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Reverberações de um Programa de Educação Conjugal: A Percepção dos Moderadores1 1 Artigo derivado da tese de doutorado da primeira autora, sob orientação da segunda, defendida no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Apoio: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq, Financiamento # MCTI / CNPq No. 14/2014). A primeira autora teve bolsa de doutorado financiada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). A segunda autora é bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq (Nível 1B).

Reverberaciones de un Programa de Educación Conyugal: La Percepción de los Moderadores

Resumo:

Este estudo tem como objetivo conhecer a percepção dos profissionais que coordenaram o programa de educação conjugal Viver a dois: Compartilhando este desafio acerca da sua reverberação nos casais participantes. Foram realizadas entrevistas em grupo com dez equipes de profissionais que conduziram as oficinas do programa Viver a dois, totalizando 28 participantes. Os dados foram analisados por meio de Análise Temática no software NVivo. Os temas identificados demonstram que os casais apresentam tanto reações de receptividade à proposta quanto de relutância a determinadas atividades. Evidencia-se a importância da relação estabelecida entre os casais do grupo, pois esta gera refexão e aprendizado. Percebe-se que atividades de educação conjugal têm o poder de ampliar as perspectivas sobre a vida a dois, bem como a proximidade entre os casais e a melhora nas estratégias de resolução de seus conflitos.

Palavras-chave:
relações conjugais; conflito conjugal; promoção de saúde; intervenção psicossocial

Resumen:

Este estudio tiene como objetivo conocer la percepción de los profesionales que coordinaran el programa de educación conyugal Vivir en Pareja: El arte de enfrentar los conflictos sobre las reverberaciones de este programa en las parejas participantes. Se ha hecho entrevistas en grupo con diez equipos de profesionales que han coordinado los talleres del programa. Los datos fueron analizados mediante el Análisis Temático en el software NVivo. Las percepciones de los profesionales fueran que las parejas presentaran tanto reacciones de receptividad a la propuesta, como de evitación a determinadas actividades. Se destaca la importancia de la relación establecida entre las parejas del grupo, la cual ha favorecido reflexión y aprendizaje. Se percibe que actividades de educación conyugal tienen el poder de ampliar las perspectivas sobre la vida en pareja, así como la proximidad entre las parejas y la mejora en las estrategias de resolución de sus conflictos.

Palabras clave:
relaciones conyugales; conflicto marital; promoción de la salud; intervención psicosocial

Abstract:

This study aims to know the perception of the professionals who coordinated the marital education program Living as partners: Turning challenges into opportunities (Viver a dois: Compartilhando este desafio) about the reverberations of the program in the participating couples. Group interviews were conducted with ten teams of professionals who conducted workshops of the program, totaling 28 participants. Data were analyzed using Thematic Analysis, with the support of NVivo software. The themes show that the couples presented reactions of both receptivity and reluctance to certain activities. It is evidenced that the relationship established between the couples produces reflection and learning. It is perceived that marital education programs may extend the perspectives of marital life, as well as enhance the closeness between couples and improve their conflict resolution strategies.

Keywords:
marital relations; marital conflict; health promotion; psychosocial intervention

A convivência diária em um relacionamento apresenta aos casais inúmeros desafios, relacionados ao equilíbrio das demandas individuais e conjugais, além de questões familiares, profissionais e sociais. Apesar disso, cada vez mais, a opção por viver a dois está relacionada com a satisfação acerca do relacionamento. As facilidades legais para a obtenção do divórcio, associadas à valorização cultural da felicidade e bem-estar individuais, faz com que permaneçam em um relacionamento as pessoas que encontram nele níveis moderados a altos de satisfação (Mosmann et al., 2015Mosmann, C. P., Levandowski, D. C., Costa, C. B., Zordan, E. P., Rosado, J. S., & Wagner, A. (2015). Qualidade conjugal: Como os casais avaliam seu relacionamento? In A. Wagner, C. P. Mosmann, & D. Falcke (Orgs.), Viver a dois: Oportunidades e desafios da conjugalidade (pp. 19-32). São Leopoldo, RS: Sinodal.).

Estudos com casais longevos corroboram essa percepção. A satisfação conjugal aferida nesses casais se relaciona com a proximidade e coesão, com o uso de estratégias adequadas de resolução de problemas e com as habilidades de comunicação (Norgren, Souza, Kaslow, Hammerschmidt, & Sharlin, 2004Norgren, M. B. P., Souza, R. M., Kaslow, F., Hammerschmidt, H., & Sharlin, S. A. (2004). Satisfação conjugal em casamentos de longa duração: Uma construção possível. Estudos de Psicologia (Natal), 9(3), 575-584. doi: 10.1590/S1413-294X2004000300020
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). Além disso, casais que permanecem juntos após décadas indicam que o relacionamento tende a melhorar com o tempo, uma vez que a convivência, a maturidade e as experiências de tentativa e erro permitem o aprendizado de formas mais construtivas para o manejo dos conflitos (Costa & Mosmann, 2015Costa, C. B., & Mosmann, C. P. (2015). Relacionamentos conjugais na atualidade: Percepções de indivíduos em casamentos de longa duração. Revista da SPAGESP, 16(2), 16-31. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-29702015000200003
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). Tais achados vão ao encontro dos apontamentos da Teoria Estrutural Sistêmica, que indica a influência de diversos fatores para a formação da estrutura do subsistema conjugal, tais como as heranças biológicas de cada cônjuge, o contexto sociocultural, eventos casuais que tenham impactado a vida do casal e as decisões tomadas pelos cônjuges acerca de como lidar com todos esses aspectos (Simon, 2008Simon, G. M. (2008). Structural couple therapy. In A. S. Gurman (Ed.), Clinical handbook of couple therapy (4th ed., pp. 323-349). New York, NY: Guilford.).

Alguns autores definem as variáveis que influenciam os relacionamentos amorosos de acordo com as suas possibilidades de modificação (Halford, Markman, Kline, & Stanley, 2003Halford, W. K., Markman, H. J., Kline, G. H., & Stanley, S. M. (2003). Best practice in couple relationship education. Journal of Marital and Family Therapy, 29(3), 385-406. doi: 10.1111/j.1752-0606.2003.tb01214.x
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). Segundo essa perspectiva, por um lado, encontram-se variáveis estáticas, que são aquelas que dificilmente serão modificadas ao longo do tempo, como por exemplo, o estilo de apego de cada um dos cônjuges, o modelo relacional proveniente da família de origem e a ocorrência de eventos no ciclo vital. Por outro lado, as variáveis dinâmicas são aquelas passíveis de modificação ao longo do tempo, tais como a forma de comunicação e as estratégias de resolução de conflitos (Halford et al., 2003Halford, W. K., Markman, H. J., Kline, G. H., & Stanley, S. M. (2003). Best practice in couple relationship education. Journal of Marital and Family Therapy, 29(3), 385-406. doi: 10.1111/j.1752-0606.2003.tb01214.x
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).

