Acessibilidade / Reportar erro

Fatores prognósticos e sobrevida global em um seguimento de 15 anos de pacientes com tumores malignos da glândula salivar: uma análise retrospectiva de 193 pacientes Como citar este artigo: Filho OV, Rêgo TJ, Mendes FH, Dantas TS, Cunha MP, Malta CE, et al. Prognostic factors and overall survival in a 15-year followup of patients with malignant salivary gland tumors: a retrospective analysis of 193 patients. Braz J Otorhinolaryngol. 2022;88:365-74.

Resumo

Introdução

Os tumores malignos das glândulas salivares são entidades patológicas incomuns, representam menos de 5% das neoplasias de cabeça e pescoço. O prognóstico dos pacientes com tumores malignos das glândulas salivares é altamente variável e alguns fatores clínicos podem influenciar significativamente a sobrevida global.

Objetivo

Analisar as características clinicopatológicas e sociodemográficas que influenciam a sobrevida em pacientes com tumores malignos das glândulas salivares.

Método

Este estudo retrospectivo analisou sexo, idade, etnia, nível de escolaridade, localização do tumor, tamanho do tumor, envolvimento linfonodal, metástase distante, margens, tipo de tratamento, estado civil, método de acesso à assistência médica e sobrevida global em 15 anos de 193 pacientes com tumores malignos das glândulas salivares. Foram usados os testes X2, log-rank Mantel-Cox, regressão multinomial e regressão logística de Cox (SPSS 20.0, p < 0,05).

Resultados

Os tipos histológicos mais comuns foram adenocarcinoma (32,1%), carcinoma adenoide cístico (31,1%) e carcinoma mucoepidermoide (18,7%). A taxa de sobrevida global em 15 anos foi de 67,4%, com média de 116 ± 6 meses. A análise univariada revelou que sexo masculino (p = 0,026), idade > 50 anos (p = 0,001), origem de referência do sistema público de saúde (p = 0,011), estádio T (p = 0,007), estádio M (p < 0,001)), estágio clínico (p < 0,001), margens cirúrgicas comprometidas (p = 0,013) e quimioterapia (p < 0,001) foram associados a um prognóstico ruim. As análises multivariadas também mostraram que a idade > 50 anos foi associada independentemente a um prognóstico ruim (p = 0,016). O nível de escolaridade foi o único fator mais prevalente em pacientes idosos (p = 0,011).

Conclusão

Pacientes com tumores malignos das glândulas salivares acima de 50 anos apresentam pior prognóstico e associação independente com baixo nível de escolaridade.

Palavras-chave
Análise de sobrevida; Neoplasias orais; Neoplasias da parótida; Neoplasias da glândula submandibular; Neoplasias da glândula sublingual

Abstract

Introduction

Malignant tumors of the salivary glands are uncommon pathological entities, representing less than 5% of head and neck neoplasms. The prognosis of patients with malignant tumors of the salivary glands is highly variable and certain clinical factors can significantly influence overall survival.

Objective

To analyze the clinicopathologic and sociodemographic characteristics that influence survival in patients with malignant tumors of the salivary glands

Methods

This retrospective study analyzed sex, age, race, education level, tumor location, tumor size, lymph node involvement, distant metastasis, margin status, treatment type, marital status, method of health care access and 15-year overall survival in 193 patients with malignant tumors of the salivary glands. The X², log-rank Mantel-Cox, multinomial regression and Cox logistic regression tests were used (SPSS 20.0,p < 0.05).

Results

The most common histological types were adenocarcinoma (32.1%), adenoid cystic carcinoma (31.1%) and mucoepidermoid carcinoma (18.7%). The 15-year overall survival rate was 67.4%, with a mean of 116 ± 6 months. The univariate analysis revealed that male sex (p = 0.026), age > 50 years (p = 0.001), referral origin from the public health system (p = 0.011), T stage (p = 0.007), M stage (p < 0.001), clinical stage (p < 0.001), compromised surgical margins (p = 0.013), and chemotherapy (p < 0.001) were associated with a poor prognosis. Multivariate analyses also showed that age > 50 years was independently associated with a poor prognosis (p = 0.016). The level of education was the only factor more prevalent in older patients (p = 0.011).

Conclusion

Patients with malignant tumors of the salivary glands older than 50 years have a worse prognosis and an independent association with a low education level.

Keywords
Survival analysis; Oral neoplasms; Parotid neoplasms; Submandibular gland neoplasms; Sublingual gland neoplasms

Introdução

Tumores malignos das glândulas salivares (TMGS) são entidades patológicas incomuns, representando menos de 5% das neoplasias de cabeça e pescoço.11 McHugh JB, Visscher DW, Barnes EL. Update on selected salivary gland neoplasms. Arch Pathol Lab Med. 2009;133:1763-74. O prognóstico dos pacientes com TMGS varia muito e alguns fatores clínicos influenciam significativamente o tempo livre da doença e a sobrevida global. A taxa de sobrevida desses tumores varia de 19,6% a 84,7%, a depender do tipo histológico e do sítio anatômico e, principalmente, da terapia de escolha.22 McHugh CH, Roberts DB, El-Naggar AK, Hanna EY, Garden AS, Kies MS, et al. Prognostic factors in mucoepidermoid carcinoma of the salivary glands. Cancer. 2012;118:3928-36.

3 Iqbal H, Bhatti ABH, Hussain R, Jamshed A. Ten year experience with surgery and radiation in the management of malignant major salivary gland tumors. Asian Pac J Cancer Prev. 2014;15:2195-9.

4 Ouyang DQ, Liang LZ, Zheng GS, kE ZF, Weng DS, Yang WF, et al. Risk factors and prognosis for salivary gland adenoid cystic carcinoma in southern china. Med (United States). 2017;96:1-6.
-55 Kandaz M, Soydemir G, Bahat Z, Canyilmaz E, Yoney A. Prognostic factors and clinical outcome in parotid gland tumors: a single institution experience from the eastern black sea region of Turkey. Asian Pacific J Cancer Prev. 2016;17:1169-74.

Epidemiologicamente, essas neoplasias são mais frequentes na glândula parótida em mulheres adultas de meia idade e são representadas principalmente pelo carcinoma mucoepidermoide (CME) e carcinoma adenoide cístico (CAC).66 Santos Gda C, Martins MR, Pellacani LB, Vieira ACT, Nascimento LA, Abrahão M. Neoplasias de glândulas salivares: estudo de 119 casos. J Bras Patol e Med Lab. 2005;39:371-5. Apesar de sua alta prevalência na glândula parótida, essas lesões são distribuídas de forma heterogênea, se considerarmos sua distribuição topográfica: apenas 25% dos tumores da glândula parótida são malignos; entretanto, os tumores da glândula submandibular e os tumores das glândulas salivares menores representam 50% e 81% das lesões malignas respectivamente.77 INCA. Tumores das Glândulas Salivares Salivary gland tumors. Rev Bras Cancerol. 2002;48:9-12.

Os estudos de sobrevida relataram diferentes frequências e distribuições de fatores sociodemográficos, como idade, sexo e etnia.88 Cheung MC, Franzmann E, Sola JE, Pincus DJ, Koniaris LG. A comprehensive analysis of parotid and salivary gland cancer: worse outcomes for male gender. J Surg Res. 2011;171:151-8.

