Acessibilidade / Reportar erro

A INSCRIÇÃO DE BEHISTUN (C. 520 A.C.): TRADUÇÃO DO TEXTO PERSA ANTIGO PARA O PORTUGUÊS, INTRODUÇÃO CRÍTICA E COMENTÁRIOS1 1 Artigo não publicado em plataforma preprint. Todas as fontes e bibliografia utilizadas são referenciadas no artigo. Este artigo é resultado das reflexões desenvolvidas em minha Tese de Doutorado junto ao Programa de Pós-Graduação em História Social do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (PPGHS-FFLCH-USP), intitulada “O Império Aquemênida em Heródoto: identidade e política nas Histórias” (ARAUJO, 2018), na qual discuto, grosso modo, o impacto do Império Aquemênida sobre o pensamento político grego. A pesquisa doutoral foi financiada, em diferentes momentos, pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP, processo n.° 2016/14318-0), pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES, processo n.° 88881.135183/2016-01), em estágio doutoral na École Française de Rome (ÉFR), e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq, processo n.° 141789/2016-6), e selecionada para concorrer ao “Prêmio História Social 2017-2018”, tendo recebido Menção Honrosa. Agradeço, portanto, à USP, FAPESP, CAPES e CNPq por terem viabilizado meus estudos doutorais, aos pareceristas anônimos e seus valiosíssimos comentários, ao meu supervisor, o professor Marcelo Rede, à FAPESP, novamente, por ora financiar minha pesquisa pós-doutoral junto ao PPGHS-FFLCH-USP (processo n.° 2022/07801-8), ao professor José Marcos Macedo, por ter promovido o ensino do persa antigo por meio de seu workshop de Línguas Indo-Europeias (2017), à ÉFR, incluindo sua diretoria e seu diretor de estudos para a Antiguidade à época (2017), Stéphane Bourdin, e à École Française d’Athènes (ÉFA).

THE BEHISTUN INSCRIPTION (C. 520 BCE): PORTUGUESE TRANSLATION FROM THE OLD PERSIAN TEXT, CRITICAL INTRODUCTION AND COMMENTARIES

Resumo

A inscrição monumental Aquemênida no monte Behistun (Bisitun), na província iraniana do Kermanshah (oeste do Irã), narra a versão oficial da ascensão de Dario ao poder na Pérsia Antiga. Em três línguas e grafias (persa antigo, elamita e acadiano), este inestimável documento histórico foi essencial para a decifração do cuneiforme no século XIX. Ele também se prestou à reconstrução da história do Império Aquemênida, anteriormente conhecida mormente graças aos relatos das fontes gregas e bíblicas. Devido à relevância e singularidade da Inscrição de Behistun, propõe-se uma tradução direta do persa antigo para o português, ampliando o acesso do público leigo e especializado ao documento. Comentários históricos abordando as principais discussões relativas à inscrição acompanham o texto.

Palavras-chave
Behistun; Pérsia; Persa antigo; Aquemênidas; cuneiforme

Abstract

The monumental Achaemenid inscription at mount Behistun (Bisitun), in the Iranian province of Kermanshah (western Iran), reports the official version of Darius’ accession to power in Ancient Persia. Written in three languages and scripts (Old Persian, Elamite, and Akkadian), this invaluable historical document was vital to the decipherment of the cuneiform script in the 19th century. It also enabled the reconstruction of the Achaemenid Empire’s history, previously known to us mainly through the accounts of Greek and biblical sources. Due to the importance and uniqueness of the Behistun Inscription, we propose the translation of the Old Persian text directly to the Portuguese language, providing wider access to the document for specialized and non-specialized audiences. Historical commentaries approaching the most important debates associated with the inscription also follow the text.

Keywords
Behistun; Persia; Old Persian; Achaemenids; cuneiform

Introdução

A mais extensa inscrição do Império Aquemênida, a principal base para a decifração de três grafias cuneiformes e possivelmente o mais antigo texto em persa antigo (KUHRT, 2007KUHRT, Amélie. The Persian Empire: A Corpus of Sources from the Achaemenid Empire. Londres e Nova Iorque : Routledge, 2007., p. 151): tal é o monumento à vitória de Dario I contra o usurpador Gaumāta, localizado no alto do monte Behistun (também grafado Bisutun, Bisotun, Bīsotūn, Bisitun, Bīsītūn, Bistun ou Beistum), com cerca de 500 metros de altura, a 32 quilômetros de Kermanshah, capital da homônima província iraniana (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
, p. 17; ALLEN, 2005ALLEN, Lindsay. The Persian Empire. Chicago: The University of Chicago Press, 2005., p. 38). Behistun é parte da cadeia montanhosa que delimita esta província ao norte, situando-se nas imediações de uma parada com fontes aquíferas na rota de caravana que ligava a Média à Mesopotâmia (KING; THOMPSON, 1907KING, Leonard William; THOMPSON, Reginald Campbell. The Sculptures and Inscription of Darius the Great on the Rock of Behistun in Persia. London: Longmans & Co., 1907. Disponível em: <https://archive.org/details/sculpturesinscri00brituoft>. Acesso em: 26 jun. 2022.
https://archive.org/details/sculpturesin...
, p. xii; SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
, p. 17-18). Trata-se, além disso, de um sítio sagrado desde a Antiguidade, como atesta a etimologia do nome: Behistun se origina do persa *Bagastāna-, “local dos deuses” (LECOQ, 1997LECOQ, Pierre. Les inscriptions de la Perse achéménide. Paris: Gallimard, 1997., p. 83-84), helenizado para Bagístanon (óros) em Diodoro SículoDIODORO SÍCULO. Bibliothèque historique. Tome II, Livre II. Texte établi et traduit par Bernard Eck. Paris: Belles Lettres, 2003. (autor que, a partir de Ctésias, considerava que o monumento seria obra de Semíramis, a mítica rainha assíria) (D.S. 2.13.1-2) (KING; THOMPSON, 1907KING, Leonard William; THOMPSON, Reginald Campbell. The Sculptures and Inscription of Darius the Great on the Rock of Behistun in Persia. London: Longmans & Co., 1907. Disponível em: <https://archive.org/details/sculpturesinscri00brituoft>. Acesso em: 26 jun. 2022.
https://archive.org/details/sculpturesin...
, p. xiii-xiv; SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
, p. 17; 2000SCHMITT, Rüdiger. BISOTUN i. Introduction. Encyclopaedia Iranica, vol. IV, fasc. 3, 2000, p. 289-290. Disponível em: <https://iranicaonline.org/articles/bisotun-i>. Acesso em: 26 jun. 2022.
https://iranicaonline.org/articles/bisot...
; ROOT, 2013ROOT, Margaret Cool. Defining the divine in Achaemenid Persian kingship. In: DUINDAM, Jeroen. MITCHELL, Lynette; MELVILLE, Charles (eds.). Every inch a king: comparative studies on kings and kingship in the Ancient and Medieval Worlds. Leiden, Boston: Brill, 2013, p. 23-66., p. 49; ARAUJO, 2018ARAUJO, Matheus Treuk Medeiros de. O Império Aquemênida em Heródoto: Identidade e Política nas Histórias. Tese de doutorado, História Social, Departamento de História / Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2018. doi: https://doi.org/10.11606/T.8.2019.tde-13032019-104322 .
https://doi.org/10.11606/T.8.2019.tde-13...
, p. 133; cf. LENFANT, 2004LENFANT, Dominique. Les perses vus par les grecs: lire les sources classiques sur l’Empire Achéménide. Paris: Armand Colin, 2011., p. 38-39; F1b §13, 1-2).

A Inscrição de Dario em Behistun, abreviada pelos especialistas como “DB” (junção das iniciais do rei e do local onde se situa),3 3 Para as convenções usadas para referenciar as inscrições reais Aquemênidas, ver KENT (1950, p. 4-5) e SCHMITT (2009, p. 7-32). Mais recentemente, BASELLO et al. (2012, p. vii-ix), projeto DARIOSH, atualiza tal convenção a fim de considerar as diversas versões e diferentes unidades epigráficas. As abreviações OP, AB e AE são utilizadas, respectivamente, para as versões em persa antigo (Old Persian), babilônico Aquemênida (Achaemenid Babylonian) e elamita Aquemênida (Achaemenid Elamite). é um conjunto imagético e textual de 18 metros de comprimento por 7 metros de altura, talhado, ao que tudo indica, entre os anos 520 e 519 a.C. (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
, p. 17-18).4 4 O relevo sozinho tem cerca de 3 metros de altura e 5,5 metros de comprimento (SCHMITT, 1991, p. 17; LECOQ, 1997, p. 84; ALLEN, 2005, p. 40). Ele contém um relevo do monarca persa pisando sobre o inimigo Gaumāta, diante de nove reis cativos amarrados pelo pescoço, e sob a figura de um disco solar que, muito provavelmente, corporificava a deidade suprema do panteão persa, Ahura Mazda (ROOT, 1979ROOT, Margaret Cool. The King and Kingship in Achaemenid Art: Essays on the Creation of an Iconography of Empire. Leiden: Brill, 1979., p. 169-176; 2013ROOT, Margaret Cool. Defining the divine in Achaemenid Persian kingship. In: DUINDAM, Jeroen. MITCHELL, Lynette; MELVILLE, Charles (eds.). Every inch a king: comparative studies on kings and kingship in the Ancient and Medieval Worlds. Leiden, Boston: Brill, 2013, p. 23-66., p. 30; 52-54; ARAUJO, 2018ARAUJO, Matheus Treuk Medeiros de. O Império Aquemênida em Heródoto: Identidade e Política nas Histórias. Tese de doutorado, História Social, Departamento de História / Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2018. doi: https://doi.org/10.11606/T.8.2019.tde-13032019-104322 .
https://doi.org/10.11606/T.8.2019.tde-13...
, p. 133; HENKELMAN, 2021aHENKELMAN, Wouter Franklin Merijn. The Heartland Pantheon. In: JACOBS, Bruno; ROLLINGER, Robert. (eds.). A Companion to the Achaemenid Persian Empire. 2 Vols. Hoboken, NJ: Wiley Blackwell, 2021a, p. 1221-1242. Disponível em: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/9781119071860.ch85>. Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch85.
https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch...
, p. 1227).5 5 A visualidade em Behistun é um tópico que, em si, demanda um tratamento apartado. A título de introdução, ressalte-se que os relevos são únicos entre as esculturas Aquemênidas por representarem um episódio histórico concreto e não, como de costume, cenas genéricas e atemporais (ROOT, 2013, p. 30). A temática dos reis cativos e da celebração da vitória de Dario também é distinta do que normalmente é tratado nos relevos posteriores (ROOT, 1979, p. 182-226). As imagens são, portanto, únicas na tradição Aquemênida, embora algumas convenções que se tornarão paradigmáticas na estatuária real, como a estatura hierática do rei, já possam ser aqui identificadas (GARRISON, 2013, p. 574-577). A análise iconográfica do monumento, isto é, seus protótipos e convenções, foram amplamente tratados por Margaret Cool Root (que vê intericonicidades com o relevo de Anubanini, os relevos neoassírios e a estela de Naram-Sin) (2013, p. 32-44). A autora também ressalta a autonomia dos relevos em relação ao texto, este último compondo, aliás, uma forma de “escultura abstrata” (é possível que os escritos tenham sido preenchidos com pigmento dourado para causar uma forte impressão nas audiências) (2013, p. 47; 2021, p. 1383-1386; cf. também COLBURN, 2014). Recentemente, em linha com as discussões vindas da teoria da imagem, os autores têm atentado para o caráter performático dos relevos, a fusão da imagem do rei com o próprio topo da montanha (associado a uma dimensão sagrada), em face da qual o ciclo do nascer e pôr do sol reproduziria um ato sagrado (ROOT, 2013, p. 59; 2021, p. 1384-1395). Há uma inscrição em grafia e língua elamitas à direita da imagem, outra em acadiano (no “dialeto” babilônico) à esquerda e, finalmente, uma inscrição em persa antigo, abaixo dos relevos (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
, p. 17-20). Uma cópia da versão elamita original foi inscrita à esquerda da versão persa, já que o primeiro texto elamita teve de ser abandonado no curso dos eventos a fim de se acrescentar a imagem de um malfadado rebelde cita (CAMERON, 1960CAMERON, George Glenn. The Elamite version of the Bisitun Inscriptions. Journal of Cuneiform Studies, vol. 14, n. 2, 1960, p. 59-68. Disponível em : <https://www.jstor.org/stable/1359255>. Acesso em : 26 jun. 2022. doi : https://doi.org/10.2307/1359255.
https://www.jstor.org/stable/1359255...
, p. 60). Inscrições menores nomeando as personagens nos relevos, bem como uma genealogia de Dario, se encontram ao redor do conjunto (DBa-k) (SCHMITT, 2009SCHMITT, Rüdiger. Die altpersischen Inschriften der Achaimeniden. Editio minor mit deutscher Übersetzung. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2009., p. 91-96). O texto persa, ademais, possui uma quinta coluna, “suplementar”, ausente das versões elamita e acadiana, que reporta as últimas campanhas repressivas de Dario (SCHMITT, 2009SCHMITT, Rüdiger. Die altpersischen Inschriften der Achaimeniden. Editio minor mit deutscher Übersetzung. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2009., p. 18-19).

Presume-se que a versão original da inscrição teria sido composta em persa antigo, uma língua indo-europeia do ramo indo-iraniano (FORTSON, 2010 [2004]FORTSON, Benjamin. Indo-European language and culture: An Introduction. 2ª edição [2004]. Oxford: Blackwell, 2010., p. 239-241; MACEDO, 2020MACEDO, José Marcos. O Espelho de Príncipes de Dario (DNb): Tradução do Persa Antigo com Breves Comentários Linguísticos. Translatio. Porto Alegre, n. 19, Outubro de 2020, p. 41-56. Disponível em: <https://www.seer.ufrgs.br/translatio/article/view/105576>. Acesso em: 26 jun. 2022.
https://www.seer.ufrgs.br/translatio/art...
, p. 41-42) cuja forma conhecida através das inscrições régias é essencialmente literária, e não exatamente igual ao que seria o persa falado à época (ROSSI, 2021aROSSI, Adriano Valerio. Languages and Script. In: JACOBS, Bruno; ROLLINGER, Robert. (eds.). A Companion to the Achaemenid Persian Empire. 2 Vols. Hoboken, NJ: Wiley Blackwell, 2021a, p. 53-60. Disponível em: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/9781119071860.ch4>. Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch4.
https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch...
, p. 53).6 6 A língua falada estava sofrendo mudanças rumo a um “proto” Persa Médio e, por isso, encontramos algumas variações nas inscrições tardias, como “erros” de desinências de caso (SKJÆRVØ, 1999, p. 5). A hipótese de que o rei teria ditado o texto em sua chancelaria a escribas que a traduziam automaticamente para o elamita escrito, a partir do qual uma cópia persa seria redigida (a tese da “aloglotografia” de GERSHEVITCH, 1979GERSHEVITCH, Ilya. The alloglottography of Old Persian, Transactions of the Philological Society, vol. 77, n. 1, 1979, p. 114-190. Disponível em: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/j.1467-968X.1979.tb00856.x>. Acesso em: 17 abr. 2022. doi: https://doi.org/10.1111/j.1467-968X.1979.tb00856.x.
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/...
; cf. STOLPER, 2004STOLPER, Matthew Wolfgang. Elamite. In: WOODARD, Roger (ed.). The Cambridge encyclopedia of the world’s ancient languages. Cambridge: Cambridge University Press, 2004, p. 60-94., p. 64; ARAUJO, 2018ARAUJO, Matheus Treuk Medeiros de. O Império Aquemênida em Heródoto: Identidade e Política nas Histórias. Tese de doutorado, História Social, Departamento de História / Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2018. doi: https://doi.org/10.11606/T.8.2019.tde-13032019-104322 .
https://doi.org/10.11606/T.8.2019.tde-13...
, p. 140-142), é hoje vista com reservas (ROSSI, 2021aROSSI, Adriano Valerio. Languages and Script. In: JACOBS, Bruno; ROLLINGER, Robert. (eds.). A Companion to the Achaemenid Persian Empire. 2 Vols. Hoboken, NJ: Wiley Blackwell, 2021a, p. 53-60. Disponível em: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/9781119071860.ch4>. Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch4.
https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch...
, p. 55). De toda forma, é provável que o elamita tenha sido a primeira grafia usada para inscrever a narrativa em pedra (ROSSI, 2021bROSSI, Adriano Valerio. The Inscriptions of the Achaemenids. In: JACOBS, Bruno; ROLLINGER, Robert. (eds.). A Companion to the Achaemenid Persian Empire. 2 Vols. Hoboken, NJ: Wiley Blackwell, 2021b, p. 75-86. Disponível em: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/9781119071860.ch6> Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch6.
https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch...
, p. 78).7 7 Podem-se resumir as diferentes fases de constituição do monumento da seguinte forma: (i) gravação dos relevos na pedra; (ii) inserção da narrativa elamita à direita das imagens e inscrição dos rótulos identificando as imagens em elamita, seguidas pela inscrição da versão acadiana; (iii) inscrição persa concluída em parágrafo que é replicado em elamita, mas não em acadiano (§70), possivelmente descrevendo a invenção do persa antigo; (iv) gravação da escultura de Skunxa, o cita, após o terceiro ano de Dario I, com a destruição de parte da inscrição elamita anterior e a necessidade de uma cópia no canto inferior esquerdo do monumento (KOSMIN, 2018, p. 1-2). Isso não surpreende, uma vez que o reino do Elam fora a mais importante entidade política da região antes da chegada dos iranianos e o seu cuneiforme era corrente para a documentação administrativa Aquemênida. Seja como for, os “parágrafos” (§§) da inscrição são unidades formais definidas pela fórmula de introdução θāti Dārayavauš xšāyaθiya (“diz Dario, o rei”), que remete a um mesmo fato essencial: um ditado áulico.

O monumento é pouco visível aos viajantes que o observam de longe (MATHESON, 1979MATHESON, Sylvia A. Persia: An Archaeological Guide. London: Faber and Faber Limited, 1979., p. 127; ROOT, 2013ROOT, Margaret Cool. Defining the divine in Achaemenid Persian kingship. In: DUINDAM, Jeroen. MITCHELL, Lynette; MELVILLE, Charles (eds.). Every inch a king: comparative studies on kings and kingship in the Ancient and Medieval Worlds. Leiden, Boston: Brill, 2013, p. 23-66., p. 47), sendo impensável que alguém pudesse lê-lo do chão ou mesmo da plataforma mais próxima, cerca de 20 metros abaixo do conjunto (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
, p. 17). Mesmo recentemente, o conteúdo da inscrição só pôde ser totalmente conhecido após as arriscadas empreitadas de diversos especialistas ao longo dos séculos XIX e XX. De fato, o próprio Henry Rawlinson, a quem se credita um papel essencial na decifração do cuneiforme, sujeitou-se a enormes riscos em suas visitas ao local entre 1835-1837 e em 1847 (KING; THOMPSON, 1907KING, Leonard William; THOMPSON, Reginald Campbell. The Sculptures and Inscription of Darius the Great on the Rock of Behistun in Persia. London: Longmans & Co., 1907. Disponível em: <https://archive.org/details/sculpturesinscri00brituoft>. Acesso em: 26 jun. 2022.
https://archive.org/details/sculpturesin...
, p. xvi-xx; BOTTÉRO, 1987BOTTÉRO, Jean. Mésopotamie: L’écriture, la raison et les dieux. Paris: Gallimard, 1987., p. 116).8 8 O cuneiforme persa foi decifrado graças ao esforço conjunto de uma série de especialistas, sendo que o primeiro autor a fornecer um procedimento de tradução avançado foi Georg Friederich Grotefend, já em 1803, a partir de cópias das inscrições de Persépolis. Para uma visão técnica dos avanços e cada cientista envolvido nesse empreendimento, cf. FINKEL (2005, p. 25-29). De toda forma, pode-se asseverar que o relevo visava a impressionar os transeuntes (ROOT, 2013ROOT, Margaret Cool. Defining the divine in Achaemenid Persian kingship. In: DUINDAM, Jeroen. MITCHELL, Lynette; MELVILLE, Charles (eds.). Every inch a king: comparative studies on kings and kingship in the Ancient and Medieval Worlds. Leiden, Boston: Brill, 2013, p. 23-66., p. 47), e sabe-se que o texto da inscrição havia sido divulgado pelo império em várias línguas e suportes, como atestam cópias em aramaico (ROLLINGER, 2015ROLLINGER, Robert. Royal Strategies of Representation and the Language(s) of Power: Some Considerations on the Audience and the Dissemination of the Achaemenid Royal Inscriptions. In: PROCHÁZKA, Stephen; REINFANDT, Lucian; TOST, Sven; WAGENSONNER, Klaus (eds.). Official Epistolography and the Language(s) of Power: Proceedings of the 1st International Conference of the NFN ‘Imperium and Officium’: Comparative Studies in Ancient Bureaucracy and Officialdom. University of Vienna, 10-12 Nov., 2010, Papyrologica Vindobonensia, vol. 8. Vienna: Verlag der Österreichischen Akademia der Wissenschaften, 2015, p. 117-130., p. 121-122; 126; ROSSI, 2021bROSSI, Adriano Valerio. The Inscriptions of the Achaemenids. In: JACOBS, Bruno; ROLLINGER, Robert. (eds.). A Companion to the Achaemenid Persian Empire. 2 Vols. Hoboken, NJ: Wiley Blackwell, 2021b, p. 75-86. Disponível em: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/9781119071860.ch6> Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch6.
https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch...
, p. 75-76) e fragmentos de uma estela contendo uma versão babilônica (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
, p. 13; SEIDL, 1999SEIDL, Ursula. Ein Monument Dariu’s I. aus Babylon. Zeitschrift für Assyriologie, Bd. 89, S. 101-114, Walter de Gruyter, 1999, p. 101-114. Disponível em: <https://www.degruyter.com/document/doi/10.1515/zava.1999.89.1.101/html>. Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.1515/zava.1999.89.1.101.
https://doi.org/10.1515/zava.1999.89.1.1...
). A própria versão de Heródoto, cujas congruências narrativas com Behistun provocaram espanto na geração que decifrara o texto, é tida por muitos como testemunho dessa circulação, possivelmente numa versão em grego (ROLLINGER, 2015ROLLINGER, Robert. Royal Strategies of Representation and the Language(s) of Power: Some Considerations on the Audience and the Dissemination of the Achaemenid Royal Inscriptions. In: PROCHÁZKA, Stephen; REINFANDT, Lucian; TOST, Sven; WAGENSONNER, Klaus (eds.). Official Epistolography and the Language(s) of Power: Proceedings of the 1st International Conference of the NFN ‘Imperium and Officium’: Comparative Studies in Ancient Bureaucracy and Officialdom. University of Vienna, 10-12 Nov., 2010, Papyrologica Vindobonensia, vol. 8. Vienna: Verlag der Österreichischen Akademia der Wissenschaften, 2015, p. 117-130., p. 125). Essa ampla disseminação deve, portanto, corresponder a alguma função legitimadora da inscrição, sem prejuízo de outros aspectos, como, por exemplo, uma possível função cronográfica (KOSMIN, 2018KOSMIN, Paul J. A New Hypothesis: The Behistun Inscription as Imperial Calendar. Iran: Journal of the British Institute of Persian Studies, 2018, p. 1-10. Disponível em : <https://doi.org/10.1080/05786967.2018.1505442> Acesso em : 26 jun. 2022. doi : https://doi.org/10.1080/05786967.2018.1505442.
https://doi.org/10.1080/05786967.2018.15...
).9 9 Consubstanciada pela instituição de um calendário comemorativo fundado nas batalhas de Dario, travadas “num único e mesmo ano”; daí, por exemplo, comemorar-se a “magofonia”, o dia de assassínio do mago usurpador, conforme relatado pelas fontes gregas (KOSMIN, 2018). Por fim, se, de um lado, a divulgação do texto de DB é atestada, também é verdade que a audiência presumida das demais inscrições e relevos reais, como regra, seria bastante restrita. Com raras exceções, as inscrições e relevos se limitavam ao centro imperial (ROLLINGER, 2015ROLLINGER, Robert. Royal Strategies of Representation and the Language(s) of Power: Some Considerations on the Audience and the Dissemination of the Achaemenid Royal Inscriptions. In: PROCHÁZKA, Stephen; REINFANDT, Lucian; TOST, Sven; WAGENSONNER, Klaus (eds.). Official Epistolography and the Language(s) of Power: Proceedings of the 1st International Conference of the NFN ‘Imperium and Officium’: Comparative Studies in Ancient Bureaucracy and Officialdom. University of Vienna, 10-12 Nov., 2010, Papyrologica Vindobonensia, vol. 8. Vienna: Verlag der Österreichischen Akademia der Wissenschaften, 2015, p. 117-130.; JACOBS, 2021aJACOBS, Bruno. Achaemenid Art - Art in the Achaemenid Empire. In: JACOBS, Bruno. ROLLINGER, Robert. (eds.). A Companion to the Achaemenid Persian Empire. 2 Vols. Hoboken, NJ: Wiley Blackwell, 2021a, p. 749-768. Disponível em: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/9781119071860.ch55>. Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch55.
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1...
, p. 756-758) e alguns textos se endereçavam expressamente aos futuros reis (cf. DNb; MACEDO, 2020MACEDO, José Marcos. O Espelho de Príncipes de Dario (DNb): Tradução do Persa Antigo com Breves Comentários Linguísticos. Translatio. Porto Alegre, n. 19, Outubro de 2020, p. 41-56. Disponível em: <https://www.seer.ufrgs.br/translatio/article/view/105576>. Acesso em: 26 jun. 2022.
https://www.seer.ufrgs.br/translatio/art...
, p. 41).