Apesar de não ser possível modificar as variáveis estáticas, estudos mostram que a alteração nas variáveis dinâmicas pode controlar os efeitos adversos a elas associados (Shapiro, Gottman, & Carrère, 2000Shapiro, A. F., Gottman, J. M., & Carrère, S. (2000). The baby and the marriage: Identifying factors that buffer against decline in marital satisfaction after the first baby arrives. Journal of Family Psychology, 14(1), 59-70. doi:10.1037//0893-3200.14.1.59
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). Por exemplo, pesquisas evidenciam que indivíduos com estilo de apego inseguro tendem a ter menor qualidade conjugal, enquanto aqueles com estilo de apego seguro reportam maiores níveis de qualidade na relação (Scheeren, Delatorre, Neumann, & Wagner, 2015Scheeren, P., Delatorre, M. Z., Neumann, A. P., & Wagner, A. (2015). O papel preditor dos estilos de apego na resolução do conflito conjugal. Estudos e Pesquisas em Psicologia, 15(3), 835-852. doi: 10.12957/epp.2015.19415
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). Contudo, pessoas com estilo de apego inseguro tendem a apresentar melhoras nos níveis de qualidade conjugal quando utilizam estratégias positivas de resolução dos conflitos (Scheeren, Vieira, Goulart, & Wagner, 2014Scheeren, P., Vieira, R. V. A., Goulart, V. R., & Wagner, A. (2014). Marital quality and attachment: The mediator role of conflict resolution styles. Paidéia (Ribeirão Preto), 24(58), 177-186. doi: 10.1590/1982-43272458201405
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). Tais resultados indicam que, independente do estilo de apego, o aprendizado de estratégias construtivas de manejo dos conflitos pode se constituir como um fator de proteção do relacionamento conjugal.

Os programas de educação conjugal operam nesse sentido. Sua proposta é estimular nos casais o aprendizado de variáveis dinâmicas, enfocando as habilidades necessárias para a manutenção da qualidade da relação conjugal (Halford et al., 2003Halford, W. K., Markman, H. J., Kline, G. H., & Stanley, S. M. (2003). Best practice in couple relationship education. Journal of Marital and Family Therapy, 29(3), 385-406. doi: 10.1111/j.1752-0606.2003.tb01214.x
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). Nessa perspectiva, a educação conjugal pode ser definida como um conjunto de estratégias destinadas a favorecer o aprimoramento das relações amorosas e a fomentar relacionamentos mais saudáveis, satisfatórios e estáveis (Halford & Bodenmann, 2013Halford, W. K., & Bodenmann, G. (2013). Effects of relationship education on maintenance of couple relationship satisfaction. Clinical Psychology Review, 33(4), 512-525. doi:10.1016/j.cpr.2013.02.001
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).

Existe na literatura um grande corpo de investigações acerca da eficácia destas ações, conforme constatado na revisão de Neumann, Mosmann e Wagner (2015Neumann, A. P., Mosmann, C. P., & Wagner, A. (2015). Viver a dois: É possível educar para a conjugalidade? In A. Wagner, C. P. Mosmann, & D. Falcke (Orgs.), Viver a dois: Oportunidades e desafios da conjugalidade (pp. 101-112). São Leopoldo, RS: Sinodal.). Os principais resultados identificados nos estudos são melhoras nos índices de qualidade conjugal (Whitton, Weitbrecht, Kuryluk, & Hutsell, 2016Whitton, S. W., Weitbrecht, E. M., Kuryluk, A. D., & Hutsell, D. H. (2016). A randomized waitlist-controlled trial of culturally sensitive relationship education for male same-sex couples. Journal of Family Psychology, 30(6), 763-768. doi:10.1037/fam0000199
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), nas habilidades de comunicação (Rhoades, 2015Rhoades, G. K. (2015). The effectiveness of the within our reach relationship education program for couples: Findings from a federal randomized trial. Family Process, 54(4), 672-685. doi: 10.1111/famp.12148
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), no manejo dos conflitos (Carroll & Doherty, 2003Carroll, J. S., & Doherty, W. J. (2003). Evaluating the effectiveness of Premarital Prevention Programs: A meta-analytic review of outcome research. Family Relations, 52(2), 105-118. doi: 10.1111/j.1741-3729.2003.00105.x
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) e no compromisso com a relação (Stanley, Amato, Johnson, & Markman, 2006Stanley, S. M., Amato, P. R., Johnson, C. A., & Markman, H. J. (2006). Premarital education, marital quality, and marital stability: Findings from a large, random household survey. Journal of Family Psychology, 20(1), 117-126. doi:10.1037/0893-3200.20.1.117
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).

Estes programas existem há mais de 30 anos nos Estados Unidos, tendo sido amplamente utilizados, também, em países como Austrália (Halford & Simons, 2005Halford, W. K., & Simons, M. (2005). Couple relationship education in Australia. Family Process, 44(2), 147-159. doi: 10.1111/j.1545-5300.2005.00050.x
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) e Alemanha (Baucom, Hahlweg, Atkins, Engl, & Thurmaier, 2006Baucom, D. H., Hahlweg, K., Atkins, D. C., Engl, J., & Thurmaier, F. (2006). Long-term prediction of marital quality following a relationship education program: Being positive in a constructive way. Journal of Family Psychology, 20(3), 448-455. doi: 10.1037/0893-3200.20.3.448
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). No Brasil, encontraram-se dois registros na literatura sobre ações específicas para a educação conjugal. Scorsolini-Comin (2014Scorsolini-Comin, F. (2014). Aconselhamento psicológico com casais: Interlocuções entre psicologia positiva e abordagem centrada na pessoa. Contextos Clínicos, 7(2),192-206. doi: 10.4013/ctc.2014.72.07
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) apresenta uma iniciativa ainda teórica nesse sentido. Por meio de revisão bibliográfica, o autor buscou identificar os elementos que podem compor uma futura intervenção de aconselhamento conjugal, dentro do escopo da educação conjugal. Já Bolsoni-Silva, Nogueira e Santos (2014Bolsoni-Silva, A. T., Nogueira, S. C., & Santos, L. H. Z. (2014). Efeitos de uma intervenção analítico-comportamental com casal de namorados. Interação em Psicologia, 18(3), 263-276. doi:10.5380/psi.v18i3.30911
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) descrevem, a partir de um caso único, a aplicação e resultados de uma intervenção grupal estruturada que trabalha as relações funcionais entre o casal, a comunicação, a expressão de afeto e a resolução de problemas. Juras e Costa (2017Juras, M. M., & Costa, L. F. (2017). Não foi bom pai, nem bom marido: Conjugalidade e parentalidade em famílias separadas de baixa renda [Número especial]. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 32, 1-9. doi: 10.1590/0102-3772e32ne215
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) apresentam a fase inicial de uma pesquisa que propõe uma intervenção psicossocial grupal com pais e mães separados e filhos pequenos, porém, sem detalhar a proposta interventiva. Em uma perspectiva clínica, encontrou-se o relato de duas intervenções de sessão única elaboradas segundo a perspectiva cognitivo-comportamental, uma delas voltada à conscientização dos padrões de comunicação do casal e outra focada na apresentação de um modelo de resolução de problemas (Silva & Vandenberghe, 2009Silva, L. P., & Vandenberghe, L. (2009). Comunicação versus resolução de problemas numa sessão única de terapia comportamental de casal. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, 11(1), 43-60. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-55452009000100005&lng=pt&nrm=is&tlng=pt
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).

