Acessibilidade / Reportar erro

Uso de bebidas alcoólicas em estudantes de enfermagem em Honduras

Resumos

O consumo de álcool, de forma recreacional, está muito presente na vida dos universitários. Através de estudo descritivo com estudantes de enfermagem em Honduras, foi descoberto que o uso de substâncias psicoativas representa um grande problema para a saúde, principalmente o uso do álcool. Identificamos, no presente estudo, que 74,9% eram abstinentes, porém, a nossa atenção se voltou aos consumidores, pois estes ao longo do tempo podem estar mudando seu padrão de consumo. Na caracterização da amostra, a maioria são mulheres, jovens, evangélicas que estudam e trabalham. Estas são variáveis a considerar para melhor exploração dos fatores de proteção do beber e planejamento de ações preventivas no contexto universitário.

alcoolismo; estudantes de enfermagem


The recreational use of alcohol is very frequent in the life of college students. A descriptive study was carried out with nursing students in Honduras, where the use of psychoactive substances represents a considerable health problem, especially the use of alcohol. This study identified that 74.9% were abstinent. Nevertheless, the study focused on drinkers, whose consumption pattern may be changing over time. According to the sample characteristics, most subjects were young working women, students, and Christians. These variables should be considered in the investigation of protective factors against drinking, and in designing preventive actions in the university context.

alcoholism; student, nursing


El uso recreativo de alcohol esta muy presente en la vida de los universitarios. Por medio de un estudio descriptivo entre estudiantes de enfermería en Honduras se encontró que el uso de sustancias psicoactivas producen un gran daño a la salud, principalmente el uso de alcohol. En el presente estudio, se identificó que el 74.9% era abstemio, pero nuestra atención se volvió hacia los bebedores, porque estos a lo largo del tiempo pueden estar cambiando su patrón de consumo. En la caracterización de la muestra, se encontró que la mayoría eran jóvenes, evangélicas, que estudian y trabajan. Esos son variables de consideración para una mejor exploración de los factores de protección de bebedores y el planteamiento de acciones preventivas en el contexto universitario.

alcoholismo; estudiante de enfermería


ARTIGO ORIGINAL

Uso de bebidas alcoólicas em estudantes de enfermagem em honduras

Rosa Camila MatuteI; Sandra Cristina PillonII

IEspecialista em Saúde Perinatal, Professora Licenciada da Universidade Nacional Autônoma de Honduras

IIProfessor Doutor, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem, Brasil e-mail: pillon@eerp.usp.br

RESUMO

O consumo de álcool, de forma recreacional, está muito presente na vida dos universitários. Através de estudo descritivo com estudantes de enfermagem em Honduras, foi descoberto que o uso de substâncias psicoativas representa um grande problema para a saúde, principalmente o uso do álcool. Identificamos, no presente estudo, que 74,9% eram abstinentes, porém, a nossa atenção se voltou aos consumidores, pois estes ao longo do tempo podem estar mudando seu padrão de consumo. Na caracterização da amostra, a maioria são mulheres, jovens, evangélicas que estudam e trabalham. Estas são variáveis a considerar para melhor exploração dos fatores de proteção do beber e planejamento de ações preventivas no contexto universitário.

Descritores: alcoolismo / prevenção & controle; estudantes de enfermagem

INTRODUÇÃO

O consumo e a dependência de substâncias constituem uma importante carga para os indivíduos e as sociedades em todo o mundo. O Informe sobre a Saúde no Mundo 2002(1), indicou que 8,9% da carga total de morbidade se deve ao consumo de substâncias psicoativas. O uso de álcool em particular é problemático em países da América latina e do Caribe, enquanto as proporções de todas as disfunções ou mortes do mundo que podem estar relacionadas ao uso de álcool giram em torno de 1,5%, nos países latinos e do Caribe este número chega a 4,5%(2).

Nos países em desenvolvimento, como é o caso de Honduras, o número de abuso de substancias psicoativas é um dos problemas de maior impacto para a saúde. Entre as substâncias capazes de desenvolver problemas e dependência estão o álcool e o tabaco, consideradas drogas lícitas de maior índice de consumo em diferentes grupos da população(3).

