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O culto (in)quieto do eu eficaz

The (un)quiet cult of efficacious

El culto (in)quieto del yo eficaz

Resumos

Neste trabalho pretendemos analisar a preocupação com o desempenho, vigente na sociedade contemporânea, e questionar a sua caracterização como algo de índole pessoal. Para tal, pretendemos refletir sobre a conformação de uma sociedade esportivizada gerida pela lógica empresarial e sobre a valorização de um estilo de vida que normaliza uma incessante procura pela melhoria da performance e espalha seus efeitos nos mais diferentes campos da existência.

Corpo; Subjetividade; Performance; Educação física


In this article we intend to analyze the concern with performance, existing in contemporary society, and question its characterization as something of a personal nature. For such purposes, we will reflect about the conformation of a sports society managed by the business logic and about the promotion of a lifestyle that normalizes an endless search for better performances, spreading its effects in different areas of life.

Body; Subjectivity; Performance; Physical Education


En este trabajo nos proponemos analizar la preocupación con el rendimiento, existente en la sociedad contemporánea, y cuestionar su caracterización como algo de carácter personal. Para eso, nos proponemos reflexionar sobre la conformación de una sociedad deportivizada gestionada por la lógica de negocio y sobre la promoción de un estilo de vida que normaliza una búsqueda incesante para mejorar el rendimiento, extendiendo sus efectos en los diferentes campos de la existencia.

Cuerpo; Subjetividad; Rendimiento; Educación física


Introdução

Todo professor de educação física que trabalha em escola já se deparou com a negação de alguns alunos diante de uma proposta de atividade prática. Comumente, quando se pergunta o motivo da recusa em participar, recebe-se como resposta: não sei fazer; não gosto; não quero.

Frente a essa situação, não é difícil constatar que muitas vezes, para o aluno, essa recusa assume um caráter de defesa perante um problema que assume como seu. Nessa lógica, arriscamo-nos a afirmar que também para o professor, na maioria das vezes, essa atitude tem origem em aspectos relacionados à individualidade do aluno e está comumente associada a uma preocupação com o desempenho nas práticas corporais. De modo semelhante, é comum que tanto professores quanto alunos vislumbrem a participação entusiasmada como uma característica pessoal. Assim, nos dois casos, a questão é vista como de cunho individual, sem que se dê conta de outros elementos que contribuem para produzi-la.

Diante dessa constatação, visamos neste trabalho questionar a interpretação que atribui essa preocupação com o desempenho a uma índole pessoal, a uma essência constitutiva de cada sujeito. Para tal, pretendemos refletir sobre a conformação de uma sociedade esportivizada gerida pela lógica empresarial e sobre a valorização de um estilo de vida que normaliza uma incessante procura pela melhoria do performance e espalha seus efeitos nos mais diferentes campos da existência. Nessa trajetória, tomaremos como princípio a afirmação de Denise Sant’Anna (2005)Sant'Anna DB. Políticas do corpo: elementos para uma história das práticas corporais. 2ª ed. São Paulo: Estação Liberdade; 2005. p. 11-8. de que "falar sobre o corpo é abordar o que se passa, ao mesmo tempo, fora dele".

Afinal, parece-nos que é diante da consolidação de um padrão de desempenho socialmente estabelecido que o sujeito se vê instado a participar ou se retirar da atividade, de acordo com o reconhecimento de uma suposta capacidade ou incapacidade pessoal de alcançar o modelo, o que acaba, tanto em um caso como no outro, por legitimá-lo. Seria como uma aceitação ruidosa ou silenciosa que, inspirados em Jean Jacques Courtine (2005)Courtine JJ. Os stakhanovistas do narcisismo: bodybuilding e puritanismo ostentatório na cultura americana do corpo. In: Sant'Anna DB, editor. Políticas do corpo: elementos para uma história das práticas corporais. 2ª ed. São Paulo: Estação Liberdade; 2005. p. 81-114., poderíamos definir como culto inquieto ou quieto do eu eficaz.

Por fim, é importante acrescentar que este ensaio foi elaborado a partir de uma série de inquietações provocadas pela vivência cotidiana como professor de educação física escolar, exercida ainda hoje, e que não temos intenção de escrever aqui uma história da preocupação com o desempenho nas práticas corporais, mas registrar alguns efeitos que essa lógica produz em nossas vidas e refletir sobre eles.