Uma iniciativa recente que busca suprir a demanda por intervenções voltadas à prevenção e promoção de saúde conjugal é o Programa Psicoeducativo para Casais “Viver a dois: Compartilhando esse desafio”. Desenvolvido a partir de estudos empíricos, seu objetivo é fomentar nos casais a ampliação do leque de estratégias utilizadas no enfrentamento de seus conflitos (Wagner et al., 2015Wagner, A., Neumann, A.P., Mosmann, C. P., Levandowski, D. C., Falcke, D., Zordan, E. P., & Scheeren, P. (2015). Viver a dois: Compartilhando esse desafio - Uma proposta psicoeducativa para casais. São Leopoldo, RS: Sinodal.). O programa é formado por seis oficinas realizadas em grupos de quatro a oito casais, com frequência semanal. Os temas abordados pelo programa são os mitos conjugais, conflito conjugal (temas, frequência, intensidade e estratégias de resolução), sexualidade e lazer a dois. Sua operacionalização envolve a participação ativa dos casais por meio de tarefas interativas e lúdicas, realizadas ora entre as díades conjugais, ora com todos os casais conjuntamente. Além disso, as oficinas possuem momentos psicoeducativos, voltados à explanação de aspectos teóricos que possam agregar conhecimentos de aplicação prática sobre a vida a dois. Nesse sentido, apesar de ser um trabalho em grupo, as oficinas preservam aspectos da intimidade dos casais. As atividades são conduzidas por profissionais de nível superior, com base em um Manual que explica o passo a passo de cada oficina.

Considerando o panorama apresentado acerca do investimento nas relações conjugais no Brasil, bem como a complexidade de variáveis que compõem a conjugalidade, estratégias que contribuam para a promoção de saúde conjugal possuem grande relevância no cenário atual. Uma vez que são poucas as intervenções de educação conjugal encontradas na literatura nacional, entende-se que ampliar os estudos que avaliem o funcionamento e os efeitos dessas ações pode contribuir para o desenvolvimento do campo como um todo. Nesse sentido, está em andamento um estudo que investiga os indicativos de eficácia do programa Viver a dois: Compartilhando este desafio. O presente artigo incorpora este estudo em uma perspectiva qualitativa, dando voz aos profissionais que aplicaram o programa. Nessa perspectiva, objetivou-se conhecer a percepção dos profissionais que coordenaram o programa de educação conjugal “Viver a dois: Compartilhando este desafio” acerca da sua reverberação nos casais participantes.

Método

Participantes

Participaram deste estudo 28 profissionais do sexo feminino que aplicaram o programa Viver a dois em dez grupos de casais, abrangendo um total de 65 casais heterossexuais. As profissionais atuaram em equipes formadas por três integrantes, organizadas de acordo com os seguintes papeis: (a) Moderadoras: profissionais que coordenaram as oficinas; (b) Auxiliares: profissionais que auxiliaram as moderadoras na coordenação; e (c) Observadoras: profissionais que observaram o desenvolvimento das oficinas. Dentre as participantes, 10 eram moderadoras, 9 eram auxiliares e 9 eram observadoras. Uma auxiliar e um observador não puderam se fazer presentes no dia da entrevista.

As equipes trabalhavam em locais como secretarias de saúde, Centros de Referência em Assistência Social (CRAS), Centros de Referência Especializados em Assistência Social (CREAS), centros de formação em terapia de família e casal e universidades. As profissionais integrantes destas equipes já conheciam o programa Viver a dois e haviam manifestado interesse em realizar o programa em seus contextos de trabalho. Nesse sentido, a seleção das equipes pelas pesquisadoras foi realizada por conveniência, desde que as mesmas atendessem aos seguintes critérios de inclusão: (a) concordância por parte de seu local de trabalho, representada pela aprovação dos gestores locais. Uma vez que o programa foi oferecido como uma parceria entre a instituição de origem das pesquisadoras e cada um dos locais acima referidos, foi necessária aprovação dos gestores para a participação das equipes e disponibilização de espaço físico; (b) participação em treinamento sobre o Programa Viver a dois, com carga de 10 horas. Este treinamento foi realizado de maneira presencial e foi coordenado pelas pesquisadoras que desenvolveram o programa e coordenaram esta pesquisa; e (c) concordância com os procedimentos de pesquisa. As equipes que cumpriram com os requisitos foram formadas por mulheres apenas, devido às possibilidades dos locais de trabalho e do interesse dos profissionais.

Todas as moderadoras possuíam curso superior e nove delas possuíam ou estavam fazendo pós-graduação, sendo nove psicólogas e uma pedagoga. Sua média de idade foi de 36 anos (DP = 10,35). As auxiliares e observadoras possuíam curso superior (57,8%, n = 11) ou eram estudantes de graduação (42,1%, n = 8), atuando nas áreas de psicologia, assistência social, enfermagem e gestão pública. As médias de idade foram de 33 anos para as auxiliares (DP = 6,27) e 29 anos para as observadoras (DP = 10,38).

Os casais que participaram do programa eram ou vinculados aos locais (ex. usuários do CREAS), ou advindos da comunidade em geral. Cada local responsabilizou-se pela divulgação do programa à comunidade pelos meios disponíveis em seu contexto. Dentre as estratégias empregadas, foram utilizadas tanto técnicas ativas de divulgação, tais como divulgação pessoal e face a face por meio de agentes comunitárias de saúde, quanto técnicas passivas, como utilização de folders e divulgação em rádios, jornais e redes sociais (Carlson, Daire, & Bai, 2014Carlson, R. G., Daire, A. P., & Bai, H. (2014). Examining relationship satisfaction and individual distress for low-to-moderate income couples in relationship education. The Family Journal, 22(3), 282-291. doi: 10.1177/1066480714529741
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). Os casais que se interessavam em participar do programa faziam contato com os locais para efetuar a sua inscrição. O programa foi oferecido gratuitamente.

