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Síndrome Respiratória Aguda Grave em gestantes e puérperas portadoras da COVID-19

Resumo

Objetivos:

avaliar o perfil de morbimortalidade e fatores associados ao óbito pela Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por COVID-19 em gestantes e puérperas.

Métodos:

tratase de urna pesquisa quantitativa e retrospectiva que analisou o Banco de Dados SIVEP-gripe (Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe), no período de 01/01/2020 a 04/01/2021. Foram incluídas todas as gestantes e puérperas com diagnóstico de SRAG causada por COVID-19 no Estado de Minas Gerais. Após a análise descritiva do perfil das internações, avaliou-se a associação entre diferentes variáveis de exposição e a ocurrência de óbito.

Resultados:

dos 227 registros obtidos, 94,3% necessitaram de hospitalização. Dentre as internações em Unidade de Terapia Intensiva, 29,8%fizeram uso de suporte ventilatório invasivo. Quinze óbitos foram registrados. As manifestações clínicas mais frequentes foram: tosse e febre; já as comorbidades predominantes foram doença cardiovascular e diabetes mellitus. As variáveis “internação em UTI”, “uso de suporte ventilatório” e “cardiopatia” apresentaram associação com ao corrência de óbitos.

Conclusão:

a hospitalização foi necessária para a maioria das gestantes com SRAG e a presença de cardiopatia prévia aumentou o risco de óbito. Conhecer o perfil de morbimortalidade por SRAG é importante na definição de estratégias de saúde pública que visem à redução dos impactos da COVID-19 na gestação e puerpério.

Palavras-chave
COVID-19; Síndrome respiratória aguda grave; Gravidez; Período pósparto; Complicações infecciosas na gravidez

Abstract

Objectives:

to evaluate the morbidity and mortality profile and factors associated with death due to severe acute respiratory syndrome (SARS) by COVID-19 in pregnant and postpartum women.

Methods:

this is a quantitative and retrospective research that analyzed the SIVEP-gripe Database (Influenza Epidemiological Surveillance Information System), from 01/01/2020 to 04/01/2021. All pregnant women and postpartum women diagnosed with SARS caused by COVID-19 in the State of Minas Gerais were included. After the descriptive analysis of the hospitalizations profile, the association between different exposure variables and the occurrence of death was evaluated.

Results:

of the 227 records obtained, 94.3% required hospitalization. Among hospitalizations in the Intensive Care Unit, 29.8% used invasive ventilatory support. Fifteen deaths were recorded. The most frequent clinical manifestations were: cough and fever; the predominant comorbidities were cardiovascular disease and diabetes mellitus. The variables “ICU stay”, “use of ventilatory support” and “heart disease” were associated with the occurrence of deaths.

Conclusions:

hospitalization was necessary for most pregnant women with SARS and the presence of previous heart disease increased the risk of death. Knowing the SARS morbidity and mortality profile is important in the definition of public health strategies aimed at reducing the impacts of COVID-19 during pregnancy and the puerperium.

Key words
COVID-19; Severe acute respiratory syndrome; Pregnancy; Postpartum period; Pregnancy infectious complications

Introdução

A pandemia da COVID-19, causada pelo Coronavírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave 2 (SARS-CoV-2) já fez mais de 111 milhões de vítimas no mundo e foi responsável por mais de 2,4 milhões de óbitos até 24 de fevereiro de 2021. O Brasil ocupa o terceiro lugar no número de casos, com mais de 10 milhöes de doentes, e o segundo em número de óbitos, com mais de 247 mil.11. WHO Coronavirus Disease (COVID-19) Dashboard [database on the Internet]. World Health Organization. 2020. Available from: https://covid19.who.int/.
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A inexistência de terapias efetivas agrava ainda mais a situação.

