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Adichie, C. Ngozi. Sejamos todos feministas. Tradução de Christina Baum. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, 63 p.

Adichie, C. Ngozi. Sejamos todos feministas. Baum, Christina. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. 63

O movimento feminista tem tomado diversos formatos ao longo dos anos, mas as concepções estereotipadas permanecem nas mais diversas culturas mesmo a despeito de grandes nomes e de suas conquistas. Para além de opiniões preconceituosas e enraizadas na falta de informação, Chimamanda Ngozi Adichie se inscreve num feminismo que trava um outro tipo de luta, contra um preconceito orgânico que entre outras coisas, promove o apagamento da mulher como pessoa na sociedade.

Chimamanda é nigeriana, de uma família da etnia igbo de classe média, filha de professor universitário e de administradora, cresceu no campus da Universidade da Nigéria e cedo se tornou uma leitora proficiente e consequentemente uma escritora criativa. Mudou-se para os Estados Unidos com o intuito de continuar sua formação em Estudos Africanos na Universidade de Yale. Sua formação e sua herança familiar permitiram-lhe o status de contadora de histórias. E dentre suas histórias publicadas no Brasil, estão “Hibisco Roxo”, “Meio Sol Amarelo” e “Americanah” todas pela Companhia das Letras. Embora ainda jovem, a escritora apresenta uma compreensão madura sobre as tensões políticas e sociais que envolvem sua nação de origem. Tal traço fica claro em sua produção quando vemos uma escritora que mesmo valorizando suas origens, não tem medo de trazer questões controversas como o machismo, política e a guerra para a discussão. Sua produção se apresenta de forma sutil e leve mesmo quando se trata de assuntos tão polêmicos.

Certamente um olhar mais atento à sua obra permitirá perceber quão sensivelmente feminista, a escritora se coloca. Mas um feminismo que envolve além de questões de gênero, identidade e política. Seus personagens são geralmente mulheres emancipadas e independentes que buscam por meio de seu sucesso ajudar tantas outras mulheres. Provavelmente esse jogo entre tradição e modernidade proposto em sua narrativa é resultado das tensões características de uma mulher negra de origem africana, de um país marcado por uma tradição patriarcal, a Nigéria, mas vivendo num país inaugurador de modernidades, os Estados Unidos. Chimamanda vê-se ás voltas com construções estéticas que surpreendentemente ainda precisam ser constantemente reformuladas e retomadas numa narrativa contemporânea. Tais construções são símbolo da formação identitária do ser negro(a) como a textura do cabelo e a corporeidade e surgem na narrativa, não apenas como imagens, mas como linguagem. Outro traço comum na narrativa de Adichie é a ironia, especialmente em seus ensaios, nos quais discute principalmente questões relativas aos estereótipos sobre o africano perpetuados no resto do mundo e sobre o feminismo. Este último tema amplamente desenvolvido numa conferência proferida no evento Tecnology, Entertainment and Design (TED) e publicada em canal do youtube. O vídeo atualmente conta com aproximadamente três milhões de visualizações, um grande feito para um vídeo de mais de trinta minutos. No canal dos eventos TEDxEuston, consta como data de publicação, o dia doze de abril de dois mil e treze, muito embora, a apresentação tendo sido feita no ano anterior. Em julho de dois mil e catorze, Chimamanda Adichie resolve adaptar seu próprio texto para ser publicado em livro, disponível no site www.vintageebooks.com.

O discurso ora apresentado é o segundo proferido pela contadora de histórias no evento TED, tendo sido o primeiro, também um sucesso, The dangers of a single story, no qual discute como estereótipos promovem um desserviço à compreensão de um povo ou povos, obviamente, nesse caso, os povos do continente africano. No discurso objeto dessa resenha, escrito em tom surpreendentemente revelador, Adichie parte de sua experiência pessoal para refletir sobre o muito que precisa ser feito para que cada vez mais meninas e mulheres se empoderem de quem são e mesmo para que homens e meninos vivam sem a necessidade de se enquadrar em estereótipos equivocados de masculinidade. Não é à toa que a autora se apresenta como uma contadora de histórias, pois é exatamente esse recurso que utiliza para prender a atenção de sua audiência. A série de pequenas narrativas pessoais que compõem seu discurso, aparece com o intuito não somente de aproximar a plateia da autora, mas também de facilitar a compreensão de assuntos tão polêmicos e controversos de maneira exata e bem humorada. Em We should all be feminists, a escritora nos conta sobre seu amigo de infância, Okoloma, que primeiro a chamou de feminista, o que despertou seu interesse pelo assunto; como as pessoas na Nigéria e de modo geral interpretam o que é ser feminista; o fato de em sua infância, ganhou o direito de ser monitora de sala, mas não pode assumir, pelo simples fato de ser uma menina; o episódio de estar em Lagos com um amigo e ter dado gorjeta a uma homem que estacionou seu carro, mas o homem ter agradecido seu amigo pois o mesmo é homem; e ainda sua irritação ao não ser cumprimentada em restaurantes por ser mulher, principalmente se está acompanhada por um homem, dentro outras histórias.

