Gestão do conhecimento: conexões para o ensino da pesquisa na graduação em enfermagem

RESUMO

Objetivos:

compreender os significados que estudantes e professores de enfermagem atribuem à pesquisa e ao ensino da pesquisa no contexto da graduação.

Métodos:

pesquisa qualitativa, cujos referenciais teórico e metodológico foram a Teoria da Complexidade e a Teoria Fundamentada nos Dados. Foram entrevistados 16 estudantes e 14 professores de graduação em enfermagem de uma universidade pública do Rio de Janeiro. Entrevistas semiestruturadas foram utilizadas para coletar os dados.

Resultados:

causas, ações e interações relacionadas à pesquisa e ao ensino da pesquisa na graduação em enfermagem estão conectadas com o aprender ciência para a práxis da enfermagem, que vai desde a capacidade de questionamento do estudante até a compreensão destes e dos seus professores sobre as demandas sociais pautadas na ciência.

Considerações Finais:

professores e estudantes de enfermagem significam a pesquisa e ensino desta como estrutura da formação do enfermeiro para a capacidade crítica profissional necessária ao atendimento das demandas sociais.

Descritores:
Enfermagem; Gestão do Conhecimento; Pesquisa em Enfermagem; Estudantes de Enfermagem; Docentes de Enfermagem

ABSTRACT

Objectives:

to understand the meanings that nursing students and professors attribute to research and research teaching in the context of undergraduate studies.

Methods:

this is a qualitative research, whose theoretical and methodological frameworks were Complexity Theory and Grounded Theory. Sixteen students and 14 undergraduate nursing professors from a public university in Rio de Janeiro were interviewed. Semi-structured interviews were used for data collection.

Results:

causes, actions, and interactions related to research and teaching research in undergraduate nursing are connected with learning science for nursing praxis, which ranges from students' ability to question to their and their professors' understanding of social demands guided by science.

Final Considerations:

nursing professors and students signify research and teaching of this as a structure for the training of nurses for the critical professional capacity needed to meet social demands.

Descriptors:
Nursing; Knowledge Management; Nursing Research; Students, Nursing; Faculty, Nursing

RESUMEN

Objetivos:

comprender los significados que los estudiantes y docentes de enfermería atribuyen a la investigación y la docencia investigadora en el contexto de las carreras de grado.

Métodos:

investigación cualitativa, cuyos marcos teóricos y metodológicos fueron la Teoría de la Complejidad y la Teoría Fundamentada. Se entrevistó a 16 estudiantes y 14 profesores de enfermería de pregrado de una universidad pública de Río de Janeiro. Se utilizaron entrevistas semiestructuradas para recolectar los datos.

Resultados:

las causas, acciones e interacciones relacionadas con la investigación y la docencia de la investigación en el pregrado de enfermería están conectadas con el aprendizaje de la ciencia para la praxis de enfermería, que va desde la capacidad de cuestionamiento del estudiante hasta la comprensión de éste y sus docentes sobre las demandas sociales basadas en la ciencia.

Consideraciones Finales:

los profesores y estudiantes de enfermería entienden la investigación y la docencia de la enfermería como estructura para la formación del enfermero para la capacidad crítica profesional necesaria para atender las demandas sociales.

Descriptores:
Enfermería; Gestión del Conocimiento; Investigación em Enfermería; Estudiantes de Enfermería; Docentes de Enfermería

INTRODUÇÃO

O progresso da enfermagem está condicionado à sua capacidade de colaborar com o desenvolvimento das sociedades a partir do atendimento das demandas de saúde das pessoas^1-2. Por esta razão, cabe considerar a complexidade subjacente aos seus objetos de interesse, haja vista o enfermeiro ser capaz de envolver, em seu processo de trabalho, as especificidades contextuais em que está inserido, sem, contudo, descontextualizar os fenômenos locais de suas relações globais. Depreende-se, dessa perspectiva, a relação hologramática da complexidade, ao considerar que a parte está no todo o toda está contido nas partes³. Por conseguinte, tem-se o contínuo desafio da formação de recursos humanos qualificados para atender à dinâmica das complexidades global e locais dos sistemas de saúde².

Do exposto, resulta a importância do conhecimento científico atualizado como eixo que sustenta e movimenta o escopo de saber e de atuação profissional⁴. Assim, faz-se pertinente considerar a pesquisa como processo de elevado valor social, pois é condição para conceber e desenvolver a ciência^5-6. Logo, o desenvolvimento de competências para pesquisa é, também, campo de interesse da enfermagem, uma vez que é preciso considerar as relações entre ciência e as transformações sociais a partir do exercício da profissão alicerçado no conhecimento científico atualizado^1-2,5.

Por outro lado, embora a literatura científica apresente um fluxo expressivo de publicações que considera a própria pesquisa como objeto de estudo, é possível considerar, diante da expansão de produções científicas da área, a importância de abordagens que consideram o ensino da pesquisa na graduação como potencial contexto de conexões entre competências para a prática investigativa e a valorização da ciência como elemento indissociável da formação e práxis profissional^7-9.