Dentre os grupos de risco sabidamente conhecidos, destacam-se as gestantes, urna vez que as alterações fisiológicas da gestação aumentam o risco de infecções. A dispneia fisiológica provocada pelo aumento do metabolismo materno, com maior consumo de oxigênio, agravada pela anemia gestacional, deve ser devidamente avaliada para não ser confundida com a dispneia patológica. Outras alterações também podem contribuir para um pior prognóstico, tais como volumes pulmonares alterados e diminuição da imunidade mediada pelas células Th1, em decorrência de ambiente dominante de células Th2.22. Dashraath P, Wong JLJ, Lim MXK, Lim LM, Li S, Biswas A, et al. Coronavirus disease 2019 (COVID-19) pandemic and pregnancy. Am J Obstet Gynecol. 2020; 222(6):521-31. Vale ressaltar que, inicialmente, foram consideradas no grupo de risco apenas as gestantes de alto risco, mas após análises epidemiológicas e considerando a elevação da razão de mortalidade materna em países em desenvolvimento, as demais gestantes também foram incluídas.33. Brasil. Manual de Recomendações para a Assistência à Gestante e Puérpera frente à Pandemia de Covid-19. Brasília: Ministério da Saúde; 2020. Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_de_recomendações_para_a_assistência_da_gestante_e_puerpera_frente_a_Pandemia_de_Covid-19_v.1.pdf.
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No Brasil, não há um sistema exclusivo para registro e monitoramento dos casos de COVID-19 em gestantes e puérperas. Contudo, há um sistema nacional de dados, o Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe), que inclui os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), incluindo aqueles causados pelo SARS-CoV-2 e que contempla esta população. A SRAG em gestantes ou puérperas é considerada um agravamento do quadro clínico do paciente com COVID-19 e é caracterizada por síndrome gripal que atenda a um dos seguintes critérios: (1) dispneia ou desconforto respiratório; (2) pressão torácica persistente; (3) saturação de O2 inferior a 95% em ar ambiente; (3) cianose labial ou facial. É importante observar também a presença de hipotensão e oligúria.33. Brasil. Manual de Recomendações para a Assistência à Gestante e Puérpera frente à Pandemia de Covid-19. Brasília: Ministério da Saúde; 2020. Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_de_recomendações_para_a_assistência_da_gestante_e_puerpera_frente_a_Pandemia_de_Covid-19_v.1.pdf.
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Acompanhar a ocorrência de casos de SRAG por COVID-19, em gestantes e puérperas, se faz necessário urna vez que tem sido relatadas mortalidades elevadas nesses grupos.44. Takemoto MLS, Menezes MO, Andreucci CB, Nakamura-Pereira M, Amorim MMR, Katz L, et al. The tragedy of COVID-19 in Brazil: 124 maternal deaths and counting. Int J Gynaecol Obstet. 2020. Sendo assim, o presente estudo avaliou o perfil de morbimortalidade e os fatores associados ao óbito pela SRAG por COVID-19 em gestantes e puérperas no Estado de Minas Gerais.

Métodos

Trata-se de urna pesquisa quantitativa e retrospectiva que analisou o Banco de Dados da Síndrome Respiratória Aguda Grave do SIVEP-gripe, incluindo dados da COVID-19 e disponibilizado pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), referente ao período de 01 de janeiro de 2020 a 04 de janeiro de 2021.5

Foram incluídas grávidas em diferentes períodos gestacionais e puérperas residentes em Minas Gerais, com o diagnóstico final por SRAG causada pela COVID-19. Foram selecionadas variáveis relacionadas a fatores sociodemográficos (idade, raça/cor e escolaridade), sinais e sintomas (febre, tosse, dor de garganta, dispneia, desconforto respiratório, saturação O2, diarreia e vômito), presença de comorbidades (doença cardiovascular crônica, doença hematológica crônica, asma, diabetes mellitus, doença neurológica, outra pneumopatia crônica, imunodeficiência, doença renal crônica e obesidade), características da hospitalização (internação em unidade de terapia intensiva, necessidade de suporte ventilatório e evolução clínica) e quanto às alterações radiológicas (raio X de tórax).