O Império Persa Aquemênida, responsável pela monumental inscrição de Behistun, foi o mais extenso e diversificado império territorial até então visto no Mediterrâneo Antigo (KHATCHADOURIAN, 2016KHATCHADOURIAN, Lori. Imperial matter: Ancient Persia and the archaeology of empires. Oakland: University of California Press, 2016. Disponível em : <https://www.jstor.org/stable/10.1525/j.ctt1ffjn7j>. Acesso em : 26 jun. 2022.
https://www.jstor.org/stable/10.1525/j.c...
, p. xxxi-xxxiii). Ele adotou mecanismos complexos de controle e dominação, um sistema multilinguístico de escrita e administração, uma religião inovadora (LINCOLN, 2007LINCOLN, Bruce. Religion, empire & torture: the case of Achaemenid Persia, with a postscript on Abu Ghraib. Chicago: The University of Chicago Press, 2007.), e teve, por fim, um impacto duradouro sobre a história e o imaginário das civilizações grega, helenística e latina (SPAWFORTH, 1994SPAWFORTH, Antony. Symbol of unity? The Persian-Wars tradition in the Roman Empire. In: Hornblower, Simon (ed.). Greek historiography. Oxford: Clarendon Press, 1994, p. 233-247.; LEROUGE, 2007LEROUGE, Charlotte. L’image des Parthes dans le monde gréco-romain: du début du Ier siècle av. J.-C. jusqu’à la fin du Haut-Empire romain. Stuttgart: Franz Steiner Verlag, 2007.; LENFANT, 2011LENFANT, Dominique. Les perses vus par les grecs: lire les sources classiques sur l’Empire Achéménide. Paris: Armand Colin, 2011.).

O texto persa contém um preâmbulo com a titulatura real e a genealogia de Dario I, bem como uma narrativa dos eventos do final do reinado de Cambises. Reporta-se o secreto assassinato do irmão de Cambises, Br̥diya (“Esmérdis” na narrativa de HeródotoHERÓDOTO. Herodoti Historiae recognovit brevique adnotatione critica instrvxit Carolus Hude (Karl Hude). vol. 1. Oxford: Clarendon Press, 1908.), a revolta de um farsante (o mago Gaumāta),10 10 Apesar de muitos autores hoje considerarem que a versão oficial distorce os fatos, entendendo que o “falso” Br̥diya/Esmérdis seria, em realidade, o verdadeiro filho de Ciro, essa opinião está longe de ser unânime. Para uma bibliografia sobre a história dessa discussão, as diferentes versões e os argumentos a corroborarem cada uma, cf. SCHWINGHAMMER (2021). Para os argumentos em favor da versão de Dario I, ver KIPP (2001, p. 218-229). a morte de Cambises e, finalmente, o assassinato de Gaumāta por Dario em setembro de 522 a.C. Adiante, o texto narra outras revoltas que teriam eclodido pelo império após a ascensão de Dario I e a derradeira vitória deste monarca Aquemênida contra seus inimigos, os nove “reis mentirosos” representados nos relevos.

A escrita cuneiforme persa foi, muito provavelmente, criada por ordem de Dario I, conforme sugere a debatida interpretação de uma passagem de DB (§70) (KUHRT, 2007KUHRT, Amélie. The Persian Empire: A Corpus of Sources from the Achaemenid Empire. Londres e Nova Iorque : Routledge, 2007., p. 157; STRONACH, 2000STRONACH, David. Of Cyrus, Darius and Alexander: a new look at the epitaphs of Cyrus the Great. In: DITTMANN, Reinhard; HROUDA, Barthel; LÖW, Ulrike; MATTHIAE, Paolo; MAYER-OPIFICIUS, Ruth Mayer; THÜRWÄCHTER, Sabine (eds.). Variatio Delectat: Iran und der Westen, Gedenkschrift für Peter Calmeyer. Münster: Ugarit-Verlag, 2000, p. 681-703.).11 11 É importante notar as amplíssimas implicações de se interpretar diferentemente DB/OP §70 (= “DB/AE L”). Se o cuneiforme persa não é invenção de Dario, e, consequentemente, se as inscrições de Ciro em Pasárgada são autênticas, Ciro seria um Aquemênida, como consta de sua genealogia em Pasárgada (CMa e CMc). A genealogia de Dario, portanto, não poderia ser uma invenção, como defendem muitos autores (BRIANT, 1996, p. 122-123; WATERS, 2004; 2022; KUHRT, 2007, p. 177). Isso também poderia corroborar a autenticidade de duas inscrições geralmente descartadas como falsificações tardias (AmH e AsH), em razão de diversos erros gramaticais e epigráficos que exibem (SCHMITT, 2007, p. 25-34). Por fim, tal fato poderia indicar que Ciro I, um dinasta local, teria destronado Arsames, avô de Dario, e fundado uma nova dinastia, que Dario, em 522 a.C., teria restaurado à sua linhagem direta – nesse sentido, apenas Histaspes não teria sido rei. Por fim, se, de um lado, Dario não poderia simplesmente recusar a memória de Ciro II, em razão de suas expressivas conquistas, de outro, ele teria adotado uma postura de indiferença em relação a ela (VALLAT, 2011). Preparamos uma discussão aprofundada desse tópico em outro artigo. É um sistema relativamente simples em que 33 de seus signos cuneiformes representam, cada um, uma sílaba, geralmente uma consoante (C) com a vogal “a” (<Ca>), mas também algumas terminadas em “u” (<Cu>) e “i” (<Ci>) (KENT, 1950KENT, Roland Grubb. Old Persian: Grammar, Texts, Lexicon. New Haven, Connecticut: American Oriental Society, 1950., p. 11-12; SKJÆRVØ, 2009SKJÆRVØ, Prods Oktor. Old Iranian. In: WINDFUHR, Gernot (ed.). The Iranian Languages. London and New York: Routledge, 2009, p. 43-195., p. 52-53). Há três sinais vocálicos (<a>, <i> e <u>), sem distinção entre longas e breves, salvo no meio ou no final de palavras em <Ca>, em que as longas são indicadas pelo acréscimo de um <a> (KENT, 1950KENT, Roland Grubb. Old Persian: Grammar, Texts, Lexicon. New Haven, Connecticut: American Oriental Society, 1950., p. 13). Há pelo menos oito logogramas atestados, mas que ainda não eram usados na época em que foi inscrita a proclamação de Behistun (KENT, 1950KENT, Roland Grubb. Old Persian: Grammar, Texts, Lexicon. New Haven, Connecticut: American Oriental Society, 1950., p. 18). Outra particularidade de Behistun são os signos <:> (divisor) e <ya>, cujas linhas iniciais, grafadas da metade da linha até embaixo, acabam sendo menores do que em outras inscrições (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
, p. 19; SKJÆRVØ, 2009SKJÆRVØ, Prods Oktor. Old Iranian. In: WINDFUHR, Gernot (ed.). The Iranian Languages. London and New York: Routledge, 2009, p. 43-195., p. 53). Além do divisor de palavras, há alguns sinais numéricos (transliterados por números romanos) (KENT, 1950KENT, Roland Grubb. Old Persian: Grammar, Texts, Lexicon. New Haven, Connecticut: American Oriental Society, 1950., p. 19). Entre as sílabas de leitura menos evidente, destacam-se o persa <ca>, que era uma africada (/č/ ou /tʃ/) pronunciada como o “tch” português em “tchau”; o <xa>, uma fricativa velar surda (/x/), como o “ch” do alemão “Buch”; e, finalmente, o <ça>, que tem valor fonético incerto (KENT, 1950KENT, Roland Grubb. Old Persian: Grammar, Texts, Lexicon. New Haven, Connecticut: American Oriental Society, 1950., p. 24-25). A escrita <a-ra> poderia ser usada para denotar um “r silábico” (grafado pelos autores variavelmente como r̥ ou ar̥), pronunciado como no inglês bird (KENT, 1950KENT, Roland Grubb. Old Persian: Grammar, Texts, Lexicon. New Haven, Connecticut: American Oriental Society, 1950., p. 15; SKJÆRVØ, 2009SKJÆRVØ, Prods Oktor. Old Iranian. In: WINDFUHR, Gernot (ed.). The Iranian Languages. London and New York: Routledge, 2009, p. 43-195., p. 53). Os persas geralmente omitiam as nasais antes de consoantes, motivo pelo qual estas, quando pressupostas pela linguística comparativa, são amiúde sobrescritas na transcrição (transl.: <ba-da-ka> = transc. bandaka) (KENT, 1950KENT, Roland Grubb. Old Persian: Grammar, Texts, Lexicon. New Haven, Connecticut: American Oriental Society, 1950., p. 17, §39). O <u> e <i> no final (ou, às vezes, no meio) de palavras eram convencionalmente grafados com um <va> e <ya> adiante, respectivamente (KENT, 1950KENT, Roland Grubb. Old Persian: Grammar, Texts, Lexicon. New Haven, Connecticut: American Oriental Society, 1950., p. 17; SKJÆRVØ, 2009SKJÆRVØ, Prods Oktor. Old Iranian. In: WINDFUHR, Gernot (ed.). The Iranian Languages. London and New York: Routledge, 2009, p. 43-195., p. 53). O “h” não era grafado antes de “u” (KENT, 1950KENT, Roland Grubb. Old Persian: Grammar, Texts, Lexicon. New Haven, Connecticut: American Oriental Society, 1950., p. 12-13).12 12 Usamos os parênteses (“(...)”) para palavras omitidas ou subentendidas no texto. Os casos disputados ou totalmente ilegíveis serão tratados nos comentários em notas, especialmente na quinta coluna, onde o texto original foi mais danificado. Isso porque, sem colacionar o texto transliterado e transcrito/normalizado, o uso de “[...]” no corpo da tradução para indicar os trechos ilegíveis resultaria, por vezes, em intervalos arbitrários no texto em português. Os sinais de pontuação utilizados ao longo da tradução são artificiais, pois inexistiam no persa antigo. Os autores geralmente utilizam ponto e vírgula (“;”) em uma mesma seção. A não ser que indicado de outra forma, as traduções de línguas modernas da bibliografia secundária para o português foram realizadas por nós. Para mais convenções de transliteração do persa antigo, cf. ARAUJO (2018, p. 137 e n. 815).

Devido à agência do clima e do tempo, para não mencionar os estragos causados por disparos durante as duas guerras mundiais, o monumento em Behistun possui diversos trechos ilegíveis. A quinta coluna do texto persa, em particular, está em estado “deplorável”, como confessam os especialistas (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
, p. 22). Sendo assim, e na carência de fotografias do monumento inteiro, dependemos de edições críticas consagradas para conhecer o original. O primeiro a copiar todo o texto cuneiforme persa em Behistun foi Henry Rawlinson, no século XIX. Trechos do texto também foram copiados, em 1903, pelo professor William JacksonJACKSON, Abraham Valentine Williams. The Great Behistun Rock and some results of a re-examination of the Old Persian inscriptions on it. Journal of the Royal Asiatic Society, vol. 24, 1903.. A primeira edição cuneiforme completa, já defasada, é a de King e Thompson (1907)KING, Leonard William; THOMPSON, Reginald Campbell. The Sculptures and Inscription of Darius the Great on the Rock of Behistun in Persia. London: Longmans & Co., 1907. Disponível em: <https://archive.org/details/sculpturesinscri00brituoft>. Acesso em: 26 jun. 2022.
https://archive.org/details/sculpturesin...
(incluindo o elamita e o babilônio). O professor George Cameron fez uma impressão em látex da inscrição, em 1948, garantindo maior precisão em nossas leituras (1951; 1960). Atualmente, a edição crítica mais completa é a de Rüdiger Schmitt (1991)SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
, com referências às reconstruções de outros especialistas. A edição de Schmitt não contém o cuneiforme em si, mas a transliteração e transcrição do texto persa. Ela nos servirá de base para nossa tradução, assim como para a normalização de termos persas e nomes próprios em geral (dando-se preferência, na tradução, àqueles consagrados pela tradição em língua portuguesa).13 13 Considerando as peculiaridades de transliteração e normalização dos diferentes autores, aqui seguiremos as convenções da edição crítica (e aparato crítico) de SCHMITT (1991), complementada por SCHMITT (2009). Para a presente tradução, consideramos também, quando necessário, a transliteração e normalização de KING e THOMPSON (1907) e CAMERON (1951) em comparação ao texto de SCHMITT (1991; 2009). Não colacionamos o texto persa junto à presente tradução, nem incorporamos as legendas da inscrição (DBa-k), por limites de espaço. Pensamos em um projeto mais amplo no futuro.

Há mais de uma tradução do texto persa para o inglês, como a de KING e THOMPSON (1907)KING, Leonard William; THOMPSON, Reginald Campbell. The Sculptures and Inscription of Darius the Great on the Rock of Behistun in Persia. London: Longmans & Co., 1907. Disponível em: <https://archive.org/details/sculpturesinscri00brituoft>. Acesso em: 26 jun. 2022.
https://archive.org/details/sculpturesin...
, a de KENT (1950)KENT, Roland Grubb. Old Persian: Grammar, Texts, Lexicon. New Haven, Connecticut: American Oriental Society, 1950., a de SCHMITT (1991)SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
, e a de BROSIUS (2021, p. 50-59)BROSIUS, Maria. A History of Ancient Persia: The Achaemenid Empire. Hoboken: Wiley Blackwell, 2021.. Há uma versão em francês traduzida por LECOQ (1997)LECOQ, Pierre. Les inscriptions de la Perse achéménide. Paris: Gallimard, 1997., uma versão do texto persa em italiano, de ASHERI (1990)ASHERI, David. Erodoto, Le Storie. III, La Persia. (Appendice I: L’iscrizione di Dario a Behistun). Milano: Arnoldo Mondadori Editore, 1990., e, além disso, uma tradução para o alemão, por SCHMITT (2009)SCHMITT, Rüdiger. Die altpersischen Inschriften der Achaimeniden. Editio minor mit deutscher Übersetzung. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2009.. O dicionário de persa antigo mais atual, também em alemão, foi publicado por SCHMITT (2014)SCHMITT, Rüdiger. Wörterbuch der altpersischen Königsinschriften. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2014.. A versão elamita foi traduzida para o francês por GRILLOT-SUSINI, HERRENSCHMIDT e MALBRAN-LABAT (1993)GRILLOT-SUSINI, Françoise; HERRENSCHMIDT, Clarisse; MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Élamite de la Trilingue de Behistun: Une Nouvelle Lecture. Journal Asiatique, vol. CCLXXXI.1-2, 1993, p. 19-59. Disponível em: <https://archive.org/details/LaVersionElamiteDeLaTrilingueDeBehistunUnNouvelleLecture>. Acesso em: 26 jun. 2022.
https://archive.org/details/LaVersionEla...
, e, mais recentemente, por PARIAN (2017PARIAN, Saber Amiri. A New Edition of the Elamite Version of the Behistun Inscription. Cuneiform Digital Library Bulletin, vol. 3, 2017. Disponível em: <https://cdli.ucla.edu/file/publications/cdlb2017_003.pdf>. Acesso em: 26 jun. 2022.
https://cdli.ucla.edu/file/publications/...
; 2020PARIAN, Saber Amiri. A New Edition of the Elamite Version of the Behistun Inscription (II). Cuneiform Digital Library Bulletin, vol. 1, 2020. Disponível em: <https://cdli.ucla.edu/file/publications/cdlb2020_001.pdf>. Acesso em: 26 jun. 2022.
https://cdli.ucla.edu/file/publications/...
; ainda incompleta). A versão do acadiano babilônico foi traduzida para o inglês por VON VOIGTLANDER (1978)VON VOIGTLANDER, Elizabeth Nation. The Bisitun Inscription of Darius the Great: Babylonian Version. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1978., e, mais tarde, para o francês, por MALBRAN-LABAT (1994)MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994.. A versão conhecida do aramaico, fragmentária, pode ser consultada pela edição de GREENFIELD e PORTEN (1982)GREENFIELD, Jonas Carl; PORTEN, Bezalel. The Bisitun Inscription of Darius the Great. Aramaic Version. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1982., enquanto os fragmentos de uma estela babilônica foram tratados em um artigo em alemão por SEIDL (1999)SEIDL, Ursula. Ein Monument Dariu’s I. aus Babylon. Zeitschrift für Assyriologie, Bd. 89, S. 101-114, Walter de Gruyter, 1999, p. 101-114. Disponível em: <https://www.degruyter.com/document/doi/10.1515/zava.1999.89.1.101/html>. Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.1515/zava.1999.89.1.101.
https://doi.org/10.1515/zava.1999.89.1.1...
.14 14 Outras traduções, mais antigas, foram realizadas por Oppert, Dandamaev, Hinz, entre outros (para a literatura anterior, cf. ASHERI, 1990, p. 383). Atualmente, o leitor pode consultar também o texto transliterado disponível on-line, no ARIo: Achaemenid Royal Inscriptions online, um projeto que integra o Open Richly Annotated Cuneiform Corpus (ORACC). Disponível em: <http://oracc.museum.upenn.edu/ario/Q007134/>. Acesso em: 07 nov. 2022. O projeto usa o texto persa de SCHMITT (2009), digitado, lematizado e atualizado por Henry Heitmann-Gordon. O Projeto DARIOSH prevê a publicação de todas as inscrições Aquemênidas cotejando as suas diferentes versões (elamita, acadiano e persa), mas, salvo por alguns volumes já publicados, tais traduções ainda estão em andamento (BASELLO et al., 2012BASELLO, Gian Pietro; FILIPPONE, Ela; GIOVINAZZO, Grazia; ROSSI, Adriano Valerio. DARIOSH Studies I: The Achaemenid Royal Inscriptions in an Intertextual Perspective. Ismeo: Associazione Internazionale di Studi sul Mediterraneo e l’Oriente. Napoli: Università degli Studi di Napoli “L’Orientale”, 2012.).15 15 No caso de Behistun, contamos, ademais, com a transcrição, transliteração e tradução de todas as versões por BAE (2001). Até o momento, não tive conhecimento de uma tradução diretamente do persa ao português. O professor José Marcos Macedo, do DLCV da FFLCH/USP, que ministrou um curso de introdutório sobre o persa antigo num workshop de línguas indo-europeias (2017), indica, em versão que elaborou de DNb, em 2020, ter a intenção de publicar uma tradução de DB, do persa para o português, com comentários de linguística histórica (2020, p. 41).

A Inscrição de Dario em Behistun (DB) – versão em Persa Antigo

  • §1° Eu (sou) Dario, o grande rei, rei dos reis, rei na Pérsia, rei dos países, filho de Histaspes, neto de Arsames, um Aquemênida.16 16 §1°. Dario I (522-486 a.C.).Dārayavauš, *Dāraya-vahuš: “aquele que segura firme os bens” (KENT, 1950, p. 189; LECOQ, 1997, p. 292; SCHMITT, 2014, p. 165; MACEDO, 2020, p. 43; cf. KELLENS, 2021, p. 1216). Rei dos reis. Segundo KUHRT, esse título seria mais comum em Urartu (2007, p. 151-152, n. 2). Rei na Pérsia. A versão acadiana traz “um persa” (VON VOIGTLANDER, 1978, p. 54; MALBRAN-LABAT, 1994, p. 107). Ausente da versão elamita (GRILLOT-SUSINI et al., 1993, p. 39; PARIAN, 2017, p. 2). Pérsia. Fārs, no sul do Irã. Rei dos países. Embora alguns autores tenham argumentado em favor da tradução de dahyu- por “povo” em certos contextos, seu sentido principal é territorial (país), seja denotando distritos, ou, mais raramente, a totalidade dos territórios imperiais (KENT, 1950, p. 55; 190; BRANDENSTEIN e MAYRHOFER, 1964, p. 64; 114; HERZFELD, 1968, p. 292; GERSHEVITCH, 1979, p. 160; SCHMITT, 2014, p. 162; ARAUJO, 2018, p. 152-158; JACOBS, 2021b, contra BARTHOLOMAE, 1904, p. 706; CAMERON, 1973; TUPLIN, 1987, p. 113; BRIANT, 1996, p. 189; LECOQ, 1997, p. 136-137; KUHRT, 2007, p. 152). Para a titulatura real persa, cf. TANCK (1997, p. 217-230); WIESEHÖFER (2001 [1996], p. 29).

  • §2° Diz Dario, o rei: meu pai (é) Histaspes, o pai de Histaspes (é) Arsames, o pai de Arsames (foi) Ariaramnes, o pai de Ariaramnes (foi) Teispes, o pai de Teispes (foi) Aquêmenes.17 17 §2°. Diz Dario, o rei.θāti Dārayavauš xšāyaθiya. Um caso paradigmático de deslocamento do verbo para o início da sentença (“topicalização”), com finalidade de ênfase ou a fim de exibir um estilo mais elevado (SKJÆRVØ, 2009, p. 96-97). A posição esperada do verbo em persa antigo, como no grego, seria o final da sentença (KENT, 1950, p. 96; SKJÆRVØ, 2009, p. 94-95). Histaspes. Adota-se, tradicionalmente, um decalque da versão grega deste nome. Histaspes e o pai, Arsames, são mencionados por Heródoto (e.g., Hdt 1.209). Arsames. Como explica SCHMITT, o verbo “ser”, omitido aqui, deve estar no presente, pois sabemos que Arsames e Histaspes estavam vivos nessa época (1991, p. 49; cf. XPf §3°). Uma genealogia alternativa é fornecida por Ciro II (o Grande) no famoso “cilindro de Ciro” (CURTIS; RAZMJOU, 2005, p. 59; KUHRT, 2007, p. 71). Alguns autores argumentam que, como o cilindro de Ciro não menciona nenhum Aquêmenes, este seria uma invenção de Dario para legitimar sua pretensão ao trono (BRIANT, 1996, p. 26-27; WATERS, 1996, p. 11-18). As únicas inscrições que atrelam Ciro a Aquêmenes (CMa e CMc) são consideradas criações tardias, se aceitarmos que o cuneiforme persa teria sido inventado por Dario (STRONACH, 2000). No entanto, outros autores veem CMa-c como inscrições autênticas (VALLAT, 2011). Cf. também Hdt. 7.11, com genealogia alternativa.

  • §3° Diz Dario, o rei: por isso, nós somos chamados Aquemênidas; desde muito tempo, nós somos nobres; desde muito tempo, foram reis os de nossa estirpe.18 18 §3°. Nobres.āmātā, termo de significado controverso. Para outras possibilidades (e.g., “poderosos”), cf. BRANDENSTEIN e MAYRHOFER (1964, p. 102); SCHMITT (2014, p. 129).

  • §4° Diz Dario, o rei: (houve) oito da minha família que foram reis antes; eu (sou) o nono; agora como antes, nós somos nove reis.19 19 §4°. Agora como antes. A tradução deste trecho é debatida. SCHMITT argumenta que o termo que aqui aparece, duvitāparanam, significaria “agora como antes” (2009, p. 38; 2014, p. 174), KENT prefere traduzi-lo como “um após o outro” / “em sucessão” (1950, p. 192) e BRANDENSTEIN e MAYRHOFER optam pela tradução “em duas sequências” (1964, p. 118; cf. também LECOQ, 1997, p. 188) . Entenda-se, por esta última tradução, que Dario faria menção à linha de Ciro como colateral à sua (KUHRT, 2007, p. 152, n. 4). Para uma comparação com as versões acadiana e elamita, cf. ARAUJO (2018, p. 139-140).