País localizado no centro do istmo Centro-Americano, sua geografia contribuiu para a fragmentação econômica e social, Honduras foi considerada como sendo uma rota de tráfico na década de 80, mas na década seguinte acabou se convertendo também em um consumidor. O consumo de certos tipos de substancias é parte do contexto cultural das diversas comunidades hondurenhas(4).

O consumo de álcool é um dos principais problemas de Saúde Pública que afetam consideravelmente os setores mais vulneráveis da sociedade, como, por exemplo, os jovens - principalmente os estudantes, cuja etapa da vida é a que apresenta maior risco para iniciar o consumo de álcool e tabaco, considerados por sua vez como porta de entrada para o uso de outras drogas.

Em uma revisão sobre o consumo de drogas em Honduras, o autor(5) relata que até a presente data não havia estudos a nível nacional, mas sim pesquisas parciais em algumas comunidades, consideradas populações de risco e principalmente estudantes de educação secundária. Os resultados mostram índices consideráveis em setores públicos, como em estudantes de nível secundário, escola normal (formadora de professores), crianças de rua, e em colônias marginais localizadas na área metropolitana das principais cidades de Honduras.

Estudos mais recentes não demonstraram diferenças neste panorama, como apontou o Instituto Hondurenho para a Prevenção do Alcoolismo, Dependência de Drogas e Fármacos (Instituto Hondureño para la Prevención del Alcoholismo, Drogadicción y Fármaco Dependência), ente reitor da política de prevenção de drogas licitas e ilícitas no país. Há uma prevalência de 40,7% para o consumo de álcool entre estudantes da educação secundária, composta por jovens de 15 a 17 anos(3).

Estudos realizados entre universitários de países latinos apontam índices de consumo de bebidas alcoólicas superiores a 50%, o que representa padrões de comportamento de consumo de bebidas alcoólicas diferentes da população em geral(6), além de estarem em posição vulnerável para o consumo e envolvimento em comportamentos de risco, sendo esta uma das grandes preocupações quanto à sua saúde(7).

Um estudo realizado com uma amostra de 210 estudantes de enfermagem na Bolívia, orientado a avaliar o uso e as atitudes relacionadas às drogas, mostrou que 33% destes estudantes consumiram álcool no último ano e que aprovam tal consumo(8).

Um estudo de validez do AUDIT com 302 estudantes universitários do México relatou que 40 (13%) se abstinham da bebida, 88 (29%) eram consumidores em risco elevado, e 103 (34%) atendiam aos critérios para dependência(9). Estes resultados se diferenciam muito pouco dos encontrados entre os universitários colombianos(10), entre os quais 60 (13,3%) se abstinham da bebida, 225 (50%) eram consumidores moderados, 27,8% (125) tinham consumo abusivo e 40 (8,9%) eram dependentes. Ainda que esta classificação de consumo sofra variações, foi avaliado que o número de consumidores é consideravelmente preocupante.

Em um estudo no Chile sobre o quanto e quando se bebe, realizado com estudantes universitários(11), foram encontrados o padrão de consumo de álcool e a associação de risco na população. Entre 528 estudantes, o uso de bebidas alcoólicas com altas concentrações de álcool foi encontrado entre 82% dos homens e 79% das mulheres. Quanto a um consumo ocasional que ocorre durante as festas e celebrações, mais de 30% dos homens e 15% das mulheres se embriagaram no ultimo ano, enquanto o ato de beber, como problema, está presente em 9% dos homens e 3% das mulheres. E finalmente, os estudantes, que, se bebem bebidas alcoólicas e conseguem deixá-la, o fazem apenas por curtos períodos de tempo.

Estudos realizados no Equador(12) e no Brasil(13) apontam que o uso de álcool na comunidade universitária está entre as primeiras drogas recreacionais(12-13). O estudo sobre o uso do álcool entre 254 estudantes de enfermagem de uma escola pública do Brasil, através da AUDIT, identificou que o nível de consumo de álcool estava acima dos limites esperados, 63% até o uso de risco básico, 18,5% de uso de baixo risco e 2% de uso nocivo, níveis considerados de risco para o controle de problemas e que mostra ser necessário aplicar intervenções preventivas no meio universitário, principalmente porque esta amostra era composta por mulheres(7).