A distribuição espacial dos casos de SRAG por COVID-19 foi apresentada por meio de um mapa coroplético. A análise da normalidade das variáveis quantitativas foi realizada pelo teste de Shapiro-wilk e a comparação das medianas das idades em relação ao óbito, por meio do teste de Mann-Whitney. Os testes de qui-quadrado ou exato de Fischer, bem como os riscos relativos e seus intervalos de confiança, foram utilizados para a análise da associação entre as variáveis qualitativas estudadas e a ocorrência de óbito. As análises estatísticas foram conduzidas no software IBM SPSS®, comum nível de significância de 5%.

Por se tratarem de dados secundários, de acesso público, irrestrito e sem identificação dos participantes da pesquisa, o estudo é dispensado de avaliação pelo Comitê de Ética em Pesquisa, conforme Resolução CNS n° 510 de 07 de abril de 2016.66. Saúde Md. Resolução n° 510, de 07 de abril de 2016. Dispõe sobre as normas aplicáveis a pesquisas em Ciências Humanas e Sociais cujos procedimentos metodológicos envolvam a utilização de dados diretamente obtidos com os participantes ou de informações identificáveis ou que possam acarretar riscos maiores do que os existentes na vida cotidiana. Brasília2016).

Resultados

No Brasil, foram registrados 10.421 casos de SRAG em gestantes e puérperas, entre 01 de janeiro de 2020 e 04 de janeiro de 2021, segundo o SIVEP-gripe, sendo que 4.765 destas tiveram o diagnóstico de COVID-19. Ainda, segundo mesmo banco de dados, em Minas Gerais, houve o registro de 756 gestantes e puérperas com SRAG e 227 destas tiveram diagnóstico de COVID-19, representando 30% dos casos.

Assim, foram analisados os registros de 210 gestantes (92,5%) e 17 puérperas (7,5%), com idade média de 32 ° 9 anos, com Síndrome Respiratória Aguda Grave causada pela COVID-19. A maior parte destas se autodeclarou parda (53,1%) e possuía ensino médio (61,4%). Em relação à idade gestacional, 45,8% (n=104) das pacientes com SRAG por COVID-19 estavam no 3a trimestre da gestação (Tabela 1). O critério de encerramento do diagnóstico foi laboratorial em 219 (96,5%) dos casos. Para seis pacientes, a informação sobre o tipo de teste realizado estava ausente, porém essas mulheres tiveram COVID-19 como classificação final. O teste diagnóstico com maior frequência foi a Transcriptase Reversa, seguida de Reação em Cadeia da Polimerase (RT-PCR), realizado com amostras de 193 (88,1%) gestantes e puérperas. Urna gestante (0,46%) teve o critério de diagnóstico epidemiológico, e em outra gestante (0,46%) o diagnóstico foi realizado por imagem.

Tabela 1
Dados sociodemográficos das gestantes e puérperas com SRAG causada pela COVID-19, no Estado de Minas Gerais, entre 01 de janeiro de 2020 e 04 de janeiro de 2021, n=227.

A distribuição dos casos por semana epidemiológica é demonstrada na Figura 1, sendo a semana 28 com o maior número de notificações (n=17). As cidades com mais registros de casos da COVID-19 em Minas Gerais foram, Belo Horizonte (26,9%) e Uberlândia (12,3%) e de óbitos, Contagem (20,0%) e Poços de Caldas (20,0%). Os óbitos ocorreram em nove municípios distintos (Figura 2).

Figura 1
Registros de Síndrome Respiratória Aguda Grave causada pela COVID-19 em gestantes e puérperas, no estado de Minas Gerais, entre 01 de janeiro de 2020 e 04 de janeiro de 2021, de acordo com a semana epidemiológica, n=227.
Figura 2
Distribuição dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave causada pela COVID-19 em gestantes e puérperas, no Estado de Minas Gerais, por cidade de ocorrência, entre 01 de janeiro de 2020 e 04 de janeiro de 2021, n=227.