  • §5° Diz Dario, o rei: pela vontade de Ahura Mazda, eu sou rei; a mim Ahura Mazda outorgou o império.20 20 §5°. pela vontade.vašnā, termo geralmente traduzido pelos autores como “pela vontade” ou “pelo favor” (SCHMITT, 2014, p. 277; MACEDO, 2020, p. 44) ou “pela grandeza” (SKJÆRVØ, 2009, p. 78), no caso instrumental. Ahura Mazda. Deidade máxima do panteão iraniano. Para a etimologia do nome, cf. SCHMITT (2014, p. 143) e MACEDO (2020, p. 42-45). Na versão da estela babilônica, a deidade sob os auspícios da qual está Dario não é Ahura Mazda, mas o deus local, Bēl/Marduk (SEIDL, 1999, p. 109-110). Sobre a religião dos Aquemênidas, há pelo menos duas correntes interpretativas: (a) uma, minoritária, prefere tratar a religião dos reis vagamente como “masdeísta”, evitando uma identificação direta ao zoroastrismo (GARRISON, 2011); (b) a outra, majoritária, entende que os Aquemênidas eram zoroastristas, no sentido de que compartilhariam uma tradição comum à religião que viria a ser posta por escrito no Avesta. Se os Aquemênidas foram, de fato, zoroastristas, a forma do zoroastrismo que os reis seguiam não deve ter correspondido exatamente àquela conhecida no Período Sassânida. Ressalte-se que não há nenhuma citação “direta” do Avesta nas Inscrições Aquemênidas (SKJÆRVØ, 1999; KELLENS, 2021, p. 1212), apenas possíveis empréstimos de fórmulas, além de indicações na onomástica. Em relação à religião dos Aquemênidas, consultar: SKJÆRVØ (1999; 2014); LINCOLN (2007); GARRISON (2011); HENKELMAN e REDARD (2017); KELLENS (2021); HENKELMAN (2021a; 2021b). A mim. o uso excepcional do pronome pessoal na forma não enclítica indica ênfase (SCHMITT, 1991, p. 49). Império. O significado do termo persa antigo xšaça- foi muito discutido. No geral, os autores admitem o sentido duplo de “reino”, concreto, ou “reinado”, abstrato (KENT, 1950, p. 181). BENVENISTE admitia sentido físico e abstrato (1969, p. 19). BUCCI defendeu um sentido territorial e concreto, denotando o império (1983; 1985, p. 673). TANCK entende que o termo tem sentido territorial, podendo denotar a província da Pérsia ou o conjunto de países sob autoridade do rei dos reis (1997, p. 231-232). GNOLI defendeu um sentido exclusivamente territorial para o termo (1972, p. 90-91). KHATCHADOURIAN entende que o vocábulo tem sentido tanto abstrato quanto concreto (2016, p. 3-4). KELLENS acreditava que o sentido territorial de xšaça- seria questionável (2002, p. 438). Optamos por traduzi-lo por “império”, que é seu significado mais frequente (ARAUJO, 2018, p. 142-152).

  • §6° Diz Dario, o rei: estes (são) os países que me couberam; pela vontade de Ahura Mazda, eu fui o rei deles: Pérsia, Elam, Babilônia, Assíria, Arábia, Egito, os que (habitam) no mar, Lídia, Jônia, Média, Armênia, Capadócia, Pártia, Drangiana, Ariana, Corásmia, Báctria, Sogdiana, Gandara, Cítia, Satagídia, Aracósia, Mácria; vinte e três países no total.21 21 §6°. Que me couberam. Essa construção do verbo pati-ay- com o dativo significa “caber a alguém” (SCHMITT, 1991, p. 49; 2014, p. 147). Alguns autores traduzem essa construção como “esses são os países que me obedecem”, conforme a versão babilônica (LECOQ, 1997, p. 188; KUHRT, 2007, p. 141; cf. MALBRAN-LABAT, 1994, p. 107). Os que (habitam) no mar. Por essa construção do locativo entenda-se aqueles que estão junto ao mar. Segundo SCHMITT, uma região no noroeste da atual Turquia, Dascylium (1991, p. 49; 2009, p. 39; 2014, p. 171). No total. O advérbio fraharavam é traduzido por Schmitt como “no total” (2014, p. 175).

  • §7° Diz Dario, o rei: esses (são) os países que me couberam; pela vontade de Ahura Mazda, eles foram meus vassalos; eles me traziam tributo; o que lhes era dito por mim, de noite ou durante o dia, aquilo eles costumavam fazer.22 22 §7°. Eles foram. āhantā. Essa é a forma do verbo ah- (ser/estar) na voz média, imperfeito, exibindo desinência da terceira pessoa do plural. Aparentemente, possui o mesmo sentido da forma ativa (KENT, 1950, p. 88; contra BENVENISTE, 1945, p. 61-63). Meus vassalos. O termo baⁿdaka, que ocorre apenas em DB, geralmente em referência a altos dignitários de Dario, deve indicar algum grau de sujeição em relação ao rei persa (SCHMITT, 1991, p. 50; 2014, p. 151). Tributo. O termo bāji- não delimita a espécie tributária. Aqui, está associado à ideia de sujeição (KLEBER, 2021, p. 134-135). De noite ou durante o dia. A expressão xšapavā raucapativā é construída com a enclítica disjuntiva “vā” (“ou”; cf. BRANDENSTEIN; MAYRHOFER, 1964, p. 150). A forma xšapa (“noite”) corresponde a um genitivo de tempo (SCHMITT, 2014, p. 285) e a forma rauca (“dia”), com a posposição pati, está no acusativo neutro de temas em -h (raucaʰ-) (SCHMITT, 2014, p. 237). Temos, portanto, um acusativo de duração (tempo em que algo ocorre) e um genitivo de tempo (intervalo de tempo dentro do qual algo ocorre) combinados em uma mesma expressão rimada (KENT, 1950, p. 80-81; 100). Eles costumavam fazer. akunavayantā. O optativo com aumento (no pretérito) indica uma ação habitual no passado (KENT, 1950, p. 91; SCHMITT, 1991, p. 50; 2009, p. 39).

  • §8° Diz Dario, o rei: nesses países, o homem que era leal, eu o tratei bem; o que era desleal, eu o puni rigorosamente; pela vontade de Ahura Mazda, esses países observaram a minha lei; conforme lhes era dito por mim, assim eles costumavam fazer.23 23 §8°. Tratei bem... puni rigorosamente. Aqui há duas “figuras etimológicas”: “ubr̥tam bar-”, “tratar bem tratado”; “ufrastam fraθ-”, “punir severamente” (SCHMITT, 2014, p. 262). Lei. O substantivo dāta- está aqui no caso instrumental “dātā” (SCHMITT, 2014, p. 116). Um termo de escopo discutido e que aparece, como empréstimo, na documentação em elamita, acadiano e hebraico (BRIANT, 1996, p. 526-528; 981-982; FREI, 2001; DÉMARE-LAFONT, 2006, p. 13-26; KUHRT, 2007, p. 10; SCHMITT, 2011 [1994]; PIRNGRUBER, 2021, p. 1087-1090; contra OLMSTEAD, 1948, p. xiv).

  • §9° Diz Dario, o rei: Ahura Mazda me outorgou este império; Ahura Mazda me trouxe ajuda até que eu assumisse o controle deste império; pela vontade de Ahura Mazda, eu controlo este império.24 24 §9°. Assumisse o controle. verbo ham-dar-; “assumir o controle de, obter” (KENT, 1950, p. 189); ou até que Dario “mantivesse unido” o império (SCHMITT, 1991, p. 50; cf. também 2014, p. 164).

  • §10 Diz Dario, o rei: isto (é) o que foi feito por mim depois que me tornei rei: (um homem) de nome Cambises, filho de Ciro, da nossa família, ele era rei aqui antes; aquele Cambises tinha um irmão, de nome Esmérdis, de mesma mãe e mesmo pai que Cambises; então Cambises matou aquele Esmérdis; quando Cambises matou aquele Esmérdis, não fora conhecido pelo povo que aquele Esmérdis havia sido morto; depois Cambises partiu para o Egito; quando Cambises partiu para o Egito, então o povo se tornou desleal; e a mentira se tornou numerosa no país, na Pérsia, na Média e nos demais países.25 25 §10. Um (homem) de nome. Uma característica de estilo do persa antigo é essa fórmula de nomeação, conhecida como “naming phrase” (KENT, 1950, p. 97; SKJÆRVØ, 2009, p. 104). Cita-se o nome de uma pessoa ou lugar seguido do termo nāma (ou nāmā, no feminino), geralmente retomados por um pronome. Essa fórmula está sempre no nominativo, independentemente da função sintática cumprida na sentença. Cambises... da nossa família. Cambises era filho de Ciro e Cassandane. Heródoto diz que Cassandane era uma Aquemênida (Hdt. 3.2). Assim, Dario está necessariamente dizendo a verdade ao afirmar que Cambises pertencia à sua família (WATERS, 2004, p. 91-102). Esmérdis. Forma grega do original persa Br̥diya. Empregamos a forma Esmérdis ao longo da tradução por ser mais familiar à audiência lusófona, embora esse Br̥diya seja chamado por diferentes nomes nos autores clássicos. Além de Esmérdis, encontramos as designações Tanyoxarkes, Mergis, Mardos. As diferentes versões aparecem em Heródoto (3.30; 61-87), Ésquilo (Pers. 770-775), Ctésias (Persika, 10-13) e Justino (1.9.4-11) (cf. também Xen. Cyr. 8.7.11-28). Elas apontam para a existência de diversas tradições orais contendo alguns motivos fundamentais, mas que misturam elementos fantasiosos (BRIANT, 1996, p. 110-112). E (a mentira...). utā; Reconstrução de Gershevitch, seguida por SCHMITT (1990, p. 17-18). KING e THOMPSON (1907, p. 7): pasāva. Numerosa no país. Schmitt nota que esse uso excepcional de dahyu- denota a totalidade do território imperial, e não apenas as unidades individuais (SCHMITT, 1991, p. 51).

  • §11 Diz Dario, o rei: havia então certo homem, um mago, de nome Gaumāta. Ele se insurgiu a partir de Paišiyāuvādā, uma montanha de nome Arakadri, de lá (ele se insurgiu); eram passados quatorze dias do mês de Viyaxna, quando ele se insurgiu; ele mentiu assim ao povo: “Eu sou Esmérdis, filho de Ciro, irmão de Cambises”; então, o povo inteiro se rebelou contra Cambises (e) se bandeou para aquele (Gaumāta) – a Pérsia, a Média e os demais países; ele tomou o império para si; eram passados nove dias do mês de Garmapada, então ele tomou o império para si; depois, Cambises morreu sua própria morte.26 26 §11. Certo homem, um mago. Ou “um homem mago”. Como o persa antigo não possui artigos definidos ou indefinidos, o uso do cardinal aiva (um) aqui deve enfatizar a indeterminação (“um certo...”) (SCHMITT, 1991, p. 51; 2014, p. 128). Em Heródoto (3.61.1) há dois magos medos (ASHERI et al., 2007, p. 460). A versão babilônica confirma que Gaumāta era um medo (VON VOIGTLANDER, 1978, p. 55; MALBRAN-LABAT, 1994, p. 109). O termo “mago”, embora tradicionalmente associado a uma classe sacerdotal iraniana, tem significado amplo e incerto (SCHMITT, 2014, p. 208; HENKELMAN, 2021b, p. 1244-1247). Ele se insurgiu. No original, a forma é udapatatā, i.e., o verbo pat- (“voar”), com a desinência média da 3ª pessoa, singular, imperfeito, com o prefixo ud- (“para cima”) (“sublevar-se”, i.e., fazer um “levante”). Para diferenciar este verbo, reservado, no texto, a indivíduos, da expressão similar “tornar-se rebelde” (hamiçiya- bav), usada para povos, exércitos e países (SCHMITT, 2014, p. 230), o traduzimos regularmente por “insurgir-se”. Paišiyāuvādā. Paišiyāuvādā, onde se insurge o mago, seria uma cidade em Fars, perto de Pasárgada. O correspondente elamita é Našir. A etimologia do nome persa é debatida (LECOQ, 1997, p. 190; SCHMITT, 1991, p. 51; KUHRT, 2007, p. 152; ARAUJO, 2018, p. 146-147). De lá (ele se insurgiu). O primeiro documento babilônico datando do reino de Br̥diya é de 14 de abril de 522, mas talvez este seja o segundo rei que se proclamou Br̥diya (KUHRT, 2007, p. 152). Quatorze dias do mês de Viyaxna. As datas da versão elamita utilizam os nomes persas dos meses (GRILLOT-SUSINI et al., 1993, p. 42). Em nosso calendário, essa data seria 11 de março de 522 a.C. (SCHMITT, 1991, p. 51; MALBRAN-LABAT, 1994, p. 109). Dias... eram passados. O significado do instrumental nas expressões de data do persa antigo é debatido. Para KENT, ele serve para especificar a unidade de medida (1950, p. 82). De forma similar, SKJÆRVØ: “do mês de X, por Y dias, (os dias) eram passados” (2009, p. 114-115; cf. ARAUJO, 2018, p. 145-146). Nove dias do mês de Garmapada. 1° de julho de 522 a.C. na versão persa (SCHMITT, 1991, p. 51); 5 de julho de 522 a.C. na versão acadiana (MALBRAN-LABAT, 1994, p. 109). Então ele tomou o império. Há uma descrição em duas etapas, em datas diferentes, que não é clara. Há a hipótese de que a segunda data corresponderia a um ritual de entronização (KUHRT, 2007, p. 153). Cambises morreu sua própria morte. Uma passagem outrora debatida, mas, se comparado seu equivalente elamita à ocorrência da expressão em outros documentos, implicaria morte por causas naturais, excluindo, portanto, acidente, suicídio ou assassinato (STOLPER, 2015; ARAUJO, 2018, p. 146; contra KENT, 1950, p. 177).

  • §12 Diz Dario, o rei: este império que Gaumāta, o mago, roubou a Cambises, este império pertenceu à nossa família desde muito tempo; depois, Gaumāta, o mago, roubou a Cambises a Pérsia, a Média e os demais países; ele se apoderou deles (e) os fez sua propriedade; ele se tornou rei.

  • §13 Diz Dario, o rei: não havia um homem, nem persa, nem medo, nem ninguém da nossa família, que pudesse recobrar o império àquele mago Gaumāta; o povo tinha muito medo dele; ele costumava matar em grande número o povo que antes conhecera Esmérdis; por isso ele costumava matar o povo: “para que não me reconheça, (para que não reconheça) que eu não sou Esmérdis, filho de Ciro”; ninguém ousava dizer algo sobre Gaumāta, o mago, até que eu cheguei; então, eu pedi ajuda a Ahura Mazda; Ahura Mazda me trouxe ajuda; dez dias do mês de Bāgayādi eram passados, então eu, com poucos homens, matei aquele Gaumāta, o mago, e os homens que eram seus principais seguidores; um forte de nome Sikayuvati, um país de nome Nisāya, na Média, lá eu o matei; eu tomei o império dele; pela vontade de Ahura Mazda, eu me tornei rei; a mim Ahura Mazda outorgou o império.27 27 §13. Nem persa, nem medo. Na versão acadiana, se acrescenta “nem um babilônio” (VON VOIGTLANDER, 1978, p. 55; MALBRAN-LABAT, 1994, p. 109). Pudesse recobrar. O uso do optativo do verbo kar- com um particípio presente (dātam caxriyā) indica um significado potencial (KENT, 1950, p. 89). Ele costumava matar. Mais uma vez, o optativo com aumento (pretérito), indicando uma ação habitual no passado (avājaniyā) (SCHMITT, 2009, p. 44). Eu pedi. Para KENT, tratava-se da primeira pessoa do singular, imperfeito e na voz média do verbo avahya- (“pedir por ajuda”) com a preposição pati- (1950, p. 173). SCHMITT, seguindo Wackernagel, o interpreta como um futuro histórico do verbo van- (“pedir”) (1991, p. 52; 2009, p. 44; 2014, p. 275). Dez dias do mês de Bāgayādi. 29 de setembro de 522 a.C. (SCHMITT, 1991, p. 52; MALBRAN-LABAT, 1994, p. 109). Nisāya. Segundo LECOQ, supôs-se que tal localidade (e, portanto, o forte de Sikayuvati) ficaria próxima a Behistun, motivo pelo qual o sítio poderia ter sido escolhido para a celebração da “magofonia” (1997, p. 192). Lá eu o matei. Segundo KUHRT, o último documento babilônico datado do reinado de Br̥diya é de 20 de setembro de 522 a.C. (2007, p. 153). Eu me tornei rei. Infere-se por esta passagem que Dario se proclamou rei logo após a morte de Cambises e não, como em Heródoto, depois da morte do falso Esmérdis (Hdt. 3.84-88; LECOQ, 1997, p. 190; cf. também ARAUJO, 2018, p. 135).

  • §14 Diz Dario, o rei: o império que havia sido levado embora de nossa família, eu o restaurei; eu o fixei no lugar; eu refiz os templos que Gaumāta, o mago, destruíra, exatamente como antes; eu restituí ao povo as propriedades, o gado, os servos e as casas que Gaumāta, o mago, lhe havia roubado; eu estabeleci o povo no lugar, a Pérsia, a Média e os demais países; eu reestabeleci o que havia sido levado embora, exatamente como antes; pela vontade de Ahura Mazda, eu o fiz; eu me esforcei até que eu recolocasse o domínio da nossa família no lugar, exatamente como antes; pela vontade de Ahura Mazda, eu me esforcei assim, de tal sorte que Gaumāta, o mago, não tomasse nosso domínio.28 28 §14. Eu restituí ao povo. Alguns veem aqui um “verdadeiro” genitivo (i.e., as propriedades, o gado etc. “do” povo), mas tal interpretação não é majoritariamente aceita (SCHMITT, 1991, p. 53). As propriedades. abicariš, fazendas, propriedades rurais. Interpretado como acusativo plural (KENT, 1950, p. 168-169; SCHMITT, 2014, p. 124). Os servos. O substantivo māniya- tem sentido coletivo; e.g., “escravaria” (SCHMITT, 2014, p. 210-211). As casas. O uso do instrumental em viθbišcā (as casas) nessa passagem é de interpretação debatida (SCHMITT, 1991, p. 53). Alguns autores traduzem como expressão de acréscimo, “junto com as casas” (SCHMITT, 2009, p. 46). Outros o interpretam como um instrumental com função de acusativo (KENT, 1950, p. 208). O mago lhe havia roubado. Briant esclarece que o antagonismo do mago contra Dario não pode ser explicado por uma luta de classes, uma vez que é claro que parte da nobreza também apoiara o mago. A confiscação das terras parece estar vinculada a uma forma de privar os nobres leais a Dario do acesso à corveia de serviço militar, geralmente cobrada em troca da concessão de propriedades fundiárias (BRIANT, 1996, p. 115-117). Eu me esforcei. Esse verbo (taxš-), com o prefixo hama-, significa “cooperar”, “trabalhar com”, “comprometer-se” (KENT, 1950, p. 185-186; SCHMITT, 2014, p. 253). Ou, simplesmente, “fazer esforços”, “esforçar-se” (LECOQ, 1997, p. 192; MACEDO, 2020, p. 47).

  • §15 Diz Dario, o rei: isso (é) o que eu fiz depois que me tornei rei.

  • §16 Diz Dario, o rei: quando eu matei Gaumāta, o mago, então um certo homem de nome Āçina, filho de Upadarama – ele se insurgiu no Elam (e) declarou assim ao povo: “eu sou rei no Elam”; depois, os elamitas se rebelaram; eles se bandearam para aquele Āçina; ele se tornou rei no Elam; e um certo homem babilônio, de nome Nadintabaira, filho de Ainaira, ele se insurgiu na Babilônia (e) mentiu assim ao povo: “eu sou Nabucodonosor, filho de Nabonido”; então o povo babilônico inteiro se bandeou para aquele Nadintabaira; a Babilônia se tornou rebelde; ele tomou o poder na Babilônia.29 29 §16. Āçina. Essa revolta não parece ter sido particularmente desafiadora, uma vez que: (i) Āçina, ao contrário de vários dos reis revoltosos subsequentes, não possui uma reivindicação de descendência de uma dinastia local; e (ii) não há detalhamento de operações militares no Elam, sendo meramente informado que o rebelde teria sido entregue a Dario após o envio de um mensageiro (SCHWINGHAMMER, 2021, p. 419-422). Upadarama. KUHRT (2007, p. 153) e LECOQ (1997, p. 193) notam que as versões acadiana e elamita do texto o descrevem como um homem elamita, embora seu nome seja persa. Ele tomou o poder na Babilônia. Esse trecho poderia indicar que xšaça- não é sempre relativo à totalidade do território imperial, pois parece ser especificado pelo locativo de Babilônia, i.e. “o poder que (havia) na Babilônia” (ARAUJO, 2018, p. 147-148; cf., contudo, SCHWINGHAMMER, 2021, p. 422).

  • §17 Diz Dario, o rei: então eu enviei (um mensageiro) para o Elam; aquele Āçina foi conduzido acorrentado até mim; eu o matei.30 30 §17. Eu enviei (um mensageiro). As versões elamita e babilônica trazem como objeto direto “um mensageiro” (VON VOIGTLANDER, 1978, p. 56; GRILLOT-SUSINI et al., 1993, p. 45; MALBRAN-LABAT, 1994, p. 111; LECOQ, 1997, p. 193; KUHRT, 2007, p. 153; PARIAN, 2017, p. 6).

  • §18 Diz Dario, o rei: então eu fui à Babilônia contra aquele Nadintabaira, que se dizia Nabucodonosor; o exército de Nadintabaira tinha o Tigre; lá (o exército) se postou, e (o Tigre) era (somente) navegável, em razão das águas; então eu coloquei o exército em couros de animal; a outros fiz serem conduzidos por camelo (e) aos demais dei cavalo; Ahura Mazda me trouxe ajuda; pela vontade de Ahura Mazda, nós atravessamos o Tigre; lá eu destruí completamente aquele exército de Nadintabaira; vinte e seis dias do mês de Āçiyādiya eram passados, então nós travamos batalha.31 31 §18. Era (somente) navegável.nāviyā āha; A rigor, “era navegável”, indicando que não poderia ser atravessado sem a ajuda de barcos, ou seja, não era possível atravessá-lo a vau (SCHMITT, 1991, p. 55; 2009, p. 41; 2014, p. 220; LECOQ, 1997, p. 193; KUHRT, 2007, p. 153). Em couros de animal. maškāuvā, forma do locativo plural de maškā-, “em couros”, “em peles de animais” (SCHMITT, 2014, p. 213). Uma técnica de auxílio ao nado representada nos relevos assírios. Isso permitiria que o exército chegasse ao outro lado do rio (SCHMITT, 1991, p. 55; 2009, p. 49; 2014, p. 213; BRIANT, 1996, p. 387; LECOQ, 1997, p. 193; KUHRT, 2007, p. 153). Dei cavalo. Embora asa- esteja aqui no acusativo singular, o sentido é coletivo (SCHMITT, 2014, p. 138). Nós travamos batalha. A versão acadiana explicita que não foram feitos cativos e todos os inimigos foram mortos (MALBRAN-LABAT, 1994, p. 111). Vinte e seis dias do mês de Āçiyādiya. 13 de dezembro de 522 a.C. (SCHMITT, 1991, p. 53; MALBRAN-LABAT, 1994, p. 111).

  • §19 Diz Dario, o rei: depois, eu fui à Babilônia; então, quando eu ainda não havia me aproximado da Babilônia, um vilarejo de nome Zāzāna, à margem do Eufrates, para lá aquele Nadintabaira, que se dizia Nabucodonosor, foi com o (seu) exército, contra mim, para travar batalha; então nós travamos batalha; Ahura Mazda me trouxe ajuda; pela vontade de Ahura Mazda, eu destruí completamente o exército de Nadintabaira; uma parte na água foi lançada; a água a levou embora; eram passados dois dias do mês de Anāmaka, então nós travamos batalha.32 32 §19. Fui à Babilônia. Como elucida SCHMITT, aqui trata-se da cidade Babilônia, não a província (1991, p. 55). Zāzāna. Local exato desconhecido (SCHMITT, 1991, p. 55; LECOQ, 1997, p. 194). A água a levou. Trecho obscuro. Para KENT, āpišim é um nominativo e figura como sujeito da oração (1950, p. 168). Segundo SCHMITT, esta forma com a enclítica seria um locativo, singular, de “ap-” (água), e a oração seria construída de forma impessoal (1991, p. 55; 2014, p. 131). Dois dias do mês de Anāmaka. A data é 18 de dezembro de 522 a.C. (SCHMITT, 1991, p. 55; MALBRAN-LABAT, 1994, p. 111). A versão acadiana acrescenta que todos os inimigos foram mortos e não foram feitos cativos (MALBRAN-LABAT, loc. cit.).

  • §20 Diz Dario, o rei: depois, Nadintabaira fugiu com poucos cavaleiros (e) foi para a Babilônia; então eu fui para a Babilônia; pela vontade de Ahura Mazda, eu capturei a Babilônia e capturei aquele Nadintabaira; então eu matei aquele Nadintabaira na Babilônia.33 33 §20. Eu matei aquele Nadintabaira na Babilônia. O primeiro documento babilônico datado do reinado de Dario I é de janeiro de 521 a.C. Dario não foi reconhecido em nenhum momento na Babilônia entre a morte do mago e a revolta de Nadintabaira (Nadintu-Bel) (KUHRT, 2007, p. 153-154, n. 34; 41). A versão acadiana é mais específica e menciona o empalamento do líder rebelde junto de uma cifra de 49 outros insurretos (MALBRAN-LABAT, 1994, p. 112; LECOQ, 1997, p. 194). O texto acadiano e a versão tardia aramaica trazem, frequentemente, dados sobre mortos e cativos em batalhas (é possível que o elamita e o persa não tragam cifras específicas por uma questão de espaço). Uma análise detalhada das cifras fornecidas por essas versões, contudo, indica que não devem ser sempre fidedignas (HYLAND, 2014).

  • §21 Diz Dario, o rei: quando eu estava na Babilônia, estes (foram) os países que se rebelaram contra mim: Pérsia, Elam, Média, Assíria, Egito, Pártia, Margiana, Satagídia (e) a Cítia.34 34 §21. Egito. Como nota SCHMITT, não é descrita, na sequência, nenhuma revolta no Egito. Em persa antigo, o trecho é ilegível, e a reconstrução foi feita com base na versão elamita (1991, p. 56; 2009, p. 51).

