RESUMO
Neste artigo, analisamos registros gerados em um estudo no contexto do projeto Pró-Imigrantes, que visa oferecer aulas preparatórias gratuitas para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) a refugiados e outros imigrantes potencialmente em situação de vulnerabilidade, residentes em Belo Horizonte (MG) e região metropolitana. Especificamente, analisamos três produções textuais, referentes à redação do Enem, elaboradas por uma aluna de nacionalidade haitiana e falante de português como língua adicional. Na análise, centramo-nos na mobilização das capacidades de significação (CRISTOVÃO; STUTZ, 2011) no processo de construção da argumentação. Esta pesquisa-ação, conduzida em sala de aula, embasa-se no arcabouço teórico do Interacionismo Sociodiscursivo (BRONCKART, 1999), no construto de capacidades de linguagem (DOLZ; PASQUIER; BRONCKART, 1993), na concepção de sequência didática (DOLZ; NOVERRAZ; SCHNEUWLY, 2011) e em noções sobre a redação do Enem (BRASIL, 2016; OLIVEIRA, 2019). A análise evidencia que, ao mobilizar as capacidades de significação, desenvolvidas no decorrer da implementação da sequência didática, a aluna fortaleceu, de modo expressivo, a argumentação nas produções textuais. As discussões sobre os resultados obtidos também contribuem para a área de Português como Língua de Acolhimento.
Palavras-chave:
capacidades de significação; Português como Língua de Acolhimento; redação do Enem.