O culto inquieto

No texto intitulado "Os stakhanovistas do narcisismo", Courtine (2005)Courtine JJ. Os stakhanovistas do narcisismo: bodybuilding e puritanismo ostentatório na cultura americana do corpo. In: Sant'Anna DB, editor. Políticas do corpo: elementos para uma história das práticas corporais. 2ª ed. São Paulo: Estação Liberdade; 2005. p. 81-114. analisa as práticas de body-building nos Estados Unidos e afirma que um "culto inquieto do eu eficaz" atravessa essa sociedade para conformar uma cultura que reverencia o sucesso e a promoção pessoal como fundamentos do seu estilo de vida (Courtine, 2005Courtine JJ. Os stakhanovistas do narcisismo: bodybuilding e puritanismo ostentatório na cultura americana do corpo. In: Sant'Anna DB, editor. Políticas do corpo: elementos para uma história das práticas corporais. 2ª ed. São Paulo: Estação Liberdade; 2005. p. 81-114.). Segundo o autor, o body-building é um exemplo plenamente integrado a esse estilo de vida, que revela, de forma exacerbada, algumas características do culto ao corpo e ao desempenho presentes na sociedade estadunidense.

Nesse trabalho, Courtine procura mostrar como as formas de perceber e vivenciar o corpo estão associadas aos valores que perpassam a cultura daquele país. O individualismo, a crença na igualdade de oportunidades, a valorização da competição e todo um pensamento moral e religioso associado a esses traços, somados ao discurso científico e ao desenvolvimento da tecnologia, forneceram as condições para que ganhassem força certas atitudes, tais como o incremento da gestão do próprio corpo, o autoinvestimento e a exacerbação da disciplina, a busca incessante pelo bem-estar e o culto à beleza física.

Seguindo essa lógica, o body-building nada mais é do que um exemplo de como as práticas corporais e o corpo são elementos centrais no culto ao performance e ao sucesso vigente nas sociedades contemporâneas. Sustentadas e incentivadas por uma indústria de massa e por um amplo mercado que glorifica o consumo e a aparência como formas de afirmação social, as práticas corporais se tornam manifestações dessa cultura que geram status e reconhecimento por meio da exibição cotidiana dos investimentos destinados ao corpo. Assim, o corpo, apreendido como uma espécie de máquina a ser trabalhada e permanentemente melhorada por meio de um autogerenciamento ativo, torna-se um importante instrumento de registro e exibição do nível de sucesso atingido pelo indivíduo.

No entanto, como aponta Nicolau Sevcenko (2001)Sevcenko N. A corrida para o século XXI: no loop da montanha-russa. São Paulo: Companhia das Letras; 2001., os códigos e as mercadorias que determinam as características do sucesso mudam com muita rapidez. Desse modo, numa sociedade na qual as transformações ocorrem em alta velocidade, o descarte de produtos e símbolos e a criação de outros se dão de forma cada vez mais intensa. Não basta manter a boa aparência, é preciso também acompanhar o fluxo das mudanças para poder garantir a manutenção do status e do reconhecimento. Com isso, para não perder a imagem de sucesso, faz-se necessário estar sempre em busca de melhorar o que se exibe, sejam os objetos materiais, o aspecto físico, os conhecimentos, as habilidades de expressão ou os movimentos corporais.

Segundo Carmen Soares (2005)Soares CL. Práticas corporais: invenção de pedagogias? In: Silva AM, Damiani IR, editors. Práticas corporais. V. 1: gênese de um movimento investigativo em educação física. Florianópolis: Nauemblu; 2005. p. 43-63., essa busca constante por melhorias configura uma "cultura da performance", segundo a qual a vida cotidiana passa a se orientar não só pela competição, mas também pela procura de excelência. Essa cultura faz uma fusão do espírito esportivo com o espírito empreendedor e seus princípios se tornam um tipo de "culto" que perpassa todas as relações cotidianas. As lógicas da competição e da busca pelo melhor desempenho presentes no esporte (os recordes) se somam ao espírito de iniciativa, à busca da eficácia, da competitividade e da produtividade advindas do mundo empresarial.

Como aponta Courtine (2005)Courtine JJ. Os stakhanovistas do narcisismo: bodybuilding e puritanismo ostentatório na cultura americana do corpo. In: Sant'Anna DB, editor. Políticas do corpo: elementos para uma história das práticas corporais. 2ª ed. São Paulo: Estação Liberdade; 2005. p. 81-114., essa mistura entre as culturas empresarial e esportiva aumentou ainda mais a responsabilização do indivíduo com os rumos de sua vida, associou a necessidade de autocontrole a uma ordem que exalta o sucesso e a promoção pessoal como principais objetivos a serem alcançados. Assim, sob essa perspectiva, a existência humana passa a ser vivenciada como um misto de competição esportiva com administração de empresas. De acordo com Soares (2005)Soares CL. Práticas corporais: invenção de pedagogias? In: Silva AM, Damiani IR, editors. Práticas corporais. V. 1: gênese de um movimento investigativo em educação física. Florianópolis: Nauemblu; 2005. p. 43-63., amparada nas análises de Alain Ehrenberg, a partir dessa junção entre a lógica empresarial e os princípios do esporte, efetiva-se uma composição entre a competição e o consumo que produz certa homogeneização das formas de vida. Nesse contexto, a realização pessoal só pode ser fruto de um estilo de vida no qual a superação permanente da performance individual seja a única garantia para vencer uma concorrência justa e proporcionar a plenitude no consumo.