O universo de ser mulher no mundo nigeriano é aos poucos descortinado por meio não somente das histórias, mas principalmente por meio das reflexões que suscitam e pelas decisões que provocam na autora

“I decided I would now call myself a Happy African Feminist. Then a dear friend told me that calling myself a feminist meant that I hated men. So I decided I would now be a Happy African Feminist Who Does Not Hate Men. At some point I was a Happy African Feminist Who Does Not Hate Men and Who Likes to Wear Lip Gloss and High Heels for Herself and Not For Men.”

Na passagem destacada, vemos claramente a forma sutil como Adichie quebra os estereótipos que cercam o Movimento Feminista e o ser feminista. Ser feminista para Adichie não implica ser uma pessoa infeliz, que odeia homens, que se veste bem para agradar os homens. O feminismo de Chimamanda Adichie se insere numa perspectiva de valorização de homens e mulheres. Ser feminista, nessa perspectiva, não é ser igual, do ponto de vista da aparência, mas do ponto de vista da diferença. “My own definition is a feminist is a man or a woman who says, yes, there’s a problem with gender as it is today and we must fix it, we must do better. All of us, women and men, must do better.”

Chimamanda Adichie incorpora o discurso da diferença e se vale do pertencimento a ela para expor momentos de discussão. Assim, pela compreensão própria de seu universo (de diáspora, de exclusão pelo Ocidente, de conhecimento e reconhecimento de seu lugar), a escritora traz diversas histórias de representação e com intento pela conscientização da urgência da busca pelo conhecimento, pelo entendimento do ‘outro’ e de outros lugares. Enfatiza a fuga do paradigma, do senso comum, da informação pronta, da história única sobre qualquer pessoa, lugar ou aspecto.

(ALVES e ALVES, 2012, p. 07)

O feminino, numa sociedade patriarcal, é esse outro que precisa ser visto, notado e respeitado exatamente por sua diferença. É aí que reside sua identidade, seu valor.

Embora a adaptação do discurso oral de sua conferência para a mídia escrita, seja uma forma importante de favorecer a perpetuação do texto, algumas marcas próprias da mídia original e de sua recepção, são profundamente modificadas, visto que um conferencista presencia a recepção de sua produção no momento de sua enunciação, podendo perceber e interagir com as reações de sua audiência. No caso do discurso em pauta, o vídeo mostra claramente os risos, palmas e ruídos da plateia que são acompanhados por reações da conferencista, um olhar, um riso, um gesto. Tais marcas não são mencionadas no texto escrito. A autora já inicia seu pequeno livro dizendo que o texto que o leitor terá acesso é uma adaptação.

Devido à sua natureza oral e por ter sido proferido para uma audiência ao vivo, provavelmente escolher não colocar as reação de ambos público inicial e conferencista, favoreça a liberdade do leitor de reagir como lhe aprouver. Outro ponto importante nessa primeira publicação é a adaptação de partes do texto.

No começo da conferência em vídeo, temos:

I would like to start by telling you about one of my greatest friends, Okoloma. Okoloma lived on my street and look after me like a big brother. If I liked a boy, I would ask Okoloma’s opinion. Okoloma died in a notorious Sosoliso plane crash in Nigeria in December 2005. Almost exactly seven years ago. Okoloma was a person I could argue with, laugh with and truly talk to. He was also the first person to call me a feminist.

Em contraste ao conteúdo do livro:

Okoloma was one of my greatest childhood friends. He lived on my street and looked after me like a big brother: If I liked a boy, I would ask Okoloma’s opinion. Okoloma was funny and intelligent and wore cowboy boots that were pointy at the tips. In December of 2005, in a plane crash in Southern Nigeria, Okoloma died. It is still hard for me to put into words how I felt. Okoloma was a person I could argue with, laugh with, and truly talk to. He was also the first person to call me a feminist.

No exemplo apresentado, podemos notar uma adaptação do texto provavelmente à mídia utilizada. Nesse caso específico, temos perdas e ganhos que não necessariamente prejudicam o conteúdo fundamental do texto que é introduzir o assunto por meio da uma história pessoal envolvendo um grande amigo seu. No primeiro exemplo, vemos a menção ao nome da companhia aérea em cujo acidente faleceu Okoloma em 2005. Talvez por considerar irrelevante para o texto escrito, tal informação foi suprimida. Por outro lado, no texto escrito, temos a informação do lugar do acidente. Também no segundo exemplo, encontramos a descrição de traços de seu amigo que lhe imprimiam características engraçadas, como o caso das botas de cowboy que o mesmo usava, certamente uma forma de mostrar o carinho por Okoloma, sentimento apresentado de formas outras na versão oral.