9 Pohar S, Gay H, Rosenbaum P, Klish D, Bogart J, Dagerman R, et al. Malignant parotid tumors: presentation, clinical/pathologic prognostic factors, and treatment outcomes. Int J Radiat Oncol Biol Phys. 2005;61:112-8.
-1010 Toida M, Shimokawa K, Makita H, Kato K, Kobayashi A, Kusunoki Y, et al. Intraoral minor salivary gland tumors: a clinicopathological study of 82 cases. Int J Oral Maxillofac Surg. 2005;34:528-32. Essas variáveis tornam-se difíceis de comparar entre os estudos porque são muito diversas e sofrem reclassificações intensas.1111 Seethala RR, Stenman G. Update from the 4th Edition of the World Health Organization Classification of Head and Neck Tumours: tumors of the salivary gland. Head Neck Pathol. 2017;11:55-67. Além disso, o prognóstico é diretamente influenciado pelo sítio de envolvimento, o estadiamento do tumor e seu tipo histológico. O comportamento dos tumores das glândulas salivares ainda tem pouca previsibilidade devido à falta de fatores prognósticos bem delineados, o que torna a maioria desses tumores extremamente agressivos, resulta em um prognóstico ruim.22 McHugh CH, Roberts DB, El-Naggar AK, Hanna EY, Garden AS, Kies MS, et al. Prognostic factors in mucoepidermoid carcinoma of the salivary glands. Cancer. 2012;118:3928-36.,77 INCA. Tumores das Glândulas Salivares Salivary gland tumors. Rev Bras Cancerol. 2002;48:9-12.

Vários fatores parecem estar associados ao prognóstico ruim dos TMGS e é muito importante que isso seja considerado durante o diagnóstico para orientar o tratamento adequado. De fato, diferentes populações têm fatores de risco individuais e, às vezes, muito específicos no desenvolvimento desse conjunto de lesões.1212 Bjørndal K, Krogdahl A, Therkildsen MH, Overgaard J, Johasen J, Krintensen CA, et al. Salivary gland carcinoma in Denmark 1990-2005: outcome and prognostic factors: Results of the Danish Head and Neck Cancer Group (DAHANCA). Oral Oncol. 2012;48:179-85.,1313 Kokemueller H, Swennen G, Brueggemann N, Brachvogel P, Eckardt A, Hausamen JE. Epithelial malignancies of the salivary glands: Clinical experience of a single institution a review. Int J Oral Maxillofac Surg. 2004;33:423-32. Da mesma forma, a abordagem terapêutica do centro de tratamento também pode influenciar o prognóstico dos pacientes com essas lesões.44 Ouyang DQ, Liang LZ, Zheng GS, kE ZF, Weng DS, Yang WF, et al. Risk factors and prognosis for salivary gland adenoid cystic carcinoma in southern china. Med (United States). 2017;96:1-6.

Entretanto, a raridade desses tumores torna difícil a realização de estudos de caso-controle, de coorte e ensaios clínicos. Isso faz dos estudos observacionais transversais uma fonte importante de informação sobre esse tipo de lesão.66 Santos Gda C, Martins MR, Pellacani LB, Vieira ACT, Nascimento LA, Abrahão M. Neoplasias de glândulas salivares: estudo de 119 casos. J Bras Patol e Med Lab. 2005;39:371-5.,99 Pohar S, Gay H, Rosenbaum P, Klish D, Bogart J, Dagerman R, et al. Malignant parotid tumors: presentation, clinical/pathologic prognostic factors, and treatment outcomes. Int J Radiat Oncol Biol Phys. 2005;61:112-8.,1212 Bjørndal K, Krogdahl A, Therkildsen MH, Overgaard J, Johasen J, Krintensen CA, et al. Salivary gland carcinoma in Denmark 1990-2005: outcome and prognostic factors: Results of the Danish Head and Neck Cancer Group (DAHANCA). Oral Oncol. 2012;48:179-85.,1414 Israel Y, Rachimiel A, Gourevich K, Nagler R. Survival probabilities related to histology, grade and stage in patients with salivary gland tumors. Anticancer Res. 2019;39:641-7. Assim, o objetivo deste estudo foi caracterizar, com base em uma análise retrospectiva, tumores malignos das glândulas salivares e identificar fatores clínicos e sociodemográficos que influenciam a sobrevida desse grupo de pacientes.

Método

Desenho do estudo e preceitos éticos

Este é um estudo observacional, retrospectivo, transversal, no qual foram coletados dados clínicos e histopatológicos de pacientes com tumores malignos das glândulas salivares diagnosticados no Hospital Haroldo Juaçaba, Instituto do Câncer do Ceará, por 15 anos (1° de janeiro de 2000 a 31 de dezembro de 2014). Este estudo foi submetido ao comitê de ética em pesquisa (CEP) do Hospital Haroldo Juaçaba, Instituto do Câncer do Ceará, e foi aceito sob o parecer número 1.203.732.

Amostragem de dados e pesquisa

Avaliamos os laudos de biópsia e os prontuários médicos de pacientes cuja entrada no serviço ocorreu entre 1° de janeiro de 2000 e 31 de dezembro de 2014. A classificação foi baseada nas diretrizes da Organização Mundial da Saúde em 2017.1111 Seethala RR, Stenman G. Update from the 4th Edition of the World Health Organization Classification of Head and Neck Tumours: tumors of the salivary gland. Head Neck Pathol. 2017;11:55-67. Dados sobre o tipo histológico, sexo, idade, etnia, origem do paciente (área rural/área metropolitana), nível de escolaridade do paciente, modo de acesso ao hospital (serviço público ou privado), localização primária do tumor (glândulas salivares maiores ou menores; se menores, região da cavidade oral), tamanho do tumor (T), presença de metástase linfonodal (N), presença de metástase distante (M), estadiamento e tipo de tratamento (cirurgia, radioterapia, quimioterapia e suas associações) foram analisados.

O status de sobrevida global também foi avaliado e o tempo de sobrevida (em meses) foi calculado subtraindo a data no diagnóstico inicial da data do último retorno ao hospital ou morte.1515 Dantas TS, de Barros Silva PG, Sousa EF, da Cunha Mdo P, de Aguiar AS, Costa FW, et al. Influence of educational level, stage, and histological type on survival of oral cancer in a brazilian population: a retrospective study of 10 years observation. Med (United States). 2016;95:1-10.

Análise estatística

Os dados descritivos e as frequências de óbito foram expressos como frequências absolutas e percentagens e comparados pelo teste exato de Fisher ou pelo teste do qui-quadrado de Pearson. O tempo de sobrevida foi baseado nas curvas de Kaplan-Meier e comparado pelo teste de log-rank de Mantel-Cox (expresso como média e erro-padrão). Em seguida, foi usado o modelo stepwise forward, no qual variáveis com p < 0,200 foram adicionadas ao modelo multivariado. As curvas de sobrevida introduzidas no modelo foram analisadas por regressão de Cox e os dados categóricos subsequentes foram analisados por regressão logística multinomial. Todas as análises foram feitas com o software Statistical Package for Social Sciences (SPSS), versão 17.0 (SPSS, Chicago, IL, EUA) (p < 0,05).

Resultados

Caracterização da amostra: tipos histológicos

De 2000 a 2014, 193 pacientes com tumores malignos das glândulas salivares foram diagnosticados no Hospital Haroldo Juaçaba, Instituto do Câncer do Ceará. Desses, 62 (32,1%) foram diagnósticos de adenocarcinoma, NOS (not otherwise specified) (AC-NOS), seguidos por 60 (31,1%) de CAC, 36 (18,7%) de CME e 35 (18,1%) de outro tumor: 11 carcinomas de células acinares, 9 carcinomas epiteliais-mioepiteliais, 5 carcinomas do ducto salivar, 4 carcinomas intraductais, 3 carcinomas mioepiteliais, 2 carcinomas linfoepiteliais e um carcinosarcoma.