Em relação às manifestações clínicas, houve predominância de tosse, febre e dispneia. As comorbidades mais frequentes foram doença cardiovascular crônica, diabetes mellitus e obesidade, seguidos por asma. A alteração radiográfica mais frequente foi o infiltrado intersticial (Tabela 2). Do total de pacientes, 94,3% (n=214) necessitaram de internação, sendo 47 destas em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O suporte ventilatório invasivo foi utilizado em 29,8% (n=14) das pacientes internadas na UTI e por nove que não necessitaram de cuidados intensivos, totalizando 23 pacientes. O suporte ventilatório não invasivo foi necessário em 66 gestantes e puérperas (Tabela 2).

Tabela 2
Dados clínicos das gestantes e puérperas com SRAG causada pela COVID-19, no Estado de Minas Gerais, entre 01 de janeiro de 2020 e 04 de janeiro de 2021.

Ao avaliar a cobertura vacinal contra gripe, foi observado que apenas 63 mulheres foram imunizadas. Em relação ao uso de antiviral, observou-se que 47 receberam terapia antiviral, sendo que 44 (93,6%) destas fizeram uso do Oseltamivir e urna (2,1%), Zanamivir.

Foram registrados quinze (6,7%) óbitos de gestantes e puérperas. As variáveis “presença de comorbidades”, ‘internação em UTI”, “uso de suporte ventilatório” e “cardiopatia” apresentaram associação estatisticamente significativa à evolução ao óbito (p<0,05) (Tabela 3). Não houve diferença significativa entre as medianas das idades das mulheres que foram ou não a óbito. Tendo em vista que, dentre os fatores de risco avaliados, apenas a presença de “cardiopatia” foi significativamente associada com a ocorrência de óbitos, não foi realizada análise multivariada dos dados.

Tabela 3
Análise de associação das variáveis das pacientes com SRAG causada pela COVID-19, no Estado de Minas Gerais, entre 01 de janeiro de 2020 e 04 de janeiro de 2021, n=227.

Discussão

A ocorrência de SRAG por COVID-19, em gestantes e puérperas no Estado de Minas Gerais, foi mais comum em pacientes pardas, com idade entre 20 e 34 anos, no 3° trimestre da gestação e com comorbidades. A COVID-19 foi responsável pelo óbito de 6,4% das gestantes e puérperas com SRAG e o risco de óbito esteve mais associado à presença da comorbidade cardiopatia, bem como ao uso de ventilador e de cuidados de terapia intensiva. No entanto, apenas a cardiopatia pode ser considerada um fator de risco aumentado para o óbito, sendo as demais variáveis associadas, consideradas como indicadores da gravidade do caso.

Neste estudo, avaliaram-se as características de 227 gestantes e puérperas com Síndrome Respiratória Aguda Grave causada por COVID-19, em Minas Gerais. Após seu primeiro registro, na semana epidemiológica,1212. Carreno I, Bonilha AL, Costa JS. Temporal evolution and spatial distribution of maternal death. Rev Saúde Publica. 2014; 48(4):662-70. houve um aumento dos casos com pico na semana 28 (n=17), porém com importante redução e estabilização após a semana 36 (n=4), retornando a urna elevação nas semanas 49 (n=9) e 51 (n=10), com vertiginosa redução nas demais semanas. Em comparação com os dados de hospitalizações por SRAG no estado, o período de pico está concordante, urna vez que o período com mais registros foi entre as semanas epidemiológicas 27 e 30.77. SESMG. Boletim epidemiológico - Cenário em Minas Gerais - COVID-19 Coronavirus. In: Gerais SdEdSdM, editor. Belo Horizonte: Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais; 2020. Esses dados concordam com os achados em outros surtos e endemias virais, onde o risco de pneumonia viral foi significativamente maior entre as gestantes em comparação com a população em geral.88. Mertz D, Kim TH, Johnstone J, Lam PP, Science M, Kuster SP, et al. Populations at risk for severe or complicated influenza illness: systematic review and meta-analysis. BMJ. 2013; 347: f5061.,99. Mertz D, Geraci J, Winkup J, Gessner BD, Ortiz JR, Loeb M. Pregnancy as a risk factor for severe outcomes from influenza virus infection: A systematic review and meta-analysis of observational studies. Vaccine. 2017; 35(4): 521-8.