Com isso, reforça-se a ideia de que a vida e a sociedade são menos influenciadas pelos aspectos sociais e pelas ações coletivas do que pelos atos individuais. Cada ser humano vive uma angústia permanente pela superação de si mesmo. A falta está sempre presente. O corpo é gerido com ansiedade e deve ser alvo de um trabalho incansável e constante. Nas palavras de Courtine (2005)Courtine JJ. Os stakhanovistas do narcisismo: bodybuilding e puritanismo ostentatório na cultura americana do corpo. In: Sant'Anna DB, editor. Políticas do corpo: elementos para uma história das práticas corporais. 2ª ed. São Paulo: Estação Liberdade; 2005. p. 81-114.: "A paixão pelo bem-estar material é geral; se nem todos a experimentam da mesma maneira, todos a sentem. Nela o cuidado de satisfazer as mínimas necessidades do corpo e de prover as pequenas comodidades da vida preocupa universalmente os espíritos". Como apontamos anteriormente, eis o "culto inquieto do eu eficaz" que coloniza a atual sociedade.

Para Soares (2005)Soares CL. Práticas corporais: invenção de pedagogias? In: Silva AM, Damiani IR, editors. Práticas corporais. V. 1: gênese de um movimento investigativo em educação física. Florianópolis: Nauemblu; 2005. p. 43-63., o esporte tem um papel fundamental na produção desse culto, pois deixou de ser apenas uma forma de entretenimento ou uma atividade física para tornar-se um dos mais influentes princípios de vida existentes na sociedade contemporânea. Segundo a autora, vivemos hoje uma "voga do esporte" e os valores e as práticas inerentes a essa atividade transformaram-se em modelos e referências para a vida cotidiana. Em suas próprias palavras:

Seu conteúdo hoje expressa princípios de ação, e não apenas um conjunto de práticas corporais, tradicionalmente denominadas esporte. O esporte evadiu-se do esporte, conforme afirmação de Ehrenbergh, tornou-se um estado de espírito, um modo de formação e pertencimento social, referência privilegiada a uma competitividade supostamente primordial e inerente ao ser humano e que produz uma sociedade competitiva (Soares, 2005)Soares CL. Práticas corporais: invenção de pedagogias? In: Silva AM, Damiani IR, editors. Práticas corporais. V. 1: gênese de um movimento investigativo em educação física. Florianópolis: Nauemblu; 2005. p. 43-63..

A mesma autora aponta que o esporte se conforma como uma "pedagogia de massas" capaz de interferir, influenciar, determinar formas e estilos de vida e impor valores, maneiras de viver, de ser e de pensar que definem comportamentos, gestos e atitudes no seu detalhe mais íntimo. Ainda segundo Soares, no âmbito das práticas corporais (mas, diríamos que não só), os tempos atuais fazem funcionar uma lógica de acordo com a qual, a partir de preceitos que se generalizaram, são estimulados performances individuais a serem construídos na vida cotidiana. Dessa forma, cada sujeito, na busca por consumar as promessas de felicidade associadas ao estilo de vida difundido pelo modelo em questão, procura adaptar sua rotina para que todos os momentos do dia a dia possam contribuir para alcançar os padrões identificados com o sucesso.

Desse modo, o esporte, que se desenvolveu em sintonia com a sociedade capitalista e incorporou boa parte de seus princípios, segundo Valter Bracht (2003)Bracht V. Sociologia crítica do esporte: uma introdução. 2ª ed. Ijuí: Unijuí; 2003., acaba por exacerbá-los ao se constituir como modelo e referência, no conteúdo e na forma, para se alcançar o bem-estar, a saúde, a beleza, a competitividade, a excelência e a síntese disso tudo que é o sucesso/felicidade. Assim, tudo o que se relaciona ao esporte ganha uma positividade da qual fazem parte tanto os modelos e objetivos a serem atingidos quanto os comportamentos e meios necessários para alcançá-los.

Nesse processo, tornam-se elementos do culto à performance o autocontrole, a competitividade, a busca pelo recorde, o modelo de corpo, a promoção do bem-estar e da saúde, a possibilidade de emoção e prazer, o estilo de vida ativ, e o consumo de produtos que proporcionam status. Além disso, entendemos que a padronização do movimento promovida pelo esporte (e por algumas outras práticas corporais), ao ser diretamente relacionada à melhoria do desempenho, integra as referências e os modelos do eu eficaz e, por isso, pode também ser considerada como parte do culto à performance.