Caracterização da amostra: fatores sociodemográficos e sobrevida global

Ao longo dos 15 anos de avaliação, a taxa de sobrevida global foi de 67,4% (n = 130), com tempo médio de sobrevivência de 116 ± 6 meses. Entre os pacientes pesquisados, 99 (55,1%) eram do sexo feminino e 94 (48,7%) do masculino. Nos pacientes do sexo masculino, o número total de pacientes vivos (p = 0,011) e o tempo médio de sobrevida (p = 0,026) foram significativamente menores do que nas pacientes do sexo feminino. A maioria dos pacientes tinha idade superior a 50 anos (n = 112, 58,0%) e os pacientes com idade superior a esse ponto de corte apresentaram maior taxa de óbito (p = 0,003) e menor tempo de sobrevida (p = 0,001) (tabela 1, fig. 1).

Tabela 1
Influência do perfil sociodemográfico na frequência de óbitos e no tempo de sobrevida de pacientes com lesões malignas das glândulas salivares diagnosticados e tratados no Hospital Haroldo Juaçaba, Instituto do Câncer do Ceará, entre 2000 e 2014

Figura 1
Curvas de sobrevida em 15 anos (2000-2014) de pacientes diagnosticados com neoplasias malignas da glândula salivar no Hospital Haroldo Juaçaba, Instituto do Câncer do Ceará (teste de log-rank de Mantel-Cox).

A maior parte da coorte era de etnia parda (n = 109, 59,2%). Pacientes com baixo nível de escolaridade (n = 78, 56,9%) também eram a maioria. Apesar de apresentar maior taxa de mortalidade (p = 0,019), esses pacientes tiveram o mesmo tempo de sobrevida dos pacientes com nível maior de escolaridade (p = 0,212) (tabela 1, fig. 1).

Pacientes que viviam em área metropolitana (n = 97, 50,3%) apresentaram menores taxas de mortalidade e maior tempo de sobrevida em comparação com aqueles que moravam em área rural (n = 96, 49,7%). Morar em área rural também teve uma influência significante na mortalidade (p = 0,019) e no tempo de sobrevida (p = 0,011) (tabela 1, fig. 1).

Outros fatores sociodemográficos estudados foram estado civil, com maior prevalência de solteiros (n = 111, 57,8%), e modo de acesso hospitalar, com maior prevalência do serviço público (n = 96, 77,4%). A história familiar de câncer estava ausente na maioria dos pacientes (n = 32, 53,3%) e do uso prévio de álcool e tabagismo estava presente na maioria dos pacientes (n = 52, 88,1% e n = 43, 78,2%, respectivamente). Entretanto, esses fatores não influenciaram a mortalidade ou o tempo de sobrevida (tabela 1, fig. 1).

Fatores clinicopatológicos e sobrevida global

A maioria dos tumores era de glândulas salivares maiores (n = 127, 65,8%), mas esse fator não influenciou o tempo de sobrevida dos pacientes (p = 0,073 e p = 0,097). O tipo histológico mais comum, AC-NOS, apresentou a maior taxa de mortalidade (n = 27, 42,9%), seguido por CAC (n = 21, 33,3%) e outros tumores (n = 10, 15,9%). A menor taxa de mortalidade foi observada em pacientes com CME (n = 5, 7,9%) (p = 0,023). Não houve diferenças na sobrevida global entre esses tipos histológicos principais de tumores (p = 0,054) (tabela 2).

Tabela 2
Influência do perfil clínico-patológico e terapêutico na taxa de mortalidade e no tempo de sobrevida de pacientes com lesões malignas das glândulas salivares diagnosticados e tratados no Hospital Haroldo Juaçaba, Instituto do Câncer do Ceará entre 2000 e 2014

Os pacientes apresentaram estágios homogêneos: T1 (n = 14, 23,7%), T2 (n = 21, 35,6%), T3 e T4 (ambos com n = 12, 20,3%). Os pacientes no estágio T4 apresentaram a maior taxa de mortalidade (p = 0,038) e tempo de sobrevida curto (p = 0,007). A maioria dos pacientes não apresentou metástase linfonodal (n = 45, 81,8%) e esse fator não influenciou significantemente a taxa de mortalidade (p = 0,479) ou o tempo de sobrevida (p = 0,342). Observamos a presença de metástases apenas em 8 pacientes (12,5%). Esse fator aumentou significantemente a taxa de mortalidade (p = 0,002) e reduziu o tempo de sobrevida (p < 0,001).

Os pacientes originários da área rural apresentaram um ligeiro aumento na prevalência de tumores T3 / 4 (n = 18, 52,9% vs. n = 14, 40,0%; p = 0,281) e tumores M1 (n = 7, 21,2% vs. n = 4, 11,1%; p = 0,330); porém, essas variáveis não foram significantemente influenciadas pela procedência dos pacientes.

Dos tratamentos feitos, a radioterapia foi a mais usada (n = 122, 63,2%), seguida pela cirurgia (n = 93, 48,2%) e quimioterapia (n = 25, 13,0%). Os pacientes com margens cirúrgicas comprometidas e os pacientes submetidos à quimioterapia apresentaram alta taxa de mortalidade (p = 0,002 e p = 0,008, respectivamente) e curto tempo de sobrevida (p = 0,013 e p < 0,001, respectivamente) (tabela 2, fig. 1).

Análise de sobrevida: idade e escolaridade como fatores direta e indiretamente associados

Na análise de sobrevida multivariada, apenas a idade acima de 50 anos influenciou de forma significante e independente a sobrevida (p = 0,016). Pacientes acima de 50 anos apresentaram risco de morte 9,967 vezes maior do que os pacientes mais jovens com esse ponto de corte (IC95%: 5,772-171,507) (tabela 3).

Tabela 3
Análise multivariada da sobrevida de pacientes com lesões malignas da glândula salivar diagnosticados e tratados no Hospital Haroldo Juaçaba, Instituto do Câncer do Ceará entre 2000 e 2014

Pacientes com mais de 50 anos apresentaram maior prevalência de homens (p = 0,030), com baixa escolaridade (p = 0,002), indivíduos solteiros (p < 0,001) e não fumantes (p = 0,002) e foram mais frequentemente tratados com radioterapia (p = 0,029) e quimioterapia (p = 0,018) (tabela 4). O fator que se associou independentemente à idade foi o nível de escolaridade (p = 0,011), 0,047 vez menor em pacientes acima de 50 anos (IC95%: 0,004-0,503) (tabela 5).

Tabela 4
Influência da idade no perfil sociodemográfico, clínico-patológico e terapêutico de pacientes com lesões malignas das glândulas salivares diagnosticados e tratados no Hospital Haroldo Juaçaba, Instituto do Câncer do Ceará entre 2000 e 2014
Tabela 5
Análise multivariada da influência da idade nas características sociodemográficas, clinicopatológicas e terapêuticas de pacientes com lesões malignas das glândulas salivares diagnosticados e tratados no Hospital Haroldo Juaçaba - Instituto do Câncer do Ceará entre 2000 e 2014

Discussão

Os TMGS são um grupo heterogêneo de tumores raros, nos quais os preditores de mortalidade são incertos e a morte pode ocorrer até décadas após o tratamento inicial, o que justifica a tendência para recorrência tardia.88 Cheung MC, Franzmann E, Sola JE, Pincus DJ, Koniaris LG. A comprehensive analysis of parotid and salivary gland cancer: worse outcomes for male gender. J Surg Res. 2011;171:151-8.,1414 Israel Y, Rachimiel A, Gourevich K, Nagler R. Survival probabilities related to histology, grade and stage in patients with salivary gland tumors. Anticancer Res. 2019;39:641-7. Portanto, para obter informações confiáveis sobre fatores prognósticos, é necessário acompanhar os pacientes por muitos anos. Essa é provavelmente a razão pela qual a grande maioria dos estudos é retrospectiva.66 Santos Gda C, Martins MR, Pellacani LB, Vieira ACT, Nascimento LA, Abrahão M. Neoplasias de glândulas salivares: estudo de 119 casos. J Bras Patol e Med Lab. 2005;39:371-5.,99 Pohar S, Gay H, Rosenbaum P, Klish D, Bogart J, Dagerman R, et al. Malignant parotid tumors: presentation, clinical/pathologic prognostic factors, and treatment outcomes. Int J Radiat Oncol Biol Phys. 2005;61:112-8.,1212 Bjørndal K, Krogdahl A, Therkildsen MH, Overgaard J, Johasen J, Krintensen CA, et al. Salivary gland carcinoma in Denmark 1990-2005: outcome and prognostic factors: Results of the Danish Head and Neck Cancer Group (DAHANCA). Oral Oncol. 2012;48:179-85.,1414 Israel Y, Rachimiel A, Gourevich K, Nagler R. Survival probabilities related to histology, grade and stage in patients with salivary gland tumors. Anticancer Res. 2019;39:641-7.