Na literatura e no meio, não foram encontrados estudos realizados em Honduras sobre o consumo médio de álcool, tabaco e outros tipos de drogas entre os estudantes de enfermagem, o que justifica ainda mais o desenvolvimento deste estudo.

Teste de Identificação de Uso de Álcool (AUDIT)

Este exame foi realizado para detectar o uso prejudicial do álcool em fases ainda precoces entre adultos em atendimento primário(14). Atualmente, este não é usado somente como um instrumento de rastreamento útil nas populações que recebem assistência clínica, mas também para grupos considerados de risco ou para examinar como estão se dando os problemas de bebidas entre estudantes, por exemplo. Uma das propostas da OMS é utilizar o AUDIT nas diversas regiões do mundo com diferentes estilos de consumo de bebidas(14), para permitir uma comparação entre as diferentes culturas.

O exame contém 10 perguntas que permitem a avaliação de 3 áreas, a saber, nível de consumo de bebidas (3 perguntas), sinais e sintomas da dependência (3 perguntas) e as conseqüências relacionadas ao consumo de bebidas (4 perguntas). Para a leitura dos níveis de consumo, é necessário somar as respostas, que variam de 0 a 40 pontos, sendo, (0) abstenção, (1 a 7 pontos) uso de baixo risco, (8 a 15 pontos) uso de risco, (16 a 19 pontos) uso nocivo e (20 ou mais pontos) provável dependência. Não existe consumo de bebida alcoólica sem risco. Desta forma, ao se avaliar o usuário como não consumidor ou consumidor, o resultado será um tudo-ou-nada. O AUDIT é um instrumento que, em seu afã, ajuda a conhecer e distinguir os diferentes níveis de consumo, para e com o uso, abuso (uso nocivo, uso danoso) e dependência de álcool(14). Sendo assim, não classificamos todos de uma só forma, ou seja, em dependentes e não dependentes, de tal maneira que se possa oferecer diferentes níveis de atendimento aos distintos usuários. Quanto às definições, podemos dizer que o "uso" se refere a qualquer consumo de álcool. O "uso de baixo risco de álcool" significa que o indivíduo não tem problemas conseqüentes do uso de álcool. E o "abuso de álcool" é um termo geral usado para qualquer nível de risco, ou seja, que possa estar desenvolvendo algum tipo de problema, físico, psíquico ou social, mas ainda assim não desenvolver a dependência ou inclusive ser capaz de estar a caminho. Ressaltando que o uso de baixo risco corresponde ao consumo de duas doses para mulheres (2 garrafas de cerveja) e até 3 para os homens (3 garrafas de cerveja)(14), e que cada uma das doses equivale a 10 - 12 gramas de etanol puro. O consumo acima destas doses em uma única ocasião já é considerado abuso.

O presente estudo tem como objetivo realizar uma avaliação do consumo médio de álcool entre estudantes de enfermagem.

METODOLOGIA

Este é um estudo do tipo descritivo, que é parte do Projeto CICAD/OEA com a participação de países latino americanos e do Caribe, os quais estão trabalhando em conjunto para a formação de enfermeiras no campo das drogas, com o objetivo de reduzir a demanda nestas regiões. O presente estudo foi realizado pela Universidade Nacional Autônoma de Honduras / Faculdade de Ciências Médicas (UNAH.FCM) através do departamento de Educação de Enfermagem. Este conta com 795 estudantes de Licenciatura em Enfermagem matriculados no ano de 2005. A amostra foi composta por 191 (24%) estudantes. Para a coleta de dados, foi utilizado um questionário estruturado, com respostas fechadas sobre a informação sócio-demográfica e o AUDIT com 10 perguntas que identificam o uso de álcool nos últimos 12 meses. Durante a coleta de dados os estudantes foram orientados sobre a pesquisa e todos os tipos de dúvidas foram respondidas, garantindo assim o anonimato dos questionários. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas da UNAH. FCM. Um banco de dados foi criado no SSPS (Statistical Package Social Science v.11) para a leitura dos dados. A análise dos dados é apresentada em freqüência e porcentagem.