  • §22 Diz Dario, o rei: um certo homem, de nome Martiya, filho de Cincaxri, um vilarejo de nome Kuganakā, na Pérsia, lá ele ficava; ele se insurgiu no Elam, e declarou assim ao povo: “eu sou Imani, rei no Elam”.35 35 §22. Martiya. Mais uma vez, essa revolta elamita não parece ter representado um desafio particularmente grande (SCHWINGHAMMER, 2021, p. 423). Kuganakā. Local desconhecido (LECOQ, 1997, p. 195; SCHMITT, 1991, p. 56). Sabe-se, contudo, que a filha de Dario, Artystone, tinha uma propriedade lá (KUHRT, 2007, p. 154, n. 43). Imani. O nome dado na versão elamita é Ummanunu. Um rei com esse nome existiu no século VI a.C., conforme atestam tabletes de Susa (KUHRT, 2007, p. 154).

  • §23 Diz Dario, o rei: eu estava perto do Elam então; depois, os elamitas tiveram medo de mim; eles capturaram aquele Martiya, que era comandante deles, e o mataram.

  • §24 Diz Dario, o rei: um certo homem de nome Fraortes, um medo, ele se insurgiu na Média (e) declarou assim ao povo: “eu sou Xšaθrita, da família de Ciaxares”; depois, o exército medo que (estava) dentro do palácio, ele se rebelou contra mim (e) se bandeou para aquele Fraortes; ele se tornou rei na Média.

  • §25 Diz Dario, o rei: o exército persa e medo que estava sob meu comando, ele era pouco; então eu enviei um exército; um persa, de nome Hidarnes, meu vassalo, eu o tornei comandante deles; eu lhes disse assim: “ide e destruí aquele exército medo, o que não se diz meu”; então, aquele Hidarnes partiu com o exército; quando ele chegou à Média, um vilarejo de nome Māru, na Média, lá ele travou batalha com os medos; aquele que era comandante entre os medos, ele não se encontrava lá então; Ahura Mazda me trouxe ajuda; pela vontade de Ahura Mazda, o meu exército destruiu aquele exército rebelde completamente; eram passados vinte e sete dias do mês de Anāmaka, então a batalha foi travada por eles; depois, aquele meu exército, um distrito de nome Kampanda, lá ele me esperou até que eu chegasse à Média.36 36 §25. Māru. Local desconhecido (LECOQ, 1997, p. 196). Vinte e sete dias do mês de Anāmaka: 12 de janeiro de 521 a.C. (SCHMITT, 1991, p. 57; MALBRAN-LABAT, 1994, p. 113). Kampanda. Local que SCHMITT interpreta como próximo de Behistun (1991, p. 57) e LECOQ como mais próximo de Hamadã (Ecbátana) (1997, p. 196). Média. O texto acadiano acrescenta: 3.827 mortos, e 4.329 cativos (MALBRAN-LABAT, 1994, p. 113). Essa versão também explicita que o exército teria aguardado por Dario em Ecbátana, como, ademais, faz a versão tardia aramaica (GREENFIELD; PORTEN, 1982, p. 6).

  • §26 Diz Dario, o rei: um armênio de nome Dādr̥ši, meu vassalo, eu o enviei à Armênia; assim eu lhe disse: “vai (e), aquele exército rebelde que não se diz meu, destrói-o”; depois, Dādr̥ši partiu; quando ele chegou à Armênia, então os rebeldes se reuniram (e) foram contra Dādr̥ši travar batalha; um povoado de nome Zūzahya, na Armênia, lá eles travaram batalha; Ahura Mazda me trouxe ajuda; pela vontade de Ahura Mazda, o meu exército destruiu completamente aquele exército rebelde; eram passados oito dias do mês de Θūravāhara, então a batalha foi travada por eles.37 37 §26. Zūzahya. Local desconhecido (KUHRT, 2007, p. 154; LECOQ, 1997, p. 197). Oito dias do mês de Θūravāhara. 20 de maio de 521 a.C. (SCHMITT, 1991, p. 58; MALBRAN-LABAT, 1994, p. 113). Então a batalha foi travada por eles. A versão aramaica informa 827 mortos (GREENFIELD; PORTEN, 1982, p. 7; KUHRT, 2007, p. 154).

  • §27 Diz Dario, o rei: uma segunda vez os rebeldes se reuniram (e) foram contra Dādr̥ši travar batalha; um forte de nome Tigra, na Armênia, lá eles travaram batalha; Ahura Mazda me trouxe ajuda; pela vontade de Ahura Mazda, o meu exército destruiu completamente aquele exército rebelde; eram passados dezoito dias do mês de Θūravāhara, então a batalha foi travada por eles.38 38 §27. Tigra. Local não identificado (LECOQ, 1997, p. 197). Dezoito dias do mês de Θūravāhara. 30 de maio de 521 a.C. (SCHMITT, 1991, p. 58; MALBRAN-LABAT, 1994, p. 113). A batalha foi travada por eles. A versão aramaica acrescenta números de mortos e cativos, em formato não totalmente legível (GREENFIELD; PORTEN, 1982, p. 7). A versão babilônia acadiana acrescenta 546 mortos e 520 cativos (MALBRAN-LABAT, 1994, p. 113).

  • §28 Diz Dario, o rei: uma terceira vez os rebeldes se reuniram (e) foram contra Dādr̥ši travar batalha; um forte de nome Uyavā, na Armênia, lá travaram batalha; Ahura Mazda me trouxe ajuda; pela vontade de Ahura Mazda, o meu exército destruiu completamente aquele exército rebelde; eram passados nove dias do mês de Θāigraci, então a batalha foi travada por eles; depois, Dādr̥ši me esperou na Armênia até que eu chegasse à Média.39 39 §28. Uyavā. Local desconhecido (SCHMITT, 1991, p. 58; LECOQ, 1997, p. 198). Nove dias do mês de Θāigraci. 20 de junho de 521 a.C. (SCHMITT, 1991, p. 59; MALBRAN-LABAT, 1994, p. 113). A batalha foi travada por eles. A versão acadiana acrescenta: 472 mortos e 525 cativos (VON VOIGTLANDER, 1978, p. 55; MALBRAN-LABAT, 1994, p. 113). A versão aramaica dá uma igual cifra de mortos, e a cifra de cativos não é totalmente legível (GREENFIELD; PORTEN, 1982, p. 7). Até que eu chegasse à Média. “Esperou por tanto tempo na Armênia até que eu chegasse à Média” (SCHMITT, 2009, p. 57).

  • §29 Diz Dario, o rei: um persa de nome Vaumisa, meu vassalo, eu o enviei à Armênia; eu lhe disse assim: “vai (e), aquele exército rebelde que não se diz meu, destrói-o”; depois, Vaumisa partiu; quando ele chegou à Armênia, então os rebeldes se reuniram (e) foram contra Vaumisa travar batalha; um distrito de nome Izalā, na Assíria, lá travaram batalha; Ahura Mazda me trouxe ajuda; pela vontade de Ahura Mazda, o meu exército destruiu completamente aquele exército rebelde; eram passados quinze dias do mês de Anāmaka, então a batalha foi travada por eles.40 40 §29. Izalā. Refere-se a uma região montanhosa entre o alto Tigre e o Eufrates (SCHMITT, 1991, p. 59; LECOQ, 1997, p. 198). Quinze dias do mês de Anāmaka. 31 de dezembro de 522 a.C. (SCHMITT, 1991, p. 59; MALBRAN-LABAT, 1994, p. 139). A batalha foi travada por eles. A versão acadiana acrescenta 2.034 mortos (VON VOIGTLANDER, 1978, p. 57; MALBRAN-LABAT, 1994, p. 114). A mesma cifra ocorre na versão aramaica (GREENFIELD; PORTEN, 1982, p. 8).

  • §30 Diz Dario, o rei: uma segunda vez os rebeldes se reuniram (e) foram contra Vaumisa travar batalha; um distrito de nome Autiyāra, na Armênia, lá travaram batalha. Ahura Mazda me trouxe ajuda; pela vontade de Ahura Mazda, o meu exército destruiu completamente aquele exército rebelde; no último dia do mês de Θūravāhara, então a batalha foi travada por eles; então Vaumisa me esperou na Armênia até que eu chegasse à Média.41 41 §30. Autiyāra. Local desconhecido (SCHMITT, 1991, p. 59; LECOQ, 1997, p. 198). No último dia. Conforme explica SCHMITT, tal leitura foi possível graças à presença da data exata na versão babilônica (1991, p. 59; 2009, p. 59). A data é 11 de junho de 521 a.C. (MALBRAN-LABAT, 1994, p. 114). A batalha foi travada por eles. A versão acadiana acrescenta: 2.045 mortos e 1.558 cativos (VON VOIGTLANDER, 1978, p. 57; MALBRAN-LABAT, 1994, p. 114). 2.046 mortos e 1.578 cativos na versão aramaica (GREENFIELD; PORTEN, 1982, p. 8).

  • §31 Diz Dario, o rei: depois, eu parti da Babilônia (e) fui à Média; quando eu cheguei à Média, um vilarejo de nome Kunduru, na Média, para lá foi aquele Fraortes, que se dizia rei na Média, com o (seu) exército, contra mim, para travar batalha; então nós travamos batalha; Ahura Mazda me trouxe ajuda; pela vontade de Ahura Mazda, eu destruí completamente o exército de Fraortes; eram passados vinte e cinco dias do mês de Adukaniya, então nós travamos batalha.42 42 §31. Kunduru. Local desconhecido (LECOQ, 1997, p. 199). Vinte e cinco dias do mês de Adukaniya. 8 de maio de 521 a.C. (SCHMITT, 1991, p. 60; MALBRAN-LABAT, 1994, p. 114). Travamos batalha. A versão acadiana acrescenta: 34.425 mortos (VON VOIGTLANDER, 1978, p. 57; MALBRAN-LABAT, 1994, p. 114). A versão aramaica parece indicar uma cifra idêntica de mortos e 18.01[?] cativos (GREENFIELD; PORTEN, 1982, p. 9).

  • §32 Diz Dario, o rei: depois aquele Fraortes fugiu com poucos cavaleiros; um distrito de nome Ragā, na Média, para lá ele foi; então eu mandei um exército em seu encalço; Fraortes foi capturado (e) conduzido até mim; eu cortei seu nariz, suas duas orelhas e sua língua e eu furei um olho dele; ele foi mantido, acorrentado, no meu portão; o povo inteiro o viu; depois eu o empalei em Ecbátana, e os homens que eram seus principais seguidores, eu os enforquei em Ecbátana, num forte.43 43 §32. Ragā. LECOQ sugere como localização uma cidade antiga ao sul de Teerã. O Avesta menciona duas cidades com esse nome, mas provavelmente fora da Média (1997, p. 199). No mesmo sentido, KUHRT (2007, p. 154) e SCHMITT (1991, p. 60). No meu portão. Trata-se de um termo técnico normalmente usado para a corte do rei (SCHMITT, 2014, p. 173-174). Eu o empalei. Literalmente, “eu o coloquei numa estaca” (KENT, 1950, p. 178). Eu enforquei. Verbo fra-haj-, “enforcar”. É um hápax (SCHMITT, 2014, p. 186). Num forte. A versão acadiana detalha que teriam sido mortos 47 nobres, e que suas cabeças teriam sido penduradas no forte (VON VOIGTLANDER, 1978, p. 58; MALBRAN-LABAT, 1994, p. 115). A versão elamita menciona a exposição das cabeças decapitadas no exterior da fortaleza (GRILLOT-SUSINI et al., 1993, p. 50).

  • §33 Diz Dario, o rei: um certo homem de nome Ciçantaxma, um sagartiano, ele se rebelou contra mim, (e) assim declarou ao povo: “eu sou rei na Sagártia, da família de Ciaxares”; então eu enviei o exército persa e medo; um medo de nome Taxmaspāda, meu vassalo, eu o tornei comandante deles; eu lhes disse assim: “ide (e) destruí aquele exército rebelde, o que não se diz meu”; então Taxmaspāda partiu com o exército (e) travou batalha contra Ciçantaxma; Ahura Mazda me trouxe ajuda; pela vontade de Ahura Mazda, meu exército destruiu aquele exército rebelde, capturou Ciçantaxma (e) o conduziu até mim; então eu cortei o nariz e as duas orelhas dele, e furei um de seus olhos; ele foi mantido, acorrentado, em meu portão; o povo inteiro o viu; depois eu o empalei em Arbaira.44 44 §33. Ciçantaxma. Ou “Tritantaichmes” (SCHMITT, 1991, p. 61; 2009, p. 61). Ele se rebelou contra mim. SCHMITT nota que a fórmula tradicional complementada por hacāma (“contra mim”) não é usada aqui, mas um dativo (enclítica “maiy”), que ele entende ser uma espécie de dativo ético (1991, p. 61). Meu exército destruiu aquele exército rebelde. A versão acadiana acrescenta o total de cativos e mortos: 447 (VON VOIGTLANDER, 1978, p. 58; MALBRAN-LABAT, 1994, p. 115). Depois eu cortei o nariz e as duas orelhas dele. O texto acadiano menciona a decepação da língua também, como na punição anterior. Talvez sua ausência aqui se deva a um erro do escriba (KUHRT, 2007, p. 155). Arbaira. Trata-se da moderna cidade de Arbil (Arbela) no Iraque (LECOQ, 1997, p. 200).

  • §34 Diz Dario, o rei: isso (é) o que foi feito por mim na Média.

  • §35 Diz Dario, o rei: a Pártia e a Hircânia se rebelaram contra mim; se diziam de Fraortes; Histaspes, meu pai, ele estava na Pártia; o povo o abandonou (e) se tornou rebelde; então, Histaspes partiu com o exército, aquele que lhe era leal; num vilarejo de nome Višpauzāti, na Pártia, lá ele travou batalha contra os partos; Ahura Mazda me trouxe ajuda; pela vontade de Ahura Mazda, Histaspes destruiu completamente aquele exército rebelde; eram passados vinte e dois dias do mês de Viyaxna, então a batalha foi travada por eles.45 45 §35. O abandonou. A forma do injuntivo do verbo hard-, prefixo ava-, com o sentido de “abandonar” ou “soltar” (avahr̥[da]). No injuntivo, os verbos apresentam desinências secundárias, mas carecem de aumento. Estivéssemos diante de um imperfeito, esperaríamos a forma avāhr̥da (cf. contudo, KENT, 1950, p. 90; 214, que considera essa forma “um imperfeito sem aumento”). Trata-se de um modo verbal amiúde associado a comandos negativos, mas, nesta passagem, o motivo de seu uso não é claro (SCHMITT, 1991, p. 62; 2014, p. 190). Višpauzāti. Localidade desconhecida (Višpauzātiš; SCHMITT, 1991, p. 62). Vinte e dois dias do mês de Viyaxna. 8 de março de 521 a.C. (SCHMITT, 1991, p. 62; MALBRAN-LABAT, 1994, p. 115). A batalha foi travada por eles. A versão acadiana acrescenta: 6.346 mortos e 4.346 cativos (MALBRAN-LABAT, 1994, p. 115).

  • §36 Diz Dario, o rei: então eu enviei de Ragā o exército persa até Histaspes; quando aquele exército chegou até Histaspes, então Histaspes tomou aquele exército (e) partiu; um vilarejo de nome Patigrabanā, na Pártia, lá ele travou batalha contra os rebeldes; Ahura Mazda me trouxe ajuda; pela vontade de Ahura Mazda, Histaspes destruiu completamente aquele exército que era rebelde; era passado um dia do mês de Garmapada, então a batalha foi travada por eles.46 46 §36. Patigrabanā. Localidade desconhecida (LECOQ, 1997, p. 201). Um dia do mês de Garmapada. 11 de julho de 521 a.C. (SCHMITT, 1991, p. 63; MALBRAN-LABAT, 1994, p. 116). A batalha foi travada por eles. A versão acadiana acrescenta: 6.570 mortos e 4.192 prisioneiros (MALBRAN-LABAT, 1994, p. 116).

  • §37 Diz Dario, o rei: então o país se tornou meu; isso (é) o que foi feito por mim na Pártia.

  • §38 Diz Dario, o rei: um país de nome Margiana, ele se rebelou contra mim; um certo homem de nome Frāda, um margiano, dele fizeram (seu) comandante; então eu enviei um persa de nome Dādr̥ši, meu vassalo, sátrapa da Báctria, contra aquele (Frāda); eu lhe disse assim: “vai (e), aquele exército que não se diz meu, destrói-o”; então Dādr̥ši partiu com o exército (e) travou batalha contra os margianos; Ahura Mazda me trouxe ajuda; pela vontade de Ahura Mazda, o meu exército destruiu completamente aquele exército rebelde; eram passados vinte e três dias do mês de Āçiyādiya, então a batalha foi travada por eles.47 47 §38. Dādr̥ši. Um homônimo de outro Dādr̥ši já mencionado, mas não é a mesma pessoa (SCHMITT, 1991, p. 63; LECOQ, 1997, p. 202). Sátrapa. Uma das duas ocorrências do termo xšaçapāvan- (sátrapa) em DB (§38; §45). Trata-se do comandante supremo dentro de uma determinada circunscrição administrativa. O correspondente “satrapia” não é atestado em persa antigo (SCHMITT, 2014, p. 284-285; ARAUJO, 2018, p. 153-154; JACOBS, 2021b, p. 835-836). Vinte e três dias do mês de Āçiyādiya. Provavelmente 28 de dezembro de 521 a.C. (cf. discussão em SCHMITT, 1991, p. 63; MALBRAN-LABAT, 1994, p. 116). A batalha foi travada por eles. A versão acadiana diz: 5.52[?] mortos e 6.572 cativos, além de 46[?] nobres executados (VON VOIGTLANDER, 1978, p. 58; MALBRAN-LABAT, 1994, p. 116). A versão aramaica tardia parece informar 55.243 mortos (o trecho não é totalmente legível) e informa 6.972 cativos (GREENFIELD; PORTEN, 1982, p. 10).

  • §39 Diz Dario, o rei: então o país se tornou meu; isso (é) o que foi feito por mim na Báctria.

  • §40 Diz Dario, o rei: um certo homem de nome Vahyazdāta, um vilarejo de nome Tāravā, um distrito de nome Yutiyā, na Pérsia, lá ele ficava; ele se insurgiu na Pérsia, pela segunda vez, e declarou assim ao povo: “eu sou Esmérdis, filho de Ciro”. Então o povo persa que (estava) no palácio (e viera) de Anšan outrora, ele se rebelou contra mim (e) se bandeou para aquele Vahyazdāta; ele se tornou rei na Pérsia.48 48 §40. Tāravā. Tradicionalmente identificado à moderna Tārum (SCHMITT, 1991, p. 64; LECOQ, 1997, p. 202). Yutiyā. Na Pérsia oriental (SCHMITT, 1991, p. 64). Anšan. Conforme elucidado em SCHMITT (2014, p. 289), Yadā corresponde à importante região de Anšan, no Antigo Irã.

  • §41 Diz Dario, o rei: depois, eu enviei o exército persa e medo que estava sob meu comando; um persa de nome R̥tavardiya, meu vassalo, eu o tornei comandante deles; o outro exército persa foi atrás de mim à Média; depois, R̥tavardiya, com o exército, foi para a Pérsia; quando chegou à Pérsia, um vilarejo de nome Raxā, na Pérsia, para lá foi aquele Vahyazdāta, que se dizia Esmérdis, com o (seu) exército, contra R̥tavardiya, para travar batalha; então eles travaram batalha; Ahura Mazda me trouxe ajuda; pela vontade de Ahura Mazda, o meu exército destruiu completamente aquele exército de Vahyazdāta; eram passados doze dias do mês de Θūravāhara, então a batalha foi travada por eles.49 49 §41. O outro exército persa foi atrás de mim. As versões acadiana, aramaica e elamita mencionam um exército persa menos numeroso que não teria se rebelado (LECOQ, 1997, p. 203). Raxā. Localização incerta (SCHMITT, 1991, p. 64). Doze dias do mês de Θūravāhara. 24 de maio de 521 a.C. (SCHMITT, 1991, p. 65; MALBRAN-LABAT, 1994, p. 117). A batalha foi travada por eles. De acordo com as versões acadianas, 4.404 mortos e 2[?] prisioneiros (VON VOIGTLANDER, 1978, p. 59; MALBRAN-LABAT, 1994, p. 117). A versão aramaica informa, aparentemente, 35.404 mortos (GREENFIELD; PORTEN, 1988, p. 11).

  • §42 Diz Dario, o rei: depois, aquele Vahyazdāta fugiu com poucos cavaleiros (e) foi para Paišiyāuvādā; de lá ele tomou um exército; uma outra vez, ele foi contra R̥tavardiya travar batalha; uma montanha de nome Pr̥ga, lá eles travaram batalha; Ahura Mazda me trouxe ajuda; pela vontade de Ahura Mazda, meu exército destruiu completamente aquele exército de Vahyazdāta; eram passados cinco dias do mês de Garmapada, então a batalha foi travada por eles; e eles capturaram aquele Vahyazdāta e capturaram os homens que eram os principais seguidores dele.50 50 §42. Pr̥ga. Pode ser a moderna Purga (SCHMITT, 1991, p. 65; LECOQ, 1997, p. 204; KUHRT, 2007, p. 147; 155). Cinco dias do mês de Garmapada. 15 de julho de 521 a.C. (SCHMITT, 1991, p. 65; MALBRAN-LABAT, 1994, p. 117). A batalha foi travada por eles. A versão acadiana acrescenta: 6.246 mortos e 4.464 cativos (VON VOIGTLANDER, 1978, p. 59; MALBRAN-LABAT, 1994, p. 117; KUHRT, 2007, p. 155).

  • §43 Diz Dario, o rei: então, aquele Vahyazdāta e os homens que eram os seus principais seguidores, um vilarejo de nome Uvādaicaya, na Pérsia, lá eu os empalei.51 51 §43. Lá eu os empalei. A versão acadiana acrescenta: 52 mortos (VON VOIGTLANDER, 1978, p. 59).

  • §44 Diz Dario, o rei: isso (é) o que foi feito por mim na Pérsia.

  • §45 Diz Dario, o rei: aquele Vahyazdāta que se dizia Esmérdis, ele enviou um exército à Aracósia; um persa de nome Vivāna, meu vassalo, sátrapa na Aracósia, contra aquele (Vahyazdāta enviou o exército); e ele fez um único homem o comandante deles (e) lhes disse assim: “ide, destruí Vivāna e aquele exército que se diz de Dario, o rei.” Então aquele exército partiu, que Vahyazdāta enviara contra Vivāna para travar batalha; um forte de nome Kāpišakāni, lá travaram batalha; Ahura Mazda me trouxe ajuda; pela vontade de Ahura Mazda, meu exército destruiu aquele exército rebelde completamente; eram passados treze dias do mês de Anāmaka, então a batalha foi travada por eles.52 52 §45. Kāpišakāni. Geralmente associado às montanhas Parapamisos (LECOQ, 1997, p. 205). Treze dias do mês de Anāmaka. 29 de dezembro de 522 a.C. (SCHMITT, 1991, p. 66; MALBRAN-LABAT, 1994, p. 117). A batalha foi travada por eles. O número de mortos e cativos é ilegível na versão babilônica (VON VOIGTLANDER, 1978, p. 59; MALBRAN-LABAT, 1994, p. 117). Há 4.57[9] cativos e 3.76[?] mortos na versão aramaica (GREENFIELD; PORTEN, 1982, p. 13; LECOQ, 1997, p. 205).

  • §46 Diz Dario, o rei: uma outra vez os rebeldes se reuniram (e) foram contra Vivāna travar batalha; um distrito de nome Gandutava, lá eles travaram batalha; Ahura Mazda me trouxe ajuda; pela vontade de Ahura Mazda, o meu exército destruiu completamente aquele exército rebelde; eram passados sete dias do mês de Viyaxna, então a batalha foi travada por eles.53 53 §46. Gandutava. Localidade debatida (SCHMITT, 1991, p. 66). Sete dias do mês de Viyaxna. 21 de fevereiro de 521 a.C. (SCHMITT, 1991, p. 66; MALBRAN-LABAT, 1994, p. 117). A batalha foi travada por eles. A versão acadiana informa: 4.579 mortos e cativos (VON VOIGTLANDER, 1978, p. 59; MALBRAN-LABAT, 1994, p. 117). O aramaico repete as cifras da batalha anterior (GREENFIELD; PORTEN, 1982, p. 13; LECOQ, 1997, p. 205).

  • §47 Diz Dario, o rei: depois, o homem que era comandante daquele exército, o qual Vahyazdāta enviara contra Vivāna, ele fugiu (e) partiu com poucos cavaleiros; um forte de nome R̥ šādā, na Aracósia, para lá ele se dirigiu; então Vivāna foi no encalço deles com o exército; lá ele o capturou e matou os homens que eram seus principais seguidores.54 54 §47. R̥ šādā. A versão acadiana acrescenta que o local pertencia a Vivāna. Debate-se sua identificação com Kandahār (SCHMITT, 1991, p. 66). Para lá ele se dirigiu. Essa frase não tem correspondente exato em nenhuma outra versão e é debatida (SCHMITT, 1991, p. 66). Matou os homens que eram seus principais seguidores. A cifra de mortos informada pela versão acadiana não é totalmente legível [4.2??] (MALBRAN-LABAT, 1994, p. 118).