O presente estudo observou uma sobrevida global de 67,4% e um tempo de sobrevida de 116 ± 6 meses em um seguimento de 15 anos. Outros autores relataram menores taxas de sobrevida global em 15 anos, variaram de 39,8% a 42%.1212 Bjørndal K, Krogdahl A, Therkildsen MH, Overgaard J, Johasen J, Krintensen CA, et al. Salivary gland carcinoma in Denmark 1990-2005: outcome and prognostic factors: Results of the Danish Head and Neck Cancer Group (DAHANCA). Oral Oncol. 2012;48:179-85.,1313 Kokemueller H, Swennen G, Brueggemann N, Brachvogel P, Eckardt A, Hausamen JE. Epithelial malignancies of the salivary glands: Clinical experience of a single institution a review. Int J Oral Maxillofac Surg. 2004;33:423-32. Mesmo nas estimativas de 10 e 5 anos, foram relatadas taxas mais baixas, variaram de 19,6% a 51% e 35,3% a 65,9%, respectivamente.55 Kandaz M, Soydemir G, Bahat Z, Canyilmaz E, Yoney A. Prognostic factors and clinical outcome in parotid gland tumors: a single institution experience from the eastern black sea region of Turkey. Asian Pacific J Cancer Prev. 2016;17:1169-74.,88 Cheung MC, Franzmann E, Sola JE, Pincus DJ, Koniaris LG. A comprehensive analysis of parotid and salivary gland cancer: worse outcomes for male gender. J Surg Res. 2011;171:151-8.,99 Pohar S, Gay H, Rosenbaum P, Klish D, Bogart J, Dagerman R, et al. Malignant parotid tumors: presentation, clinical/pathologic prognostic factors, and treatment outcomes. Int J Radiat Oncol Biol Phys. 2005;61:112-8.,1212 Bjørndal K, Krogdahl A, Therkildsen MH, Overgaard J, Johasen J, Krintensen CA, et al. Salivary gland carcinoma in Denmark 1990-2005: outcome and prognostic factors: Results of the Danish Head and Neck Cancer Group (DAHANCA). Oral Oncol. 2012;48:179-85.,1313 Kokemueller H, Swennen G, Brueggemann N, Brachvogel P, Eckardt A, Hausamen JE. Epithelial malignancies of the salivary glands: Clinical experience of a single institution a review. Int J Oral Maxillofac Surg. 2004;33:423-32.,1616 Iwata AJ, Williams AM, Taylor AR, Chang SS. Socioeconomic disparities and comorbidities, not race, affect salivary gland malignancy survival outcomes. Laryngoscope. 2017;127:2545-50. Valores mais altos também foram apresentados na literatura.44 Ouyang DQ, Liang LZ, Zheng GS, kE ZF, Weng DS, Yang WF, et al. Risk factors and prognosis for salivary gland adenoid cystic carcinoma in southern china. Med (United States). 2017;96:1-6.,1717 Monteiro LS, Bento MJ, Antunes L, Lopes C. Fatores de prognóstico em neoplasias malignas de glândulas salivares. Rev Port Estomatol Med Dent e Cir Maxilofac. 2012;53:199-205. Ouyang et al.44 Ouyang DQ, Liang LZ, Zheng GS, kE ZF, Weng DS, Yang WF, et al. Risk factors and prognosis for salivary gland adenoid cystic carcinoma in southern china. Med (United States). 2017;96:1-6. apresentaram taxas de sobrevida global de 5, 10 e 15 anos, 84,7%, 70.8% e 34%, respectivamente. Monteiro et al.1717 Monteiro LS, Bento MJ, Antunes L, Lopes C. Fatores de prognóstico em neoplasias malignas de glândulas salivares. Rev Port Estomatol Med Dent e Cir Maxilofac. 2012;53:199-205. apresentaram um valor ligeiramente superior ao que encontramos (sobrevida de 71% em 5 anos). Essas diferenças podem estar relacionadas à variabilidade histológica das amostras e à abordagem terapêutica empregada em cada centro.99 Pohar S, Gay H, Rosenbaum P, Klish D, Bogart J, Dagerman R, et al. Malignant parotid tumors: presentation, clinical/pathologic prognostic factors, and treatment outcomes. Int J Radiat Oncol Biol Phys. 2005;61:112-8.,1717 Monteiro LS, Bento MJ, Antunes L, Lopes C. Fatores de prognóstico em neoplasias malignas de glândulas salivares. Rev Port Estomatol Med Dent e Cir Maxilofac. 2012;53:199-205.

Os TMGS provaram ser um grupo heterogêneo e a variabilidade histológica da amostra foi compatível com os dados relatados anteriormente.33 Iqbal H, Bhatti ABH, Hussain R, Jamshed A. Ten year experience with surgery and radiation in the management of malignant major salivary gland tumors. Asian Pac J Cancer Prev. 2014;15:2195-9.,55 Kandaz M, Soydemir G, Bahat Z, Canyilmaz E, Yoney A. Prognostic factors and clinical outcome in parotid gland tumors: a single institution experience from the eastern black sea region of Turkey. Asian Pacific J Cancer Prev. 2016;17:1169-74.,1010 Toida M, Shimokawa K, Makita H, Kato K, Kobayashi A, Kusunoki Y, et al. Intraoral minor salivary gland tumors: a clinicopathological study of 82 cases. Int J Oral Maxillofac Surg. 2005;34:528-32.,1212 Bjørndal K, Krogdahl A, Therkildsen MH, Overgaard J, Johasen J, Krintensen CA, et al. Salivary gland carcinoma in Denmark 1990-2005: outcome and prognostic factors: Results of the Danish Head and Neck Cancer Group (DAHANCA). Oral Oncol. 2012;48:179-85.,1313 Kokemueller H, Swennen G, Brueggemann N, Brachvogel P, Eckardt A, Hausamen JE. Epithelial malignancies of the salivary glands: Clinical experience of a single institution a review. Int J Oral Maxillofac Surg. 2004;33:423-32.,1717 Monteiro LS, Bento MJ, Antunes L, Lopes C. Fatores de prognóstico em neoplasias malignas de glândulas salivares. Rev Port Estomatol Med Dent e Cir Maxilofac. 2012;53:199-205.,1818 Bjørndal K, Larsen SR, Therkildsen MH, Kristensen CA, Charabi B, Andersen E, et al. Does age affect prognosis in salivary gland carcinoma patients? A national Danish study. Acta Oncol (Madr). 2016;55:19-22. No presente estudo, o AC foi o tipo histológico mais comum, seguido por CAC, CME e nove outros tumores.

Nossos dados não apresentaram prognósticos diferentes para os tipos histológicos. No entanto, Baddour et al.1919 Baddour HM, Fedewa SA, Chen AY. Fiveand 10-year causespecific survival rates in carcinoma of the minor salivary gland. JAMA Otolaryngol Head Neck Surg. 2016;142:67-73. e Kokemueller et al.1313 Kokemueller H, Swennen G, Brueggemann N, Brachvogel P, Eckardt A, Hausamen JE. Epithelial malignancies of the salivary glands: Clinical experience of a single institution a review. Int J Oral Maxillofac Surg. 2004;33:423-32. demonstraram maiores taxas de sobrevida em 5, 10 e 15 anos para o CME em relação ao AC.