O ensino da pesquisa, nesse sentido, implica as condições para o desenvolvimento de competências que garantam conhecimentos autênticos, isto é, conhecimentos que permitam progresso no campo científico, ao tempo que possibilita transformações sociais^1-2,5. Para o estudante de graduação, faz-se pertinente destacar a necessidade de estratégias didáticas e metodológicas, no contexto do ensino da ciência, que permitam desenvolver a capacidade do pensamento crítico para ações conscientes da profissão que passará a integrar quando titulado enfermeiro^8,10-12. Depreende-se, dessa realidade, o exercício científico para garantir uma ciência com consciência, que, na perspectiva do pensamento complexo, implica o conhecimento contextualizado que valoriza a multidimensionalidade, mesmo quando a delimitação de um objeto é necessária, pois considera que todos os problemas da humanidade, o que inclui os de pesquisa, estão inseridos em um contexto local e global que lhes dá sentido¹³.

Assim, advoga-se o entendimento de que as competências para desenvolver pesquisa e implementar ciência, associadas a outras competências, são condições para que a enfermagem continue avançando com a autonomia necessária para melhor intervir nos diferentes contextos de saúde e cenários sociopolíticos que permeiam as demandas e ações de cuidado¹⁴, resultando, desse processo, a lógica do princípio circuito recursivo da complexidade, ao considerar que "os produtos e os efeitos são, eles mesmos, produtores e causadores daquilo que os produz"³. Logo, o progresso da ciência da enfermagem pode estar diretamente relacionado ao desenvolvimento de competências para a ciência ainda na formação do enfermeiro. Portanto, faz-se pertinente conhecer os fatores que podem influenciar o progresso científico da enfermagem, pautado na importância das conexões entre ciência e processo de trabalho, com vistas à qualidade da atenção à saúde.

Dentre as potenciais condições intervenientes desse processo, os significados que o enfermeiro atribui à pesquisa e ao ensino da pesquisa podem ser relevantes ao envolvimento que esse profissional estabelece com o desenvolvimento e consumo de ciência⁷. Acerca disto, cabe reiterar o contexto da formação profissional, a graduação, como ponto de partida para a valorização da pesquisa pelo enfermeiro^9,15.

Ademais, a complexidade que subjaz do sistema de formação profissional está pautada nas interações de vários elementos, dos quais estão estudantes, professores e o contexto das condições de trabalho e de ensino-aprendizagem que permeiam esse processo^8,16-17. Nesse sentido, há que se destacar a importância de aprofundar o conhecimento acerca dos fatores que influenciam, no campo dos significados, a formação do espírito científico do enfermeiro no âmbito do ensino da pesquisa na graduação, sobretudo a partir da perspectiva complexa que contemple os significados de professores e estudantes inseridos nesse processo de formação acadêmica e profissional^8-9. Resulta, dessa realidade problematizada, a potencial relevância e justificativa para os resultados desta pesquisa. Logo, considera-se pertinente aprofundamentos para a compreensão da realidade que pode explicar a seguinte questão de pesquisa: quais significados que professores e estudantes de graduação em enfermagem atribuem à pesquisa e ao ensino da pesquisa na formação do enfermeiro no âmbito universitário?

OBJETIVOS

Compreender os significados que estudantes e professores de enfermagem atribuem à pesquisa e ao ensino da pesquisa no contexto da graduação.

MÉTODOS

Aspectos éticos

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) de uma universidade pública federal do Rio de Janeiro. A participação na pesquisa ocorreu de forma voluntária, após esclarecimento e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Para manter o anonimato dos participantes, os mesmos foram designados, alfanumericamente, de acordo com o grupo amostral de origem e a sequência da entrevista.

Referencial teórico-metodológico

Para a organização, sistemática e tratamento dos dados, a Grounded Theory¹⁸ foi utilizada como referencial metodológico. Para a interpretação dos dados e abstração teórica, foi utilizada, como referencial teórico, a Teoria da Complexidade^3,12. Cabe destacar que a Teoria da Complexidade visa compreender os fenômenos sociais, culturais e até biológicos a partir das conexões estabelecidas entre os elementos que integram tais fenômenos, com destaque para o contexto do qual emergem e para a multidimensionalidade envolvida neles¹³.

A Grounded Theory, que no Brasil é traduzida como Teoria Fundamentada nos Dados, consiste em método capaz de gerar, a partir de análise comparativa entre dados, categorias e subcategorias uma teia complexa que permite a compreensão do fenômeno investigado¹⁷. Por envolver um paradigma que posiciona as categorias geradas em perspectiva multidimensional ao considerar elementos contextuais, causais, intervenientes, de ação-interação do fenômeno, a Grounded Theory se alinha com a epistemologia da complexidade. Desse modo, as relações entre o referencial metodológico da Grounded Theory e o referencial teórico da Complexidade conferem coerência aos polos teórico, técnico, epistemológico e morfológico da pesquisa científica¹⁹.