RESULTADOS

Os questionários foram distribuídos aos estudantes presentes na sala de aula, com um total de 191 (100%) estudantes de enfermagem no ano de 2005 que cursavam o primeiro e quarto anos do curso. Estes dados foram coletados de uma só população de 795 (100%) alunos matriculados.

Características sócio-demográficas

Com relação ao sexo, percebe-se que a profissão é composta por jovens, em sua maioria do sexo feminino (95,8%), dado similar no curso de enfermagem de outros países. Além disso, 113 (59,2%) são solteiros e a metade (56,5%) trabalha em áreas relacionadas com a enfermagem.

Quanto à religião, 91 (48%) dos estudantes são evangélicos e 81 (42%) católicos.

Horário de Aula: 76 (40%) dos estudantes estão matriculados no turno da manhã e 69 (36%) em horários mistos (tarde e noite). Quanto a freqüência, 124 (65%) não faltam as aulas. Em seguida, se tratou de avaliar o rendimento acadêmico considerando apenas a nota média no primeiro semestre, 158 (83%) obtiveram notas entre 60 a 79%, o que equivale a aceitável ou bom dentro do sistema de avaliação. Com relação ao relacionamento social entre suas colegas de classe 170 (89%) consideram ter uma relação amigável.

Consumo de Álcool entre Estudantes de Enfermagem

Ao investigar os níveis de risco do uso de álcool, entre os estudantes que bebem, a maioria 143 (74,9%) é de abstinência, e 48 (25,1%) faz uso de bebidas alcoólicas, conforme mostra a tabela a seguir.

Dos 48 (100%) estudantes que bebem, 42 (87,5%) apresentam um consumo de baixo risco (bebem de 1 a 2 doses uma vez por mês), e 6 (12,5%) apresentam um consumo arriscado (bebem mais de 3 doses). O ato de se embriagar está presente entre 12(25%) dos estudantes.

Quando perguntamos sobre a participação em festas, 107 (56%) afirmaram que tinham ido a festas no último ano, dentre os quais 56 (29%) relataram o uso de bebidas alcoólicas durante as festas. Em seguida, avaliamos a freqüência com que os estudantes vão a estas festas e foi descoberto que 16 (15%) participam mensalmente e 4 (4%) semanalmente.

Entre os estudantes que consomem bebidas alcoólicas, 11 (23 %) são alunos do quarto ano e 37 (77%) do primeiro ano.

As festas ou reuniões são realizadas em casas de amigos (44%); bares ou restaurantes (33%), que é onde as bebidas alcoólicas são consumidas. Além disso, os amigos ou colegas de faculdade são as pessoas com quem se bebe. As pesquisas demonstram que, quanto aos motivos para o consumo de bebidas alcoólicas, (35%) responderam que bebem por diversão ou prazer.

Ainda que a amostra tenha sido composta em sua maioria por alunos do primeiro ano, estes são os que fazem uso do álcool em maior quantidade se comparados aos alunos do quarto ano.

Quando se compara a média de idades nos grupos de estudantes que consomem bebidas alcoólicas em baixo risco (média 27,09 anos) e de estudantes que se encontram em nível de risco (média 23,33 anos), descobre-se que os estudantes mais jovens utilizam as bebidas em um nível de risco muito alto.

A partir daqui, estudou-se a diferença entre as notas ponderadas e o nível de risco no uso do álcool, e não foram encontradas diferenças, o que merece um estudo com uma amostra com maior número de estudantes e também a mudança de algumas variáveis como: faltar às aulas, dormir durante a aula, chegar tarde às aulas devido a uma festa na noite anterior, e as expectativas do uso.

DISCUSSÃO E CONCLUSÕES

Esta é a primeira vez que se avalia o consumo de álcool entre estudantes de enfermagem de Honduras. Este estudo nos permite conhecer o consumo médio de bebidas alcoólicas em uma amostra de estudantes de enfermagem da FCM.UNAH.