Em nosso estudo, não houve predominância de gênero, o que está de acordo com outros achados.1313 Kokemueller H, Swennen G, Brueggemann N, Brachvogel P, Eckardt A, Hausamen JE. Epithelial malignancies of the salivary glands: Clinical experience of a single institution a review. Int J Oral Maxillofac Surg. 2004;33:423-32.,1717 Monteiro LS, Bento MJ, Antunes L, Lopes C. Fatores de prognóstico em neoplasias malignas de glândulas salivares. Rev Port Estomatol Med Dent e Cir Maxilofac. 2012;53:199-205.,2020 Zhang CY, Xia RH, Han J, Wang BS, Tian WD, Zhong LP, et al. Adenoid cystic carcinoma of the head and neck: clinicopathologic analysis of 218 cases in a Chinese population. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol. 2013;115:368-75.

21 Pinheiro J, Pereira AR, Lopes M. Histological subtypes and clinical behavior evaluation of salivary gland tumors. Acta Med Port. 2018;31:641-7.
-2222 Vasconcelos AC, Nör F, Meurer L, Salvadori G, Souza LB, Vargas PA, et al. Clinicopathological analysis of salivary gland tumors over a 15-year period. Braz Oral Res. 2016;30:1-7. Entretanto, em estudos brasileiros anteriores, uma predileção por mulheres66 Santos Gda C, Martins MR, Pellacani LB, Vieira ACT, Nascimento LA, Abrahão M. Neoplasias de glândulas salivares: estudo de 119 casos. J Bras Patol e Med Lab. 2005;39:371-5.,2323 Morais M de LS de A, Azevedo PR, Carvalho CH, Medeiros L, Lajus T, Costa Ade LL. Clinicopathological study of salivary gland tumors: an assessment of 303 patients. Cad Saude Publica. 2011;27:1035-40.

24 Ito FA, Ito K, Vargas PA, de Almeida OP, Lopes MA. Salivary gland tumors in a Brazilian population: A retrospective study of 496 cases. Int J Oral Maxillofac Surg. 2005;34:533-6.
-2525 da Silva LP, Serpa MS, Viveiros SK, Sena DAC, Pinho RFC, Guimarães LDA, et al. Salivary gland tumors in a Brazilian population: A 20-year retrospective and multicentric study of 2292 cases. J Cranio-Maxillofacial Surg. 2018;46:2227-33. foi observada ao se analisarem diferentes tumores. Um grande estudo brasileiro, com 2.292 casos, demonstrou uma proporção de mulheres: homens de 1,5:1, mas quando somente o CAC foi descrito houve uma leve predominância do sexo masculino (M:F = 1,22:1).2626 Da Cruz Perez DE, De Abreu Alves F, Nobuko Nishimoto I, De Almeida OP, Kowalski LP. Prognostic factors in head and neck adenoid cystic carcinoma. Oral Oncol. 2006;42:139-46. A predileção pelo sexo masculino também foi demonstrada ao avaliar tumores malignos e benignos juntos, mas esses achados são apoiados por um número menor de casos avaliados.2727 de Oliveira FA, Duarte ECB, Taveira CT, Máximo AA, Aquino EC, Alencar RC, et al. Salivary gland tumor: A review of 599 cases in a Brazilian population. Head Neck Pathol. 2009;3:271-5.

A análise univariada mostrou maior frequência de óbitos nos homens. Esse achado está de acordo com vários outros estudos anteriores.55 Kandaz M, Soydemir G, Bahat Z, Canyilmaz E, Yoney A. Prognostic factors and clinical outcome in parotid gland tumors: a single institution experience from the eastern black sea region of Turkey. Asian Pacific J Cancer Prev. 2016;17:1169-74.,88 Cheung MC, Franzmann E, Sola JE, Pincus DJ, Koniaris LG. A comprehensive analysis of parotid and salivary gland cancer: worse outcomes for male gender. J Surg Res. 2011;171:151-8.,1212 Bjørndal K, Krogdahl A, Therkildsen MH, Overgaard J, Johasen J, Krintensen CA, et al. Salivary gland carcinoma in Denmark 1990-2005: outcome and prognostic factors: Results of the Danish Head and Neck Cancer Group (DAHANCA). Oral Oncol. 2012;48:179-85.,1616 Iwata AJ, Williams AM, Taylor AR, Chang SS. Socioeconomic disparities and comorbidities, not race, affect salivary gland malignancy survival outcomes. Laryngoscope. 2017;127:2545-50.,2121 Pinheiro J, Pereira AR, Lopes M. Histological subtypes and clinical behavior evaluation of salivary gland tumors. Acta Med Port. 2018;31:641-7.,2828 Olarte LS, Megwalu UC. The impact of demographic and socioeconomic factors on major salivary gland cancer survival. Otolaryngol Head Neck Surg (United States). 2014;150:991-8. Iwata et al.1616 Iwata AJ, Williams AM, Taylor AR, Chang SS. Socioeconomic disparities and comorbidities, not race, affect salivary gland malignancy survival outcomes. Laryngoscope. 2017;127:2545-50. encontraram, em uma análise univariada, que o sexo feminino é um fator protetor, traz um aumento de 50% na taxa de sobrevida em 5 anos e um aumento de 40% na taxa de sobrevida em 10 anos. Esse fato permaneceu na análise multivariada, na qual o sexo feminino trouxe um aumento de 47% na taxa de sobrevida em 5 anos e um aumento de 40% na taxa de sobrevida em 10 anos.1616 Iwata AJ, Williams AM, Taylor AR, Chang SS. Socioeconomic disparities and comorbidities, not race, affect salivary gland malignancy survival outcomes. Laryngoscope. 2017;127:2545-50. Curiosamente, Baddour et al.1919 Baddour HM, Fedewa SA, Chen AY. Fiveand 10-year causespecific survival rates in carcinoma of the minor salivary gland. JAMA Otolaryngol Head Neck Surg. 2016;142:67-73. verificaram que o sexo não é um fator prognóstico independente que influencia a sobrevida global desses pacientes, semelhantemente ao nosso estudo.

Encontramos uma influência da procedência dos pacientes na sobrevida global. Pacientes de áreas rurais apresentaram pior prognóstico do que pacientes de regiões metropolitanas. Esses achados se assemelham aos de estudos americanos.1616 Iwata AJ, Williams AM, Taylor AR, Chang SS. Socioeconomic disparities and comorbidities, not race, affect salivary gland malignancy survival outcomes. Laryngoscope. 2017;127:2545-50.,2828 Olarte LS, Megwalu UC. The impact of demographic and socioeconomic factors on major salivary gland cancer survival. Otolaryngol Head Neck Surg (United States). 2014;150:991-8. O acesso a serviços oncológicos de alta complexidade é um importante fator prognóstico;2828 Olarte LS, Megwalu UC. The impact of demographic and socioeconomic factors on major salivary gland cancer survival. Otolaryngol Head Neck Surg (United States). 2014;150:991-8. evidências confirmadas por Iwata et al.1616 Iwata AJ, Williams AM, Taylor AR, Chang SS. Socioeconomic disparities and comorbidities, not race, affect salivary gland malignancy survival outcomes. Laryngoscope. 2017;127:2545-50. mostraram que, com o aumento na densidade populacional, houve uma melhoria na sobrevida em 5 e 10 anos.