Nesse sentido, Bracht (2003)Bracht V. Sociologia crítica do esporte: uma introdução. 2ª ed. Ijuí: Unijuí; 2003., ao analisar o esporte de alto rendimento, afirma que a busca pela vitória, a excelência do desempenho e a racionalização dos meios são os códigos que pautam e dão sentido a tal prática corporal. Com isso, situa a busca pela maneira mais eficaz e produtiva de se fazer um gesto, um movimento, uma atividade, que configura a racionalização dos meios, em igualdades de condições com os outros princípios do esporte. Indo além, consideramos que a organização dessa busca por meio da valorização da técnica e do treinamento é parte constituinte da "pedagogia de massa" na qual o esporte se transformou. Seguindo esse raciocínio, defendemos a tese de que a exaltação do gesto correto e eficaz integra o culto à performance, é parte importante da voga do esporte apontada por Soares (2005)Soares CL. Práticas corporais: invenção de pedagogias? In: Silva AM, Damiani IR, editors. Práticas corporais. V. 1: gênese de um movimento investigativo em educação física. Florianópolis: Nauemblu; 2005. p. 43-63. e contribui para uma certa "esportivização da vida" e das demais práticas corporais.

Segundo Denise Sant’Anna (2000)Sant'Anna DB. Políticas do corpo: elementos para uma história das práticas corporais. 2ª ed. São Paulo: Estação Liberdade; 2005. p. 11-8., a partir da segunda metade do século XX "o corpo orgânico tende a ser submetido à ação de um vasto corpo tecnocientífico que serve para garantir a melhoria constante da performance esportiva". Nessa busca pela eficácia biomecânica, o próprio corpo é operacionalizado. O movimento é analisado e dele se retira a descrição minuciosa da forma mais produtiva do gesto. Com isso, o próprio movimento do corpo é transformado em técnica. Essa técnica é, então, alçada a modelo e padrão que, além de instaurar uma dicotomia do certo e do errado em relação aos gestos e movimentos nos esportes e nas demais práticas corporais, também se conforma na própria cura do mal que inaugura. Atualmente, inserido na cultura da performance, o movimento transformado em técnica se submete ao imperativo da eficácia e identifica como ameaça ao desempenho, ao reconhecimento e ao sucesso todo gesto diferente do que é cientificamente prescrito. Nessa lógica, saber executar um movimento na forma prescrita passa a ser mais uma forma de promoção pessoal, mais um aspecto do eu eficaz.

Assim, pela disseminação da voga do esporte ganham um reforço a excessiva valorização do desempenho e a busca da padronização do movimento, que, devido à influência do esporte de alto rendimento, já estavam presentes havia algum tempo na educação física, em especial na escola. Os alunos então, tanto quanto os demais indivíduos, são instados a se submeter à padronização do movimento e à busca pela excelência. É o culto ao eu eficaz que se faz presente na escola e na educação física escolar. Nesse contexto, a imposição da padronização do gesto, quando mais diretamente ligada ao rendimento, só é relativizada se o resultado for eficaz. Se não for assim, urge ao sujeito treinar, corrigir, repetir, para tentar evitar o erro e melhorar o desempenho.

Difícil é conseguir escapar da lógica esportivizante, predominante atualmente em muitas práticas corporais, que busca a padronização do movimento desde o processo de iniciação da aprendizagem (escape que na maioria das vezes é visto como "a exceção que confirma a regra"). Afinal, o processo de esportivização dessas práticas ocorre por meio de diversas formas, que passam não só pela lógica competitiva, mas também por outros elementos, como a associação entre a busca da excelência e a operacionalização do corpo, que juntas levam à submissão ao modelo de movimento, à técnica e à exaltação do gesto padrão. Nesse sentido, é importante ressaltar ainda que essa associação entre o movimento como técnica e o culto à performance contribui para disseminar a lógica da exaltação do gesto padrão até entre as práticas corporais que não estão diretamente relacionadas à obtenção de resultados. Com isso, práticas como a dança de salão, por exemplo, mesmo quando ocorrem em momentos de lazer, também são impregnadas pela exaltação do gesto padrão e pelo culto ao eu eficaz.

Esse culto pode, por um lado, ser inquieto, provocar o anseio permanente e a busca cotidiana pela melhoria do desempenho, mas, por outro, também pode ser quieto, como pretendemos mostrar a seguir. Nesse caso, em vez da angústia incessante por promoção pessoal, tem lugar uma autoexclusão pelo reconhecimento de uma suposta incapacidade de alcançar o modelo de movimento proposto.

O culto quieto

Como vimos, vivemos numa sociedade na qual a competição e o desempenho máximo se tornaram referências, modelos, objetivos de vida que instam os sujeitos a uma procura inquieta e constante pelas promessas de felicidade representadas pelo bem-estar, pela saúde, pelo corpo perfeito, pelo consumo e por um ideal de sucesso que sintetiza todos esses aspectos. Com isso, o indivíduo contemporâneo passou a conduzir sua vida como se ela fosse uma empresa que, diante da concorrência com os demais, precisa de investimentos ativos e permanentes que possibilitem o sucesso e evitem o fracasso.