  • §48 Diz Dario, o rei: então o país se tornou meu; isso (é) o que foi feito por mim na Aracósia.

  • §49 Diz Dario, o rei: quando eu estava na Pérsia e na Média, pela segunda vez os babilônios se rebelaram contra mim; um certo homem de nome Araxa, um armênio, filho de Haldita, ele se insurgiu na Babilônia; um distrito de nome Dubāla, a partir de lá; ele mentiu assim ao povo: “eu sou Nabucodonosor, filho de Nabonido”; então o povo babilônico se rebelou contra mim (e) se bandeou para aquele Araxa; ele se apoderou da Babilônia; ele se tornou rei na Babilônia.55 55 §49. Dubāla. A versão acadiana informa “Ur”, mas isso parece uma confusão dos escribas, pois o local com esse nome é atestado em tabletes babilônicos (VON VOIGTLANDER, 1978, p. 37; SCHMITT, 1991, p. 67; KUHRT, 2007, p. 156).

  • §50 Diz Dario, o rei: depois eu enviei um exército à Babilônia; um persa de nome Intafernes, meu vassalo, eu o tornei comandante deles; eu lhes disse assim: “ide e destruí aquele exército babilônio que não se diz meu”; então Intafernes partiu com o exército para a Babilônia; Ahura Mazda me trouxe ajuda; pela vontade de Ahura Mazda, Intafernes derrotou os babilônios e os conduziu acorrentados; eram passados vinte e dois dias do mês de Vr̥kazana, então ele capturou aquele Araxa que se dizia mentirosamente Nabucodonosor, bem como os homens que eram os seus principais seguidores; eu ordenei (e) aquele Araxa e os homens que eram seus principais seguidores foram empalados na Babilônia.56 56 §50. [os conduziu acorrentados... Vr̥kazana].SCHMITT (1991, p. 39) traz a solução [bastā anaya Vr̥kazanahaya] e elenca as tentativas anteriores de restaurar o trecho a partir da versão elamita. Vinte e dois dias do mês de Vr̥kazana. Dia 27 de novembro de 521 a.C. (SCHMITT, 19991, p. 67; MALBRAN-LABAT, 1994, p. 118). Mentirosamente. [duruxta]m; restaurado em SCHMITT (1991, p. 39). Eu ordenei (e) ... foram empalados. Uma forma de subordinação por parataxe, comum em verbos como ordenar (SKJÆRVØ, 2009, p. 147). Foram empalados na Babilônia. A versão acadiana acrescenta o total de mortos e cativos: 2.497 (VON VOIGTLANDER, 1978, p. 60; MALBRAN-LABAT, 1994, p. 118).

  • §51 Diz Dario, o rei: isso (é) o que foi feito por mim na Babilônia.

  • §52 Diz Dario, o rei: isto (é) o que eu fiz, pela vontade de Ahura Mazda; num único e mesmo ano, depois que eu me tornei rei; dezenove batalhas eu travei; pela vontade de Ahura Mazda, eu os derrotei, e nove reis eu capturei; havia um de nome Gaumāta, o mago; ele mentiu (e) assim declarou: “eu sou Esmérdis, filho de Ciro”; ele tornou a Pérsia rebelde; (havia) um de nome Āçina, um elamita; ele mentiu (e) assim declarou: “eu sou rei no Elam”; ele tornou o Elam rebelde; (havia) um de nome Nadintabaira, babilônio; ele mentiu (e) assim declarou: “eu sou Nabucodonosor, filho de Nabonido”; ele tornou a Babilônia rebelde; (havia) um de nome Martiya, um persa; ele mentiu (e) assim declarou: “eu sou Imani, rei no Elam”; ele tornou o Elam rebelde; (havia) um de nome Fraortes, um medo; ele mentiu (e) assim declarou: “eu sou Xšaθrita, da família de Ciaxares”; ele tornou a Média rebelde; (havia) um de nome Ciçantaxma, um sagartiano; ele mentiu (e) assim declarou: “eu sou rei na Sagártia, da família de Ciaxares”; ele tornou a Sagártia rebelde; (havia) um de nome Frāda, um margiano; ele mentiu (e) assim declarou: “eu sou rei na Margiana”; ele tornou a Margiana rebelde; (havia) um de nome Vahyazdāta, um persa; ele mentiu (e) assim declarou: “eu sou Esmérdis, filho de Ciro”; ele tornou a Pérsia rebelde; (havia) um de nome Araxa, um armênio; ele mentiu (e) assim declarou: “eu sou Nabucodonosor, filho de Nabonido”; ele tornou a Babilônia rebelde.57 57 §52. Num único e mesmo ano. Sobre Dario ter completado todas as batalhas “num único e mesmo ano”, cf. SCHMITT (1991, p. 68); KOSMIN (2018). Nadintabaira. Aqui excepcionalmente grafado Nidintabaira (cf. discussão em SCHMITT, 2014, p. 217; 221-222).

  • §53 Diz Dario, o rei: esses (são) os nove reis que eu capturei nessas batalhas.

  • §54 Diz Dario, o rei: esses países (são) os que se tornaram rebeldes; a mentira os fez rebeldes porque esses (homens) aí mentiram ao povo; depois disso, Ahura Mazda os colocou na minha mão; tal qual (era) o meu desejo, assim eu fiz com eles.

  • §55 Diz Dario, o rei: tu, quem quer que fores rei no futuro, protege-te com firmeza da mentira; o homem que for mentiroso, pune-o com rigor, se tu pensares assim: “que meu país esteja seguro!”.

  • §56 Diz Dario, o rei: isso (é) o que eu fiz; pela vontade de Ahura Mazda, num único e mesmo ano eu fiz; tu, quem quer que no futuro leres esta inscrição, que aquilo que foi feito por mim te convença, para que tu não valorizes a mentira.58 58 §56. Valorizes a mentira. Para esse sentido do verbo man- enquanto “ter por (bom)”, “valorizar” ou “fazer bom juízo de”, cf. SCHMITT (2009, p. 80; 2014, p. 209).

  • §57 Diz Dario, o rei: eu juro por Ahura Mazda, que isso verdadeiramente, e não mentirosamente, eu fiz num único e mesmo ano.59 59 §57. Eu juro por Ahura Mazda. O rei, literalmente, invoca a ira de Ahura Mazda sobre si na hipótese de estar mentindo (SCHMITT, 2014, p. 236; KUHRT, 2007, p. 156).

  • §58 Diz Dario, o rei: pela vontade de Ahura Mazda, também muita outra coisa foi feita por mim; isso não (está) inscrito nesta inscrição; não está inscrito por causa disto: para que aquele que no futuro vier a ler esta inscrição, a ele não pareça demasiado o que foi feito por mim (e) isso não o convença, (mas) julgue que é mentira.

  • §59 Diz Dario, o rei: os reis anteriores, enquanto viveram, por eles não foi feito tanto, quanto (foi feito) por mim, pela vontade de Ahura Mazda, num único e mesmo ano.

  • §60 Diz Dario, o rei: que agora te convença o que foi feito por mim; assim relata ao povo, (e) não (o) ocultes; se este relato não ocultares (e) reportares ao povo, que Ahura Mazda te seja amigo, que tua descendência seja numerosa e que tu vivas muito.

  • §61 Diz Dario, o rei: se tu ocultares este relato (e) não o reportares ao povo, que Ahura Mazda te seja destruidor (e) que tu não tenhas descendência.

  • §62 Diz Dario, o rei: isso (é) o que eu fiz num único e mesmo ano; pela vontade de Ahura Mazda, eu fiz; Ahura Mazda me trouxe ajuda, bem como os outros deuses que existem.60 60 §62. Bem como os outros deuses que existem. Segundo KELLENS, a frase encontraria paralelos em expressões dos Gāthās, no Avesta (2021, p. 1216). O original utā aniyāha bagāha tayai haⁿti, traz uma forma tipicamente litúrgica do nominativo plural de baga- (deus) (SCHMITT, 2014, p. 149).

  • §63 Diz Dario, o rei: por isto Ahura Mazda me trouxe ajuda, bem como os outros deuses que existem: porque não fui desleal, não fui mentiroso, não fui malfeitor, nem eu, nem a minha família; eu me comportei de acordo com a retidão; não fiz mal ao fraco, nem ao forte; o homem que se esforçou em minha casa, eu o tratei bem, o que causou dano, eu o puni rigorosamente.61 61 §63. Ahura Mazda. A versão elamita acrescenta “o Deus dos arianos” (cf. GRILLOT-SUSINI et al., 1993, p. 57). Em minha casa. Os autores no geral traduzem essa expressão como um locativo que seria complemento do verbo “esforçar-se (por)”, i.e., “esforçou-se por minha casa” (SCHMITT, 1991, p. 71; 2014, p. 253; 281).

  • §64 Diz Dario, o rei: tu, quem quer fores rei no futuro, o homem que for mentiroso ou que for malfeitor, que tu não sejas amigo deles; pune-os com rigor.

  • §65 Diz Dario, o rei: tu, quem quer que no futuro vires esta inscrição, que eu inscrevi, ou estas imagens, não (as) destruas; enquanto estiveres vigoroso, assim protege-as.62 62 §65. [vigoroso]. A leitura desta palavra é controvertida. Para KENT (1950, p. 129; 176), utava (“em boa saúde”). Schmitt a corrige para daθans, “estando vigoroso”, seguindo uma sugestão de Gershevitch (SCHMITT, 1991, p. 71; 2009, p. 94).

  • §66 Diz Dario, o rei: se vires esta inscrição ou estas imagens, (e) não as destruíres, e (se) enquanto tiveres força, as preservares, que Ahura Mazda te seja amigo, que tua descendência seja numerosa, que tu vivas muito e que aquilo que tu fizeres, Ahura Mazda o faça bem-sucedido para ti.63 63 §66. Estas imagens. Na versão elamita, o termo para “imagem” é seguido da palavra persa patikarā (GRILLOT-SUSINI et al., 1993, p. 58).

  • §67 Diz Dario, o rei: se tu vires esta inscrição ou estas imagens (e) as destruíres, e (se), enquanto tiveres força, não as preservares, que Ahura Mazda te seja destruidor, que não tenhas descendência, e que aquilo que tu fizeres, Ahura Mazda o destrua.64 64 §67. O destrua. Literalmente, “Ahura Mazda o destrua para ti”, isto é, em “teu detrimento”. Para a indissociabilidade de imagens e texto no Antigo Oriente Próximo, e seu papel “presentificador” cf. BAHRANI (2003, p. 118-119; 121-148; 166) e BELTING (2011, p. 103-106). No Período Neoassírio, é comum encontrar inscrições nas quais o rei presume a futura descoberta de um prisma ou cilindro fundacional, solicitando a seu sucessor a preservação e manutenção do objeto, mediante maldições e bendições (e.g., NOVOTNY & JEFFERS, 2018, p. 79; 100 – RINAP 5, I).

  • §68 Diz Dario, o rei: estes (são) os homens que então estavam aqui, quando eu matei Gaumāta, o mago, que se dizia Esmérdis. Então estes homens cooperaram como meus aliados: (um homem) de nome Intafernes, filho de Vahyasparuva, um persa; (um homem) de nome Otanes, filho de Θuxra, um persa; (um homem) de nome Góbrias, filho de Mardônio, um persa; (um homem) de nome Hidarnes, filho de Bagābigna, um persa; (um homem) de nome Megabizo, filho de Dātavahya, um persa; (um homem) de nome Ardumaniš, filho de Vahuka, um persa.65 65 §68. Estes (são) os homens. Heródoto menciona os cinco primeiros nomes como aliados de Dario (Hdt. 3.70; KUHRT, 2007, p. 156-157; BRIANT, 1996, p. 120; LECOQ, 1997, p. 212). Esses homens cooperaram como meus aliados. Na versão aramaica, “foram muito ativos junto comigo” (GREENFIELD; PORTEN, 1982, p. 50). Em acadiano, fala-se que tais homens trouxeram “ajuda” a Dario (MALBRAN-LABAT, 1994, p. 121). Otanes, filho de Θuxra, um persa. Heródoto fala de um Otanes cujo pai seria Farnaspes (Hdt. 3.68), e, portanto, irmão de Cassandane (Hdt. 3.2;3), também nomeada por Heródoto como esposa de Ciro e mãe de Cambises. No entanto, o pai de Otanes é aqui nomeado Θuxra.

  • §69 Diz Dario, o rei: tu, quem quer que fores rei no futuro, cuida bem da descendência desses homens.

  • §70 Diz Dario, o rei: pela vontade de Ahura Mazda, esta (é) a forma de escrita que eu acrescentei em ariano; e ela foi inscrita em tablete de argila e em pergaminho; eu acrescentei também a indicação dos nomes; eu acrescentei a genealogia; e (ela) foi posta por escrito e lida diante de mim; depois eu divulguei esta forma de escrita por toda parte nos países; o povo cooperou.66 66 §70. Forma de escrita. A passagem é a mais polêmica de DB (LECOQ, 1997, p. 213), pois, enquanto alguns a entendem como referência à criação do cuneiforme persa por Dario I (SCHMITT, 1991, p. 73, dipi-ciça-, “forma de escrita”), outros refutam tal reconstrução (ROSSI, 2020; 2021b, p. 77). Esse parágrafo não possui versão em acadiano, apenas em persa e elamita (VON VOIGTLANDER, 1978, p. 62; GRILLOT-SUSINI et al., 1993, p. 58-59). Alguns autores interpretam a passagem elamita como fazendo referência, simplesmente, à tradução do texto elamita ao persa (VALLAT, 2011). É importante notar, ademais, que: (i) DB/OP §70 supostamente fala da circulação da inscrição em “argila” e pergaminho, mas a versão encontrada na Babilônia está gravada em pedra, e a versão aramaica de Elefantina é tardia (VALLAT, 2011, p. 272-273); e (ii) a versão de Elefantina exibe características peculiares que indicam sua concepção num ambiente de exercício escolar, não representando uma emanação direta da chancelaria real (ROLLINGER, 2015, p. 122; ROSSI, 2021b, p. 76). Acrescentei. SCHMITT (2009, p. 87), segue Huyse, considerando patišam + kar uma expressão fixa (“adicionar, acrescentar”). Outros traduzem separadamente: “eu fiz/criei (e), ademais” (KENT, 1950, p. 195). Em ariano. Isto é, a língua iraniana (persa antigo) (SCHMITT, 2014, p. 136-137). A indicação dos nomes. [nāmanā]fam, reconstrução “totalmente hipotética”; a referência seriam as legendas DBa-k (SCHMITT, 2009, p. 87). A genealogia. uvādāta-. Significado e reconstrução incertos (SCHMITT, 2014, p. 269).

  • §71 Diz Dario, o rei: isto (é) o que eu fiz no segundo e no terceiro ano, depois que me tornei rei; um país de nome Elam, ele se rebelou; um certo homem de nome Aθamaita, um elamita, dele fizeram (seu) comandante; então eu enviei um exército; um certo homem de nome Góbrias, um persa, meu vassalo, eu o tornei comandante deles; então Góbrias partiu com o exército para o Elam; ele travou batalha contra os elamitas; depois, Góbrias destruiu e aniquilou os elamitas; ele capturou aquele que era o líder deles e o conduziu até mim; então eu o matei; então o país se tornou meu.67 67 §71. Aqui se inicia o “suplemento” persa que não tem correspondente em elamita ou acadiano (LECOQ, 1997, p. 213). A quinta coluna está em estado de degradação significativo, o que dificulta a leitura do texto (CAMERON, 1951, p. 52). Um certo homem. SCHMITT nota ser excepcional a introdução de Góbrias por meio de uma fórmula de indeterminação geralmente reservada aos inimigos do rei (1991, p. 75).

  • §72 Diz Dario, o rei: aqueles elamitas eram desleais e Ahura Mazda não era venerado por eles; eu venerei Ahura Mazda; pela vontade de Ahura Mazda, tal qual (era) o meu desejo, assim eu fiz com eles.

  • §73 Diz Dario, o rei: aquele que venerar Ahura Mazda, para ele haverá favor, assim na vida como na morte.68 68 §73 e §76. Favor. Literalmente, “a realização do que foi pedido” (yāna-) (SCHMITT, 2014, p. 290).

  • §74 Diz Dario, o rei: depois, eu parti com o exército contra os citas; depois disso os citas, que vestem chapéu pontudo, eles vieram contra mim, quando eu desci até o mar; eu o atravessei com todo o exército por meio de madeira; depois eu derrotei aqueles citas (e) o outro (grupo) eles capturaram; este foi conduzido acorrentado até mim; e aquele que era comandante deles, de nome Skunxa, eles o capturaram e o conduziram acorrentado até mim; lá eu designei outro comandante, tal qual era o meu desejo; então o país se tornou meu.69 69 §74. Desci até o mar. SCHMITT entende tratar-se necessariamente do mar, provavelmente o Mar de Mármara, excluindo, portanto, quaisquer rios (1991, p. 76; 2014, p. 171; contra LECOQ, 1997, p. 214). [Por meio de madeira]. A reconstrução <[da]-ra-xa-[ta]-a>, draxtā (“madeira de árvore”, no instrumental) é incerta (SCHMITT, 2014, p. 171).

  • §75 Diz Dario, o rei: aqueles citas eram desleais e Ahura Mazda não era venerado por eles; eu venerei Ahura Mazda; pela vontade de Ahura Mazda, tal qual (era) o meu desejo, assim eu fiz com eles.

  • §76 Diz Dario, o rei: aquele que venerar Ahura Mazda, para ele haverá favor, assim na vida como na morte.