O estágio clínico avançado, de acordo com a classificação TNM da AJCC, tem sido relatado como um preditor significante de prognóstico em pacientes com TMGS,33 Iqbal H, Bhatti ABH, Hussain R, Jamshed A. Ten year experience with surgery and radiation in the management of malignant major salivary gland tumors. Asian Pac J Cancer Prev. 2014;15:2195-9.,1212 Bjørndal K, Krogdahl A, Therkildsen MH, Overgaard J, Johasen J, Krintensen CA, et al. Salivary gland carcinoma in Denmark 1990-2005: outcome and prognostic factors: Results of the Danish Head and Neck Cancer Group (DAHANCA). Oral Oncol. 2012;48:179-85.,1313 Kokemueller H, Swennen G, Brueggemann N, Brachvogel P, Eckardt A, Hausamen JE. Epithelial malignancies of the salivary glands: Clinical experience of a single institution a review. Int J Oral Maxillofac Surg. 2004;33:423-32.,1616 Iwata AJ, Williams AM, Taylor AR, Chang SS. Socioeconomic disparities and comorbidities, not race, affect salivary gland malignancy survival outcomes. Laryngoscope. 2017;127:2545-50.

17 Monteiro LS, Bento MJ, Antunes L, Lopes C. Fatores de prognóstico em neoplasias malignas de glândulas salivares. Rev Port Estomatol Med Dent e Cir Maxilofac. 2012;53:199-205.
-1818 Bjørndal K, Larsen SR, Therkildsen MH, Kristensen CA, Charabi B, Andersen E, et al. Does age affect prognosis in salivary gland carcinoma patients? A national Danish study. Acta Oncol (Madr). 2016;55:19-22.,2121 Pinheiro J, Pereira AR, Lopes M. Histological subtypes and clinical behavior evaluation of salivary gland tumors. Acta Med Port. 2018;31:641-7. o que foi confirmado em nosso estudo. Ambos os estágios T e M apresentaram influência significante na frequência de óbitos e na sobrevida dos pacientes, de acordo com a literatura.33 Iqbal H, Bhatti ABH, Hussain R, Jamshed A. Ten year experience with surgery and radiation in the management of malignant major salivary gland tumors. Asian Pac J Cancer Prev. 2014;15:2195-9.,1616 Iwata AJ, Williams AM, Taylor AR, Chang SS. Socioeconomic disparities and comorbidities, not race, affect salivary gland malignancy survival outcomes. Laryngoscope. 2017;127:2545-50.

17 Monteiro LS, Bento MJ, Antunes L, Lopes C. Fatores de prognóstico em neoplasias malignas de glândulas salivares. Rev Port Estomatol Med Dent e Cir Maxilofac. 2012;53:199-205.
-1818 Bjørndal K, Larsen SR, Therkildsen MH, Kristensen CA, Charabi B, Andersen E, et al. Does age affect prognosis in salivary gland carcinoma patients? A national Danish study. Acta Oncol (Madr). 2016;55:19-22.,2121 Pinheiro J, Pereira AR, Lopes M. Histological subtypes and clinical behavior evaluation of salivary gland tumors. Acta Med Port. 2018;31:641-7.,2626 Da Cruz Perez DE, De Abreu Alves F, Nobuko Nishimoto I, De Almeida OP, Kowalski LP. Prognostic factors in head and neck adenoid cystic carcinoma. Oral Oncol. 2006;42:139-46. Além disso, o estágio IV apresentou o pior prognóstico.

Além disso, para terapia e prognóstico, é importante determinar o status das margens cirúrgicas.1313 Kokemueller H, Swennen G, Brueggemann N, Brachvogel P, Eckardt A, Hausamen JE. Epithelial malignancies of the salivary glands: Clinical experience of a single institution a review. Int J Oral Maxillofac Surg. 2004;33:423-32. Nossos dados demonstraram uma sobrevida reduzida em pacientes com margens cirúrgicas comprometidas, semelhante à literatura atual.44 Ouyang DQ, Liang LZ, Zheng GS, kE ZF, Weng DS, Yang WF, et al. Risk factors and prognosis for salivary gland adenoid cystic carcinoma in southern china. Med (United States). 2017;96:1-6.,1212 Bjørndal K, Krogdahl A, Therkildsen MH, Overgaard J, Johasen J, Krintensen CA, et al. Salivary gland carcinoma in Denmark 1990-2005: outcome and prognostic factors: Results of the Danish Head and Neck Cancer Group (DAHANCA). Oral Oncol. 2012;48:179-85.,1313 Kokemueller H, Swennen G, Brueggemann N, Brachvogel P, Eckardt A, Hausamen JE. Epithelial malignancies of the salivary glands: Clinical experience of a single institution a review. Int J Oral Maxillofac Surg. 2004;33:423-32. Ouyang et al.44 Ouyang DQ, Liang LZ, Zheng GS, kE ZF, Weng DS, Yang WF, et al. Risk factors and prognosis for salivary gland adenoid cystic carcinoma in southern china. Med (United States). 2017;96:1-6. também demonstraram o envolvimento das margens como um fator de risco independentemente para metástases distantes. De acordo com Lewis et al.,2929 Lewis AG, Tong T, Maghami E. Diagnosis and management of malignant salivary gland tumors of the parotid gland. Otolaryngol Clin North Am. 2016;49:343-80. os fatores preditivos de uma resposta parcial à radiação definitiva incluem tamanho maior do que 4 cm, câncer em estágio T4 e doença em estágio IV. A radioterapia é reservada principalmente para casos inoperáveis e para pacientes que recusam a cirurgia.1313 Kokemueller H, Swennen G, Brueggemann N, Brachvogel P, Eckardt A, Hausamen JE. Epithelial malignancies of the salivary glands: Clinical experience of a single institution a review. Int J Oral Maxillofac Surg. 2004;33:423-32.,2929 Lewis AG, Tong T, Maghami E. Diagnosis and management of malignant salivary gland tumors of the parotid gland. Otolaryngol Clin North Am. 2016;49:343-80.,3030 Wang X, Luo Y, Li M, Yan H, Sun M, Fan T. Management of salivary gland carcinomas K a review. Oncotarget. 2017;8:3946-56. A maioria dos pacientes de nossa coorte não foi submetida a cirurgia, o que pode estar relacionado ao número considerável de casos de câncer T4 e estágio IV.

Além disso, em nosso estudo, apenas a quimioterapia foi um preditor significante (os pacientes tratados com quimioterapia tiveram uma sobrevida mais curta), semelhantemente a relatos anteriores.88 Cheung MC, Franzmann E, Sola JE, Pincus DJ, Koniaris LG. A comprehensive analysis of parotid and salivary gland cancer: worse outcomes for male gender. J Surg Res. 2011;171:151-8.,1313 Kokemueller H, Swennen G, Brueggemann N, Brachvogel P, Eckardt A, Hausamen JE. Epithelial malignancies of the salivary glands: Clinical experience of a single institution a review. Int J Oral Maxillofac Surg. 2004;33:423-32. De fato, os TMGS mostram uma resposta limitada à quimioterapia convencional, geralmente reservada para tratamento paliativo.1313 Kokemueller H, Swennen G, Brueggemann N, Brachvogel P, Eckardt A, Hausamen JE. Epithelial malignancies of the salivary glands: Clinical experience of a single institution a review. Int J Oral Maxillofac Surg. 2004;33:423-32.,1414 Israel Y, Rachimiel A, Gourevich K, Nagler R. Survival probabilities related to histology, grade and stage in patients with salivary gland tumors. Anticancer Res. 2019;39:641-7.,3030 Wang X, Luo Y, Li M, Yan H, Sun M, Fan T. Management of salivary gland carcinomas K a review. Oncotarget. 2017;8:3946-56.