Tipo de estudo

Pesquisa qualitativa, cujo rigor metodológico foi orientado pelo COnsolidated criteria for REporting Qualitative research (COREQ). O desenho do estudo direcionou para o tipo de pesquisa explicativa, pois o fenômeno investigado buscou o atingimento do objetivo da pesquisa a partir de conexões entre conceitos para a compreensão dos fatores que contribuem, determinam, ou estruturam significados acerca da pesquisa e do ensino da pesquisa na graduação em enfermagem em sua relação epistemológica entre sujeito/imagem/objeto do conhecimento^20-21.

Procedimentos metodológicos

A coleta de dados, a partir de entrevistas semiestruturadas, seguiu as etapas analíticas da Grounded Theory, que consistem em codificação aberta, axial e de integração. Na etapa da codificação aberta, os conceitos foram identificados a partir de comparações entre suas dimensões e propriedades. Por dimensões e propriedades, entendem-se as particularidades dos dados que conferem intensidades distintas para um mesmo fenômeno mencionado, por exemplo, pelos participantes. Nesse sentido, dessa etapa, emergiram os códigos preliminares, cujos títulos provisórios foram elaborados levando-se em consideração as propriedades e dimensões dos dados. A partir dos códigos preliminares, foi inciada a comparação entre eles com vistas a agrupá-los em códigos conceituais¹⁷.

A etapa seguinte foi a axial. Nesse momento, deu-se início à formação de categoiras e suas respectivas subcategorias a partir do agrupamento dos códigos conceituais¹⁸. Assim sendo, na axial, foi realizado o reagrupmaneto de dados, antes separados na codificação aberta.

Já a integração, terceira etapa analítica, realizou a comparação e análise das categorias e subcategorias, de forma contínua, objetivando o aprofundamento e conexões entre categorias, o que pode ser considerado também como etapa de interações entre conceitos para a explicação aprofundada do fenômeno^18-19.

Cenário do estudo

Desvelar significados a partir da experiência vivenciada, isto é, apreendida a partir dos sentidos, e decodificada mediante as subjetividades que permeiam o processo de construção de significados diante de um determinado fenômeno, implica considerar um cenário rico de possibilidades para que seja possível alcançar a profundidade necessária para aquilo que se quer conhecer. Nesse sentido, o cenário da pesquisa foi um curso de graduação em enfermagem de uma universidade pública federal, situada na Região Norte fluminense do estado do Rio de Janeiro.

Esse curso, devidamente reconhecido pelo Ministério da Educação do Brasil, apresenta, dentre suas peculiaridades para o ensino da pesquisa, oito disciplinas obrigatórias de pesquisa, incluindo a disciplina relacionada ao desenvolvimento do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). A escolha desse cenário deveu-se, portanto, pela peculiaridade de seu contexto em relação ao potencial desenvolvimento do ensino de pesquisa no curso de graduação em enfermagem. Desse modo, reteira-se, para alcançar a profundidade dos significados dos particpantes em relação ao ensino da pesquisa, além dos elementos teórico e metodológico, fez-se necessário delimitar o cenário de pesquisa coerente com a viência e experiência dos potenciais participantes diante do fenômeno "ensino da pesquisa na graduação em enfermagem".

Fonte de dados

Considerando o princípio hologramático da complexidade, que sinaliza para a realidade em que o todo constitui a parte e a parte está inserida no todo, assim como o cenário da pesquisa, os participantes também necessitam apresentar vivências em relação ao fenômeno investigado: ensino da pesquisa na graduação. Assim sendo, os participantes da pesquisa constituíram dois grupos amostrais, professores e estudantes de graduação em enfermagem.

Apesar da amostragem teórica, na Grounded Theory, designar, geralmente, apenas um grupo inicial para o objeto de pesquisa em pauta, bem como a partir da perspectiva da complexidade, considerou-se necessária a conformação dos dois grupos supracitados. Os critérios de inclusão para selecionar os professores, foram: ser professor do curso de graduação em enfermagem, com tempo de experiência profissional como docente na graduação em enfermagem igual ou superior a um ano. Como critérios de exclusão: ser professores lotados na instituição, na qualidade de substitutos ou temporários, bem como os que estavam de férias ou de licença de qualquer natureza durante o período de coleta de dados.

Para o grupo de estudantes, foram critérios de inclusão: estudantes de enfermagem que estivessem cursando o último ano do curso de graduação. Foram critérios de exclusão: estudantes que já realizaram outro curso de graduação (em qualquer área de conhecimento), uma vez que diante da experiência de um curso de graduação concluído poderiam ter significados diferentes do objeto de estudo aqui selecionado. Desse modo, a partir dos critérios supracitados, por conveniência, foram selecionados 30 participantes, sendo 16 estudantes e 14 professores de enfermagem.