Como outro exemplo da conferência em vídeo temos:

Now fast-forward soon, some years later, I wrote a novel about a man Who among other things, beats his wife and whose story doesn’t end very well. While I was promoting the novel in Nigeria, a journalist, a nice-well meaning man told me he wanted to advise me. And for the nigerians here, I’m sure we’re all familiar with how quick our people are to give unsolicited advice.

A mesma passagem no texto escrito:

Now fast-forward to some years later. In 2003, I wrote a novel called Purple Hibiscus, about a man who, among other things, beats his wife, and whose story doesn’t end too well. While I was promoting the novel in Nigeria, a journalist, a nice, well-meaning man, told me he wanted to advise me. (Nigerians, as you might know, are very quick to give unsolicited advice.)

Temos aqui outro exemplo claro de como algumas informações acrescentadas ou suprimidas de uma mídia para outra, não desfavorece o conteúdo e as informações, objeto do discurso da autora. Por exemplo, no texto escrito, percebemos que Adichie acrescenta o título de seu livro publicado anteriormente, provavelmente pelo fato de uma audiência virtualmente maior (a do texto escrito), necessitar de informações melhor localizadas caso queiram aprofundá-las.

O caso da adaptação do conteúdo do vídeo para uma publicação impressa não é o único movimento de comunicação entre mídias que tem esse texto como protagonista. Em surpresa à sua amiga nigeriana, Beyoncé lançou uma canção em seu último álbum que traz parte do discurso de Adichie, na voz da mesma, como parte da canção. A canção ***Flawless, em sua linguagem também feminista, poderíamos dizer, questiona a pressão que sujeita mulheres a serem perfeitas e a pensar no casamento como o objetivo principal de suas vidas. Quando a canção atinge um minuto e vinte e quatro segundos, as palavras de Adichie são introduzidas:

“We teach girls to shrink themselves, to make themselves smaller. We say to girls, ‘You can have ambition, but not too much. You should aim to be successful, but not too successful. Otherwise you will threaten the man.’ Because I am female, I am expected to aspire to marriage. I am expected to make my life choices always keeping in mind that marriage is the most important. Now marriage can be a source of joy and love and mutual support. But why do we teach to aspire to marriage and we don’t teach boys the same? We raise girls to see each other as competitors — not for jobs or for accomplishments, which I think can be a good thing, but for the attention of men. We teach girls that they cannot be sexual beings in the way that boys are. Feminist: the person who believes in the social, political and economic equality of the sexes.”

A cantora escolheu fazer recortes da fala de Adichie de modo a construir um todo textual que ao mesmo tempo servisse a seus propósitos com a mensagem de sua música, mas ao mesmo tempo capturasse elementos essenciais da mensagem da conferencista. A mensagem de ambas composta nessa construção é que mulheres e meninas podem ser o que quiserem tais quais os homens. Um feminista é, portanto alguém que acredita na equidade dos sexos em todos os aspectos. Certamente a voz de Chimamanda ecoou junto com suas ideias para um público ainda maior e mais aberto, visto que Beyoncé é acompanhada por um grupo considerável de fãs ao redor do mundo. As artes de ambas certamente completam um mosaico dialógico pela igualdade dos sexos.

Encontramos o último exemplo de diálogo com esse texto em dois mil e quinze com a tradução para a Língua Portuguesa a cargo de Christina Baum e publicada pela editora Companhia das Letras. Christina Baum já traduziu pela mesma editora, obras de Evan Osnos (A era da ambição) e Miranda July (O primeiro homem mau), no mesmo ano de Sejamos Todos Feministas e em dois mil e dezesseis, encontramos de Henning Mankell, Um passo atrás. Christina não ocupa-se apenas da tarefa tradutória, mas também ocupa-se de Literatura, como é o caso do Festival Internacional de sua curadoria em São Paulo, A Paulicéia Literária, ocorrido em dois mil e treze.