Na análise multivariada, apenas a idade acima de 50 anos influenciou independentemente a sobrevida desses pacientes. Vários estudos confirmaram a influência da idade no prognóstico de tumores malignos das glândulas salivares.44 Ouyang DQ, Liang LZ, Zheng GS, kE ZF, Weng DS, Yang WF, et al. Risk factors and prognosis for salivary gland adenoid cystic carcinoma in southern china. Med (United States). 2017;96:1-6.,55 Kandaz M, Soydemir G, Bahat Z, Canyilmaz E, Yoney A. Prognostic factors and clinical outcome in parotid gland tumors: a single institution experience from the eastern black sea region of Turkey. Asian Pacific J Cancer Prev. 2016;17:1169-74.,88 Cheung MC, Franzmann E, Sola JE, Pincus DJ, Koniaris LG. A comprehensive analysis of parotid and salivary gland cancer: worse outcomes for male gender. J Surg Res. 2011;171:151-8.,99 Pohar S, Gay H, Rosenbaum P, Klish D, Bogart J, Dagerman R, et al. Malignant parotid tumors: presentation, clinical/pathologic prognostic factors, and treatment outcomes. Int J Radiat Oncol Biol Phys. 2005;61:112-8.,1212 Bjørndal K, Krogdahl A, Therkildsen MH, Overgaard J, Johasen J, Krintensen CA, et al. Salivary gland carcinoma in Denmark 1990-2005: outcome and prognostic factors: Results of the Danish Head and Neck Cancer Group (DAHANCA). Oral Oncol. 2012;48:179-85.,1616 Iwata AJ, Williams AM, Taylor AR, Chang SS. Socioeconomic disparities and comorbidities, not race, affect salivary gland malignancy survival outcomes. Laryngoscope. 2017;127:2545-50.,1818 Bjørndal K, Larsen SR, Therkildsen MH, Kristensen CA, Charabi B, Andersen E, et al. Does age affect prognosis in salivary gland carcinoma patients? A national Danish study. Acta Oncol (Madr). 2016;55:19-22.,1919 Baddour HM, Fedewa SA, Chen AY. Fiveand 10-year causespecific survival rates in carcinoma of the minor salivary gland. JAMA Otolaryngol Head Neck Surg. 2016;142:67-73.,2828 Olarte LS, Megwalu UC. The impact of demographic and socioeconomic factors on major salivary gland cancer survival. Otolaryngol Head Neck Surg (United States). 2014;150:991-8. No entanto, também foram encontrados resultados opostos.1717 Monteiro LS, Bento MJ, Antunes L, Lopes C. Fatores de prognóstico em neoplasias malignas de glândulas salivares. Rev Port Estomatol Med Dent e Cir Maxilofac. 2012;53:199-205. Consistente com nossos achados, Iwata et al.1616 Iwata AJ, Williams AM, Taylor AR, Chang SS. Socioeconomic disparities and comorbidities, not race, affect salivary gland malignancy survival outcomes. Laryngoscope. 2017;127:2545-50. mostraram que, para cada ano, há um aumento de 5% no risco de morte em 5 anos (HR = 1,50, IC95% 1,08-2,08) e 6% no risco de morte em 10 anos (IC95% 1,04-1,08).

Esse achado pode ser parcialmente explicado pelo fato de haver uma tendência a tratamentos mais agressivos e, por sua vez, mais eficazes em pacientes mais jovens e por causa do efeito da idade na mortalidade em geral.1212 Bjørndal K, Krogdahl A, Therkildsen MH, Overgaard J, Johasen J, Krintensen CA, et al. Salivary gland carcinoma in Denmark 1990-2005: outcome and prognostic factors: Results of the Danish Head and Neck Cancer Group (DAHANCA). Oral Oncol. 2012;48:179-85. Além disso, pacientes mais idosos tendem a ter mais comorbidades, o que limita a resposta ao tratamento e compromete a tolerância a tratamentos mais agressivos.44 Ouyang DQ, Liang LZ, Zheng GS, kE ZF, Weng DS, Yang WF, et al. Risk factors and prognosis for salivary gland adenoid cystic carcinoma in southern china. Med (United States). 2017;96:1-6. Na coorte de Cheung et al.,88 Cheung MC, Franzmann E, Sola JE, Pincus DJ, Koniaris LG. A comprehensive analysis of parotid and salivary gland cancer: worse outcomes for male gender. J Surg Res. 2011;171:151-8. várias comorbidades afetaram a sobrevida dos pacientes avaliados e Iwata et al.1616 Iwata AJ, Williams AM, Taylor AR, Chang SS. Socioeconomic disparities and comorbidities, not race, affect salivary gland malignancy survival outcomes. Laryngoscope. 2017;127:2545-50. demonstraram através do índice de comorbidade de Charlson3131 Charlson M, Pompei P, Ales KL, MacKenzie CR. A new method of classifying prognostic comorbidity in longitudinal studies: development and validation. J Chron Dis. 1987;40:373-83. que, para cada aumento de 1 ponto no índice, há um aumento de 19% no risco de morte na análise de 5 anos e um aumento de 18% na análise de 10 anos.

Na distribuição dos pacientes quanto à idade, na análise multivariada, apenas o nível de escolaridade apresentou associação independente com o prognóstico dos pacientes avaliados, atuou como fator indiretamente associado a um pior prognóstico. Esse achado está de acordo com estudos recentes feitos para analisar a influência de variáveis socioeconômicas nos TMGS.1616 Iwata AJ, Williams AM, Taylor AR, Chang SS. Socioeconomic disparities and comorbidities, not race, affect salivary gland malignancy survival outcomes. Laryngoscope. 2017;127:2545-50.,2828 Olarte LS, Megwalu UC. The impact of demographic and socioeconomic factors on major salivary gland cancer survival. Otolaryngol Head Neck Surg (United States). 2014;150:991-8. No estudo de Olarte et al.,2828 Olarte LS, Megwalu UC. The impact of demographic and socioeconomic factors on major salivary gland cancer survival. Otolaryngol Head Neck Surg (United States). 2014;150:991-8. o nível educacional influenciou a sobrevida dos pacientes na análise univariada. No estudo de Iwata et al.,1616 Iwata AJ, Williams AM, Taylor AR, Chang SS. Socioeconomic disparities and comorbidities, not race, affect salivary gland malignancy survival outcomes. Laryngoscope. 2017;127:2545-50. a análise multivariada revelou a influência do nível educacional no aumento do risco de morte em 5 e 10 anos.

Os resultados do presente estudo destacam a importância da idade e do nível educacional no prognóstico dos TMGS. Entretanto, o estudo tem algumas limitações. Como um estudo retrospectivo e unicêntrico, ele não oferece o nível mais alto de evidência clínica. Foi observado um viés significativo relacionado ao nível de ensino superior da população tratada em nosso centro. Pacientes mais instruídos têm maior probabilidade de procurar atendimento médico mais cedo, o que melhora o prognóstico. Portanto, a aplicação e a generalização de nossos resultados devem ser vistas com cautela. Além disso, é necessário considerar a heterogeneidade dos tratamentos aplicados nesse longo período e a perda de dados de acompanhamento. Entretanto, este estudo avaliou dados de acompanhamento de 15 anos, que é um longo tempo de observação, e apresentou uma grande amostra de TMGS, contribui fortemente para o reconhecimento dos fatores prognósticos nesse raro grupo de tumores.

Conclusão

Pacientes com mais de 50 anos têm um prognóstico ruim e o nível de escolaridade é a principal variável associada a esse fator de risco. São necessários extensos estudos multicêntricos e revisões sistemáticas com metanálises para uma melhor compreensão do prognóstico dessas neoplasias, para aprimorar estratégias de tratamento e desenvolver terapias direcionadas.

Agradecimentos

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) (Bolsa).

  • Como citar este artigo: Filho OV, Rêgo TJ, Mendes FH, Dantas TS, Cunha MP, Malta CE, et al. Prognostic factors and overall survival in a 15-year followup of patients with malignant salivary gland tumors: a retrospective analysis of 193 patients. Braz J Otorhinolaryngol. 2022;88:365-74.
  • A revisão por pares é da responsabilidade da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial.