  • 1
    Artigo não publicado em plataforma preprint. Todas as fontes e bibliografia utilizadas são referenciadas no artigo. Este artigo é resultado das reflexões desenvolvidas em minha Tese de Doutorado junto ao Programa de Pós-Graduação em História Social do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (PPGHS-FFLCH-USP), intitulada “O Império Aquemênida em Heródoto: identidade e política nas Histórias” (ARAUJO, 2018ARAUJO, Matheus Treuk Medeiros de. O Império Aquemênida em Heródoto: Identidade e Política nas Histórias. Tese de doutorado, História Social, Departamento de História / Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2018. doi: https://doi.org/10.11606/T.8.2019.tde-13032019-104322 .
    https://doi.org/10.11606/T.8.2019.tde-13...
    ), na qual discuto, grosso modo, o impacto do Império Aquemênida sobre o pensamento político grego. A pesquisa doutoral foi financiada, em diferentes momentos, pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP, processo n.° 2016/14318-0), pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES, processo n.° 88881.135183/2016-01), em estágio doutoral na École Française de Rome (ÉFR), e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq, processo n.° 141789/2016-6), e selecionada para concorrer ao “Prêmio História Social 2017-2018”, tendo recebido Menção Honrosa. Agradeço, portanto, à USP, FAPESP, CAPES e CNPq por terem viabilizado meus estudos doutorais, aos pareceristas anônimos e seus valiosíssimos comentários, ao meu supervisor, o professor Marcelo Rede, à FAPESP, novamente, por ora financiar minha pesquisa pós-doutoral junto ao PPGHS-FFLCH-USP (processo n.° 2022/07801-8), ao professor José Marcos Macedo, por ter promovido o ensino do persa antigo por meio de seu workshop de Línguas Indo-Europeias (2017), à ÉFR, incluindo sua diretoria e seu diretor de estudos para a Antiguidade à época (2017), Stéphane Bourdin, e à École Française d’Athènes (ÉFA).
  • 3
    Para as convenções usadas para referenciar as inscrições reais Aquemênidas, ver KENT (1950, p. 4-5)KENT, Roland Grubb. Old Persian: Grammar, Texts, Lexicon. New Haven, Connecticut: American Oriental Society, 1950. e SCHMITT (2009, p. 7-32)SCHMITT, Rüdiger. Die altpersischen Inschriften der Achaimeniden. Editio minor mit deutscher Übersetzung. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2009.. Mais recentemente, BASELLO et al. (2012, p. vii-ix)BASELLO, Gian Pietro; FILIPPONE, Ela; GIOVINAZZO, Grazia; ROSSI, Adriano Valerio. DARIOSH Studies I: The Achaemenid Royal Inscriptions in an Intertextual Perspective. Ismeo: Associazione Internazionale di Studi sul Mediterraneo e l’Oriente. Napoli: Università degli Studi di Napoli “L’Orientale”, 2012., projeto DARIOSH, atualiza tal convenção a fim de considerar as diversas versões e diferentes unidades epigráficas. As abreviações OP, AB e AE são utilizadas, respectivamente, para as versões em persa antigo (Old Persian), babilônico Aquemênida (Achaemenid Babylonian) e elamita Aquemênida (Achaemenid Elamite).
  • 4
    O relevo sozinho tem cerca de 3 metros de altura e 5,5 metros de comprimento (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 17; LECOQ, 1997LECOQ, Pierre. Les inscriptions de la Perse achéménide. Paris: Gallimard, 1997., p. 84; ALLEN, 2005ALLEN, Lindsay. The Persian Empire. Chicago: The University of Chicago Press, 2005., p. 40).
  • 5
    A visualidade em Behistun é um tópico que, em si, demanda um tratamento apartado. A título de introdução, ressalte-se que os relevos são únicos entre as esculturas Aquemênidas por representarem um episódio histórico concreto e não, como de costume, cenas genéricas e atemporais (ROOT, 2013ROOT, Margaret Cool. Defining the divine in Achaemenid Persian kingship. In: DUINDAM, Jeroen. MITCHELL, Lynette; MELVILLE, Charles (eds.). Every inch a king: comparative studies on kings and kingship in the Ancient and Medieval Worlds. Leiden, Boston: Brill, 2013, p. 23-66., p. 30). A temática dos reis cativos e da celebração da vitória de Dario também é distinta do que normalmente é tratado nos relevos posteriores (ROOT, 1979ROOT, Margaret Cool. The King and Kingship in Achaemenid Art: Essays on the Creation of an Iconography of Empire. Leiden: Brill, 1979., p. 182-226). As imagens são, portanto, únicas na tradição Aquemênida, embora algumas convenções que se tornarão paradigmáticas na estatuária real, como a estatura hierática do rei, já possam ser aqui identificadas (GARRISON, 2013GARRISON, Mark. Royal Achaemenid Iconography. In: POTTS, Daniel. (ed.) The Oxford Handbook of Ancient Iran. Oxford: Oxford University Press, 2013, p. 566-595., p. 574-577). A análise iconográfica do monumento, isto é, seus protótipos e convenções, foram amplamente tratados por Margaret Cool Root (que vê intericonicidades com o relevo de Anubanini, os relevos neoassírios e a estela de Naram-Sin) (2013, p. 32-44). A autora também ressalta a autonomia dos relevos em relação ao texto, este último compondo, aliás, uma forma de “escultura abstrata” (é possível que os escritos tenham sido preenchidos com pigmento dourado para causar uma forte impressão nas audiências) (2013, p. 47; 2021, p. 1383-1386; cf. também COLBURN, 2014COLBURN, Henry. Art of the Achaemenid Empire, and Art in the Achaemenid Empire. In: BROWN, Brian; FELDMAN, Marian (eds.). Critical Approaches to Ancient Near Eastern Art. Berlin: De Gruyter, 2014, p. 773-800.). Recentemente, em linha com as discussões vindas da teoria da imagem, os autores têm atentado para o caráter performático dos relevos, a fusão da imagem do rei com o próprio topo da montanha (associado a uma dimensão sagrada), em face da qual o ciclo do nascer e pôr do sol reproduziria um ato sagrado (ROOT, 2013ROOT, Margaret Cool. Defining the divine in Achaemenid Persian kingship. In: DUINDAM, Jeroen. MITCHELL, Lynette; MELVILLE, Charles (eds.). Every inch a king: comparative studies on kings and kingship in the Ancient and Medieval Worlds. Leiden, Boston: Brill, 2013, p. 23-66., p. 59; 2021ROOT, Margaret Cool. Statuary and Relief. In: JACOBS, Bruno; ROLLINGER, Robert. (eds.). A Companion to the Achaemenid Persian Empire. 2 Vols. Hoboken, NJ: Wiley Blackwell, 2021, p. 1377-1396. Disponível em: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/9781119071860.ch94>. Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch94.
    https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch...
    , p. 1384-1395).
  • 6
    A língua falada estava sofrendo mudanças rumo a um “proto” Persa Médio e, por isso, encontramos algumas variações nas inscrições tardias, como “erros” de desinências de caso (SKJÆRVØ, 1999SKJÆRVØ, Prods Oktor. Avestan Quotations in Old Persian? Literary Sources of the Old Persian Inscriptions. In: SHAKED, Shaul; NETZER, Amnon (eds.). Irano-Judaica IV. Jerusalem: Ben Zvi Institute, 1999, p. 1-64., p. 5).
  • 7
    Podem-se resumir as diferentes fases de constituição do monumento da seguinte forma: (i) gravação dos relevos na pedra; (ii) inserção da narrativa elamita à direita das imagens e inscrição dos rótulos identificando as imagens em elamita, seguidas pela inscrição da versão acadiana; (iii) inscrição persa concluída em parágrafo que é replicado em elamita, mas não em acadiano (§70), possivelmente descrevendo a invenção do persa antigo; (iv) gravação da escultura de Skunxa, o cita, após o terceiro ano de Dario I, com a destruição de parte da inscrição elamita anterior e a necessidade de uma cópia no canto inferior esquerdo do monumento (KOSMIN, 2018KOSMIN, Paul J. A New Hypothesis: The Behistun Inscription as Imperial Calendar. Iran: Journal of the British Institute of Persian Studies, 2018, p. 1-10. Disponível em : <https://doi.org/10.1080/05786967.2018.1505442> Acesso em : 26 jun. 2022. doi : https://doi.org/10.1080/05786967.2018.1505442.
    https://doi.org/10.1080/05786967.2018.15...
    , p. 1-2).
  • 8
    O cuneiforme persa foi decifrado graças ao esforço conjunto de uma série de especialistas, sendo que o primeiro autor a fornecer um procedimento de tradução avançado foi Georg Friederich Grotefend, já em 1803, a partir de cópias das inscrições de Persépolis. Para uma visão técnica dos avanços e cada cientista envolvido nesse empreendimento, cf. FINKEL (2005, p. 25-29)FINKEL, Irving Leonard. The Decipherment of Achaemenid Cuneiform. In: CURTIS, John; TALLIS, Nigel. (eds.). The Forgotten Empire: The World of Ancient Persia. London: The British Museum Press, 2005, p. 25-29..
  • 9
    Consubstanciada pela instituição de um calendário comemorativo fundado nas batalhas de Dario, travadas “num único e mesmo ano”; daí, por exemplo, comemorar-se a “magofonia”, o dia de assassínio do mago usurpador, conforme relatado pelas fontes gregas (KOSMIN, 2018KOSMIN, Paul J. A New Hypothesis: The Behistun Inscription as Imperial Calendar. Iran: Journal of the British Institute of Persian Studies, 2018, p. 1-10. Disponível em : <https://doi.org/10.1080/05786967.2018.1505442> Acesso em : 26 jun. 2022. doi : https://doi.org/10.1080/05786967.2018.1505442.
    https://doi.org/10.1080/05786967.2018.15...
    ).
  • 10
    Apesar de muitos autores hoje considerarem que a versão oficial distorce os fatos, entendendo que o “falso” Br̥diya/Esmérdis seria, em realidade, o verdadeiro filho de Ciro, essa opinião está longe de ser unânime. Para uma bibliografia sobre a história dessa discussão, as diferentes versões e os argumentos a corroborarem cada uma, cf. SCHWINGHAMMER (2021)SCHWINGHAMMER, Gundula. Imperial Crisis. In: JACOBS, Bruno; ROLLINGER, Robert. (eds.). A Companion to the Achaemenid Persian Empire. 2 Vols. Hoboken, NJ: Wiley Blackwell, 2021, p. 417-428. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/9781119071860.ch30. Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch30.
    https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch...
    . Para os argumentos em favor da versão de Dario I, ver KIPP (2001, p. 218-229)KIPP, Godehard. Franz Hampl, Herodot und die Thronbesteigung des Dareios. In: HAIDER, Peter; ROLLINGER, Robert (eds.). Althistorische Studien im Spannungsfeld zwischen Universal und Wissenschaftsgeschichte. Fetschrift für Franz Hampl gedacht zum 90. Geburtstag am 8. Dezember 2000. Stuttgart: Franz Steiner Verlag, 2001, p. 158-265..
  • 11
    É importante notar as amplíssimas implicações de se interpretar diferentemente DB/OP §70 (= “DB/AE L”). Se o cuneiforme persa não é invenção de Dario, e, consequentemente, se as inscrições de Ciro em Pasárgada são autênticas, Ciro seria um Aquemênida, como consta de sua genealogia em Pasárgada (CMa e CMc). A genealogia de Dario, portanto, não poderia ser uma invenção, como defendem muitos autores (BRIANT, 1996BRIANT, Pierre. Histoire de l’Empire Perse: De Cyrus à Alexandre. Paris: Fayard, 1996., p. 122-123; WATERS, 2004WATERS, Matt. Cyrus and the Achaemenids. Iran, vol. 42, 2004, p. 91-102. Disponível em: <https://www.jstor.org/stable/4300665>. Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.2307/4300665.
    https://www.jstor.org/stable/4300665...
    ; 2022WATERS, Matt. King of the World: The Life of Cyrus the Great. Oxford: Oxford University Press, 2022.; KUHRT, 2007KUHRT, Amélie. The Persian Empire: A Corpus of Sources from the Achaemenid Empire. Londres e Nova Iorque : Routledge, 2007., p. 177). Isso também poderia corroborar a autenticidade de duas inscrições geralmente descartadas como falsificações tardias (AmH e AsH), em razão de diversos erros gramaticais e epigráficos que exibem (SCHMITT, 2007SCHMITT, Rüdiger. Pseudo-Altpersische Inschriften: Inschriftenfälschungen und moderne Nachbildungen in altpersischer Keilschrift. Wien: Verlag der Österreichischen Akademie der Wissenschaften, 2007., p. 25-34). Por fim, tal fato poderia indicar que Ciro I, um dinasta local, teria destronado Arsames, avô de Dario, e fundado uma nova dinastia, que Dario, em 522 a.C., teria restaurado à sua linhagem direta – nesse sentido, apenas Histaspes não teria sido rei. Por fim, se, de um lado, Dario não poderia simplesmente recusar a memória de Ciro II, em razão de suas expressivas conquistas, de outro, ele teria adotado uma postura de indiferença em relação a ela (VALLAT, 2011VALLAT, François. Darius, l’héritier légitime, et les premiers Achéménides. In: ÁLVAREZ-MON, Javier; GARRISON, Mark (eds.). Elam and Persia. Winona Lake, Indiana: Eisenbrauns, 2011, p. 263-284.). Preparamos uma discussão aprofundada desse tópico em outro artigo.
  • 12
    Usamos os parênteses (“(...)”) para palavras omitidas ou subentendidas no texto. Os casos disputados ou totalmente ilegíveis serão tratados nos comentários em notas, especialmente na quinta coluna, onde o texto original foi mais danificado. Isso porque, sem colacionar o texto transliterado e transcrito/normalizado, o uso de “[...]” no corpo da tradução para indicar os trechos ilegíveis resultaria, por vezes, em intervalos arbitrários no texto em português. Os sinais de pontuação utilizados ao longo da tradução são artificiais, pois inexistiam no persa antigo. Os autores geralmente utilizam ponto e vírgula (“;”) em uma mesma seção. A não ser que indicado de outra forma, as traduções de línguas modernas da bibliografia secundária para o português foram realizadas por nós. Para mais convenções de transliteração do persa antigo, cf. ARAUJO (2018, p. 137 e n. 815)ARAUJO, Matheus Treuk Medeiros de. O Império Aquemênida em Heródoto: Identidade e Política nas Histórias. Tese de doutorado, História Social, Departamento de História / Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2018. doi: https://doi.org/10.11606/T.8.2019.tde-13032019-104322 .
    https://doi.org/10.11606/T.8.2019.tde-13...
    .
  • 13
    Considerando as peculiaridades de transliteração e normalização dos diferentes autores, aqui seguiremos as convenções da edição crítica (e aparato crítico) de SCHMITT (1991)SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , complementada por SCHMITT (2009)SCHMITT, Rüdiger. Die altpersischen Inschriften der Achaimeniden. Editio minor mit deutscher Übersetzung. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2009.. Para a presente tradução, consideramos também, quando necessário, a transliteração e normalização de KING e THOMPSON (1907)KING, Leonard William; THOMPSON, Reginald Campbell. The Sculptures and Inscription of Darius the Great on the Rock of Behistun in Persia. London: Longmans & Co., 1907. Disponível em: <https://archive.org/details/sculpturesinscri00brituoft>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/sculpturesin...
    e CAMERON (1951)CAMERON, George Glenn. The Old Persian text of the Bisitun inscription. Journal of Cuneiform Studies, vol. 5, n. 2, 1951, p. 47-54. Disponível em: < https://www.jstor.org/stable/1359449>. Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.2307/1359449.
    https://www.jstor.org/stable/1359449...
    em comparação ao texto de SCHMITT (1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    ; 2009)SCHMITT, Rüdiger. Die altpersischen Inschriften der Achaimeniden. Editio minor mit deutscher Übersetzung. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2009.. Não colacionamos o texto persa junto à presente tradução, nem incorporamos as legendas da inscrição (DBa-k), por limites de espaço. Pensamos em um projeto mais amplo no futuro.
  • 14
    Outras traduções, mais antigas, foram realizadas por Oppert, Dandamaev, Hinz, entre outros (para a literatura anterior, cf. ASHERI, 1990ASHERI, David. Erodoto, Le Storie. III, La Persia. (Appendice I: L’iscrizione di Dario a Behistun). Milano: Arnoldo Mondadori Editore, 1990., p. 383). Atualmente, o leitor pode consultar também o texto transliterado disponível on-line, no ARIo: Achaemenid Royal Inscriptions online, um projeto que integra o Open Richly Annotated Cuneiform Corpus (ORACC). Disponível em: <http://oracc.museum.upenn.edu/ario/Q007134/>. Acesso em: 07 nov. 2022. O projeto usa o texto persa de SCHMITT (2009)SCHMITT, Rüdiger. Die altpersischen Inschriften der Achaimeniden. Editio minor mit deutscher Übersetzung. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2009., digitado, lematizado e atualizado por Henry Heitmann-Gordon.
  • 15
    No caso de Behistun, contamos, ademais, com a transcrição, transliteração e tradução de todas as versões por BAE (2001)BAE, Chul-Hyun. Comparative Studies of King Darius’ Bisitun Inscription. PhD, Doctor of Philosophy, Near Eastern Languages and Civilizations, The Department of Near Eastern Languages and Civilizations, Harvard University, 2001.. Até o momento, não tive conhecimento de uma tradução diretamente do persa ao português. O professor José Marcos Macedo, do DLCV da FFLCH/USP, que ministrou um curso de introdutório sobre o persa antigo num workshop de línguas indo-europeias (2017), indica, em versão que elaborou de DNb, em 2020, ter a intenção de publicar uma tradução de DB, do persa para o português, com comentários de linguística histórica (2020, p. 41).
  • 16
    §1°. Dario I (522-486 a.C.).Dārayavauš, *Dāraya-vahuš: “aquele que segura firme os bens” (KENT, 1950KENT, Roland Grubb. Old Persian: Grammar, Texts, Lexicon. New Haven, Connecticut: American Oriental Society, 1950., p. 189; LECOQ, 1997LECOQ, Pierre. Les inscriptions de la Perse achéménide. Paris: Gallimard, 1997., p. 292; SCHMITT, 2014SCHMITT, Rüdiger. Wörterbuch der altpersischen Königsinschriften. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2014., p. 165; MACEDO, 2020MACEDO, José Marcos. O Espelho de Príncipes de Dario (DNb): Tradução do Persa Antigo com Breves Comentários Linguísticos. Translatio. Porto Alegre, n. 19, Outubro de 2020, p. 41-56. Disponível em: <https://www.seer.ufrgs.br/translatio/article/view/105576>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://www.seer.ufrgs.br/translatio/art...
    , p. 43; cf. KELLENS, 2021KELLENS, Jean. The Achaemenids and the Avesta. In: JACOBS, Bruno; ROLLINGER, Robert. (eds.). A Companion to the Achaemenid Persian Empire. 2 Vols. Hoboken, NJ: Wiley Blackwell, 2021, p. 1211-1220. Disponível em: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/9781119071860.ch84>. Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch84.
    https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/...
    , p. 1216). Rei dos reis. Segundo KUHRT, esse título seria mais comum em Urartu (2007, p. 151-152, n. 2). Rei na Pérsia. A versão acadiana traz “um persa” (VON VOIGTLANDER, 1978VON VOIGTLANDER, Elizabeth Nation. The Bisitun Inscription of Darius the Great: Babylonian Version. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1978., p. 54; MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 107). Ausente da versão elamita (GRILLOT-SUSINI et al., 1993GRILLOT-SUSINI, Françoise; HERRENSCHMIDT, Clarisse; MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Élamite de la Trilingue de Behistun: Une Nouvelle Lecture. Journal Asiatique, vol. CCLXXXI.1-2, 1993, p. 19-59. Disponível em: <https://archive.org/details/LaVersionElamiteDeLaTrilingueDeBehistunUnNouvelleLecture>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/LaVersionEla...
    , p. 39; PARIAN, 2017PARIAN, Saber Amiri. A New Edition of the Elamite Version of the Behistun Inscription. Cuneiform Digital Library Bulletin, vol. 3, 2017. Disponível em: <https://cdli.ucla.edu/file/publications/cdlb2017_003.pdf>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://cdli.ucla.edu/file/publications/...
    , p. 2). Pérsia. Fārs, no sul do Irã. Rei dos países. Embora alguns autores tenham argumentado em favor da tradução de dahyu- por “povo” em certos contextos, seu sentido principal é territorial (país), seja denotando distritos, ou, mais raramente, a totalidade dos territórios imperiais (KENT, 1950KENT, Roland Grubb. Old Persian: Grammar, Texts, Lexicon. New Haven, Connecticut: American Oriental Society, 1950., p. 55; 190; BRANDENSTEIN e MAYRHOFER, 1964BRANDENSTEIN, Wilhelm; MAYRHOFER, Manfred. Handbuch des Altpersischen. Wiesbaden: Otto Harrassowitz, 1964., p. 64; 114; HERZFELD, 1968HERZFELD, Ernst. The Persian Empire. Studies in Geography and Ethnography of the Ancient Near East. Wiesbaden: Franz Steiner Verlag, 1968., p. 292; GERSHEVITCH, 1979GERSHEVITCH, Ilya. The alloglottography of Old Persian, Transactions of the Philological Society, vol. 77, n. 1, 1979, p. 114-190. Disponível em: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/j.1467-968X.1979.tb00856.x>. Acesso em: 17 abr. 2022. doi: https://doi.org/10.1111/j.1467-968X.1979.tb00856.x.
    https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/...
    , p. 160; SCHMITT, 2014SCHMITT, Rüdiger. Wörterbuch der altpersischen Königsinschriften. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2014., p. 162; ARAUJO, 2018ARAUJO, Matheus Treuk Medeiros de. O Império Aquemênida em Heródoto: Identidade e Política nas Histórias. Tese de doutorado, História Social, Departamento de História / Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2018. doi: https://doi.org/10.11606/T.8.2019.tde-13032019-104322 .
    https://doi.org/10.11606/T.8.2019.tde-13...
    , p. 152-158; JACOBS, 2021bJACOBS, Bruno. Satrapal Administration. In: JACOBS, Bruno; ROLLINGER, Robert. (eds.). A Companion to the Achaemenid Persian Empire. 2 Vols. Hoboken, NJ: Wiley Blackwell, 2021b, p. 835-858. Disponível em: < https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/9781119071860.ch59> Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch59.
    https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch...
    , contra BARTHOLOMAE, 1904BARTHOLOMAE, Christian. Altiranisches Wörterbuch. Estrasburgo: Karl J. Trübner 1904., p. 706; CAMERON, 1973CAMERON, George Glenn. The Persian satrapies and related matters. Journal of Near Eastern studies, vol. 32, n. 1/2, 1973, p. 47-56. Disponível em : < https://www.jstor.org/stable/543469>. Acesso em : 26 jun. 2022.
    https://www.jstor.org/stable/543469...
    ; TUPLIN, 1987TUPLIN, Christopher. The administration of the Achaemenid empire. In: CARRADICE, Ian (ed.). Coinage and Administration in the Athenian and Persian Empires. Oxford: British Archaeological Reports International Series 147, 1987, p. 109-66., p. 113; BRIANT, 1996BRIANT, Pierre. Histoire de l’Empire Perse: De Cyrus à Alexandre. Paris: Fayard, 1996., p. 189; LECOQ, 1997LECOQ, Pierre. Les inscriptions de la Perse achéménide. Paris: Gallimard, 1997., p. 136-137; KUHRT, 2007KUHRT, Amélie. The Persian Empire: A Corpus of Sources from the Achaemenid Empire. Londres e Nova Iorque : Routledge, 2007., p. 152). Para a titulatura real persa, cf. TANCK (1997, p. 217-230)TANCK, Claudia. Arch?, ethnos, polis: Untersuchungen zur begrifflichen Erfassung des Achämenidenreiches in zeitgenössischen griechischen Quellen. Berlim, Bern, Nova Iorque, Paris, Viena: Peter Lang, 1997.; WIESEHÖFER (2001 [1996], p. 29)WIESEHÖFER, Josef. Ancient Persia: from 550 BC to 650 AD. Traduzido por Azizeh Azodi. 2ª edição. Londres, Nova Iorque: I. B. Tauris Publishers, 2001 [1996]..
  • 17
    §2°. Diz Dario, o rei.θāti Dārayavauš xšāyaθiya. Um caso paradigmático de deslocamento do verbo para o início da sentença (“topicalização”), com finalidade de ênfase ou a fim de exibir um estilo mais elevado (SKJÆRVØ, 2009SKJÆRVØ, Prods Oktor. Old Iranian. In: WINDFUHR, Gernot (ed.). The Iranian Languages. London and New York: Routledge, 2009, p. 43-195., p. 96-97). A posição esperada do verbo em persa antigo, como no grego, seria o final da sentença (KENT, 1950KENT, Roland Grubb. Old Persian: Grammar, Texts, Lexicon. New Haven, Connecticut: American Oriental Society, 1950., p. 96; SKJÆRVØ, 2009SKJÆRVØ, Prods Oktor. Old Iranian. In: WINDFUHR, Gernot (ed.). The Iranian Languages. London and New York: Routledge, 2009, p. 43-195., p. 94-95). Histaspes. Adota-se, tradicionalmente, um decalque da versão grega deste nome. Histaspes e o pai, Arsames, são mencionados por Heródoto (e.g., Hdt 1.209)HERÓDOTO. Herodoti Historiae recognovit brevique adnotatione critica instrvxit Carolus Hude (Karl Hude). vol. 2. Oxford: Clarendon Press, 1920.. Arsames. Como explica SCHMITT, o verbo “ser”, omitido aqui, deve estar no presente, pois sabemos que Arsames e Histaspes estavam vivos nessa época (1991, p. 49; cf. XPf §3°). Uma genealogia alternativa é fornecida por Ciro II (o Grande) no famoso “cilindro de Ciro” (CURTIS; RAZMJOU, 2005CURTIS, John; RAZMJOU, Sharokh. The Palace. In: CURTIS, John. TALLIS, Nigel. (eds.). Forgotten Empire: The World of Ancient Persia. London: The British Musem Press, 2005, p. 50-103., p. 59; KUHRT, 2007KUHRT, Amélie. The Persian Empire: A Corpus of Sources from the Achaemenid Empire. Londres e Nova Iorque : Routledge, 2007., p. 71). Alguns autores argumentam que, como o cilindro de Ciro não menciona nenhum Aquêmenes, este seria uma invenção de Dario para legitimar sua pretensão ao trono (BRIANT, 1996BRIANT, Pierre. Histoire de l’Empire Perse: De Cyrus à Alexandre. Paris: Fayard, 1996., p. 26-27; WATERS, 1996WATERS, Matt. Darius and the Achaemenid line. Ancient History Bulletin, vol. 10, 1996, p. 11-18., p. 11-18). As únicas inscrições que atrelam Ciro a Aquêmenes (CMa e CMc) são consideradas criações tardias, se aceitarmos que o cuneiforme persa teria sido inventado por Dario (STRONACH, 2000STRONACH, David. Of Cyrus, Darius and Alexander: a new look at the epitaphs of Cyrus the Great. In: DITTMANN, Reinhard; HROUDA, Barthel; LÖW, Ulrike; MATTHIAE, Paolo; MAYER-OPIFICIUS, Ruth Mayer; THÜRWÄCHTER, Sabine (eds.). Variatio Delectat: Iran und der Westen, Gedenkschrift für Peter Calmeyer. Münster: Ugarit-Verlag, 2000, p. 681-703.). No entanto, outros autores veem CMa-c como inscrições autênticas (VALLAT, 2011VALLAT, François. Darius, l’héritier légitime, et les premiers Achéménides. In: ÁLVAREZ-MON, Javier; GARRISON, Mark (eds.). Elam and Persia. Winona Lake, Indiana: Eisenbrauns, 2011, p. 263-284.). Cf. também Hdt. 7.11, com genealogia alternativa.
  • 18
    §3°. Nobres.āmātā, termo de significado controverso. Para outras possibilidades (e.g., “poderosos”), cf. BRANDENSTEIN e MAYRHOFER (1964, p. 102)BRANDENSTEIN, Wilhelm; MAYRHOFER, Manfred. Handbuch des Altpersischen. Wiesbaden: Otto Harrassowitz, 1964.; SCHMITT (2014, p. 129)SCHMITT, Rüdiger. Wörterbuch der altpersischen Königsinschriften. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2014..
  • 19