Para recrutar os participantes, foram estabelecidos contatos formais, presencialmente, no espaço da instituição, que conformou o cenário da pesquisa. A partir das primeiras coletas de dados, buscaram-se novos participantes, conforme necessidade analítica da pesquisa a partir das hipóteses geradas no decurso analítico. Cabe destacar, nesse sentido, que uma das características da Grounded Theory consiste na coleta e análise simultânea dos dados. Este movimento, a partir do auxílio de memorandos e diagramas, corrobora a possibilidade do surgimento de hipóteses, no decurso investigativo, que podem direcionar a necessidade de coleta de dados com outros participantes do mesmo grupo amostral ou, até mesmo, com novos grupos amostrais.

A seleção dos participantes foi orientada pela amostragem teórica, não probabilística, que, na Grounded Theory, consiste em maximizar oportunidades comparativas de fatos ou incidentes para determinar como uma categoria varia em termos de suas propriedades e dimensões¹⁸.

Coleta e organização dos dados

Para a coleta de dados, utilizou-se a entrevista semiestruturada, realizada entre junho de 2017 e maio de 2018, concomitantemente com os dois grupos amostrais, cujas questões norteadoras foram: o que você entende por pesquisa científica? Fale-me sobre o ensino da pesquisa no curso de graduação em enfermagem. Contudo, visando à profundidade da compreensão do fenômeno investigado, à medida que os pesquisadores consideraram necessárias, foram empregadas perguntas circulares.

Antecipando a entrevista, foi aplicado um questionário com perguntas fechadas para a caracterização dos participantes, cujo foco foi identificar o perfil em relação ao envolvimento com a pesquisa em seu processo de atuação profissional e/ou formação universitária. O tempo médio das entrevistas foi de 35 minutos, realizadas na própria instituição, em local calmo e reservado.

Análise dos dados

A análise dos dados ocorreu a partir do processo de codificação que, na Grounded Theory, consiste em análise comparativa, em três níveis: aberta, axial e integração¹⁷. As categorias foram ordenadas de acordo com o modelo paradigmático¹⁷. Esse esquema permite coerência explicativa a partir das conexões entre as dimensões que sustentam o objeto de estudo. Sua estrutura se organiza a partir de condições, ações-interações e consequências.

RESULTADOS

Dos 14 professores que compuseram o primeiro grupo amostral, todos eram enfermeiros, sendo nove doutores e cinco mestres em enfermagem, dos quais três estavam cursando doutorado em enfermagem. Em relação ao vínculo institucional com o cenário da pesquisa, 12 professores apresentavam 40 horas semanais de dedicação exclusiva para a universidade e dois aparentavam vínculo de 20 horas semanais. Todos orientavam estudantes de graduação em projetos de pesquisa, variando entre iniciação científica (IC) e TCC. Apenas dois professores realizaram a graduação em enfermagem em instituições privadas. Nenhum dos entrevistados orientava pesquisas em Pós-Graduação Stricto Sensu. A média de experiência profissional, como docente, na instituição que conformou cenário da pesquisa, foi de 4,2 anos.

O segundo grupo amostral foi constituído por 16 estudantes, dos quais 14 afirmaram já terem atuado como bolsistas de IC e sete deles estavam, na ocasião da coleta, participando de atividades de IC. Todos os entrevistados desse grupo já estiveram vinculados a algum projeto de pesquisa, no decurso da graduação em enfermagem, por um período igual ou superior a um ano. Oito estudantes disseram fazer parte de grupo de pesquisa.

Da análise das entrevistas, surgiram categorias que revelaram, em uma relação de complementariedade entre as percepções de professores e estudantes de enfermagem, os significados que esses atores conferem à pesquisa e ao ensino da pesquisa, apresentando peculiaridades que sinalizaram desafios e estratégias nesse contexto de interações.

Desse processo, resultou o fenômeno central da pesquisa intitulado: Ensino da pesquisa na graduação: conexões para um sistema complexo da gestão do conhecimento científico na enfermagem, que é influenciado, em seu desenvolvimento, pelas condições representadas na categoria O desenvolvimento científico e o ensino da pesquisa a partir dos significados atribuídos por professores e estudantes de graduação em enfermagem, apresentando possibilidades para ações-interações que constituem estratégias para o seu fortalecimento a partir da categoria Pesquisa científica e sua finalidade: conexões para a valorização e desenvolvimento da ciência. Ambas foram apresentadas a seguir, porém cabe ressaltar que, para efeito de ilustração, os participantes foram designados, na apresentação dos resultados, com representação alfanumérica. Nesse sentido, "E" significa estudante e "P" significa professor, seguidas pelo número correspondente à ordem de entrevista.

O desenvolvimento científico e o ensino da pesquisa a partir dos significados atribuídos por professores e estudantes de graduação em enfermagem

Essa categoria apresenta três subcategorias, a saber: Pesquisa científica: significados atribuídos por professores e estudantes de graduação em enfermagem; Valorização do desenvolvimento científico e do ensino da pesquisa na enfermagem; Fortalezas e desafios do ensino da pesquisa no contexto da graduação em enfermagem.