Por outro lado, ao estimular a concorrência, a permanente necessidade de superação e a busca constante dos modelos, essa forma de conduzir a vida aumenta as possibilidades de fracasso e amplia a preocupação com as formas de evitá-lo e, quando isso não for possível, de escondê-lo. Nessa lógica, o culto ao eu eficaz pode tanto produzir a felicidade, em situações em que se vivencia uma sensação de poder e status decorrente do consumo e/ou de um momento de exibição espetacular, como também pode levar a sensações de frustração, fracasso, incapacidade e desajustamento, quando o consumo não é possível e/ou o modelo não é alcançado.

Assim, a partir de um mesmo culto à competitividade, ao consumo, aos modelos socialmente valorizados, ao desempenho, são delineadas e disseminadas duas formas de vivenciá-lo: a inquieta e a quieta. Na primeira, o sujeito reconhece as referências e os padrões estipulados e procura incessantemente se enquadrar. Já na segunda, evita exibir desempenhos que não se enquadram e busca disfarçar e/ou ocultar o que não está em conformidade com os modelos, o que acaba por referendá-los.

Em ambas, o corpo ocupa um papel de destaque, já que a presença ou a ausência da saúde, da qualidade de vida, da boa forma, do consumo, em suma, do sucesso ou do fracasso, é visível no aspecto físico e revela a identidade e o status de quem os exibe. Isso porque, de acordo com Costa (2005)Costa JF. O vestígio e a aura: corpo e consumismo na moral do espetáculo. Rio de Janeiro: Garamond; 2005., vivemos em uma época na qual o corpo tornou-se a principal referência na constituição da identidade dos sujeitos e "aspirações morais devem ter como modelo desempenhos corpóreos ideais" (grifo do autor). Essa moralização do corpo e dos desempenhos corpóreos é reforçada por meio do culto ao eu eficaz elevado a princípio de ação e ideal de vida, estabelece e consolida hierarquizações que enquadram os sujeitos, seus corpos e seus desempenhos numa escala atravessada por juízos de valor.

Nesse contexto, segundo Paula Sibilia (2010)Sibilia P. Em busca da felicidade lipoaspirada: agruras da imperfeição carnal sob a moral da boa forma. In: Freire Filho J,editor. Ser feliz hoje: reflexões sobre o imperativo da felicidade. Rio de Janeiro: Editora FGV; 2010. p. 195-212., se constitui uma nova "moral da boa forma" segundo a qual os "defeitos" precisam ser apagados, já que um tipo específico de corpo é alçado a modelo a ser imitado, não só na imagem projetada como também nas atitudes que a produzem. Apagar, esconder ou simplesmente evitar ser visto tornam-se opções para não se expor ao olhar alheio e ao julgamento que pode vir associado a esse olhar. Evita-se exibir o que não está em conformidade com o padrão, deixa-se à vista somente o que demonstra sintonia com ele. Então, diante da inadequação a um modelo, que acaba sendo reconhecido e respaldado, o sujeito prefere recolher-se e configura, dessa forma, o culto quieto. Com isso, outras possibilidades são inibidas, impede a diversificação das formas de vivenciar o corpo, o movimento e a própria vida, em detrimento de uma homogeneização que fortalece e legitima o eu eficaz.

De acordo com Sibilia (2010)Sibilia P. Em busca da felicidade lipoaspirada: agruras da imperfeição carnal sob a moral da boa forma. In: Freire Filho J,editor. Ser feliz hoje: reflexões sobre o imperativo da felicidade. Rio de Janeiro: Editora FGV; 2010. p. 195-212., o desejo de apagar as imperfeições revela, paradoxalmente, uma rejeição ao corpo e à sua materialidade, pois o modelo de corpo que se almeja é um corpo idealizado que desconsidera as limitações inerentes à condição biológica do ser humano. Entretanto, essa rejeição é interpretada de forma diferente nos cultos inquieto e quieto. No primeiro, apesar de o corpo valorizado não ser o corpo concreto de cada sujeito, mas a imagem idealizada que se quer alcançar, os investimentos feitos para se alcançar essa forma são vistos não como uma rejeição, mas como um aumento da valorização e do cuidado com o corpo. Nessa lógica, cada vez mais esse trabalho intensivo sobre o corpo é visto como algo positivo, como um exemplo de virtude, e não como um problema. Por outro lado, no culto quieto, a rejeição à exibição do corpo é compreendida como uma negação do corpo concreto do sujeito, e não do modelo idealizado. Nesse caso, a atitude do sujeito é vista como um problema, uma inadequação, um sinal da sua dificuldade, ou até mesmo incapacidade, de lidar com o próprio corpo.