Desta forma, os casais participantes eram provenientes de cinco cidades do sul do país. Em termos percentuais, 50,8% (n = 66) dos participantes residiam em Metrópole ou região metropolitana, 20% (n = 26) residiam em cidades do interior com mais de 100 mil habitantes e 29,2% (n = 38) residiam em cidades do interior com até 20 mil habitantes. A idade média dos homens foi de 37,31 anos (DP = 11,26) e das mulheres foi de 35,62 anos (DP = 11,13). A maior parte dos participantes (63%, n = 82) possuía algum grau de instrução em nível Superior, seguido por 23,9% (n = 31) que possuíam Ensino Médio completo.

Instrumentos

Realizou-se uma entrevista em grupo de caráter exploratório (Fontana & Frey, 2005Fontana, A., & Frey, J. H. (2005). The interview: From neutral stance to political involvement. In N. K. Denzin & Y. S. Lincoln (Eds.), The SAGE handbook of qualitative research (3rd ed., pp. 695-727). Thousand Oaks, CA: Sage.) com cada equipe coordenadora. A entrevista em grupo consiste no uso de questionamentos de mais de um indivíduo simultaneamente, e pode ser utilizada para avaliar experiências compartilhadas pelos membros do grupo (Fontana & Frey, 2005Fontana, A., & Frey, J. H. (2005). The interview: From neutral stance to political involvement. In N. K. Denzin & Y. S. Lincoln (Eds.), The SAGE handbook of qualitative research (3rd ed., pp. 695-727). Thousand Oaks, CA: Sage.). Uma vez que as três integrantes da equipe participaram conjuntamente das oficinas, optou-se pela entrevista em grupo para oportunizar a construção conjunta dos dados. Este formato de entrevista permite que as respostas individuais sejam elaboradas a partir da resposta das demais participantes, possibilitando a complementação e o enriquecimento na produção das informações (Fontana & Frey, 2005Fontana, A., & Frey, J. H. (2005). The interview: From neutral stance to political involvement. In N. K. Denzin & Y. S. Lincoln (Eds.), The SAGE handbook of qualitative research (3rd ed., pp. 695-727). Thousand Oaks, CA: Sage.). Este enriquecimento ocorre pela identificação de concordâncias e divergências nas respostas dos participantes, favorecendo a reflexão sobre o tema no aqui e agora da entrevista.

Para este estudo, optou-se por uma entrevista com perguntas abertas e roteiro pré-definido, o qual contemplou as seguintes questões: (a) Como foi a interação deste grupo (de casais) na primeira oficina? (b) E no decorrer das oficinas, se manteve essa mesma interação ou houve alguma mudança? (c) Em geral, como este grupo reagia às atividades propostas? (d) Vocês consideram que as atividades propostas no programa/manual foram adequadas para este grupo? (e) Vocês perceberam mudanças nos casais? As profissionais participantes também preencheram uma ficha de identificação contendo informações sociodemográficas.

Procedimento

Coleta de Dados. Após o término do programa em cada local, foi realizada uma entrevista em grupo com cada equipe coordenadora (moderadora, auxiliar e observadora), totalizando dez entrevistas. Todas foram conduzidas pela mesma pesquisadora, uma das autoras deste estudo. As perguntas foram realizadas sem direcionamento a nenhuma das participantes, de modo que qualquer dos sujeitos pudesse respondê-la. De maneira geral, a percepção das três participantes de cada equipe foi similar. Quando uma das participantes respondia afirmando que a sua fala refletia a percepção de toda a equipe, as demais participantes tendiam a confirmar esta resposta espontaneamente, de maneira verbal ou não-verbal (com acenos de cabeça, por exemplo), ou complementavam a informação apresentada. Quando uma das participantes falava de sua percepção individual, a pesquisadora solicitava às demais integrantes a sua percepção. O relato de divergências entre as participantes também ocorreu de maneira espontânea nas equipes, por meio da verbalização das profissionais de que haviam percebido alguns aspectos de maneira distinta. Em geral, quando isso acontecia, as participantes dialogavam na tentativa de elaborar um entendimento conjunto da situação, ou integrando as diferentes percepções, ou justificando as diferenças. As entrevistas foram audiogravadas, com a permissão das participantes.

Análise dos Dados. Após a realização das entrevistas, as mesmas foram transcritas na íntegra e revisadas, resguardando-se a identidade das participantes. Os dados foram analisados pelo método da Análise Temática (Braun & Clarke, 2006Braun, V., & Clarke, V. (2006). Using thematic analysis in psychology. Qualitative Research in Psychology, 3(2), 77-101. doi: 10.1191/1478088706qp063oa
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), no software NVivo, versão 11. Foi realizada uma análise indutiva, de modo que o delineamento dos temas esteve diretamente relacionado aos dados do corpus. A análise seguiu os seguintes passos: (1) Familiarizando-se com os dados: realização de leitura ativa do data-set, buscando significados e padrões que indicassem possíveis temas. Nesta etapa, buscou-se identificar o maior número possível de temas abordados pelas participantes nas dez entrevistas; (2) Gerando códigos iniciais: com base nos indicativos da etapa anterior, realizou-se nova leitura do data-set, desta vez codificando o texto. Nesta etapa, cada trecho das entrevistas foi codificado conforme as temáticas identificadas previamente; (3) Buscando temas: consistiu na análise dos códigos, que foram revisados exaustivamente buscando-se similaridades e diferenças entre eles, até obter a formação dos temas, com seus respectivos excertos. Para tanto, não se considerou a quantidade de vezes em que um mesmo tema foi citado, mas sim os aspectos que caracterizavam aquela resposta como distintiva das demais temáticas e com relevância para o escopo do estudo, ou seja, que abordassem de alguma forma a percepção dos participantes sobre a reverberação do programa na conjugalidade dos casais; (4) Revisando os temas: envolveu o refinamento dos temas, por meio dos critérios de homogeneidade interna e heterogeneidade externa. Foram realizadas duas sub-fases: (a) Os excertos de cada tema foram lidos e, quando necessário, recodificados, até se considerar que formavam um padrão coerente; (b) O data-set foi relido na íntegra, para verificar se os temas eram representativos do data-set e se havia algum outro dado que possa ter passado despercebido anteriormente; (5) Definindo e nomeando temas: consistiu na descrição do escopo de cada tema; e (6) Produzindo o report: envolveu a descrição completa e detalhada dos temas, com a inclusão de excertos exemplificativos (Braun & Clarke, 2006Braun, V., & Clarke, V. (2006). Using thematic analysis in psychology. Qualitative Research in Psychology, 3(2), 77-101. doi: 10.1191/1478088706qp063oa
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).