Em relação à distribuição dos casos por cidade, observa-se que as duas cidades com maior número de habitantes do Estado, Belo Horizonte e Uberlândia, foram responsáveis pelo registro de 39,2% dos casos de SRAG por COVID-19 em gestantes e puérperas. Betim e Contagem, duas entre as cinco cidades com maior número de habitantes no estado, e Muriaé foram responsáveis por 13,2% dos casos, com 10 registros cada. No entanto, Muriaé ocupa apenas a 29a colocação no ranking das cidades mais populosas de Minas Gerais.1010. Cidades@ [database on the Internet]. IBGE. 2020 [cited 22 out 2020]. Available from: https://cidades.ibge.gov.br/.
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Em relação aos óbitos, Contagem e Poços de Caldas foram responsáveis por 40% dos casos, com três registros cada, seguidos por Governador Valadares e Uberaba, com dois registros cada. Vale ressaltar que Poços de Caldas ocupa apenas a 15a colocação naquele ranking.1010. Cidades@ [database on the Internet]. IBGE. 2020 [cited 22 out 2020]. Available from: https://cidades.ibge.gov.br/.
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Estes dados sugerem que não há uma relação direta entre o número de casos e óbitos de SRAG por COVID-19 em gestantes e puérperas com a população local.

O teste padrão-ouro para o diagnóstico da COVID-19 é a RT-PCR e este foi o método mais utilizado nesta população. No entanto, desde junho de 2020, o MS enfatiza a necessidade de ampliação do teste de PCR RT em grupos prioritários, onde as gestantes e puérperas estão inseridas.33. Brasil. Manual de Recomendações para a Assistência à Gestante e Puérpera frente à Pandemia de Covid-19. Brasília: Ministério da Saúde; 2020. Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_de_recomendações_para_a_assistência_da_gestante_e_puerpera_frente_a_Pandemia_de_Covid-19_v.1.pdf.
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Contudo, a proporção de individuos testados por esse teste é definida de acordo com a capacidade de coleta de cada município.

A grande perda de informações em relação à escolaridade das usuárias pode ter influenciado o resultado de não associação entre grau de instrução e agravamento dos casos de SRAG por COVID-19 na população estudada. No entanto, outros estudos demonstraram que o status socioeconômico e o baixo nível educacional podem acelerar o agravamento do estado de saúde materno, visto que estas variáveis influenciam no autocuidado e interferem na qualidade do pré-natal e efetividade do tratamento, estando assim diretamente relacionadas à mortalidade materna.1111. Morse ML, Fonseca SC, Barbosa MD, Calil MB, Eyer FP. [Maternal mortality in Brazil: what has the scientific literature shown in the last 30 years?]. Cad Saúde Publica. 2011; 27 (4): 623-38.,1212. Carreno I, Bonilha AL, Costa JS. Temporal evolution and spatial distribution of maternal death. Rev Saúde Publica. 2014; 48(4):662-70.

A maioria das pacientes do estudo foi hospitalizada e 23,4% destas necessitaram de cuidados em Unidade de Terapia Intensiva e, alguns casos, até de suporte ventilatório invasivo. Em 2009, durante a pandemia de H1N1, 12% a 25% das gestantes internadas necessitaram de internação em UTI e 6% a 19% fizeram uso de ventilação mecânica.1313. Siston AM, Rasmussen SA, Honein MA, Fry AM, Seib K, Callaghan WM, et al. Pandemic 2009 influenza A(H1N1) virus illness among pregnant women in the United States. JAMA. 2010; 303 (15): 1517-25.,1414. Creanga AA, Kamimoto L, Newsome K, D'Mello T, Jamieson DJ, Zotti ME, et al. Seasonal and 2009 pandemic influenza A (H1N1) virus infection during pregnancy: a population-based study of hospitalized cases. Am J Obstet Gynecol. 2011; 204 (6 Suppl. 1): S38-45.