Se expandirmos essas lógicas para os desempenhos corporais, como foi apontado por Costa (2005)Costa JF. O vestígio e a aura: corpo e consumismo na moral do espetáculo. Rio de Janeiro: Garamond; 2005., não é difícil imaginar que tenhamos hoje não só uma moral da boa forma, mas, também, uma moral do bom desempenho. Se associarmos esse último à aprendizagem e ao aperfeiçoamento de técnicas, também uma moral do bom movimento. Como consequência disso, o movimento, especialmente quando se relaciona à melhoria do desempenho, também passa a ser um dispositivo produtor de hierarquias, um elemento do culto à performance, um objeto dos cultos inquieto e quieto. Afinal, enquanto a exibição da sua correta aplicação e execução é capaz de contribuir para a valorização do indivíduo, o uso incorreto ajuda a enquadrá-lo entre os desajustados, os que teriam motivos para ter vergonha, e os levam, com frequência, a preferir ocultar seu corpo e seus movimentos.

Como pedagogia de massas, o esporte ensina o indivíduo, desde pequeno, a reconhecer os modelos de corpo e movimento que devem ser seguidos e, indo além disso, ensina quais atitudes devem ser tomadas a partir da vivência desses movimentos e como se comportar diante de uma expectativa de desempenho intrínseca a essa prática corporal. Já há muito tempo, em sintonia com os princípios básicos da sociedade liberal e, atualmente, com a sua voga, que desempenha um papel de protagonista na exacerbação do ideário neoliberal, o esporte tem sido um importante dispositivo de normatização e posterior normalização de comportamentos.

Então, diante do culto ao eu eficaz que atravessa a sociedade contemporânea, o sujeito, instado pela pedagogia do esporte (embora não só por ela, evidentemente) apreende que frente à cobrança por desempenho, no próprio esporte e em outros campos da vida, deve trabalhar incessantemente para atingir um grau de aceitação social cada vez maior. Ao mesmo tempo, esse indivíduo passa a compreender, também, que ao não conseguir alcançar os modelos socialmente valorizados e/ou os padrões mais altos de desempenho, deveria reconhecer sua incapacidade e aceitar a posição inferior que a justa concorrência lhe impôs. Em ambos os casos, o sujeito se submete a uma realidade percebida como dada e imutável, a valores considerados superiores que, conforme aponta Margareth Rago (2009)Rago M. Dizer sim à existência. In: Rago M, Veiga-Neto A, editors. Para uma vida não fascista. Belo Horizonte: Autêntica; 2009. p.253-68., não possibilitam a criação de outros caminhos ou opções que privilegiem ampliar o campo do pensável e do possível.

Assim, quando um indivíduo se depara com algum processo que não conhece ou domina, acaba muitas vezes tendo dificuldade para visualizar outras formas para vivenciá-lo que escapem da oposição entre tentar melhorar incessantemente até conseguir ou não tentar e desistir. Em relação ao movimento e ao gesto nas práticas corporais, essa atitude aparece na participação compulsiva, no treinamento obsessivo, no vício de exercício (que pode decorrer tanto da busca pelo corpo ideal como do desejo de dominar a técnica correta), no primeiro caso, e na participação envergonhada, assustada, desestimulada, ou até na recusa categórica, na segunda forma. Esse quadro tem sido recorrente até em espaços nos quais deveria se privilegiar a oportunidade de experimentar, vivenciar e criar possibilidades para lidar com o corpo e o movimento, como a escola, de forma geral, e as aulas de educação física, mais especificamente. Assim, é comum encontrar posicionamentos extremos em relação às aulas de educação física. De um lado os que gostam, participam e buscam demonstrar e enaltecer as suas habilidades e potencialidades. De outro os que detestam, se recusam a participar e temem a possibilidade de demonstrar a sua incapacidade perante o padrão exigido. Dois lados da mesma moeda, em suma, duas possibilidades do mesmo processo de submissão ao eu eficaz: o inquieto e o quieto. Na submissão inquieta, os indivíduos referendam os modelos de excelência socialmente estabelecidos e os perseguem de forma obsessiva. Para tal, seguem as prescrições e os caminhos que, já no próprio percurso, são identificados como símbolos de status e promoção pessoal. Transformam esses modelos, e os próprios caminhos prescritos para alcançá-los, em objetos de desejo, em estilos de vida, mas os descartam com facilidade no momento em que têm seus status superados por outros. Vangloriam-se não só de cada resultado obtido, mas também da vivência do processo de conquista, exibem-nos em todas as oportunidades possíveis. Enfim, cultuam assumidamente valores, princípios e processos relacionados a esses modelos e estilos de vida e fazem tudo por alcançar as promessas de felicidade a eles associadas.