De acordo com as características da amostra, esta é composta em sua maioria por jovens em grande parte por mulheres que estudam e trabalham, são casadas, e de religião evangélica. Ainda que a amostra seja limitada, estes traços importantes serão explorados em amostras maiores, já que possuem e são consideradas como fatores de proteção contra o uso de álcool. Além disso, muitos destes estudos apontam como características o sexo (homens bebem mais que mulheres), o tipo de religião (principalmente as evangélicas, onde não é permitido beber), ter um cônjuge (as pessoas que vivem sozinhas apresentam maiores possibilidade de consumir bebidas alcoólicas), trabalhar e estudar (também podem ser considerados como fatores de risco devido à sobrecarga de atividades e acabar gerando estresse, o que leva à necessidade de beber para aliviar tudo isso. Por outro lado, os estudantes não terão muito tempo livre para beber). Estas considerações podem ser implicações nos resultados deste estudo, mas foi o maior número de abstinentes encontrado na literatura.

Nesta pesquisa do uso do álcool, foi descoberto que apenas um quarto da amostra faz uso de bebidas alcoólicas. Este índice é menor do que o índice de estudos internacionais(6-13).

Com relação aos locais onde os estudantes consomem as bebidas alcoólicas, revelam-se as casas de amigos e os bares ou restaurantes. De acordo com o autor(15), freqüentar estes lugares favorece o consumo mais freqüente da bebida.

Como os estudantes bebem com os amigos ou colegas de faculdade, o uso de bebidas alcoólicas pode funcionar como um meio de socialização, promovendo o encontro entre os jovens e a aceitação ao meio entre cada um deles.

A literatura deixa evidente(13-12) que a presença do uso de bebidas alcoólicas entre estudantes universitários ocorre de forma recreacional. Porém, este estudo encontrou 74,9% de abstinentes, não podendo ignorar os 48 (25%) indivíduos que fazem uso em baixo risco ou correm algum tipo de risco, pois este consumo pode aumentar a longo prazo(14). Os estudos nacionais e internacionais apontam índices de abuso de álcool acima de 60% entre universitários, o que não ocorreu neste estudo.

Algumas limitações podem ter ocorrido neste estudo, como os casos falsos negativos. Primeiro, o uso de álcool nem sempre é aceito ante os olhos da sociedade, e muitas vezes é considerado como um problema moral. Tal dado pode gerar medo nestes estudantes que estão expondo publicamente o consumo de álcool, de que depois sejam identificados como bebedores. Apesar das orientações prévias dadas, isto não impediu que os estudantes deixassem de responder algumas perguntas do questionário fielmente.

Esta pergunta foi observada entre um número de estudantes que responderam afirmativamente a pergunta "você bebe bebidas alcoólicas em festas?" (56 estudantes) quando comparamos com os 48 que disseram não ao AUDIT, encontramos uma diferença de seis estudantes, o que leva a pensar em algumas possibilidades sobre o porquê de não responderem.

Primeiramente, algo sobre a inversão educacional e de prevenção que estes jovens tiveram sobre álcool e drogas, um assunto que gera um estigma social de pouca aceitação no âmbito profissional da saúde. O tema é praticamente novo e de extrema relevância para a enfermagem, uma vez que as enfermeiras são profissionais que estão na linha de frente na assistência (intervenção e prevenção) aos pacientes com problemas relacionados ao uso desta substância em diversas áreas de saúde e sociedade.

Sendo assim, a conclusão é de que os estudos desta natureza são muito importantes para monitorar o uso de álcool e drogas e buscar estratégias de intervenção e prevenção nas comunidades universitárias. Neste sentido, o Departamento de Educação de Enfermagem da FCM.UNAH tem o objetivo de preparar profissionais com conhecimentos científicos e técnicos de alta qualidade no campo das drogas. Esta instituição considera de suma importância identificar de forma objetiva o conhecimento das práticas no uso de bebidas alcoólicas entre os estudantes e como estratégia de enfrentamento, juntamente com o apoio da CICAD/OEA. A FCM.UNAH busca também produzir e executar programas de prevenção e promoção educacional a nível curricular na área de enfermagem com os temas relacionados ao uso de álcool e drogas, tanto nesta instituição quanto nos outros centros de estudo de enfermagem distribuídos em Honduras posteriormente.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a Comissão Interamericana para o Controle do Abuso de Drogas/CICAD da Subsecretaria de Segurança Multidimensional da Organização dos Estados Americanos/OEA, a Secretaria Nacional Antidrogas/SENAD, aos docentes da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OMS para o desenvolvimento da pesquisa em enfermagem, a população da amostra dos estudos e aos representantes dos oito países Latinoamericanos que participaram do I e II Programa de Especialização On-line de Capacitação e Investigação sobre o Fenômeno das Drogas - PREINVEST oferecido no biênio 2005/2006 pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo, na modalidade de ensino a distância.