Em relação às manifestações clínicas, as mais frequentes neste estudo foram tosse (76,1%), febre (63,9%) e dispneia (58,4%), corroborando com um estudo previo, o qual foi observado que gestantes com COVID-19 são menos propensas a ter febre, quando comparadas às mulheres não gestantes, mas em idade reprodutiva, com COVID-19.1515. Allotey J, Stallings E, Bonet M, Yap M, Chatterjee S, Kew T, et al. Clinical manifestations, risk factors, and maternal and perinatal outcomes of Coronavirus disease 2019 in pregnancy: living systematic review and meta-analysis. BMJ. 2020; 370: m3320. As comorbidades que se destacaram foram doença cardiovascular crônica (17,5%), diabetes mellitus (16,1%) e obesidade (14,1%), enquanto nas alterações radiológicas, o infiltrado intersticial (43,6%) foi mais frequente. Em um estudo francês que avaliou 33 maternidades entre 1° de março e 14 de abril de 2020, revelou que os casos de COVID-19 mais graves estavam correlacionados com idades maternas superiores a 35 anos e presença de comorbidades.1616. Ellington S, Strid P, Tong VT, Woodworth K, Galang RR, Zambrano LD, et al. Characteristics of Women of Reproductive Age with Laboratory-Confirmed SARS-CoV-2 Infection by Pregnancy Status - United States, January 22-June 7, 2020. MMWR Morb Mortal Wkly Rep. 2020; 69 (25): 769-75.

Com relação à idade gestacional, 45,8% das gestantes estava no 3° trimestre, porém ainda não se conhece todos os efeitos da infecção por SARS-CoV-2 à gestante e seu feto. Algumas infecções como gripe, malária, hepatite e herpes simples podem ser mais graves quando ocorrem em idades gestacionais mais avançadas.1717. Kourtis AP, Read JS, Jamieson DJ. Pregnancy and infection. N Engl J Med. 2014; 370 (23): 2211-8. Contudo, há relatos de casos em que houve internação com alta hospitalar e curso gestacional sem intercorrências ou curso desconhecido, assim como relatos de perda gestacional após tal infecção no primeiro e inicio do segundo trimestres gestacionais.1818. Yan J, Guo J, Fan C, Juan J, Yu X, Li J, et al. Coronavirus disease 2019 in pregnant women: a report based on 116 cases. Am J Obstet Gynecol. 2020; 223 (1): 111 e1 - e14.

Ao avaliar a cobertura vacinal contra gripe dessas mulheres, notou-se que apenas 63 (50,8%) usuárias foram imunizadas. A vacina contra H1N1 foi ofertada primeiramente para as gestantes em 2010.1919. Pereira BFB, Martins MAS, Barbosa TLA, Silva CSO, Gomes LMX. Motivos que levaram as gestantes a não se vacinarem contra H1N1. Ciênc Saúde Coletiva. 2013; 18 (6): 1745-52. No entanto, em decorrência da pandemia da COVID-19 e para auxiliar no diagnóstico diferencial de outras infecções respiratórias, as gestantes foram incentivadas a receberem a imunização de forma mais precoce.2020. Brasil. Calendário Nacional de Vacinação da Gestante 2020. In: Saúde Md, editor. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2020. Um estudo demonstrou que gestantes imunizadas contra a influenza A tiveram redução média de 40% no risco de hospitalização por gripe, além de oferecer proteção secundária para bebês durante os primeiros meses de vida.2121. Thompson MG, Kwong JC, Regan AK, Katz MA, Drews SJ, Azziz-Baumgartner E, et al. Influenza Vaccine Effectiveness in Preventing Influenza-associated Hospitalizations During Pregnancy: A Multi-country Retrospective Test Negative Design Study, 2010-2016. Clin Infect Dis. 2019; 68(9): 1444-53. Em

Minas Gerais, no ano de 2020, foram imunizadas 29.504 puérperas e 153.764 gestantes, com cobertura estimada em 101,8% dessa população no estado.2222. SESMG. Informe Epidemiológico da Gripe - 19/08/2020. Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais; 2020.