    §4°. Agora como antes. A tradução deste trecho é debatida. SCHMITT argumenta que o termo que aqui aparece, duvitāparanam, significaria “agora como antes” (2009, p. 38; 2014, p. 174), KENT prefere traduzi-lo como “um após o outro” / “em sucessão” (1950, p. 192) e BRANDENSTEIN e MAYRHOFER optam pela tradução “em duas sequências” (1964, p. 118; cf. também LECOQ, 1997LECOQ, Pierre. Les inscriptions de la Perse achéménide. Paris: Gallimard, 1997., p. 188) . Entenda-se, por esta última tradução, que Dario faria menção à linha de Ciro como colateral à sua (KUHRT, 2007KUHRT, Amélie. The Persian Empire: A Corpus of Sources from the Achaemenid Empire. Londres e Nova Iorque : Routledge, 2007., p. 152, n. 4). Para uma comparação com as versões acadiana e elamita, cf. ARAUJO (2018, p. 139-140)ARAUJO, Matheus Treuk Medeiros de. O Império Aquemênida em Heródoto: Identidade e Política nas Histórias. Tese de doutorado, História Social, Departamento de História / Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2018. doi: https://doi.org/10.11606/T.8.2019.tde-13032019-104322 .
    https://doi.org/10.11606/T.8.2019.tde-13...
    .
  • 20
    §5°. pela vontade.vašnā, termo geralmente traduzido pelos autores como “pela vontade” ou “pelo favor” (SCHMITT, 2014SCHMITT, Rüdiger. Wörterbuch der altpersischen Königsinschriften. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2014., p. 277; MACEDO, 2020MACEDO, José Marcos. O Espelho de Príncipes de Dario (DNb): Tradução do Persa Antigo com Breves Comentários Linguísticos. Translatio. Porto Alegre, n. 19, Outubro de 2020, p. 41-56. Disponível em: <https://www.seer.ufrgs.br/translatio/article/view/105576>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://www.seer.ufrgs.br/translatio/art...
    , p. 44) ou “pela grandeza” (SKJÆRVØ, 2009SKJÆRVØ, Prods Oktor. Old Iranian. In: WINDFUHR, Gernot (ed.). The Iranian Languages. London and New York: Routledge, 2009, p. 43-195., p. 78), no caso instrumental. Ahura Mazda. Deidade máxima do panteão iraniano. Para a etimologia do nome, cf. SCHMITT (2014, p. 143)SCHMITT, Rüdiger. Wörterbuch der altpersischen Königsinschriften. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2014. e MACEDO (2020, p. 42-45)MACEDO, José Marcos. O Espelho de Príncipes de Dario (DNb): Tradução do Persa Antigo com Breves Comentários Linguísticos. Translatio. Porto Alegre, n. 19, Outubro de 2020, p. 41-56. Disponível em: <https://www.seer.ufrgs.br/translatio/article/view/105576>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://www.seer.ufrgs.br/translatio/art...
    . Na versão da estela babilônica, a deidade sob os auspícios da qual está Dario não é Ahura Mazda, mas o deus local, Bēl/Marduk (SEIDL, 1999SEIDL, Ursula. Ein Monument Dariu’s I. aus Babylon. Zeitschrift für Assyriologie, Bd. 89, S. 101-114, Walter de Gruyter, 1999, p. 101-114. Disponível em: <https://www.degruyter.com/document/doi/10.1515/zava.1999.89.1.101/html>. Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.1515/zava.1999.89.1.101.
    https://doi.org/10.1515/zava.1999.89.1.1...
    , p. 109-110). Sobre a religião dos Aquemênidas, há pelo menos duas correntes interpretativas: (a) uma, minoritária, prefere tratar a religião dos reis vagamente como “masdeísta”, evitando uma identificação direta ao zoroastrismo (GARRISON, 2011GARRISON, Mark. By the favor of Auramazda: kingship and the divine in the early Achaemenid period. In: IOSSIF, Panagiotis; CHANKOWSKI, Andrzej; LORBER, Catharine (eds.). More Than Men, Less Than Gods: Studies on Royal Cult and Imperial Worship. Leuven, Paris, Walpole: Peeters, 2011, p. 15-104.); (b) a outra, majoritária, entende que os Aquemênidas eram zoroastristas, no sentido de que compartilhariam uma tradição comum à religião que viria a ser posta por escrito no Avesta. Se os Aquemênidas foram, de fato, zoroastristas, a forma do zoroastrismo que os reis seguiam não deve ter correspondido exatamente àquela conhecida no Período Sassânida. Ressalte-se que não há nenhuma citação “direta” do Avesta nas Inscrições Aquemênidas (SKJÆRVØ, 1999SKJÆRVØ, Prods Oktor. Old Iranian. In: WINDFUHR, Gernot (ed.). The Iranian Languages. London and New York: Routledge, 2009, p. 43-195.; KELLENS, 2021KELLENS, Jean. The Achaemenids and the Avesta. In: JACOBS, Bruno; ROLLINGER, Robert. (eds.). A Companion to the Achaemenid Persian Empire. 2 Vols. Hoboken, NJ: Wiley Blackwell, 2021, p. 1211-1220. Disponível em: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/9781119071860.ch84>. Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch84.
    https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/...
    , p. 1212), apenas possíveis empréstimos de fórmulas, além de indicações na onomástica. Em relação à religião dos Aquemênidas, consultar: SKJÆRVØ (1999SKJÆRVØ, Prods Oktor. Avestan Quotations in Old Persian? Literary Sources of the Old Persian Inscriptions. In: SHAKED, Shaul; NETZER, Amnon (eds.). Irano-Judaica IV. Jerusalem: Ben Zvi Institute, 1999, p. 1-64.; 2014SKJÆRVØ, Prods Oktor. Achaemenid religion. Religion Compass, vol. 8, n. 6, 2014, p. 175-187. Disponível em: <https://compass.onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/rec3.12110>. Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.1111/rec3.12110.
    https://compass.onlinelibrary.wiley.com/...
    ); LINCOLN (2007)LINCOLN, Bruce. Religion, empire & torture: the case of Achaemenid Persia, with a postscript on Abu Ghraib. Chicago: The University of Chicago Press, 2007.; GARRISON (2011)GARRISON, Mark. By the favor of Auramazda: kingship and the divine in the early Achaemenid period. In: IOSSIF, Panagiotis; CHANKOWSKI, Andrzej; LORBER, Catharine (eds.). More Than Men, Less Than Gods: Studies on Royal Cult and Imperial Worship. Leuven, Paris, Walpole: Peeters, 2011, p. 15-104.; HENKELMAN e REDARD (2017)HENKELMAN, Wouter Franklin Merijn; REDARD, Céline (eds.). Persian Religion in the Achaemenid Period / La Religion Perse à l’Époque Achéménide. Wiesbaden: Harrassowitz Verlag, 2017.; KELLENS (2021)KELLENS, Jean. The Achaemenids and the Avesta. In: JACOBS, Bruno; ROLLINGER, Robert. (eds.). A Companion to the Achaemenid Persian Empire. 2 Vols. Hoboken, NJ: Wiley Blackwell, 2021, p. 1211-1220. Disponível em: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/9781119071860.ch84>. Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch84.
    https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/...
    ; HENKELMAN (2021aHENKELMAN, Wouter Franklin Merijn. The Heartland Pantheon. In: JACOBS, Bruno; ROLLINGER, Robert. (eds.). A Companion to the Achaemenid Persian Empire. 2 Vols. Hoboken, NJ: Wiley Blackwell, 2021a, p. 1221-1242. Disponível em: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/9781119071860.ch85>. Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch85.
    https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch...
    ; 2021b)HENKELMAN, Wouter Franklin Merijn. Practice of Worship in the Achaemenid Heartland. In: JACOBS, Bruno; ROLLINGER, Robert. (eds.). A Companion to the Achaemenid Persian Empire. 2 Vols. Hoboken, NJ: Wiley Blackwell, 2021b, p. 1243-1270. Disponível em: < https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/9781119071860.ch86>. Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/9781119071860.ch86.
    https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/...
    . A mim. o uso excepcional do pronome pessoal na forma não enclítica indica ênfase (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 49). Império. O significado do termo persa antigo xšaça- foi muito discutido. No geral, os autores admitem o sentido duplo de “reino”, concreto, ou “reinado”, abstrato (KENT, 1950KENT, Roland Grubb. Old Persian: Grammar, Texts, Lexicon. New Haven, Connecticut: American Oriental Society, 1950., p. 181). BENVENISTEBENVENISTE, Émile. Le Vocabulaire des Institutions Indo-Européennes. Vol. 2. Paris: Les éditions de minuit, 1969. admitia sentido físico e abstrato (1969, p. 19). BUCCIBUCCI, Onorato. L’impero achemenide come ordinamento giuridico sovrannazionale e arta come principio ispiratore di uno “jus commune Persarum” (dāta). Modes de contacts et processus de transformation dans les sociétés anciennes. Actes du colloque de Cortone, 24-30 mai 1981, Rome: École Française de Rome, 1983, p. 89-122. defendeu um sentido territorial e concreto, denotando o império (1983; 1985, p. 673). TANCK entende que o termo tem sentido territorial, podendo denotar a província da Pérsia ou o conjunto de países sob autoridade do rei dos reis (1997, p. 231-232). GNOLIGNOLI, Gherardo. Note su xšāyaθiya- e xšaça-. In: BERGMAN, Jan (ed.). Ex orbe religionum: studia Geo Widengren oblata. Parte II. Leiden: Supplements to Numen, XXII, 1972, p. 88-97. defendeu um sentido exclusivamente territorial para o termo (1972, p. 90-91). KHATCHADOURIAN entende que o vocábulo tem sentido tanto abstrato quanto concreto (2016, p. 3-4). KELLENS acreditava que o sentido territorial de xšaça- seria questionável (2002, p. 438). Optamos por traduzi-lo por “império”, que é seu significado mais frequente (ARAUJO, 2018ARAUJO, Matheus Treuk Medeiros de. O Império Aquemênida em Heródoto: Identidade e Política nas Histórias. Tese de doutorado, História Social, Departamento de História / Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2018. doi: https://doi.org/10.11606/T.8.2019.tde-13032019-104322 .
    https://doi.org/10.11606/T.8.2019.tde-13...
    , p. 142-152).
  • 21
    §6°. Que me couberam. Essa construção do verbo pati-ay- com o dativo significa “caber a alguém” (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 49; 2014SCHMITT, Rüdiger. Wörterbuch der altpersischen Königsinschriften. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2014., p. 147). Alguns autores traduzem essa construção como “esses são os países que me obedecem”, conforme a versão babilônica (LECOQ, 1997LECOQ, Pierre. Les inscriptions de la Perse achéménide. Paris: Gallimard, 1997., p. 188; KUHRT, 2007KUHRT, Amélie. The Persian Empire: A Corpus of Sources from the Achaemenid Empire. Londres e Nova Iorque : Routledge, 2007., p. 141; cf. MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 107). Os que (habitam) no mar. Por essa construção do locativo entenda-se aqueles que estão junto ao mar. Segundo SCHMITT, uma região no noroeste da atual Turquia, Dascylium (1991, p. 49; 2009, p. 39; 2014, p. 171). No total. O advérbio fraharavam é traduzido por Schmitt como “no total” (2014, p. 175).
  • 22
    §7°. Eles foram. āhantā. Essa é a forma do verbo ah- (ser/estar) na voz média, imperfeito, exibindo desinência da terceira pessoa do plural. Aparentemente, possui o mesmo sentido da forma ativa (KENT, 1950KENT, Roland Grubb. Old Persian: Grammar, Texts, Lexicon. New Haven, Connecticut: American Oriental Society, 1950., p. 88; contra BENVENISTE, 1945BENVENISTE, Émile. Études Iraniennes. Transactions of the Philological Society, vol. 44, n. 1, 1945, p. 39-78., p. 61-63). Meus vassalos. O termo badaka, que ocorre apenas em DB, geralmente em referência a altos dignitários de Dario, deve indicar algum grau de sujeição em relação ao rei persa (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 50; 2014, p. 151). Tributo. O termo bāji- não delimita a espécie tributária. Aqui, está associado à ideia de sujeição (KLEBER, 2021KLEBER, Kristin (ed.). Taxation in the Achaemenid Empire. Wiesbaden, Otto Harrassowitz, 2021., p. 134-135). De noite ou durante o dia. A expressão xšapavā raucapativā é construída com a enclítica disjuntiva “vā” (“ou”; cf. BRANDENSTEIN; MAYRHOFER, 1964BRANDENSTEIN, Wilhelm; MAYRHOFER, Manfred. Handbuch des Altpersischen. Wiesbaden: Otto Harrassowitz, 1964., p. 150). A forma xšapa (“noite”) corresponde a um genitivo de tempo (SCHMITT, 2014SCHMITT, Rüdiger. Wörterbuch der altpersischen Königsinschriften. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2014., p. 285) e a forma rauca (“dia”), com a posposição pati, está no acusativo neutro de temas em -h (raucaʰ-) (SCHMITT, 2014SCHMITT, Rüdiger. Wörterbuch der altpersischen Königsinschriften. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2014., p. 237). Temos, portanto, um acusativo de duração (tempo em que algo ocorre) e um genitivo de tempo (intervalo de tempo dentro do qual algo ocorre) combinados em uma mesma expressão rimada (KENT, 1950KENT, Roland Grubb. Old Persian: Grammar, Texts, Lexicon. New Haven, Connecticut: American Oriental Society, 1950., p. 80-81; 100). Eles costumavam fazer. akunavayantā. O optativo com aumento (no pretérito) indica uma ação habitual no passado (KENT, 1950KENT, Roland Grubb. Old Persian: Grammar, Texts, Lexicon. New Haven, Connecticut: American Oriental Society, 1950., p. 91; SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 50; 2009, p. 39).
  • 23
    §8°. Tratei bem... puni rigorosamente. Aqui há duas “figuras etimológicas”: “ubr̥tam bar-”, “tratar bem tratado”; “ufrastam fraθ-”, “punir severamente” (SCHMITT, 2014SCHMITT, Rüdiger. Wörterbuch der altpersischen Königsinschriften. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2014., p. 262). Lei. O substantivo dāta- está aqui no caso instrumental “dātā” (SCHMITT, 2014SCHMITT, Rüdiger. Wörterbuch der altpersischen Königsinschriften. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2014., p. 116). Um termo de escopo discutido e que aparece, como empréstimo, na documentação em elamita, acadiano e hebraico (BRIANT, 1996BRIANT, Pierre. Histoire de l’Empire Perse: De Cyrus à Alexandre. Paris: Fayard, 1996., p. 526-528; 981-982; FREI, 2001FREI, Peter. Persian Imperial Authorization: A Summary. In: WATTS, James (ed.). Persia and Torah: The Theory of Imperial Authorization of the Pentateuch. Atlanta: Society of Biblical Literature, 2001, p. 5-40.; DÉMARE-LAFONT, 2006DÉMARE-LAFONT, Sophie. dātu ša šarri. La “loi du roi” dans la Babylonie Achéménide et Séleucide. Paris: Revista Droit et Cultures, vol. 52, 2006, p. 13-26. Disponível em: <http://journals.openedition.org/droitcultures/544>. Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.4000/droitcultures.544.
    http://journals.openedition.org/droitcul...
    , p. 13-26; KUHRT, 2007KUHRT, Amélie. The Persian Empire: A Corpus of Sources from the Achaemenid Empire. Londres e Nova Iorque : Routledge, 2007., p. 10; SCHMITT, 2011SCHMITT, Rüdiger. Dāta. Encyclopaedia Iranica, vol. VII, fasc. 1, 2011 [1994], p. 114-115. Disponível em: <http://www.iranicaonline.org/articles/data>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    http://www.iranicaonline.org/articles/da...
    [1994]; PIRNGRUBER, 2021PIRNGRUBER, Reinhard. Jurisdiction. In: JACOBS, Bruno; ROLLINGER, Robert. (eds.). A Companion to the Achaemenid Persian Empire. 2 Vols. Hoboken, NJ: Wiley Blackwell, 2021, p. 1087-1096. Disponível em: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/9781119071860.ch75>. Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch75.
    https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch...
    , p. 1087-1090; contra OLMSTEAD, 1948OLMSTEAD, Albert Ten Eyck. History of the Persian Empire. Chicago, London: The University of Chicago Press, 1948., p. xiv).
  • 24
    §9°. Assumisse o controle. verbo ham-dar-; “assumir o controle de, obter” (KENT, 1950KENT, Roland Grubb. Old Persian: Grammar, Texts, Lexicon. New Haven, Connecticut: American Oriental Society, 1950., p. 189); ou até que Dario “mantivesse unido” o império (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 50; cf. também 2014, p. 164).
  • 25
    §10. Um (homem) de nome. Uma característica de estilo do persa antigo é essa fórmula de nomeação, conhecida como “naming phrase” (KENT, 1950KENT, Roland Grubb. Old Persian: Grammar, Texts, Lexicon. New Haven, Connecticut: American Oriental Society, 1950., p. 97; SKJÆRVØ, 2009SKJÆRVØ, Prods Oktor. Old Iranian. In: WINDFUHR, Gernot (ed.). The Iranian Languages. London and New York: Routledge, 2009, p. 43-195., p. 104). Cita-se o nome de uma pessoa ou lugar seguido do termo nāma (ou nāmā, no feminino), geralmente retomados por um pronome. Essa fórmula está sempre no nominativo, independentemente da função sintática cumprida na sentença. Cambises... da nossa família. Cambises era filho de Ciro e Cassandane. Heródoto diz que Cassandane era uma Aquemênida (Hdt. 3.2). Assim, Dario está necessariamente dizendo a verdade ao afirmar que Cambises pertencia à sua família (WATERS, 2004WATERS, Matt. Cyrus and the Achaemenids. Iran, vol. 42, 2004, p. 91-102. Disponível em: <https://www.jstor.org/stable/4300665>. Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.2307/4300665.
    https://www.jstor.org/stable/4300665...
    , p. 91-102). Esmérdis. Forma grega do original persa Br̥diya. Empregamos a forma Esmérdis ao longo da tradução por ser mais familiar à audiência lusófona, embora esse Br̥diya seja chamado por diferentes nomes nos autores clássicos. Além de Esmérdis, encontramos as designações Tanyoxarkes, Mergis, Mardos. As diferentes versões aparecem em Heródoto (3.30; 61-87), Ésquilo (Pers. 770-775), CtésiasCTÉSIAS DE CNIDO. La Perse, L’Inde. Texto estabelecido, comentado e traduzido por LENFANT, Dominique. Paris: Les Belles Lettres, 2004. (Persika, 10-13) e Justino (1.9.4-11) (cf. também Xen. Cyr. 8.7.11-28). Elas apontam para a existência de diversas tradições orais contendo alguns motivos fundamentais, mas que misturam elementos fantasiosos (BRIANT, 1996BRIANT, Pierre. Histoire de l’Empire Perse: De Cyrus à Alexandre. Paris: Fayard, 1996., p. 110-112). E (a mentira...). utā; Reconstrução de Gershevitch, seguida por SCHMITT (1990, p. 17-18)SCHMITT, Rüdiger. Epigraphisch-exegetische Noten zu Dareios’ Bīsutūn Inschriften. Viena: Verlag der Österreichischen Akademie der Wissenschaften, 1990.. KING e THOMPSON (1907, p. 7)KING, Leonard William; THOMPSON, Reginald Campbell. The Sculptures and Inscription of Darius the Great on the Rock of Behistun in Persia. London: Longmans & Co., 1907. Disponível em: <https://archive.org/details/sculpturesinscri00brituoft>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/sculpturesin...
    : pasāva. Numerosa no país. Schmitt nota que esse uso excepcional de dahyu- denota a totalidade do território imperial, e não apenas as unidades individuais (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 51).
  • 26
    §11. Certo homem, um mago. Ou “um homem mago”. Como o persa antigo não possui artigos definidos ou indefinidos, o uso do cardinal aiva (um) aqui deve enfatizar a indeterminação (“um certo...”) (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 51; 2014SCHMITT, Rüdiger. Wörterbuch der altpersischen Königsinschriften. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2014., p. 128). Em Heródoto (3.61.1) há dois magos medos (ASHERI et al., 2007ASHERI, David; LLOYD, Alan; CORCELLA, Aldo. A Commentary on Herodotus Books I-IV. Oxford: Oxford University Press, 2007., p. 460). A versão babilônica confirma que Gaumāta era um medo (VON VOIGTLANDER, 1978VON VOIGTLANDER, Elizabeth Nation. The Bisitun Inscription of Darius the Great: Babylonian Version. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1978., p. 55; MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 109). O termo “mago”, embora tradicionalmente associado a uma classe sacerdotal iraniana, tem significado amplo e incerto (SCHMITT, 2014SCHMITT, Rüdiger. Wörterbuch der altpersischen Königsinschriften. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2014., p. 208; HENKELMAN, 2021bHENKELMAN, Wouter Franklin Merijn. Practice of Worship in the Achaemenid Heartland. In: JACOBS, Bruno; ROLLINGER, Robert. (eds.). A Companion to the Achaemenid Persian Empire. 2 Vols. Hoboken, NJ: Wiley Blackwell, 2021b, p. 1243-1270. Disponível em: < https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/9781119071860.ch86>. Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/9781119071860.ch86.
    https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/...
    , p. 1244-1247). Ele se insurgiu. No original, a forma é udapatatā, i.e., o verbo pat- (“voar”), com a desinência média da 3ª pessoa, singular, imperfeito, com o prefixo ud- (“para cima”) (“sublevar-se”, i.e., fazer um “levante”). Para diferenciar este verbo, reservado, no texto, a indivíduos, da expressão similar “tornar-se rebelde” (hamiçiya- bav), usada para povos, exércitos e países (SCHMITT, 2014SCHMITT, Rüdiger. Wörterbuch der altpersischen Königsinschriften. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2014., p. 230), o traduzimos regularmente por “insurgir-se”. Paišiyāuvādā. Paišiyāuvādā, onde se insurge o mago, seria uma cidade em Fars, perto de Pasárgada. O correspondente elamita é Našir. A etimologia do nome persa é debatida (LECOQ, 1997LECOQ, Pierre. Les inscriptions de la Perse achéménide. Paris: Gallimard, 1997., p. 190; SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 51; KUHRT, 2007KUHRT, Amélie. The Persian Empire: A Corpus of Sources from the Achaemenid Empire. Londres e Nova Iorque : Routledge, 2007., p. 152; ARAUJO, 2018ARAUJO, Matheus Treuk Medeiros de. O Império Aquemênida em Heródoto: Identidade e Política nas Histórias. Tese de doutorado, História Social, Departamento de História / Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2018. doi: https://doi.org/10.11606/T.8.2019.tde-13032019-104322 .
    https://doi.org/10.11606/T.8.2019.tde-13...
    , p. 146-147). De lá (ele se insurgiu). O primeiro documento babilônico datando do reino de Br̥diya é de 14 de abril de 522, mas talvez este seja o segundo rei que se proclamou Br̥diya (KUHRT, 2007KUHRT, Amélie. The Persian Empire: A Corpus of Sources from the Achaemenid Empire. Londres e Nova Iorque : Routledge, 2007., p. 152). Quatorze dias do mês de Viyaxna. As datas da versão elamita utilizam os nomes persas dos meses (GRILLOT-SUSINI et al., 1993GRILLOT-SUSINI, Françoise; HERRENSCHMIDT, Clarisse; MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Élamite de la Trilingue de Behistun: Une Nouvelle Lecture. Journal Asiatique, vol. CCLXXXI.1-2, 1993, p. 19-59. Disponível em: <https://archive.org/details/LaVersionElamiteDeLaTrilingueDeBehistunUnNouvelleLecture>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/LaVersionEla...
    , p. 42). Em nosso calendário, essa data seria 11 de março de 522 a.C. (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 51; MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 109). Dias... eram passados. O significado do instrumental nas expressões de data do persa antigo é debatido. Para KENT, ele serve para especificar a unidade de medida (1950, p. 82). De forma similar, SKJÆRVØ: “do mês de X, por Y dias, (os dias) eram passados” (2009, p. 114-115; cf. ARAUJO, 2018ARAUJO, Matheus Treuk Medeiros de. O Império Aquemênida em Heródoto: Identidade e Política nas Histórias. Tese de doutorado, História Social, Departamento de História / Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2018. doi: https://doi.org/10.11606/T.8.2019.tde-13032019-104322 .
    https://doi.org/10.11606/T.8.2019.tde-13...
    , p. 145-146). Nove dias do mês de Garmapada. 1° de julho de 522 a.C. na versão persa (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 51); 5 de julho de 522 a.C. na versão acadiana (MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 109). Então ele tomou o império. Há uma descrição em duas etapas, em datas diferentes, que não é clara. Há a hipótese de que a segunda data corresponderia a um ritual de entronização (KUHRT, 2007KUHRT, Amélie. The Persian Empire: A Corpus of Sources from the Achaemenid Empire. Londres e Nova Iorque : Routledge, 2007., p. 153). Cambises morreu sua própria morte. Uma passagem outrora debatida, mas, se comparado seu equivalente elamita à ocorrência da expressão em outros documentos, implicaria morte por causas naturais, excluindo, portanto, acidente, suicídio ou assassinato (STOLPER, 2015STOLPER, Matthew Wolfgang. ‘His own death’ in Bisotun and Persepolis. ARTA: Achaemenid Research on Texts and Archaeology, n. 2, 2015, p. 1-28. Disponível em: <http://www.achemenet.com/document/ARTA_2015.002-Stolper.pdf> Acesso em: 26 jun. 2022.
    http://www.achemenet.com/document/ARTA_2...
    ; ARAUJO, 2018ARAUJO, Matheus Treuk Medeiros de. O Império Aquemênida em Heródoto: Identidade e Política nas Histórias. Tese de doutorado, História Social, Departamento de História / Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2018. doi: https://doi.org/10.11606/T.8.2019.tde-13032019-104322 .
    https://doi.org/10.11606/T.8.2019.tde-13...
    , p. 146; contra KENT, 1950KENT, Roland Grubb. Old Persian: Grammar, Texts, Lexicon. New Haven, Connecticut: American Oriental Society, 1950., p. 177).
  • 27
    §13. Nem persa, nem medo. Na versão acadiana, se acrescenta “nem um babilônio” (VON VOIGTLANDER, 1978VON VOIGTLANDER, Elizabeth Nation. The Bisitun Inscription of Darius the Great: Babylonian Version. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1978., p. 55; MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 109). Pudesse recobrar. O uso do optativo do verbo kar- com um particípio presente (dātam caxriyā) indica um significado potencial (KENT, 1950KENT, Roland Grubb. Old Persian: Grammar, Texts, Lexicon. New Haven, Connecticut: American Oriental Society, 1950., p. 89). Ele costumava matar. Mais uma vez, o optativo com aumento (pretérito), indicando uma ação habitual no passado (avājaniyā) (SCHMITT, 2009SCHMITT, Rüdiger. Die altpersischen Inschriften der Achaimeniden. Editio minor mit deutscher Übersetzung. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2009., p. 44). Eu pedi. Para KENT, tratava-se da primeira pessoa do singular, imperfeito e na voz média do verbo avahya- (“pedir por ajuda”) com a preposição pati- (1950, p. 173). SCHMITT, seguindo Wackernagel, o interpreta como um futuro histórico do verbo van- (“pedir”) (1991, p. 52; 2009, p. 44; 2014, p. 275). Dez dias do mês de Bāgayādi. 29 de setembro de 522 a.C. (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 52; MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 109). Nisāya. Segundo LECOQ, supôs-se que tal localidade (e, portanto, o forte de Sikayuvati) ficaria próxima a Behistun, motivo pelo qual o sítio poderia ter sido escolhido para a celebração da “magofonia” (1997, p. 192). Lá eu o matei. Segundo KUHRT, o último documento babilônico datado do reinado de Br̥diya é de 20 de setembro de 522 a.C. (2007, p. 153). Eu me tornei rei. Infere-se por esta passagem que Dario se proclamou rei logo após a morte de Cambises e não, como em Heródoto, depois da morte do falso Esmérdis (Hdt. 3.84-88; LECOQ, 1997LECOQ, Pierre. Les inscriptions de la Perse achéménide. Paris: Gallimard, 1997., p. 190; cf. também ARAUJO, 2018ARAUJO, Matheus Treuk Medeiros de. O Império Aquemênida em Heródoto: Identidade e Política nas Histórias. Tese de doutorado, História Social, Departamento de História / Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2018. doi: https://doi.org/10.11606/T.8.2019.tde-13032019-104322 .
    https://doi.org/10.11606/T.8.2019.tde-13...