A primeira subcategoria revelou que o desenvolvimento da pesquisa científica é concebido pelos estudantes e professores de enfermagem como mecanismo capaz de responder ao chamado da dúvida, devidamente problematizada no campo científico. Mormente, esse processo implica a possibilidade de o problema de pesquisa ser colocado à prova a partir do movimento sistemático das metodologias para se chegar ao conhecimento científico que responda ao questionamento inicial, conforme exemplificado nos trechos a seguir.

[...] eu entendo que a pesquisa científica é quando a gente quer investigar alguma coisa, quer saber, quer descobrir o porquê que determinadas situações acontecem. Acho que é arranjar uma explicação para algo, descobrir o que está acontecendo [...] ter como fundamentar. (E2)

Pesquisa científica, para mim, é qualquer busca por conhecimento a partir de uma questão norteadora. Tem que ter um motivo principal para nortear a sua pesquisa, a sua busca por respostas. (E3)

[...] pesquisa científica é você ter possibilidade de constatar algum tipo de problema em algum lugar que você vê [...] aí, você estuda, você pesquisa. (E12)

[...] é quando você tem uma dúvida, um problema, e você vai tentar solucionar esse problema com uma evidência científica. (P3)

Pesquisa científica é um produto que vem a partir de um questionamento e do estabelecimento de um método [...] você consegue mostrar isso para os seus pares e para além de seus pares. (P8)

Por conseguinte, estabelecem-se conexões entre pesquisa e ciência. Nessa conjuntura, parecem valorizar a ciência e o seu desenvolvimento.

[...] pesquisa é a forma que temos de identificar fatores que são determinantes para a ciência, que vão modificar, desvendar, ou explicar melhor algum fenômeno. (P2)

Entendo que ciência é o modo de explicação ou descrição dos fenômenos do universo. (P7)

Ciência, para mim, é o que move o mundo, eu acho. Ciência é o que vai mover as coisas para melhor ou para pior, vai depender de cada um. Na ciência, tendem a descobrir muitas coisas. (E9)

Ademais, professores e estudantes atribuem significados positivos à prática e ao ensino da pesquisa na graduação em enfermagem, conforme demonstra a subcategoria Valorização do desenvolvimento científico e do ensino da pesquisa na enfermagem.

Para o estudante, a pesquisa é concebida como elemento indispensável ao seu processo de formação, porque está relacionada ao processo de conhecer e de conhecimento.

[...] acho que é muito importante para a nossa construção acadêmica, principalmente na graduação em enfermagem, que a gente tem sempre que buscar conhecer mais para uma assistência de enfermagem com mais propriedade. (E1)

Essa vivência com a pesquisa é importante [...] agora é que estou ficando mais interessada para aprender, porque eu sei que eu ainda tenho muitas dificuldades de elaborar um artigo científico. (E10)

A pesquisa científica é muito importante, porque, na graduação, estamos começando a criar novos conhecimentos. Então, a pesquisa científica ajuda muito nisso de você descobrir novos conhecimentos, ampliar o conhecimento que estamos vendo. (E13)

Em consonância a essa realidade, os professores de enfermagem valorizam o ensino da pesquisa na graduação, ao passo que o reconhecem como necessário ao estabelecimento de conexões para o conhecimento.

Pela minha experiência, o ensino da pesquisa, na graduação, precisa ser dado. (P2)

Então, eu entendo que na graduação em enfermagem é essencial porque ele precisa fazer esse vínculo da teoria que ele aprende com a prática. (P3)

Então, você alimenta a pesquisa e capacita o aluno para, através do diálogo, para fazer a educação em saúde. Acho esse processo bastante interessante em relação à pesquisa. (P10)

Por outro lado, a subcategoria Fortalezas e desafios do ensino da pesquisa no contexto da graduação em enfermagem revela fortalezas e desafios que permeiam o ensino-aprendizagem da pesquisa na graduação em enfermagem.

Nesse sentido, para o estudante, dentre os fatores que podem favorecer o processo de ensino-aprendizagem da pesquisa, está a motivação para pesquisar. Essa motivação parece apresentar relação direta com peculiaridades do indivíduo, relacionadas à sua capacidade de questionar a realidade, ao tempo que encontra, nessa habilidade, motivação para melhor conhecer a partir da pesquisa científica.

Sinto-me motivada para pesquisar porque tenho curiosidade. A faculdade tem me despertado essas curiosidades. (E3)

[...] a gente acaba indagando muitas coisas e aí eu acabo me motivando a procurar algo sobre esse assunto. A pesquisa parte de mim, na maioria das vezes. (E9)

[...] eu sou uma pessoa muito questionadora na vida. Questiono tudo e acho que temos que buscar respostas de todas as formas, seja ela na prática cotidiana, seja no meio científico. Então, acho que ela é muito importante, ela valida essas questões, ela está ali para nos responder. (E7)

Considerando que o processo ensino-aprendizagem é um fenômeno complexo capaz de influenciar e ser influenciado pelo contexto, destacam-se as limitações pontuadas pelos professores no campo das estratégias didáticas para o ensino da pesquisa. Além disso, foram sinalizados elementos da finalidade do sistema de ensino, pelos professores, em relação ao desenvolvimento de competências dos estudantes para pesquisar.