Em relação à terapia antiviral, observou-se que 47 (24,1%) usuárias fizeram uso desses medicamentos, com destaque para o Oseltamivir (93,6%). O MS recomenda que gestantes e puérperas com síndrome gripal e em risco para COVID-19, ainda que imunizadas, sejam tratadas com Oseltamivir na dose usual para reduzir a morbimortalidade materna.2323. Saúde Md. Protocolo de Manejo Clínico do CoronaVírus (COVID-19) na Atenção Primária à Saúde. In: (SAPS) SdAPàS, editor. 7 ed. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2020. p. 38. De acordo com o Centers for Disease Control and Prevention (CDC), o tratamento antiviral iniciado precocemente tern maior probabilidade de beneficios as usuarias.2424. CDC. Recommendations for Obstetric Health Care Providers Related to Use of Antiviral Medications in the Treatment and Prevention of InfluenzaCenters forDisease Control and Prevention; 2020 23 Out 2020; Disponível em: https://www.cdc.gov/flu/professionals/antivirals/avrec_ob.htm.
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Vale ressaltar que o Oseltamivir e outro antiviral utilizado pela população do estudo, porém com menor frequência, o Zanamivir, é aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para quimioprofilaxia da gripe.2323. Saúde Md. Protocolo de Manejo Clínico do CoronaVírus (COVID-19) na Atenção Primária à Saúde. In: (SAPS) SdAPàS, editor. 7 ed. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2020. p. 38.

Quando se observa à letalidade, 6,6% das gestantes e puérperas com SRAG por COVID-19 no período analisado foram a óbito. Durante a pandemia de H1N1 em 2009, a letalidade foi entre 1% e 4,3%,1313. Siston AM, Rasmussen SA, Honein MA, Fry AM, Seib K, Callaghan WM, et al. Pandemic 2009 influenza A(H1N1) virus illness among pregnant women in the United States. JAMA. 2010; 303 (15): 1517-25.,1414. Creanga AA, Kamimoto L, Newsome K, D'Mello T, Jamieson DJ, Zotti ME, et al. Seasonal and 2009 pandemic influenza A (H1N1) virus infection during pregnancy: a population-based study of hospitalized cases. Am J Obstet Gynecol. 2011; 204 (6 Suppl. 1): S38-45. sendo que desfechos mais desfavoráveis podem ser explicados em parte pelas mudanças de fisiomodulação respiratória e imunológica na gravidez.2525. LoMauro A, Aliverti A. Respiratory physiology of pregnancy: Physiology masterclass. Breathe (Sheff). 2015; 11 (4): 297-301. O maior risco de óbito esteve associado ao tempo de internação em unidade de terapia intensiva. Nesta perspectiva, um estudo na cidade de Nova Iorque (EUA) demonstrou que a mortalidade materna foi de 15% e a média de dias de permanência em UTI por COVID-19, foi de oito dias.2626. Blitz MJ, Rochelson B, Minkoff H, Meirowitz N, Prasannan L, London V, et al. Maternal mortality among women with Coronavirus disease 2019 admitted to the intensive care unit. Am J Obstet Gynecol. 2020; 223 (4): 595-9 e5. Neste estudo, a média de dias de permanência na UTI foi de seis dias, com considerável mortalidade hospitalar (25%).

Nesse estudo obteve-se também que as gestantes cardiopatas apresentaram 3,07 vezes mais risco de óbito em relação a gestante sem cardiopatia. Esses dados concordam com outros estudos onde gestantes cardiopatas apresentam maior risco de complicações cardíacas graves.2727. Marques-Santos C, Avila WS, Carvalho RCM, Lucena AJG, Freire CMV, Alexandre ERG, et al. Position Statement on COVID-19 and Pregnancy in Women with Heart Disease Department of Women Cardiology of the Brazilian Society of Cardiology - 2020. Arq Bras Cardiol. 2020; 115 (5): 975-86.,2828. Pfaller B, Sathananthan G, Grewal J, Mason J, D'Souza R, Spears D, et al. Preventing Complications in Pregnant Women With Cardiac Disease. J Am Coll Cardiol. 2020; 75 (12): 1443-52.

