de saúde, especialmente das Unidades Básicas de Saúde, porta de entrada aos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS).

Sugere-se que novas pesquisas possam ser conduzidas, problematizando a questão das práticas sexuais e práticas de prevenção adotadas por estudantes, principalmente no que tange ao uso do preservativo, considerando o crescente aumento do número de casos de IST nessa população. Ademais, acredita-se que o estudo disponibiliza informações que podem auxiliar enfermeiros e outros profissionais de saúde na realização de práticas educativas voltadas para a população jovem.

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    » https://doi.org/10.1590/S0080-623420150000200014

NOTAS

  • ORIGEM DO ARTIGO

    Extraído da dissertação - Práticas de prevenção de jovens universitários em relação às Infecções Sexualmente Transmissíveis, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, em 2017.
  • APROVAÇÃO DE COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

    Aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Veiga de Almeida, parecer n. 1577.311/2016, Certificado de Apresentação para Apreciação Ética 56763316.1.0000.5291.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Nov 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    06 Fev 2019
  • Aceito
    02 Set 2020
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