[...] olhando para o lado dos professores, eu vejo que eles ainda são muito fundamentados naquele determinado livro, naquele conhecimento, entre aspas, que está consagrado, mas que já pode ter sido ultrapassado. (P3)

Eu acho que tem que melhorar ainda o ensino das ferramentas que a gente utiliza na pesquisa, voltado mais para o método. (P5)

O professor precisa ter estratégias de ensino, e não de pesquisa, para que o aluno perceba a importância da pesquisa no seu processo de formação, como, por exemplo, o desenvolvimento das metodologias ativas. (P7)

[...] acho que está havendo um enfoque muito grande para se formar pessoas para fazerem o mestrado e o doutorado [...] essa cultura do pequeno cientista, na enfermagem, não se estende a outros cursos e isso é interessante de se pensar: que peso, de que forma isso está modificando o perfil de nossos alunos e futuros enfermeiros? (P10)

Assim, a próxima categoria aborda a importância de o estudante de enfermagem aprender a pesquisa a partir do papel e o valor social que a ciência representa para a humanidade e, por conseguinte, para a relação de interdependência enfermagem e sociedade.

Pesquisa científica e sua finalidade: conexões para a valorização e desenvolvimento da ciência

Evidencia a necessidade de o estudante incorporar e valorizar a prática da pesquisa como elemento de sua formação e, consequentemente, de sua futura atuação como enfermeiro. Depreende-se dessa realidade o fortalecimento das conexões entre enfermagem, ciência e impacto social.

Desse modo, a subcategoria Compreensão do valor social da pesquisa: elementos para uma ciência com consciência apresenta a perspectiva de estudantes e professores de enfermagem para o aprender e desenvolver pesquisa como compromisso ético social desejável ao processo de formação profissional do enfermeiro, a partir da compreensão dos possíveis impactos e finalidades da pesquisa.

Pesquisar em enfermagem, principalmente, é você voltar ao contexto. (E1)

[...] acho que a pesquisa é uma forma da gente poder mudar o mundo. (E2)

[...] as ações veem uma necessidade, que você identifica, e, quando você desperta para essa necessidade, a sua prática muda, no sentido que você vai estar sempre questionando o que você está fazendo, o resultado daquilo, se aquela parte que é realmente a melhor, se você está realmente fazendo da melhor forma. Tudo isso propicia ao aluno a inquietação da própria prática, ou seja, a capacidade de estar sempre refletindo sobre essa prática, de estar gerando pensamento crítico em cima daquilo que você está fazendo. (P11)

Eu acho que seria entender para que serve a pesquisa, porque eles sabem que precisam cumprir, mas não entendem para que serve a pesquisa. (P1)

[...] ele tem que entender a importância dele fazer pesquisa, então, no meu entendimento, é obrigatório para que o aluno entenda a importância da pesquisa para que ele possa desenvolver a prática dele. (P3)

Ao considerar as conexões sociais da pesquisa, estudantes e professores estabelecem aproximações dessa realidade com o processo de trabalho da enfermagem. Desse modo, a subcategoria Ciência e dimensão assistencial da enfermagem: conexões para a valorização do ensino da pesquisa destaca a relação de interdependência entre a práxis da enfermagem e o conhecimento científico atualizado, valorizando a importância do ensino da pesquisa, conforme demonstrado nos trechos a seguir.

Eu vejo que a pesquisa melhora a assistência. Quando a gente tem novas atualizações, acaba melhorando, porque a gente pode proporcionar ao paciente um cuidado melhor, um cuidado mais efetivo com essas atualizações. (E2)

Vejo que a pesquisa é importante para assistência, porque aí a assistência vai estar qualificada, o enfermeiro vai saber falar sobre os assuntos, vai saber fundamentar bem o porquê daquela assistência. (E10)

Eu vejo o ensino da pesquisa como um passo fundamental para que as pessoas, após a formação, principalmente, possam continuar desenvolvendo o pensamento crítico da enfermagem, porque um enfermeiro que não consegue realizar uma pesquisa científica fica muito limitado a sua práxis e acaba não exercendo aquilo que é a ciência. (P8)

O benefício [para o enfermeiro] é o desenvolvimento de uma prática que não seja baseada no empirismo, mas uma prática mais baseada em dados de estudos científicos e, portanto, uma prática cuidadosa, mais cautelosa na tomada de decisão em relação ao paciente [...] então, eu acho que a pesquisa ajuda nesse sentido, de trazer informações mais claras, de evidências, que vão sustentar melhor a sua prática. (P2)

Os resultados revelam, portanto, relação transversal entre ensino da pesquisa na graduação de enfermagem a partir da compreensão de estudantes e professores acerca das demandas profissionais e sociais pautadas na ciência e na necessidade do desenvolvimento de competências, ainda no contexto da graduação, capazes de atender tais demandas a partir dos cuidados de enfermagem.