Considerações Éticas

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (No. CAAE 43881515.6.0000.5334). Todas as profissionais participantes assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, assim como os casais que participaram dos grupos.

Resultados

A partir da Análise Temática, foram delineados três temas. O primeiro tema, Reações dos casais ao programa e às atividades, diz respeito ao relato da equipe coordenadora sobre as reações dos casais ao programa e às atividades. O segundo tema, intitulado Relacionamento entre os casais, aborda a perspectiva da equipe coordenadora sobre a forma como os casais se relacionaram em cada grupo. Por fim, o terceiro tema, Reverberações nos relacionamentos, aborda as percepções da equipe sobre as reverberações do programa na conjugalidade dos participantes.

Reações dos casais ao programa e às atividades

Este tema apresenta o relato da equipe coordenadora sobre as diferentes reações dos casais às atividades propostas nas oficinas. Houve, basicamente, receptividade por parte dos participantes às atividades. Entretanto, também se percebeu relutância na execução de algumas delas. A receptividade foi marcada pela colaboração e envolvimento de grande parte dos casais com as tarefas: “Muito bem. Super colaboradores. Gostavam, se envolviam, fizeram todas... Não teve ninguém que se recusou a nada” (Moderadora 1).

A receptividade às tarefas foi percebida nos casais de todos os grupos. Por sua vez, a relutância foi percebida nos casais por diferentes personagens, atitudes e finalidades. Em relação aos personagens, eventualmente percebia-se que o grupo manifestava relutância frente à atividade proposta pelos moderadores. Isso ocorria, por exemplo, quando passavam a questionar a atividade proposta pelo moderador ao invés de realizá-la, dificultando a continuidade da tarefa ou a reflexão sobre o tema: “No primeiro (encontro) eles eram muito questionadores. Por exemplo, naquela frase ‘em meio a 7 milhões de pessoas, por que você escolheu uma para viver’, eles ficavam ‘Tá, mas a gente não conheceu 7 milhões de pessoas’” (Moderadora 6).

Na maior parte das vezes, porém, percebia-se que era um casal ou um participante que, isoladamente, apresentava comportamentos que representavam relutância: “Eu acho que foi uma coisa mais de rebeldia dela . . . ela tinha uma coisa um pouco às vezes de ser, rebelde, sabe. Do tipo: “é, mas por quê?” (Moderadora 5) e “Mas como é que eu vou fazer isso?” (Observadora 5).

Em geral, a relutância foi percebida pelas profissionais com as seguintes atitudes: (a) Silêncio frente a algumas atividades ou temáticas; (b) Necessidade de detalhamento exagerado sobre a proposta, atendo-se a detalhes insignificantes que dificultavam a discussão do assunto em pauta; (c) Descaracterização da atividade, ou seja, não realizá-la conforme deveria e/ou demorar para iniciá-la; e (d) Questionamentos e críticas desacompanhados de reflexão. Por fim, as profissionais identificaram que a relutância estava, em geral, a serviço de duas diferentes finalidades. Por um lado, relataram que alguns participantes ou casais pareciam demonstrar um temor pela possibilidade de exposição da sua intimidade. Nesse sentido, deixavam de realizar as tarefas como uma forma de se resguardar desse risco. Por outro lado, perceberam que alguns participantes ou casais relutavam em fazer a atividade em decorrência de possuírem dificuldades para refletir sobre o relacionamento: “Mas me marcou muito o quanto é difícil eles . . . olharem para o casamento. Seja para aquilo que é bom, seja para aquilo que não está bom” (Auxiliar 7).

Dessa forma, pode-se pensar que os comportamentos relutantes podem representar uma forma de proteção frente a conteúdos com potencial de ameaçar a homeostase do grupo ou do casal que os manifestou. Apesar de receptividade e relutância terem sido as manifestações predominantes, também foram registradas outras reações, como curiosidade, avaliação crítica do quanto as ideias trabalhadas faziam sentido no próprio relacionamento e comportamento de tomar nota de tudo. Além disso, muitos moderadores relataram que a reação dos participantes ao programa foi se modificando de acordo com o tema e com o passar do tempo. No que diz respeito às mudanças de acordo com o tema, os moderadores referiram que, quando o tema era mais leve, os casais participavam mais. Por sua vez, quando o tema era mais denso ou mais íntimo, como aqueles que diziam respeito a conflitos e sexualidade, os casais se resguardavam, ficando mais quietos e menos participativos: “ . . . eles participaram bastante naquele (primeiro) dia . . . e depois . . . eu senti que eles meio que se fecharam . . . (Moderadora 3) e “É que as oficinas (que trabalhavam o tema) dos conflitos pareciam mais pesadas” (Observadora 3).

No que diz respeito às mudanças ocorridas com o passar do tempo, há uma percepção praticamente unânime entre os profissionais de que os participantes passaram a se sentir mais à vontade ao longo das oficinas, à medida em que foi se desenvolvendo o espírito grupal e a confiança a respeito da manutenção da sua intimidade.

Relacionamento entre os casais

Esta categoria aborda a forma como os casais se relacionaram em cada grupo. Pode-se observar que, em geral, os grupos de casais estabeleceram uma forma de interação que predominou durante a maior parte das oficinas. Apesar de ter havido mudanças na interação entre os participantes ao longo do tempo, apenas dois grupos reportaram uma mudança significativa, os demais destacaram uma mudança gradual, dentro de um parâmetro mais ou menos estabelecido. Estas formas de interação podem ser identificadas de três maneiras:

(a) Grupo pouco interativo, com alta proteção da intimidade: Foram grupos que apresentaram poucas interações espontâneas e trocas de experiências, resguardando a sua intimidade:

Eles eram muito reservados enquanto casais . . . Os próprios casais não se permitiam contar da sua vivência, ou tinham atividades que eles diziam: “mas isso a gente não vai ter que falar no grupo, né?” . . . Eles não queriam se expor, eles tinham esse cuidado (Moderadora 5).

(b) Grupo com interação, porém com a manutenção moderada da intimidade conjugal: Foram grupos nos quais os casais interagiram entre si e articularam as suas experiências com vivências relatadas por outros casais, porém de forma moderada: “Não foi um grupo que trouxe intimidades . . . , mas acho que a partir da terceira oficina eles começaram a falar mais. Eu senti uma coesão maior, assim. Entre eles, e falando mais, né?” (Observadora 1) e “Isso. Ao mesmo tempo, não é um grupo que ficou amigo” (Moderadora 1).