REFERÊNCIAS

  • 1
    Organización Mundial de la Salud (GN). Neurociencia del consumo y dependencia de sustancias psicoactivas Ginebra: Organización Mundial de la Salud; 2004.
  • 2. Pyne HH, Claeson M, Correia M. Gender dimension of alcohol consumption and alcohol-related problems in Latin America and the Caribean. Washington, DC. International Bank for Reconstruction and Development/ The World Bank; 2002. (World Bank Discussion Paper n.433).
  • 3. Instituto Hondureño para la Prevención del Alcoholismo, Drogadicción y Fármaco Dependencia (IHADEFA). Encuesta de Condiciones de vida [serial online] 2004. [Cited in 2006 oct 8]. Availabre from URL:http://www.unhchr.ch/tbs/doc.nsf
  • 4. Midence ORS. Aspectos históricos y Psicossociales del alcoholismo en Honduras. Rev Med Hondur 1984; 52(3):155-60.
  • 5. Murra DE, Suazo GR, Alvarenga E. Consumo de drogas en Honduras. Rev Med Hond 2001 abril-jun; 69(2):75-9.
  • 6. Peuker AC, Fogaça J, Bizarro L. Expectativas e beber problemático entre universitários. Piscol: Teoria e Pesquisa. 2006 mai-agost; 22(2):193-200.
  • 7. Pillon SC, Webster-Corradi C.Teste de identificação de problemas relacionados ao uso de álcool entre estudantes universitários. Rev UERJ 2006 jul/set; 14(3):325-32.
  • 8. Flores IEE, Luis MAV. Uso y actitudes relacionado a las estudiantes de enfermería de la Universidad Mayor de San Andrés. Rev Latino-am enfermagem 2004 março-abril; 13(n especial):376-82.
  • 9. Kokotailo PK, Egan J, Gangnon R, Brown D; Mundt M, Fleming M. Validity of the Alcohol Use Disorders Identification Test in college students. Alcohol Clin Exp Re 2004 jun; 28(6):914-20.
  • 10. Pérez CL, Hernández WG, Valencia SC, Stefano L, Alpi V. Expectativas frente al consumo de alcohol en jóvenes universitarios colombianos. Anales de Psicologia 2005 diciembre; 21(2):259-67.
  • 11. Araneda HJM, Repossi F, Puente A, Clemencia P. Qué, cuánto y cuándo bebe el estudiante universitario / What, how much and when does the university student drink? Rev. méd. Chile 1996 mar; 124(3):377-88.
  • 12. Chavez KAP, O´Brien B, Pillon SC. Drugs use and risk behavior in a university community. Rev Latino-am Enfermagem 2005; 13(n especial):1194-200.
  • 13. Pillon SC, O´Brien, B, Chavez KAP. The relationship between drugs use and risk behaviours in brasilian university. Revista Latino-am de Enfermagem 2005; 13(n especial):1169-76.
  • 14. Babor TF, Higgins-Biddle JC, Saunders JB, Monti PM, Monteiro MG. AUDIT The alcohol use disorders identification test: guidelines for use in primary care. Geneva: World Health Organization; 2001.
  • 15. Kerr-Corrêa F, Simão MO, Dalben I, Trinca LA, Cerqueira ATAR, Mendes AA, et-al.. Possíveis fatores de risco para o uso de álcool e drogas entre estudantes universitários e colegiais da UNESP. J Bras Dep Quím 2002; 3(1):32-41.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    08 Ago 2008
  • Data do Fascículo
    Ago 2008

Histórico

  • Aceito
    10 Dez 2007
  • Recebido
    28 Fev 2007
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto / Universidade de São Paulo Av. Bandeirantes, 3900, 14040-902 Ribeirão Preto SP Brazil, Tel.: +55 (16) 3315-3451 / 3315-4407 - Ribeirão Preto - SP - Brazil
E-mail: rlae@eerp.usp.br