Nessa tradução específica, Christina começa seu festival de acertos a partir do título, We should all be feminists para Sejamos todos feministas. O verbo modal should que em inglês pode tanto significar um conselho quanto uma ordem a depender do contexto, foi substituído pelo sejamos, que em Língua Portuguesa, além da ideia de conselho, imprime a atmosfera de convite, linguagem que funciona muito bem na cultura brasileira, alvo dessa tradução. Nessa empreitada com Adichie, observa-se que Baum logrou êxito por captar a linguagem afiada da escritora. Algumas marcas da tradução, porém podem emprestar outro efeito ao texto, como o caso de marcar determinados termos e expressões entre aspas como I) So I decided to call myself a Happy Feminist, que na tradução de Baum ficou Então decidi me definir como “feminista feliz”, II) I decided I would now call myself a Happy African Feminist que em português foi convertido em resolvi me considerar “feminista feliz e africana”, III) So I decided I would now be a Happy African Feminist Who Does Not Hate Men. At some point I was a Happy African Feminist Who Does Not Hate Men and Who Likes to Wear Lip Gloss and High Heels for Herself and Not For Men que foi traduzido como Decidi me tornar uma “feminista feliz e africana que não odeia homens, e que gosta de usar batom e salto alto para si mesma, e não para os homens”. As aspas em Língua Portuguesa, podem tanto ser utilizadas para destacar determinada informação de um texto, como para marcar a incerteza de seu significado. Certamente a escolha da tradutora se enquadra na primeira possibilidade, contudo um leitor desavisado pode se confundir e compreender o outro sentido. Nos trechos: I) If we keep seeing only men as heads of corporations, it starts to seem “natural” that only men should be heads of corporations, em português temos Se só os homens ocupam cargos de chefia nas empresas, começamos a achar “normal” que esses cargos de chefia só sejam ocupados por homens e II) We would have conversations and he would tell me: “I don’t see what you mean by things being different and harder for women. Maybe it was so in the past but not now. Everything is fine now for women” traduzido como e ele me disse: “Não entendo quando você diz que as coisas são diferentes e mais difíceis para as mulheres. Talvez fosse verdade no passado, mas não é mais. Hoje as mulheres têm tudo o que querem”. As aspas são mantidas como no original para significar o que já foi mencionado, um destaque à fala de um personagem, no segundo exemplo e no primeiro como uma forma de incerteza do significado da palavra em destaque. A tradutora logra trazer a suavidade de Adichie, bem como sua informalidade, para a língua de chegada. Visto que o texto foi primeiramente publicado numa conferência, a oralidade é sua marca de enunciação, desse modo, expressões próprias desse registro devem ser comuns tanto na adaptação quanto na tradução para a Língua Portuguesa. No caso da tradução, ao final da transcrição da fala do amigo Louis, a tradutora empresta um Oi? próprio do registro oral dos jovens brasileiros quando querem mostrar que não compreendem e não concordam com determinado posicionamento. Tal escolha certamente contribui para aproximar o público do texto. Por outro lado, traduzir oralidade nem sempre se mostra uma tarefa fácil, ao descrever como o rapaz que estacionou seu carro agradeceu ao homem que a acompanhava, a gorjeta dada por Adichie, temos And he, this man who was happy and grateful, took the money from me, and then looked across at Louis and said, “Thank you, sah!” que em português ficou traduzido como E ele, feliz e grato, pegou o meu dinheiro, olhou para o meu amigo e disse: “Muito obrigado, senhor!. Em sua primeira materialização no evento TED, a expressão entre parênteses foi carregada de sotaques por sua enunciadora que interpretava o rapaz. Na forma escrita, tal referente torna-se difícil de alcançar, especialmente em Língua Portuguesa, visto o caso específico de agradecimento de forma educada pode ser expresso de várias maneiras a depender da região do país. Note-se que aqui, a escolha foi bem feita, visto que Senhor aplica-se a casos de formalidade, informalidade e em situações que o enunciador deseja apresentar certa humildade.

Outra escolha tradutória interessante aparece como acréscimo com o intuito de esclarecimento como em I must have read every single Mills & Boon romance published before I was sixteen que foi traduzido como devo ter lido toda a coleção água com açúcar publicada pela Mils & Boon antes dos dezesseis anos. Percebemos aqui a utilização do termo água com açúcar para ilustrar a pouca complexidade dos textos publicados pela editora Mils & Boon, não tendo vindo dessas leituras, o interesse da autora pelo feminismo.

Baum cumpre seu papel de tradutora com maestria, trazendo aos olhos do leitor brasileiro uma contribuição fundamental para quem quer ampliar sua compreensão sobre o feminismo e sobre a literatura produzida por mulheres africanas atualmente. Já a escritora, seja em sua conferência, em seu texto adaptado para ebook, na música de Beyoncé ou na tradução de Christina Baum, mostra-se uma pensadora da nova geração de escritores africanas que encanta não somente pelo estilo e linguagem suave e certeira, mas pela temática polêmica e essencial deixando plantada em seus leitores a semente ansiosa pelo broto de um mundo onde haja mais igualdade de gênero. Sejamos todos feministas!

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    May-Aug 2017

Histórico

  • Recebido
    19 Out 2016
  • Aceito
    13 Jan 2017
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