(c) Grupo com alta interação e maior abertura para a troca de experiências. Foram grupos cujos casais interagiam e contavam aos demais experiências que consideravam importantes e/ou que pudessem auxiliar outros casais em determinadas situações, muitas vezes, dando continuidade ao relacionamento de amizade em outros locais: “Foi super legal, eles interagiram muito entre eles, mesmo na saída eles ficavam ali embaixo conversando, teve alguns que marcavam para ir jantar juntos. Então foi um grupo assim, que teve uma interação muito legal” (Auxiliar 8).

Mesmo com diferentes níveis de proximidade, percebe-se que em todos os grupos houve uma troca de possibilidades de vivências conjugais, marcada pela comparação do próprio relacionamento com as formas de se relacionar dos demais casais do grupo. Esta comparação permitiu a naturalização da vivência a dois, demarcada pela tomada de consciência, dos casais, de que algumas situações não ocorrem apenas com eles:

(O programa) reforça muito . . . de que isto (conflitos na vida a dois) é normal. Todo mundo passa por isso. E eu acho que esse sentimento ficou . . . eles puderam compreender de que “ah, então não é só a gente? Tá, então isso acontece com todo mundo?”. E que dá uma sensação de “ah, que bom! Nós não somos os únicos, a gente não é um casal de extraterrestres” (Moderadora 11).

Esta comparação com as vivências dos demais também permitiu a alguns casais se darem conta de aspectos que gostariam de vivenciar em seu relacionamento, possibilitando também o aprendizado de novas formas de funcionar: “Eles trocaram muito entre eles . . . Experiências de ‘ah, como é que tu resolve na tua casa isso? Como é que vocês fazem?’” (Auxiliar 9).

Frente a essas possibilidades de trocas, porém, as profissionais relataram a necessidade de atentar para falas que não descreviam a realidade da vivência conjugal, mas indicavam uma idealização da conjugalidade. Houve a percepção de que a comparação com os outros reverbera em possibilidades de amadurecimento, desde que os casais sejam verdadeiros em suas falas. Quando os casais se descrevem de forma idealizada, os demais participantes relatam sentimentos de desconforto:

E foi ela que começou a falar (em uma atividade da primeira oficina), e foi uma coisa super idealizada . . . E aí os outros seguiram . . . Mas isso apareceu, se não me engano, na quinta oficina. Eu falei que estava se encerrando e ela (mulher, 31 anos) falou “ah, eu me sinto muito bem, parece que aos poucos eu fui me dando conta que na primeira oficina parecia tudo tão perfeito (o relacionamento de outro casal do grupo) . . . e eu percebi que talvez não seja tão perfeito, tanto que a pessoa que disse que estava tudo perfeito não veio” (Moderadora 1).

Reverberações nos relacionamentos

Este tema trata das percepções dos moderadores acerca das reverberações do programa na conjugalidade dos participantes. Estas reverberações podem ser analisadas sob cinco perspectivas: relacionadas à proximidade conjugal, relacionadas aos conflitos, relacionadas à reflexão, relacionadas à adesão ao programa e, ainda, outras reverberações inespecíficas, assimétricas entre o casal e a não percepção de reverberação.

As reverberações relacionadas à proximidade entre os membros do casal dizem respeito ao relato das equipes moderadoras de que muitos casais demonstraram maior proximidade ao longo das oficinas, seja física ou emocional: “Eu percebi não só a proximidade física, mas a facilidade em fazer as atividades. Eu senti que . . . a realização das atividades estava sendo mais conjunta (entre o casal)” (Auxiliar 7) e “Parece que estavam vindo um pouquinho mais juntos, conversando um pouquinho mais próximos” (Observadora 7).

As reverberações relacionadas ao conflito envolvem a percepção dos profissionais de que alguns casais conseguiram utilizar o espaço da oficina para resolver conflitos importantes e com carga emocional intensa de seu relacionamento. Muitos, ainda, relataram que passaram a incorporar as técnicas de resolução de conflitos aprendidas no programa em seu dia a dia, fazendo adaptações nas estratégias de encaminhamento dos seus desentendimentos:

Não vou me esquecer da frase que o (homem, 20 anos) falou “ah, se fosse três semanas atrás a gente tinha brigado por isso”. Então, dava para perceber que eles estavam conversando sobre isso, que eles chegavam em casa e colocavam em prática, ou tentavam (Observadora 3).

Já as reverberações relacionadas com a reflexão dizem respeito à percepção de muitos profissionais de que os casais participantes passaram a refletir sobre o seu relacionamento, avaliando tanto os aspectos satisfatórios quanto aqueles insatisfatórios. Nesse sentido, alguns casais relataram aos moderadores que passaram a avaliar a viabilidade da continuidade do relacionamento, cogitando um rompimento, e outros perceberam a necessidade de dar continuidade a esse espaço para o casal, solicitando encaminhamentos para terapia de casal. Assim, a grande maioria, demonstrava estar se dando conta de influências que matizavam a sua relação, bem como acerca do modo como estavam se relacionando e de outras possibilidades de interação:

Era um casal há quanto tempo casado? 26, 30 anos? . . . nesse tempo todo de casamento, pela cultura, pela vivência, pela geração, eles nunca falaram sobre muitas daquelas coisas que estavam ali, né. Ele dizia “é muito bom isso daqui, né? Por isso que isso é importante, eu nunca tinha pensado nessas coisas, são tão simples” (Moderadora 7).

Por sua vez, as reverberações relacionadas à adesão ao programa dizem respeito à constatação dos moderadores de que o comparecimento ou as ausências às oficinas, bem como as desistências, se constituem como indicativos de reverberações das atividades propostas no programa para a vida conjugal. Os moderadores avaliam que muitos dos casais que faltaram a alguma oficina, e especialmente os que desistiram do programa, o fizeram porque as oficinas estavam mobilizando aspectos relacionais difíceis de manejar: “O casal que não veio mais, eu avalio como uma mudança . . . acho que também teve uma mudança nesse sentido, talvez de ele se impor mais (frente a esposa no relacionamento conjugal)” (Moderadora 5).

