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De uma psicopatologia geral a uma psicopatologia fundamental. Nota sobre a noção de paradigma

Resumos

Este artigo examina a seguinte questão: existiria uma abordagem especializada do humano que, sem ser nem uma psicologia nem a psiquiatria, tenha os meios metodológicos de um projeto de observar e descrever os distúrbios psíquicos e compreender seu acontecimento fenomenal singular no cerne da generalidade da experiência?

A questão se acha colocada desde 1910 por Karl Jaspers nos trabalhos que precedem a publicação, em 1913, de sua Psicopatologia Geral.

A partir daí, o problema ao qual nos encontraríamos confrontados é o da condição fenomenológica da psicopatologia, ou seja, a vontade de não fazê-la resultar e depender da psicologia. E se a psiquiatria é, há um tempo relativamente longo, um terreno de observação e de pesquisa racional de classificações, é preciso constatar que suas práticas empíricas foram, há muito, consideradas impotentes para conduzir à constituição de uma psicopatologia.

Dessa forma, o autor é levado a argumentar que seria, então, conveniente pensar o projeto de uma psicopatologia fundamental como um projeto de natureza intercientífica, em que a epistemologia comparativa dos modelos e de seu funcionamento teórico-crítico desempenharia o papel determinante de uma consciência de seu limite de operatividade e de sua aptidão a transformarem-se uns aos outros.


Este artículo examina la siguiente cuestión: ¿existiría un abordage especializado de lo humano que, sin ser ni una psicologia, ni una psiquiatria, tenga los medios metodológicos de un proyecto para observar y describir los disturbios psíquicos y comprender su acontecimiento fenomenal singular en el cerne de la generalidad de la experiencia?

La cuestión está colocada desde 1910 por Karl Jaspers en los trabajos que preceden la publicación, em 1913, de su Psicopatologia general.

A partir de ahí, el problema con el cual estábamos confrontados es el de la condición fenomenológica de la psicopatología, o sea, la voluntad de no hacerla resultar y depender de la psicologia. Y si la psiquiatría es, hace un tempo relativamente largo, un terreno de observación y de investigación racional de clasificaciones, es necesario constatar que sus prácticas empíricas fueron, hace mucho consideradas impotentis para conducir a la constitución de una psicopatología.

De este modo, el autor es llevado a argumentar que entonces sería conveniente pensar el proyecto de una psicopatología fundamental como un proyecto de naturaleza intercientífica, en que la epistemologia comparativa de los modelos y de su funcionamiento teórico-crítico desempeñaria el papel determinante de una conciencia de su limite de operatividad y de su capacidad para transformaren unos a los otros.


Cet article se penche la question suivante: existe-t-il un abordage spécialisé de l’humain qui, sans être une psychologie ni la psychiatrie, conserverait les moyens méthodologiques d’un projet d’observer et de décrire les troubles psychiques et comprendre le fait qu’ils aient lieu de manière phénoménale singulière au cœur de la généralité de l’expérience?

Cette question a été posée par Karl Jaspers en 1910, dans les travaux qui ont précédé la publication de sa Psychopathologie Générale.

Le problème auquel nous nous verrions alors confrontés serait celui de la condition phénoménologique de la psychopathologie, c’est-à-dire de la volonté de ne pas la faire dériver ni dépendre de la psychologie. Et si la psychiatrie est, depuis assez longtemps, un terrain d’observation et de recherche rationnelle de classifications, il faut bien constater que ses pratiques empiriques ont été, depuis longtemps, considérées impotentes pour conduire à la constitution d’une psychopathologie.

Ainsi, l’auteur est amené à soutenir qu’il serait fort opportun de penser le projet d’une psychopathologie fondamentale comme un projet de nature interscientifique, dans lequel l’épistémologie comparative des modèles et de leur fonctionnement théorico-critique jouerait le rôle déterminant d’une conscience de leur limite opérationnelle et de leur aptitude à se transformer les uns les autres.


This papers looks upon the following question: is there any specialised approach of human beings that, not being a psychology nor psychiatry, could still both present methodological ways for an observation and description project of the psychic disturbances and understand their singular phenomenal occurrence in the heart of experience generality?

Such a question was asked by Karl Jaspers, in 1910, in the works preceding his publishing of General Psychopathology.

The problem to which we would thus be confronted is that of the phenomenological condition of psychopathology, i.e. the will not to make it result or depend on psychology. And if psychiatry has been, for quite a long time, a ground of observation and rational research on classifications, it is high time we asserted its empirical practice has long been considered impotent as for conducting the constitution of a psychopathology.

The author is thus driven to claim how convenient it would be to think the project of a fundamental psychopathology as an intersciences project, in which the comparative epistemology of models and their theoretical-critical functioning would play the determinant role of a consciousness of their operative limit and of their aptitude to transform each other.


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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-SepJul-Sept 1998
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