DISCUSSÃO

O desenvolvimento do espírito científico²²⁾ está condicionado à capacidade humana de formular perguntas que direcionem o progresso do conhecimento. A esse respeito, os resultados deste estudo apontaram, de forma satisfatória, a construção de significados para a pesquisa como processo para responder ao chamado da dúvida a partir da formulação de perguntas.

Assim, no contexto do ensino da pesquisa, faz-se necessário destacar a importância de o professor de enfermagem compreender e valorizar o movimento crítico-reflexivo do estudante na construção de um problema de pesquisa, pois é a partir dessa capacidade que a ciência encontra condições iniciais para o seu desenvolvimento^22-23. Para tanto, faz-se necessário que o professor se mantenha em um sistema aberto para aprender a aprender¹⁷. Dessa realidade, poder-se-á também favorecer o envolvimento do futuro enfermeiro com o consumo, o desenvolvimento e a aplicação de pesquisas em seu processo de trabalho⁸.

A dúvida sistematizada em pergunta é princípio para o processo de aprender, pela pesquisa, a fazer ciência. Ademais, a vigilância do pensamento crítico, com vistas à manutenção do conhecimento científico, implica a constância do saber questionar, aplicando a criticidade ao princípio de que o conhecimento, na ciência, é dinâmico e complexo^13,22-23. Do contrário, torna-se dogma ou, minimamente, um conhecimento ultrapassado²¹.

Depreendem-se desse processo possibilidades para a garantia da autoridade do argumento a partir de bases científicas para um conhecimento atualizado que, por sua vez, possa conferir sustentação ao processo de tomada de decisão do enfermeiro coerente com os desafios dos sistemas de saúde e de cuidados. Posto isso, é possível considerar que os significados atribuídos por estudantes e professores de enfermagem acerca do ensino da pesquisa revelam a valorização do argumento a partir da evidência científica, uma vez que não mais se justifica a defesa de um conhecimento, no âmbito da ciência, resultante da conclusão que parte de ideias consensuais de especialistas para um conhecimento de autoridade^23-24.

A realidade do ensino da graduação em enfermagem, por outro lado, revela múltiplos desafios, mas que convergem para a importância de estratégias que favoreçam o desenvolvimento de competências para o pensamento crítico reflexivo dos estudantes e, por conseguinte, do futuro profissional. Com efeito, destacam-se inúmeras abordagens metodológicas, como a aprendizagem baseada em evidência¹⁰⁾ e o ensino clínico²⁵ baseado em pesquisas, além de outras abordagens que utilizem métodos de ensino não tradicionais¹¹.

Os significados que revelam o processo ensino-aprendizagem da pesquisa na enfermagem pautado na suposta transmissão de conhecimento não se limitam ao contexto brasileiro²⁵. O ensino estático, que parte de conhecimentos não atualizados, pode ser considerado um fenômeno que apresenta múltiplos enraizamentos. Contudo, na perspectiva da complexidade e de autores que demandam esforços para o progresso epistemológico, pode-se considerar que, pelo menos, em parte, essa realidade se deve a um sistema que se retroalimenta entre professores que aprenderam a pesquisa de forma isolada, descontextualizada e estéril em suas conexões com o retorno social e, por efeito, conferem aos seus estudantes a mesma aproximação limitada para a pesquisa^13,22-23.

Por outro lado, ao significarem, de forma positiva, a pesquisa e a ciência, os estudantes de enfermagem deste estudo apresentaram indícios de que valorizam a prática da pesquisa como elemento indispensável ao seu processo de formação. Essa mesma realidade é apontada em outros cenários e, como fenômeno complexo, apresenta múltiplas facetas, das quais é possível destacar a relação contextual e influência do professor, sobretudo ao ser capaz de tecer aproximações entre o ensino da pesquisa e a finalidade de seus resultados no âmbito do processo de trabalho do enfermeiro^4,8,25-27.

Acerca disto, cabe destacar a importância da ciência¹³ com consciência no processo de formação do enfermeiro. Esse movimento implica, portanto, a preocupação de que o ensino da pesquisa contemple a relação orgânica do conhecimento, isto é, estabeleça conexões entre os princípios científicos que norteiam a delimitação do objeto, desenvolvimento metodológico, aspectos éticos e o processo de disseminação e avaliação do impacto dos resultados da pesquisa na sociedade. Resulta, desse processo, a gestão do conhecimento que valoriza a pesquisa como caminho para se chegar a uma ciência autêntica, que estabeleça conexões com o desenvolvimento social e não apenas no movimento isolado da produção acadêmica^15,26-27.