Por fim, outras reverberações também foram percebidas. As equipes coordenadoras relataram percepções de mudanças inespecíficas em alguns casais, sem localizar em que áreas ou dimensões da conjugalidade ocorreram. Por exemplo, há relatos de que os casais amadureceram, evoluíram, aproveitaram e/ou de que o programa significou muito. Ainda, foram percebidas reverberações assimétricas em alguns casais, em que apenas um dos cônjuges apresentou mudanças, ou em que os membros do casal aparentavam ter podido refletir mais sobre aspectos da sua individualidade do que da relação conjugal. Por fim, é necessário relatar que alguns casais não demonstraram ter feito mudanças em seu relacionamento após a participação no programa. Alguns desses casais permaneceram como incógnitas para os profissionais, que não conseguiram identificar se o programa pode auxiliá-los em algo. Para outros casais, porém, a não percepção de mudanças foi atribuída pelas equipes à ideia de que os casais já exibiam bons níveis de qualidade conjugal desde o início do relacionamento.

Discussão

Os temas identificados a partir do relato das equipes coordenadoras indicam uma vasta gama de sentimentos e percepções associados à participação no programa de educação conjugal investigado. O tema Reações dos casais ao programa e às atividades indica a percepção dos moderadores de que havia uma ambiguidade de sentimentos em relação ao programa. Por um lado, pode-se pensar que a receptividade demonstrada pela maior parte dos casais indica a existência de uma demanda social por este tipo de trabalho, aliada a uma carência de espaços em que os casais possam pensar sobre o próprio relacionamento, em uma perspectiva que contemple a realidade da vida a dois, e não as suas idealizações.

Por outro lado, a percepção das equipes acerca das reações de relutância também indica dificuldade dos casais em olhar para o próprio relacionamento. Esta dificuldade também é registrada em estudos que, há décadas, constatam a triangulação dos filhos nos problemas conjugais de seus pais (Féres-Carneiro, 1980Féres-Carneiro, T. (1980). Psicoterapia de casal: A relação conjugal e suas repercussões no comportamento dos filhos. Arquivos Brasileiros de Psicologia, 32(4), 51-61. Recuperado de http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/abp/article/view/18421/17174
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; Juras & Costa, 2017Juras, M. M., & Costa, L. F. (2017). Não foi bom pai, nem bom marido: Conjugalidade e parentalidade em famílias separadas de baixa renda [Número especial]. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 32, 1-9. doi: 10.1590/0102-3772e32ne215
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). Assim, a participação no programa possibilita que muitos casais passem a perceber aspectos do relacionamento e padrões de funcionamento conjugal que antes eram ignorados. Este processo implica em olhar para a própria responsabilidade frente à situação em que o relacionamento se encontra, demandando disponibilidade pessoal por parte de ambos os cônjuges. Quando não há essa disponibilidade, podem ocorrer abandonos ao programa. Nesse sentido, corrobora-se a percepção de Williamson et al. (2015Williamson, H. C., Rogge, R. D., Cobb, R. J., Johnson, M. D., Lawrence, E., & Bradbury, T. N. (2015). Risk moderates the outcome of relationship education: A randomized controlled trial. Journal of Consulting and Clinical Psychology, 83(3), 617-629. doi: 10.1037/a0038621
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) de que os efeitos destes programas em casais fragilizados dependem do tipo de fator de risco, uma vez que, quanto mais delicados e sérios os problemas conjugais, mais difícil tende a ser para os membros do casal trabalharem tais aspectos, especialmente em um formato grupal.

Em decorrência desta característica coletiva dos programas de educação conjugal, percebe-se também que muitos casais iniciam o processo temerosos acerca da relação entre a participação no grupo e a manutenção da sua privacidade. Contudo, o relacionamento estabelecido entre os casais é um aspecto de grande importância para a dinâmica e desenvolvimento dos programas de educação conjugal, tendo sido um dos temas identificados na Análise Temática. Os resultados demonstram que as trocas de experiências se constituíram como um fator de destaque para o desenvolvimento de reflexões por parte dos grupos e dos casais. Por um lado, este processo auxilia na naturalização da vida a dois, já que muitos casais idealizam seus relacionamentos com base em modelos propagados pela mídia ou com percepções distorcidas acerca do relacionamento de outros casais de seu convívio. Quando há uma possibilidade de dialogar verdadeiramente sobre os desafios da conjugalidade, bem como sobre as suas benesses, ocorre um processo de reflexão honesto, que possibilita um sentimento de compartilhamento de vivências. Nesse contexto, para alguns casais, a troca de experiências permite aceitar aspectos que achavam que apenas eles possuíam, como por exemplo, compreender que todos os casais possuem conflitos.

Por outro lado, essa possibilidade de comparação que aparece no compartilhamento das vivencias conjugais também possibilita aos casais perceber outras possibilidades e alternativas de se relacionar, especialmente nos casais que apresentam níveis maiores de insatisfação em seu relacionamento. Inevitavelmente, o grupo acaba se tornando uma medida de comparação, que pode desencadear sentimentos de alívio ou de angústia nos casais.

Para que tais processos possam se estabelecer, é desejável que os casais tenham um nível mínimo de interação durante as oficinas, aspecto que também contribui para tornar a discussão sobre o tema mais descontraída. Entretanto, cabe ressaltar que altos índices de interação entre os casais não necessariamente equivalem à capacidade de refletir sobre o relacionamento. Em algumas situações, um grupo demasiadamente interativo pode se utilizar desta facilidade de comunicação como uma forma de fugir da tarefa, havendo uma interação social amistosa, porém, com superficialidade nas discussões. Nesse sentido, não há como determinar um nível de interação desejável entre os casais. O ideal é que, independentemente deste nível, possa haver reflexão.