References

  • 1
    McHugh JB, Visscher DW, Barnes EL. Update on selected salivary gland neoplasms. Arch Pathol Lab Med. 2009;133:1763-74.
  • 2
    McHugh CH, Roberts DB, El-Naggar AK, Hanna EY, Garden AS, Kies MS, et al. Prognostic factors in mucoepidermoid carcinoma of the salivary glands. Cancer. 2012;118:3928-36.
  • 3
    Iqbal H, Bhatti ABH, Hussain R, Jamshed A. Ten year experience with surgery and radiation in the management of malignant major salivary gland tumors. Asian Pac J Cancer Prev. 2014;15:2195-9.
  • 4
    Ouyang DQ, Liang LZ, Zheng GS, kE ZF, Weng DS, Yang WF, et al. Risk factors and prognosis for salivary gland adenoid cystic carcinoma in southern china. Med (United States). 2017;96:1-6.
  • 5
    Kandaz M, Soydemir G, Bahat Z, Canyilmaz E, Yoney A. Prognostic factors and clinical outcome in parotid gland tumors: a single institution experience from the eastern black sea region of Turkey. Asian Pacific J Cancer Prev. 2016;17:1169-74.
  • 6
    Santos Gda C, Martins MR, Pellacani LB, Vieira ACT, Nascimento LA, Abrahão M. Neoplasias de glândulas salivares: estudo de 119 casos. J Bras Patol e Med Lab. 2005;39:371-5.
  • 7
    INCA. Tumores das Glândulas Salivares Salivary gland tumors. Rev Bras Cancerol. 2002;48:9-12.
  • 8
    Cheung MC, Franzmann E, Sola JE, Pincus DJ, Koniaris LG. A comprehensive analysis of parotid and salivary gland cancer: worse outcomes for male gender. J Surg Res. 2011;171:151-8.
  • 9
    Pohar S, Gay H, Rosenbaum P, Klish D, Bogart J, Dagerman R, et al. Malignant parotid tumors: presentation, clinical/pathologic prognostic factors, and treatment outcomes. Int J Radiat Oncol Biol Phys. 2005;61:112-8.
  • 10
    Toida M, Shimokawa K, Makita H, Kato K, Kobayashi A, Kusunoki Y, et al. Intraoral minor salivary gland tumors: a clinicopathological study of 82 cases. Int J Oral Maxillofac Surg. 2005;34:528-32.
  • 11
    Seethala RR, Stenman G. Update from the 4th Edition of the World Health Organization Classification of Head and Neck Tumours: tumors of the salivary gland. Head Neck Pathol. 2017;11:55-67.
  • 12
    Bjørndal K, Krogdahl A, Therkildsen MH, Overgaard J, Johasen J, Krintensen CA, et al. Salivary gland carcinoma in Denmark 1990-2005: outcome and prognostic factors: Results of the Danish Head and Neck Cancer Group (DAHANCA). Oral Oncol. 2012;48:179-85.
  • 13
    Kokemueller H, Swennen G, Brueggemann N, Brachvogel P, Eckardt A, Hausamen JE. Epithelial malignancies of the salivary glands: Clinical experience of a single institution a review. Int J Oral Maxillofac Surg. 2004;33:423-32.
  • 14
    Israel Y, Rachimiel A, Gourevich K, Nagler R. Survival probabilities related to histology, grade and stage in patients with salivary gland tumors. Anticancer Res. 2019;39:641-7.
  • 15
    Dantas TS, de Barros Silva PG, Sousa EF, da Cunha Mdo P, de Aguiar AS, Costa FW, et al. Influence of educational level, stage, and histological type on survival of oral cancer in a brazilian population: a retrospective study of 10 years observation. Med (United States). 2016;95:1-10.
  • 16
    Iwata AJ, Williams AM, Taylor AR, Chang SS. Socioeconomic disparities and comorbidities, not race, affect salivary gland malignancy survival outcomes. Laryngoscope. 2017;127:2545-50.
  • 17
    Monteiro LS, Bento MJ, Antunes L, Lopes C. Fatores de prognóstico em neoplasias malignas de glândulas salivares. Rev Port Estomatol Med Dent e Cir Maxilofac. 2012;53:199-205.
  • 18
    Bjørndal K, Larsen SR, Therkildsen MH, Kristensen CA, Charabi B, Andersen E, et al. Does age affect prognosis in salivary gland carcinoma patients? A national Danish study. Acta Oncol (Madr). 2016;55:19-22.
  • 19
    Baddour HM, Fedewa SA, Chen AY. Fiveand 10-year causespecific survival rates in carcinoma of the minor salivary gland. JAMA Otolaryngol Head Neck Surg. 2016;142:67-73.
  • 20
    Zhang CY, Xia RH, Han J, Wang BS, Tian WD, Zhong LP, et al. Adenoid cystic carcinoma of the head and neck: clinicopathologic analysis of 218 cases in a Chinese population. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol. 2013;115:368-75.
  • 21
    Pinheiro J, Pereira AR, Lopes M. Histological subtypes and clinical behavior evaluation of salivary gland tumors. Acta Med Port. 2018;31:641-7.
  • 22
    Vasconcelos AC, Nör F, Meurer L, Salvadori G, Souza LB, Vargas PA, et al. Clinicopathological analysis of salivary gland tumors over a 15-year period. Braz Oral Res. 2016;30:1-7.
  • 23
    Morais M de LS de A, Azevedo PR, Carvalho CH, Medeiros L, Lajus T, Costa Ade LL. Clinicopathological study of salivary gland tumors: an assessment of 303 patients. Cad Saude Publica. 2011;27:1035-40.
  • 24
    Ito FA, Ito K, Vargas PA, de Almeida OP, Lopes MA. Salivary gland tumors in a Brazilian population: A retrospective study of 496 cases. Int J Oral Maxillofac Surg. 2005;34:533-6.
  • 25
    da Silva LP, Serpa MS, Viveiros SK, Sena DAC, Pinho RFC, Guimarães LDA, et al. Salivary gland tumors in a Brazilian population: A 20-year retrospective and multicentric study of 2292 cases. J Cranio-Maxillofacial Surg. 2018;46:2227-33.
  • 26
    Da Cruz Perez DE, De Abreu Alves F, Nobuko Nishimoto I, De Almeida OP, Kowalski LP. Prognostic factors in head and neck adenoid cystic carcinoma. Oral Oncol. 2006;42:139-46.
  • 27
    de Oliveira FA, Duarte ECB, Taveira CT, Máximo AA, Aquino EC, Alencar RC, et al. Salivary gland tumor: A review of 599 cases in a Brazilian population. Head Neck Pathol. 2009;3:271-5.
  • 28
    Olarte LS, Megwalu UC. The impact of demographic and socioeconomic factors on major salivary gland cancer survival. Otolaryngol Head Neck Surg (United States). 2014;150:991-8.
  • 29
    Lewis AG, Tong T, Maghami E. Diagnosis and management of malignant salivary gland tumors of the parotid gland. Otolaryngol Clin North Am. 2016;49:343-80.
  • 30
    Wang X, Luo Y, Li M, Yan H, Sun M, Fan T. Management of salivary gland carcinomas K a review. Oncotarget. 2017;8:3946-56.
  • 31
    Charlson M, Pompei P, Ales KL, MacKenzie CR. A new method of classifying prognostic comorbidity in longitudinal studies: development and validation. J Chron Dis. 1987;40:373-83.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    27 Jun 2022
  • Data do Fascículo
    May-Jun 2022

Histórico

  • Recebido
    06 Maio 2020
  • Aceito
    24 Jun 2020
Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial. Sede da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico Facial, Av. Indianópolia, 1287, 04063-002 São Paulo/SP Brasil, Tel.: (0xx11) 5053-7500, Fax: (0xx11) 5053-7512 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revista@aborlccf.org.br