Já na submissão quieta, os indivíduos se recusam a participar da tentativa de busca pelos modelos de excelência, mas acabam por referendá-los de igual modo, já que, ao se negar, usam a incapacidade de alcançá-lo ou a inadequação à sua lógica para se autoexcluir. Não seguem as prescrições e os caminhos identificados com os modelos, mas acabam por se manter à margem deles, pois introjetam as críticas recebidas por estar "de fora", envergonham-se por não atender aos pré-requisitos referentes ao estilo de vida proposto. Dessa forma, esses indivíduos acabam, assim como os primeiros, por cultuar o eu eficaz ao endossar como superiores os padrões e princípios a ele relacionados, só que o fazem de forma discreta, com vistas a não chamar a atenção para si e para sua inadequação ao modelo. Todo esse processo, em vez de configurar um questionamento ou uma recusa da lógica que rege o culto aqui analisado, pelo contrário, acaba por reconhecê-lo e reforçá-lo. Mas, afinal, o que faz com que os indivíduos se enquadrem nessa lógica?

Michel Foucault (2009)Foucault M. História da sexualidade I: a vontade de saber. 19ª ed. Rio de Janeiro: Graal; 2009. já demonstrou a insuficiência da hipótese repressiva para explicar os comportamentos e as ações cotidianas no auge da sociedade industrial. Para esse autor, o poder não se exerce somente pela coerção, pelo bloqueio, pela negação, mas também pela positividade, pela incitação, pela produção. Dessa forma, para pensar o culto ao eu eficaz, devemos situá-lo em uma "economia geral dos discursos" sobre o desempenho, o corpo, os gestos e os movimentos e averiguar quais são os efeitos de poder dessa economia sobre os desejos e as atitudes. O eu busca insistentemente se tornar eficaz, ou então se recusa a respaldar o modelo, não porque recebeu uma ordem ou porque foi forçado, coagido, mas porque incorpora, reivindica e deseja certa lógica de funcionamento, no caso, a do culto à performance. Isso porque, ainda segundo Foucault (2009)Foucault M. História da sexualidade I: a vontade de saber. 19ª ed. Rio de Janeiro: Graal; 2009., esses discursos põem em circulação uma rede de saberes e prazeres que possibilitam a penetração do poder "nas mais tênues e mais individuais das condutas".

Assim, a relação que se estabelece entre o indivíduo e a lógica de funcionamento do culto à performance é de sujeição a uma construção social naturalizada. Afinal, os discursos contemporâneos sobre o corpo e a saúde, fundamentados na ciência e disseminados pelo marketing e pela mídia, e as promessas de felicidade, também disseminadas pelo marketing e pela mídia, intensificam o desejo pelo desempenho e pelo sucesso e constituem-se em aspectos que carregam uma forte positividade, incitam à adequação ao culto do eu eficaz. Desse modo, a partir dessa economia dos discursos sobre o corpo constitui-se a naturalização da moral da boa forma, do bom desempenho, do bom movimento, e se produzem efeitos de poder sobre os indivíduos, o que os estimula a assumir valores e atitudes que possibilitem os ganhos e diminuam as probabilidades de danos, seja por meio da participação intensa ou da recusa categórica.

Nesse sentido, entendemos que o culto ao eu eficaz e todos os elementos a ele associados reúnem um conjunto de saberes e poderes que produzem efeitos tanto no nível do corpo quanto no da população, configuram-se como poder disciplinar e também como poder regulamentador na forma descrita por Foucault (1999)Foucault M. Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes; 1999.. O culto ao eu eficaz, transformado em norma, pode então ser aplicado tanto a um único organismo quanto à vida de populações, já que, segundo esse autor, a norma é o elemento que circula entre um e outro. Assim, como estratégia biopolítica, o culto ao eu eficaz se constitui em um mecanismo de regulação que cria novas formas de viver e se relacionar, pois seu aspecto de norma regulamentadora intervém sobre as populações no sentido de alongar a vida, controlar o tempo gasto fora do trabalho, estimular o consumo e tornar o cotidiano mais produtivo, entre outras possibilidades. Ao mesmo tempo, como técnica disciplinar, o culto aumenta a utilidade do corpo e o torna mais produtivo para a sociedade que o engendra, enquanto, simultaneamente, diminui sua força política de contestação e reforça a aceitação e o enquadramento aos princípios que constituem o culto à performance.

Frente a esses processos, o sujeito é cada vez mais instado a se enquadrar no modelo do eu eficaz e aceitá-lo como referência. E quanto mais eficaz o eu busca ser, ou quanto maior for o medo de ser comparado a essa referência inatingível, mais dócil é o corpo e maior seu assujeitamento, ou seja, mais contundente é a sua sujeição, mais intensa "a maneira pela qual o indivíduo estabelece sua relação com uma regra e se reconhece como ligado à obrigação de pô-la em prática" (Foucault, 1988Foucault M. História da sexualidade II: o uso dos prazeres. 5ª ed. Rio de Janeiro: Graal; 1988.).