Os relatos dos profissionais sobre as reverberações nos relacionamentos corroboram as pesquisas, que apontam para o potencial desses programas em produzir mudanças na conjugalidade (Bolsoni-Silva et al., 2014Bolsoni-Silva, A. T., Nogueira, S. C., & Santos, L. H. Z. (2014). Efeitos de uma intervenção analítico-comportamental com casal de namorados. Interação em Psicologia, 18(3), 263-276. doi:10.5380/psi.v18i3.30911
https://doi.org/10.5380/psi.v18i3.30911...
; Carroll & Doherty, 2003Carroll, J. S., & Doherty, W. J. (2003). Evaluating the effectiveness of Premarital Prevention Programs: A meta-analytic review of outcome research. Family Relations, 52(2), 105-118. doi: 10.1111/j.1741-3729.2003.00105.x
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; Rhoades, 2015Rhoades, G. K. (2015). The effectiveness of the within our reach relationship education program for couples: Findings from a federal randomized trial. Family Process, 54(4), 672-685. doi: 10.1111/famp.12148
https://doi.org/10.1111/famp.12148...
; Silva & Vandenberghe, 2009Silva, L. P., & Vandenberghe, L. (2009). Comunicação versus resolução de problemas numa sessão única de terapia comportamental de casal. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, 11(1), 43-60. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-55452009000100005&lng=pt&nrm=is&tlng=pt
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; Stanley et al., 2006Stanley, S. M., Amato, P. R., Johnson, C. A., & Markman, H. J. (2006). Premarital education, marital quality, and marital stability: Findings from a large, random household survey. Journal of Family Psychology, 20(1), 117-126. doi:10.1037/0893-3200.20.1.117
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). A capacidade de produzir maior proximidade e de gerar reflexões entre os casais pode ser considerada um aspecto chave para que quaisquer outras mudanças ocorram, tanto que, nos estudos com casais longevos, a proximidade e a coesão são fatores que impactam positivamente na satisfação conjugal (Norgren et al., 2004Norgren, M. B. P., Souza, R. M., Kaslow, F., Hammerschmidt, H., & Sharlin, S. A. (2004). Satisfação conjugal em casamentos de longa duração: Uma construção possível. Estudos de Psicologia (Natal), 9(3), 575-584. doi: 10.1590/S1413-294X2004000300020
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). Por sua vez, a percepção dos profissionais de que o programa reverberou na forma de resolução de conflitos dos casais é um aspecto de grande relevância, tanto por ser este um dos principais eixos de trabalho do Viver a dois (Wagner et al., 2015Wagner, A., Neumann, A.P., Mosmann, C. P., Levandowski, D. C., Falcke, D., Zordan, E. P., & Scheeren, P. (2015). Viver a dois: Compartilhando esse desafio - Uma proposta psicoeducativa para casais. São Leopoldo, RS: Sinodal.) quanto pela relevância do manejo dos conflitos para o bem-estar conjugal (Scheeren et al., 2014Scheeren, P., Vieira, R. V. A., Goulart, V. R., & Wagner, A. (2014). Marital quality and attachment: The mediator role of conflict resolution styles. Paidéia (Ribeirão Preto), 24(58), 177-186. doi: 10.1590/1982-43272458201405
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).

O relato dos moderadores sobre a percepção de que faltas e desistências também são sinais de que o programa mobilizou os casais denota a necessidade de cuidado constante que este tipo de trabalho demanda. O relacionamento a dois é palco tanto de realizações quanto de dificuldades na vida, e a participação neste tipo de programa mobiliza ambos os aspectos. É necessária muita sensibilidade aos movimentos realizados pelos casais, pois a vinda deles para este tipo de programa parece indicar, desde o início, a disposição em fazer algo pelo relacionamento, por mais difícil que isso possa ser durante o processo.

A conjugalidade é vista, pelo senso comum, como uma tarefa do desenvolvimento. Mesmo com as mudanças sociais acerca da exigência de cumprimento das tarefas normativas do ciclo vital, estabelecer um relacionamento adulto e duradouro ainda é um objetivo comum a muitas pessoas, sem que, necessariamente, haja uma reflexão sobre o real significado dessa etapa (Fonseca & Duarte, 2014Fonseca, S. R. A., & Duarte, C. M. N. (2014). Do namoro ao casamento: Significados, expectativas, conflito e amor. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 30(2), 135-143. doi: 10.1590/S0102-37722014000200002
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). Sendo assim, a vida a dois se naturaliza e esse processo tem como parâmetro principal o modelo familiar da conjugalidade dos progenitores, a qual se torna um padrão a ser repetido ou negado (Mosmann et al., 2015Mosmann, C. P., Levandowski, D. C., Costa, C. B., Zordan, E. P., Rosado, J. S., & Wagner, A. (2015). Qualidade conjugal: Como os casais avaliam seu relacionamento? In A. Wagner, C. P. Mosmann, & D. Falcke (Orgs.), Viver a dois: Oportunidades e desafios da conjugalidade (pp. 19-32). São Leopoldo, RS: Sinodal.). Assim, os programas de educação conjugal se constituem como uma possibilidade de aprendizagem de novas formas de se relacionar, fomentando a modificação de variáveis dinâmicas do relacionamento (Halford et al., 2003Halford, W. K., Markman, H. J., Kline, G. H., & Stanley, S. M. (2003). Best practice in couple relationship education. Journal of Marital and Family Therapy, 29(3), 385-406. doi: 10.1111/j.1752-0606.2003.tb01214.x
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) e contribuindo para o estabelecimento de uma reflexão e amadurecimento do relacionamento a dois.

Os três temas identificados nesta Análise Temática se complementam, demonstrando a complexidade inerente ao trabalho com casais neste formato. Explorar as experiências dos participantes, a partir da perspectiva dos profissionais que aplicaram o programa, permitiu compreender com maior profundidade a dinâmica que se estabeleceu no desenvolvimento desta estratégia de educação conjugal. De maneira mais específica, pode-se compreender as diferentes reações experimentadas pelos casais frente a essa proposta, reações que podem se repetir em outros grupos deste programa, ou em outros programas de educação conjugal que trabalhem em formato grupal. Nesse sentido, ampliar o entendimento de como as relações entre os casais se configuram é uma segunda contribuição deste estudo, uma vez que tal interação pode matizar as reflexões e aprendizados dos casais. Ainda, discriminar as mudanças que os profissionais percebem na conjugalidade dos casais participantes contribui para ampliar a literatura, corroborando aspectos já encontrados em estudos quantitativos. Considerando tais resultados, considera-se que o presente estudo sistematiza subsídios na formação de outros profissionais que se proponham a mediar tais programas.

É necessário ressaltar que todos os resultados aqui apresentados representam a percepção dos profissionais que coordenaram os programas e se referem a observações limitadas a dez grupos de casais, não esgotando as possibilidades de reações, manifestações grupais e reverberações. Além disso, os dez grupos foram realizados em cidades do sul do país, não representando toda a diversidade cultural do Brasil. Assim, a replicação deste estudo em outros contextos pode contribuir para a compreensão das reverberações dos programas de educação conjugal nos casais. Ainda, conhecer a experiência dos casais pelo seu próprio relato se constitui como uma perspectiva futura de investigação, que pode vir a contribuir com outros desmembramentos e reflexões acerca do trabalho psicoeducativo com casais.

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  • 1
    Artigo derivado da tese de doutorado da primeira autora, sob orientação da segunda, defendida no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Apoio: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq, Financiamento # MCTI / CNPq No. 14/2014). A primeira autora teve bolsa de doutorado financiada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). A segunda autora é bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq (Nível 1B).
  • 4
    Como citar este artigo: Neumann, A. P., & Wagner, A. (2017). Reverberations of a marital education program: The moderators’ perception. Paidéia (Ribeirão Preto), 27(Suppl. 1), 466-474. doi:10.1590/1982-432727s1201712

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Dez 2017

Histórico

  • Recebido
    31 Jan 2017
  • Revisado
    22 Jun 2017
  • Aceito
    18 Out 2017
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