O ensino isolado da pesquisa, ou o processo de fazer pesquisa apenas para o atendimento das demandas do professor, confere sustentação à preocupação sinalizada por uma das participantes deste estudo, ao considerar que a "cultura do pequeno cientista" pode resultar em reflexos indesejáveis no perfil o profissional do enfermeiro que, nesse contexto, deve relacionar ciência de forma transversal com a sua prática profissional. Esse posicionamento não se particulariza, entretanto, à enfermagem. Há quem sustente a prerrogativa, por exemplo, de que a universidade brasileira, nos últimos anos, tem demandado mais preocupação em formar pesquisadores do que bons profissionais²⁷, como se houvesse dissociabilidade entre ciência, disciplina acadêmica e profissão.

Ademais, advoga-se o entendimento de que pesquisa é princípio educativo indissociável da formação profissional²², pois, é a partir desse processo que é possível alcançar o conhecimento dinâmico e atualizado, ao encontro das demandas sociais, bem como ao progresso científico, tecnológico e de inovação⁷. Cabe, portanto, nesse movimento dialógico, a capacidade de tomar o ensino da pesquisa como caminho para a ciência e, nesse vislumbre, conceber ciência como dimensão que estrutura as sociedades a partir das profissões, que transladam o conhecimento científico ao desenvolverem seus processos de trabalho

O mecanismo de vigilância para conceber ciência como valor social, capaz de impulsionar o desenvolvimento da humanidade, poderá estar na capacidade de pensar e valorizar uma ciência com consciência¹³. Logo, esse processo deve ser iniciado em suas bases, a saber: no ensino da pesquisa, que, por sua vez, poderá influenciar a construção de significados que as pessoas atribuem à pesquisa e à ciência e, por conseguinte, refletir na forma como se envolvem e utilizam a pesquisa científica¹⁴.

Limitações do estudo

As limitações desta pesquisa centram-se nas condições do próprio contexto em que emergiram os dados, pois, ao mesmo tempo em que foi propício ao campo de significados, em profundidade, sobre a pesquisa e o ensino desta, é possível considerar que outras realidades, tal qual a do ensino no setor privado, possam apresentar perspectivas diferentes. Por outro lado, recomenda-se a replicação de estudos assemelhados, inclusive com estudantes e professores de outras áreas do conhecimento.

Ademais, cabe destacar, como potencial fator limitante da pesquisa, a relação do pesquisador com os estudantes, visto que, no campo dos significados, não é possível avaliar de forma precisa a interferência que as relações de vínculos sociais podem refletir entre pesquisador e participante da pesquisa no ato da entrevista. Além disso, faz-se necessário considerar o momento em que os estudantes que conformaram o segundo grupo amostral estavam em relação ao período de integralização do curso, pois o último ano de graduação poderá atribuir alguma especificidade ao campo dos significados para o ensino da pesquisa. Contudo, essa potencial limitação, por suposto, pode também ser refletida como fortaleza, uma vez que esse estudante vivenciou etapas diferentes do processo de graduação que poderão conferir significados distintos dos que ainda estão em etapas iniciais do curso.

Contribuições para a área da enfermagem

Os resultados desta pesquisa poderão auxiliar, a partir do pensamento complexo, a enfermagem na compreensão reflexiva acerca do ensino da pesquisa na graduação, mediante significados interconectados entre professores e estudantes sobre pesquisa e o ensino desta. Assim sendo, poderá impulsionar o desenvolvimento da ciência e profissão da enfermagem, haja vista que, no campo da ciência, pode favorecer a capacidade de o enfermeiro internalizar a pesquisa como princípio de sua formação e exercício profissional.

No tocante à profissão, na dimensão assistencial, poderá fortalecer a autonomia do enfermeiro a partir da capacidade de valorizar a pesquisa como princípio do processo de tomada de decisão e das práticas qualificadas com base em conhecimento científico atualizado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A originalidade da pesquisa repousa na relação dialógica da qual emergem os resultados, pois, ao considerar os campos de significados de professores e estudantes de graduação em enfermagem, na perspectiva da complexidade, é possível uma aproximação do objeto que favorece a compreensão das dimensões relacionadas aos significados que esses atores atribuem à pesquisa e ao ensino dessa.

Os resultados apontaram que professores e estudantes da graduação de enfermagem, que vivenciam o processo ensino-aprendizagem da pesquisa, significam a pesquisa e o seu ensino de forma positiva e, em consonância aos princípios da ciência, sobretudo no que tange à capacidade da formulação de problema de pesquisa e do pensamento crítico como movimentos iniciais da ciência.

Além disso, professores e estudantes de enfermagem destacaram elementos para uma ciência com consciência, isto é, uma ciência que estabelece conexões com sua razão de ser: o desenvolvimento das sociedades. Contudo, algumas fragilidades no campo do ensino da pesquisa também emergiram, com destaque para as abordagens metodológicas que incentivem o aluno a pensar e praticar ciência a partir da pesquisa como princípio de sua formação profissional.

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Editado por

EDITOR CHEFE: Antonio José de Almeida Filho

EDITOR ASSOCIADO: Fátima Helena Espírito Santo

Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  16 Ago 2021
• Data do Fascículo
  2021

Histórico

• Recebido
  30 Nov 2020
• Aceito
  13 Fev 2021