Nessa linha, é importante ressaltar ainda que a assunção da eficácia, ou de sua ausência, como uma característica intrínseca da personalidade do indivíduo constitui um aspecto fundamental no processo de sujeição à norma. Afinal, essa operação, como nos indicam Guattari e Rolnik (1986)Guattari F, Rolnik S. Micropolítica: cartografias do desejo. Petrópolis: Vozes; 1986., ao definir a subjetividade como parte de uma essência individual, desloca-a do campo social e obscurece todos os processos que a constituem. Nessa trajetória, o próprio indivíduo, ao fixar características socialmente produzidas em uma suposta identidade essencializada, submete a constituição de sua subjetividade às referências e aos modelos produzidos pela norma. Instaura-se, então, o "governo por individualização" (Rago, 2009Rago M. Dizer sim à existência. In: Rago M, Veiga-Neto A, editors. Para uma vida não fascista. Belo Horizonte: Autêntica; 2009. p.253-68.).

Nessa forma de controle, o sujeito é incitado, a partir de diferentes dispositivos que possibilitam a circulação do poder de uma forma contínua e individualizada, "a exprimir o seu eu mais profundo e a revelar as suas emoções mais íntimas, sobretudo pela confissão" (Rago, 2009Rago M. Dizer sim à existência. In: Rago M, Veiga-Neto A, editors. Para uma vida não fascista. Belo Horizonte: Autêntica; 2009. p.253-68.). O que acaba por vinculá-lo a uma identidade. Com isso, o culto à performance, assim como outros fenômenos sociais, individualiza-se, torna-se parte de uma identidade particular, e o indivíduo procura se descobrir e se assumir como eficaz ou ineficaz. Nessa trajetória, o culto à performance se universaliza e se constitui como uma condição humana, ou seja, naturaliza-se. Buscar um melhor desempenho passa a ser uma manifestação intrínseca ao ser humano, já que todos os indivíduos são, em alguma medida, eficazes ou ineficazes. A eficácia então, enquanto aspecto inerente ao Homem, não pode mais ser negada, somente mensurada e modificada por meio do trabalho do sujeito sobre si mesmo.

Considerações finais

Diante do que foi aqui exposto, nos parece claro que os cultos inquieto e quieto ao eu eficaz são duas faces de um mesmo processo no qual a busca por melhores desempenhos e a constante mensuração e avaliação da performance passam a ser padrões reguladores da existência. Nessa lógica, constituem-se como duas faces distintas do mesmo assujeitamento, diferentes formas de submissão a um mesmo modelo que passa a servir de parâmetro de controle da normalidade, tanto para as populações como para os indivíduos.

A produção dessa normalidade, que comporta atitudes tão distintas como a busca incessante pelo padrão de movimento e de corpo (característica do culto inquieto), ou a autoexclusão pela admissão da impossibilidade de atingir o modelo (do culto quieto), acaba então por referendar princípios caros à sociedade de consumo, não só relativos ao corpo e ao movimento, mas também a diversos outros aspectos da vida. Defender uma dessas atitudes configura-se, então, não como forma de proteção de uma personalidade, mas como afirmação de valores socialmente produzidos.

Nesse sentido, questionar a lógica que cultua a relação do eu eficaz com o corpo e o movimento, a nosso ver, é uma forma de questionar também o culto à performance e às promessas de felicidade a ele associadas, oferecidas no mercado pela sociedade capitalista. No entanto, para que essa reflexão sobre o corpo e o movimento não seja considerada uma questão individual ou psicológica, e possa ser estendida também para outros aspectos que constituem a sociedade de mercado, torna-se necessário desconstruir a ideia de que existe uma essência de subjetividade inerente a cada sujeito, da qual o eu eficaz, entre outras características, faria parte.

Sendo assim, entendemos que somente livres dessa lógica individualizante os sujeitos terão condições, como apontam Guattari e Rolnik (1986)Guattari F, Rolnik S. Micropolítica: cartografias do desejo. Petrópolis: Vozes; 1986., de se apropriar de forma criativa e expressiva das diversas possibilidades de conformar a existência, produzidas socialmente, e se singularizar. Nesse processo, que simultaneamente rompe e desnaturaliza os modelos, abre-se então a possibilidade de construção de outras lógicas e outros estilos de vida que privilegiem a expansão e a criação da existência, em vez da sujeição e da adaptação a modelos pré-estabelecidos.

Referências

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Mar 2015

Histórico

  • Recebido
    27 Jul 2012
  • Aceito
    05 Fev 2014
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