Mesmo durante a pandemia, estudos sobre os impactos da infecção por COVID-19 na apresentaçâo clínica e desfechos perinatais e/ou puerperais continuam sendo desenvolvidos. No entanto, os dados ainda são limitados e não são conclusivos quanto ao risco de acréscimo de formas graves de COVID-19 associado à gravidez. Ainda assim, devido às alterações fisiológicas do período gestacional e puerperal, estas mulheres podem ser seriamente afetadas por infecções. Portanto, é importante a adoção de medidas de precaução contra a COVID-19 e o acompanhamento sistemático das gestantes, ainda que esse acompanhamento ocorra no atendimento não presencial, principalmente daquelas cujo perfil se assemelha ao de maior risco descrito neste trabalho.1616. Ellington S, Strid P, Tong VT, Woodworth K, Galang RR, Zambrano LD, et al. Characteristics of Women of Reproductive Age with Laboratory-Confirmed SARS-CoV-2 Infection by Pregnancy Status - United States, January 22-June 7, 2020. MMWR Morb Mortal Wkly Rep. 2020; 69 (25): 769-75.,2929. Poon LC, Yang H, Kapur A, Melamed N, Dao B, Divakar H, et al. Global interim guidance on Coronavirus disease 2019 (COVID-19) during pregnancy and Puerperium from FIGO and allied partners: Information for healthcare professionals. Int J Gynaecol Obstet. 2020; 149 (3): 273-86.,3030. Westgren M, Pettersson K, Hagberg H, Acharya G Severe maternal morbidity and mortality associated with COVID-19: The risk should not be downplayed. Acta Obstet Gynecol Scand. 2020; 99 (7): 815-6. O perfil de morbimortalidade da SRAG por COVID-19 nas gestantes e puérperas, em Minas Gerais, obtido neste estudo, pode auxiliar na definição de políticas públicas de saúde direcionadas para a população estudada. Além disso, os resultados apresentados podem contribuir para o desenvolvimento de novos estudos que avaliem o impacto direto desta infecção na gestação e puerpério. Cabe ressaltar ainda que este estudo apresenta limitações, urna vez que contempla apenas os registros do Banco de Dados de Síndrome Respiratória Aguda Grave e pode haver subnotificação devido às estratégias de testagem no estado. Ademais, não se pode excluir a possibilidade de erros no registro dos dados e aqueles ignorados foram tratados como negativos. Porém, acreditamos que essas limitações não afetaram a validade dos resultados obtidos, haja vista que foram infrequentes no banco analisado e que, durante a pandemia, o SIVEP-gripe é a principal fonte de dados do país.

Assim, concluímos que a hospitalização foi necessária para a maioria das gestantes com SRAG e a presença de cardiopatia prévia aumentou o risco de óbito. Sendo assim, o atendimento às gestantes e puérperas com SRAG por COVID-19 deve ser priorizado principalmente nos casos em que as pacientes possuem comorbidades. Ademais, o diagnóstico precoce e o monitoramento podem auxiliar na redução da gravidade do caso, reduzindo a necessidade e o tempo de internação em UTI e, consequentemente, reduzindo o risco de óbito.

Contribuição dos autores

Nogueira AP, Bernardes GCS, Almeida NA, Nogueira LS e Pinheiro MB participaram da conceituação, curadoria de dados, análise formal, investigação, escrita do rascunho original e escrita da revisão/edição do manuscrito. Melo SN e Belo VS participaram da análise formal, metodologia, software e escrita da revisão/edição do manuscrito. Todos os autores aprovaram a versão final do artigo.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    30 Jun 2021
  • Data do Fascículo
    Maio 2021

Histórico

  • Recebido
    20 Nov 2020
  • Aceito
    04 Mar 2021
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