    , p. 135).
  • 28
    §14. Eu restituí ao povo. Alguns veem aqui um “verdadeiro” genitivo (i.e., as propriedades, o gado etc. “do” povo), mas tal interpretação não é majoritariamente aceita (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 53). As propriedades. abicariš, fazendas, propriedades rurais. Interpretado como acusativo plural (KENT, 1950KENT, Roland Grubb. Old Persian: Grammar, Texts, Lexicon. New Haven, Connecticut: American Oriental Society, 1950., p. 168-169; SCHMITT, 2014SCHMITT, Rüdiger. Wörterbuch der altpersischen Königsinschriften. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2014., p. 124). Os servos. O substantivo māniya- tem sentido coletivo; e.g., “escravaria” (SCHMITT, 2014SCHMITT, Rüdiger. Wörterbuch der altpersischen Königsinschriften. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2014., p. 210-211). As casas. O uso do instrumental em viθbišcā (as casas) nessa passagem é de interpretação debatida (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 53). Alguns autores traduzem como expressão de acréscimo, “junto com as casas” (SCHMITT, 2009SCHMITT, Rüdiger. Die altpersischen Inschriften der Achaimeniden. Editio minor mit deutscher Übersetzung. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2009., p. 46). Outros o interpretam como um instrumental com função de acusativo (KENT, 1950KENT, Roland Grubb. Old Persian: Grammar, Texts, Lexicon. New Haven, Connecticut: American Oriental Society, 1950., p. 208). O mago lhe havia roubado. Briant esclarece que o antagonismo do mago contra Dario não pode ser explicado por uma luta de classes, uma vez que é claro que parte da nobreza também apoiara o mago. A confiscação das terras parece estar vinculada a uma forma de privar os nobres leais a Dario do acesso à corveia de serviço militar, geralmente cobrada em troca da concessão de propriedades fundiárias (BRIANT, 1996BRIANT, Pierre. Histoire de l’Empire Perse: De Cyrus à Alexandre. Paris: Fayard, 1996., p. 115-117). Eu me esforcei. Esse verbo (taxš-), com o prefixo hama-, significa “cooperar”, “trabalhar com”, “comprometer-se” (KENT, 1950KENT, Roland Grubb. Old Persian: Grammar, Texts, Lexicon. New Haven, Connecticut: American Oriental Society, 1950., p. 185-186; SCHMITT, 2014SCHMITT, Rüdiger. Wörterbuch der altpersischen Königsinschriften. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2014., p. 253). Ou, simplesmente, “fazer esforços”, “esforçar-se” (LECOQ, 1997LECOQ, Pierre. Les inscriptions de la Perse achéménide. Paris: Gallimard, 1997., p. 192; MACEDO, 2020MACEDO, José Marcos. O Espelho de Príncipes de Dario (DNb): Tradução do Persa Antigo com Breves Comentários Linguísticos. Translatio. Porto Alegre, n. 19, Outubro de 2020, p. 41-56. Disponível em: <https://www.seer.ufrgs.br/translatio/article/view/105576>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://www.seer.ufrgs.br/translatio/art...
    , p. 47).
  • 29
    §16. Āçina. Essa revolta não parece ter sido particularmente desafiadora, uma vez que: (i) Āçina, ao contrário de vários dos reis revoltosos subsequentes, não possui uma reivindicação de descendência de uma dinastia local; e (ii) não há detalhamento de operações militares no Elam, sendo meramente informado que o rebelde teria sido entregue a Dario após o envio de um mensageiro (SCHWINGHAMMER, 2021SCHWINGHAMMER, Gundula. Imperial Crisis. In: JACOBS, Bruno; ROLLINGER, Robert. (eds.). A Companion to the Achaemenid Persian Empire. 2 Vols. Hoboken, NJ: Wiley Blackwell, 2021, p. 417-428. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/9781119071860.ch30. Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch30.
    https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch...
    , p. 419-422). Upadarama. KUHRT (2007, p. 153)KUHRT, Amélie. The Persian Empire: A Corpus of Sources from the Achaemenid Empire. Londres e Nova Iorque : Routledge, 2007. e LECOQ (1997, p. 193)LECOQ, Pierre. Les inscriptions de la Perse achéménide. Paris: Gallimard, 1997. notam que as versões acadiana e elamita do texto o descrevem como um homem elamita, embora seu nome seja persa. Ele tomou o poder na Babilônia. Esse trecho poderia indicar que xšaça- não é sempre relativo à totalidade do território imperial, pois parece ser especificado pelo locativo de Babilônia, i.e. “o poder que (havia) na Babilônia” (ARAUJO, 2018ARAUJO, Matheus Treuk Medeiros de. O Império Aquemênida em Heródoto: Identidade e Política nas Histórias. Tese de doutorado, História Social, Departamento de História / Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2018. doi: https://doi.org/10.11606/T.8.2019.tde-13032019-104322 .
    https://doi.org/10.11606/T.8.2019.tde-13...
    , p. 147-148; cf., contudo, SCHWINGHAMMER, 2021SCHWINGHAMMER, Gundula. Imperial Crisis. In: JACOBS, Bruno; ROLLINGER, Robert. (eds.). A Companion to the Achaemenid Persian Empire. 2 Vols. Hoboken, NJ: Wiley Blackwell, 2021, p. 417-428. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/9781119071860.ch30. Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch30.
    https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch...
    , p. 422).
  • 30
    §17. Eu enviei (um mensageiro). As versões elamita e babilônica trazem como objeto direto “um mensageiro” (VON VOIGTLANDER, 1978VON VOIGTLANDER, Elizabeth Nation. The Bisitun Inscription of Darius the Great: Babylonian Version. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1978., p. 56; GRILLOT-SUSINI et al., 1993GRILLOT-SUSINI, Françoise; HERRENSCHMIDT, Clarisse; MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Élamite de la Trilingue de Behistun: Une Nouvelle Lecture. Journal Asiatique, vol. CCLXXXI.1-2, 1993, p. 19-59. Disponível em: <https://archive.org/details/LaVersionElamiteDeLaTrilingueDeBehistunUnNouvelleLecture>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/LaVersionEla...
    , p. 45; MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 111; LECOQ, 1997LECOQ, Pierre. Les inscriptions de la Perse achéménide. Paris: Gallimard, 1997., p. 193; KUHRT, 2007KUHRT, Amélie. The Persian Empire: A Corpus of Sources from the Achaemenid Empire. Londres e Nova Iorque : Routledge, 2007., p. 153; PARIAN, 2017RAWLINSON, Henry Creswicke. The Persian cuneiform inscription at Behistun, decyphered and translated. Journal of the Royal Asiatic Society of Great Britain and Ireland, vol. 10, 1848, p. 1-349. Disponível em: <https://archive.org/details/jstor-25581217>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/jstor-255812...
    , p. 6).
  • 31
    §18. Era (somente) navegável.nāviyā āha; A rigor, “era navegável”, indicando que não poderia ser atravessado sem a ajuda de barcos, ou seja, não era possível atravessá-lo a vau (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 55; 2009, p. 41; 2014, p. 220; LECOQ, 1997LECOQ, Pierre. Les inscriptions de la Perse achéménide. Paris: Gallimard, 1997., p. 193; KUHRT, 2007KUHRT, Amélie. The Persian Empire: A Corpus of Sources from the Achaemenid Empire. Londres e Nova Iorque : Routledge, 2007., p. 153). Em couros de animal. maškāuvā, forma do locativo plural de maškā-, “em couros”, “em peles de animais” (SCHMITT, 2014SCHMITT, Rüdiger. Wörterbuch der altpersischen Königsinschriften. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2014., p. 213). Uma técnica de auxílio ao nado representada nos relevos assírios. Isso permitiria que o exército chegasse ao outro lado do rio (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 55; 2009, p. 49; 2014, p. 213; BRIANT, 1996BRIANT, Pierre. Histoire de l’Empire Perse: De Cyrus à Alexandre. Paris: Fayard, 1996., p. 387; LECOQ, 1997LECOQ, Pierre. Les inscriptions de la Perse achéménide. Paris: Gallimard, 1997., p. 193; KUHRT, 2007KUHRT, Amélie. The Persian Empire: A Corpus of Sources from the Achaemenid Empire. Londres e Nova Iorque : Routledge, 2007., p. 153). Dei cavalo. Embora asa- esteja aqui no acusativo singular, o sentido é coletivo (SCHMITT, 2014SCHMITT, Rüdiger. Wörterbuch der altpersischen Königsinschriften. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2014., p. 138). Nós travamos batalha. A versão acadiana explicita que não foram feitos cativos e todos os inimigos foram mortos (MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 111). Vinte e seis dias do mês de Āçiyādiya. 13 de dezembro de 522 a.C. (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 53; MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 111).
  • 32
    §19. Fui à Babilônia. Como elucida SCHMITT, aqui trata-se da cidade Babilônia, não a província (1991, p. 55). Zāzāna. Local exato desconhecido (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 55; LECOQ, 1997LECOQ, Pierre. Les inscriptions de la Perse achéménide. Paris: Gallimard, 1997., p. 194). A água a levou. Trecho obscuro. Para KENT, āpišim é um nominativo e figura como sujeito da oração (1950, p. 168). Segundo SCHMITT, esta forma com a enclítica seria um locativo, singular, de “ap-” (água), e a oração seria construída de forma impessoal (1991, p. 55; 2014, p. 131). Dois dias do mês de Anāmaka. A data é 18 de dezembro de 522 a.C. (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 55; MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 111). A versão acadiana acrescenta que todos os inimigos foram mortos e não foram feitos cativos (MALBRAN-LABATMALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., loc. cit.).
  • 33
    §20. Eu matei aquele Nadintabaira na Babilônia. O primeiro documento babilônico datado do reinado de Dario I é de janeiro de 521 a.C. Dario não foi reconhecido em nenhum momento na Babilônia entre a morte do mago e a revolta de Nadintabaira (Nadintu-Bel) (KUHRT, 2007KUHRT, Amélie. The Persian Empire: A Corpus of Sources from the Achaemenid Empire. Londres e Nova Iorque : Routledge, 2007., p. 153-154, n. 34; 41). A versão acadiana é mais específica e menciona o empalamento do líder rebelde junto de uma cifra de 49 outros insurretos (MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 112; LECOQ, 1997LECOQ, Pierre. Les inscriptions de la Perse achéménide. Paris: Gallimard, 1997., p. 194). O texto acadiano e a versão tardia aramaica trazem, frequentemente, dados sobre mortos e cativos em batalhas (é possível que o elamita e o persa não tragam cifras específicas por uma questão de espaço). Uma análise detalhada das cifras fornecidas por essas versões, contudo, indica que não devem ser sempre fidedignas (HYLAND, 2014HYLAND, John O. The Casualty Figures in Darius’ Bisitun Inscription. Journal of Ancient Near Eastern History, vol. 1, n. 2, 2014, p. 173-199. Disponível em: <https://www.degruyter.com/document/doi/10.1515/janeh-2013-0001/html>. Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.1515/janeh-2013-0001.
    https://www.degruyter.com/document/doi/1...
    ).
  • 34
    §21. Egito. Como nota SCHMITT, não é descrita, na sequência, nenhuma revolta no Egito. Em persa antigo, o trecho é ilegível, e a reconstrução foi feita com base na versão elamita (1991, p. 56; 2009, p. 51).
  • 35
    §22. Martiya. Mais uma vez, essa revolta elamita não parece ter representado um desafio particularmente grande (SCHWINGHAMMER, 2021SCHWINGHAMMER, Gundula. Imperial Crisis. In: JACOBS, Bruno; ROLLINGER, Robert. (eds.). A Companion to the Achaemenid Persian Empire. 2 Vols. Hoboken, NJ: Wiley Blackwell, 2021, p. 417-428. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/9781119071860.ch30. Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch30.
    https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch...
    , p. 423). Kuganakā. Local desconhecido (LECOQ, 1997LECOQ, Pierre. Les inscriptions de la Perse achéménide. Paris: Gallimard, 1997., p. 195; SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 56). Sabe-se, contudo, que a filha de Dario, Artystone, tinha uma propriedade lá (KUHRT, 2007KUHRT, Amélie. The Persian Empire: A Corpus of Sources from the Achaemenid Empire. Londres e Nova Iorque : Routledge, 2007., p. 154, n. 43). Imani. O nome dado na versão elamita é Ummanunu. Um rei com esse nome existiu no século VI a.C., conforme atestam tabletes de Susa (KUHRT, 2007KUHRT, Amélie. The Persian Empire: A Corpus of Sources from the Achaemenid Empire. Londres e Nova Iorque : Routledge, 2007., p. 154).
  • 36
    §25. Māru. Local desconhecido (LECOQ, 1997LECOQ, Pierre. Les inscriptions de la Perse achéménide. Paris: Gallimard, 1997., p. 196). Vinte e sete dias do mês de Anāmaka: 12 de janeiro de 521 a.C. (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 57; MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 113). Kampanda. Local que SCHMITT interpreta como próximo de Behistun (1991, p. 57) e LECOQ como mais próximo de Hamadã (Ecbátana) (1997, p. 196). Média. O texto acadiano acrescenta: 3.827 mortos, e 4.329 cativos (MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 113). Essa versão também explicita que o exército teria aguardado por Dario em Ecbátana, como, ademais, faz a versão tardia aramaica (GREENFIELD; PORTEN, 1982GREENFIELD, Jonas Carl; PORTEN, Bezalel. The Bisitun Inscription of Darius the Great. Aramaic Version. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1982., p. 6).
  • 37
    §26. Zūzahya. Local desconhecido (KUHRT, 2007KUHRT, Amélie. The Persian Empire: A Corpus of Sources from the Achaemenid Empire. Londres e Nova Iorque : Routledge, 2007., p. 154; LECOQ, 1997LECOQ, Pierre. Les inscriptions de la Perse achéménide. Paris: Gallimard, 1997., p. 197). Oito dias do mês de Θūravāhara. 20 de maio de 521 a.C. (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 58; MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 113). Então a batalha foi travada por eles. A versão aramaica informa 827 mortos (GREENFIELD; PORTEN, 1982GREENFIELD, Jonas Carl; PORTEN, Bezalel. The Bisitun Inscription of Darius the Great. Aramaic Version. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1982., p. 7; KUHRT, 2007KUHRT, Amélie. The Persian Empire: A Corpus of Sources from the Achaemenid Empire. Londres e Nova Iorque : Routledge, 2007., p. 154).
  • 38
    §27. Tigra. Local não identificado (LECOQ, 1997LECOQ, Pierre. Les inscriptions de la Perse achéménide. Paris: Gallimard, 1997., p. 197). Dezoito dias do mês de Θūravāhara. 30 de maio de 521 a.C. (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 58; MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 113). A batalha foi travada por eles. A versão aramaica acrescenta números de mortos e cativos, em formato não totalmente legível (GREENFIELD; PORTEN, 1982GREENFIELD, Jonas Carl; PORTEN, Bezalel. The Bisitun Inscription of Darius the Great. Aramaic Version. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1982., p. 7). A versão babilônia acadiana acrescenta 546 mortos e 520 cativos (MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 113).
  • 39
    §28. Uyavā. Local desconhecido (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 58; LECOQ, 1997LECOQ, Pierre. Les inscriptions de la Perse achéménide. Paris: Gallimard, 1997., p. 198). Nove dias do mês de Θāigraci. 20 de junho de 521 a.C. (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 59; MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 113). A batalha foi travada por eles. A versão acadiana acrescenta: 472 mortos e 525 cativos (VON VOIGTLANDER, 1978VON VOIGTLANDER, Elizabeth Nation. The Bisitun Inscription of Darius the Great: Babylonian Version. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1978., p. 55; MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 113). A versão aramaica dá uma igual cifra de mortos, e a cifra de cativos não é totalmente legível (GREENFIELD; PORTEN, 1982GREENFIELD, Jonas Carl; PORTEN, Bezalel. The Bisitun Inscription of Darius the Great. Aramaic Version. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1982., p. 7). Até que eu chegasse à Média. “Esperou por tanto tempo na Armênia até que eu chegasse à Média” (SCHMITT, 2009SCHMITT, Rüdiger. Die altpersischen Inschriften der Achaimeniden. Editio minor mit deutscher Übersetzung. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2009., p. 57).
  • 40
    §29. Izalā. Refere-se a uma região montanhosa entre o alto Tigre e o Eufrates (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 59; LECOQ, 1997LECOQ, Pierre. Les inscriptions de la Perse achéménide. Paris: Gallimard, 1997., p. 198). Quinze dias do mês de Anāmaka. 31 de dezembro de 522 a.C. (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 59; MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 139). A batalha foi travada por eles. A versão acadiana acrescenta 2.034 mortos (VON VOIGTLANDER, 1978VON VOIGTLANDER, Elizabeth Nation. The Bisitun Inscription of Darius the Great: Babylonian Version. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1978., p. 57; MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 114). A mesma cifra ocorre na versão aramaica (GREENFIELD; PORTEN, 1982GREENFIELD, Jonas Carl; PORTEN, Bezalel. The Bisitun Inscription of Darius the Great. Aramaic Version. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1982., p. 8).
  • 41
    §30. Autiyāra. Local desconhecido (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 59; LECOQ, 1997LECOQ, Pierre. Les inscriptions de la Perse achéménide. Paris: Gallimard, 1997., p. 198). No último dia. Conforme explica SCHMITT, tal leitura foi possível graças à presença da data exata na versão babilônica (1991, p. 59; 2009, p. 59). A data é 11 de junho de 521 a.C. (MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 114). A batalha foi travada por eles. A versão acadiana acrescenta: 2.045 mortos e 1.558 cativos (VON VOIGTLANDER, 1978VON VOIGTLANDER, Elizabeth Nation. The Bisitun Inscription of Darius the Great: Babylonian Version. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1978., p. 57; MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 114). 2.046 mortos e 1.578 cativos na versão aramaica (GREENFIELD; PORTEN, 1982GREENFIELD, Jonas Carl; PORTEN, Bezalel. The Bisitun Inscription of Darius the Great. Aramaic Version. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1982., p. 8).
  • 42
    §31. Kunduru. Local desconhecido (LECOQ, 1997LECOQ, Pierre. Les inscriptions de la Perse achéménide. Paris: Gallimard, 1997., p. 199). Vinte e cinco dias do mês de Adukaniya. 8 de maio de 521 a.C. (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 60; MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 114). Travamos batalha. A versão acadiana acrescenta: 34.425 mortos (VON VOIGTLANDER, 1978VON VOIGTLANDER, Elizabeth Nation. The Bisitun Inscription of Darius the Great: Babylonian Version. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1978., p. 57; MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 114). A versão aramaica parece indicar uma cifra idêntica de mortos e 18.01[?] cativos (GREENFIELD; PORTEN, 1982GREENFIELD, Jonas Carl; PORTEN, Bezalel. The Bisitun Inscription of Darius the Great. Aramaic Version. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1982., p. 9).
  • 43
    §32. Ragā. LECOQ sugere como localização uma cidade antiga ao sul de Teerã. O Avesta menciona duas cidades com esse nome, mas provavelmente fora da Média (1997, p. 199). No mesmo sentido, KUHRT (2007, p. 154)KUHRT, Amélie. The Persian Empire: A Corpus of Sources from the Achaemenid Empire. Londres e Nova Iorque : Routledge, 2007. e SCHMITT (1991, p. 60)SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    . No meu portão. Trata-se de um termo técnico normalmente usado para a corte do rei (SCHMITT, 2014SCHMITT, Rüdiger. Wörterbuch der altpersischen Königsinschriften. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2014., p. 173-174). Eu o empalei. Literalmente, “eu o coloquei numa estaca” (KENT, 1950KENT, Roland Grubb. Old Persian: Grammar, Texts, Lexicon. New Haven, Connecticut: American Oriental Society, 1950., p. 178). Eu enforquei. Verbo fra-haj-, “enforcar”. É um hápax (SCHMITT, 2014SCHMITT, Rüdiger. Wörterbuch der altpersischen Königsinschriften. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2014., p. 186). Num forte. A versão acadiana detalha que teriam sido mortos 47 nobres, e que suas cabeças teriam sido penduradas no forte (VON VOIGTLANDER, 1978VON VOIGTLANDER, Elizabeth Nation. The Bisitun Inscription of Darius the Great: Babylonian Version. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1978., p. 58; MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 115). A versão elamita menciona a exposição das cabeças decapitadas no exterior da fortaleza (GRILLOT-SUSINI et al., 1993GRILLOT-SUSINI, Françoise; HERRENSCHMIDT, Clarisse; MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Élamite de la Trilingue de Behistun: Une Nouvelle Lecture. Journal Asiatique, vol. CCLXXXI.1-2, 1993, p. 19-59. Disponível em: <https://archive.org/details/LaVersionElamiteDeLaTrilingueDeBehistunUnNouvelleLecture>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/LaVersionEla...
    , p. 50).
  • 44
    §33. Ciçantaxma. Ou “Tritantaichmes” (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 61; 2009SCHMITT, Rüdiger. Die altpersischen Inschriften der Achaimeniden. Editio minor mit deutscher Übersetzung. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2009., p. 61). Ele se rebelou contra mim. SCHMITT nota que a fórmula tradicional complementada por hacāma (“contra mim”) não é usada aqui, mas um dativo (enclítica “maiy”), que ele entende ser uma espécie de dativo ético (1991, p. 61). Meu exército destruiu aquele exército rebelde. A versão acadiana acrescenta o total de cativos e mortos: 447 (VON VOIGTLANDER, 1978VON VOIGTLANDER, Elizabeth Nation. The Bisitun Inscription of Darius the Great: Babylonian Version. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1978., p. 58; MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 115). Depois eu cortei o nariz e as duas orelhas dele. O texto acadiano menciona a decepação da língua também, como na punição anterior. Talvez sua ausência aqui se deva a um erro do escriba (KUHRT, 2007KUHRT, Amélie. The Persian Empire: A Corpus of Sources from the Achaemenid Empire. Londres e Nova Iorque : Routledge, 2007., p. 155). Arbaira. Trata-se da moderna cidade de Arbil (Arbela) no Iraque (LECOQ, 1997LECOQ, Pierre. Les inscriptions de la Perse achéménide. Paris: Gallimard, 1997., p. 200).
  • 45
    §35. O abandonou. A forma do injuntivo do verbo hard-, prefixo ava-, com o sentido de “abandonar” ou “soltar” (avahr̥[da]). No injuntivo, os verbos apresentam desinências secundárias, mas carecem de aumento. Estivéssemos diante de um imperfeito, esperaríamos a forma avāhr̥da (cf. contudo, KENT, 1950KENT, Roland Grubb. Old Persian: Grammar, Texts, Lexicon. New Haven, Connecticut: American Oriental Society, 1950., p. 90; 214, que considera essa forma “um imperfeito sem aumento”). Trata-se de um modo verbal amiúde associado a comandos negativos, mas, nesta passagem, o motivo de seu uso não é claro (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 62; 2014, p. 190). Višpauzāti. Localidade desconhecida (Višpauzātiš; SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 62). Vinte e dois dias do mês de Viyaxna. 8 de março de 521 a.C. (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 62; MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 115). A batalha foi travada por eles. A versão acadiana acrescenta: 6.346 mortos e 4.346 cativos (MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 115).
  • 46
    §36. Patigrabanā. Localidade desconhecida (LECOQ, 1997LECOQ, Pierre. Les inscriptions de la Perse achéménide. Paris: Gallimard, 1997., p. 201). Um dia do mês de Garmapada. 11 de julho de 521 a.C. (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 63; MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 116). A batalha foi travada por eles. A versão acadiana acrescenta: 6.570 mortos e 4.192 prisioneiros (MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 116).
  • 47
    §38. Dādr̥ši. Um homônimo de outro Dādr̥ši já mencionado, mas não é a mesma pessoa (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 63; LECOQ, 1997LECOQ, Pierre. Les inscriptions de la Perse achéménide. Paris: Gallimard, 1997., p. 202). Sátrapa. Uma das duas ocorrências do termo xšaçapāvan- (sátrapa) em DB (§38; §45). Trata-se do comandante supremo dentro de uma determinada circunscrição administrativa. O correspondente “satrapia” não é atestado em persa antigo (SCHMITT, 2014SCHMITT, Rüdiger. Wörterbuch der altpersischen Königsinschriften. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2014., p. 284-285; ARAUJO, 2018ARAUJO, Matheus Treuk Medeiros de. O Império Aquemênida em Heródoto: Identidade e Política nas Histórias. Tese de doutorado, História Social, Departamento de História / Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2018. doi: https://doi.org/10.11606/T.8.2019.tde-13032019-104322 .
    https://doi.org/10.11606/T.8.2019.tde-13...
    , p. 153-154; JACOBS, 2021bJACOBS, Bruno. Satrapal Administration. In: JACOBS, Bruno; ROLLINGER, Robert. (eds.). A Companion to the Achaemenid Persian Empire. 2 Vols. Hoboken, NJ: Wiley Blackwell, 2021b, p. 835-858. Disponível em: < https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/9781119071860.ch59> Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch59.
    https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch...
    , p. 835-836). Vinte e três dias do mês de Āçiyādiya. Provavelmente 28 de dezembro de 521 a.C. (cf. discussão em SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 63; MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 116). A batalha foi travada por eles. A versão acadiana diz: 5.52[?] mortos e 6.572 cativos, além de 46[?] nobres executados (VON VOIGTLANDER, 1978VON VOIGTLANDER, Elizabeth Nation. The Bisitun Inscription of Darius the Great: Babylonian Version. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1978., p. 58; MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 116). A versão aramaica tardia parece informar 55.243 mortos (o trecho não é totalmente legível) e informa 6.972 cativos (GREENFIELD; PORTEN, 1982GREENFIELD, Jonas Carl; PORTEN, Bezalel. The Bisitun Inscription of Darius the Great. Aramaic Version. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1982., p. 10).
  • 48
    §40. Tāravā. Tradicionalmente identificado à moderna Tārum (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 64; LECOQ, 1997LECOQ, Pierre. Les inscriptions de la Perse achéménide. Paris: Gallimard, 1997., p. 202). Yutiyā. Na Pérsia oriental (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 64). Anšan. Conforme elucidado em SCHMITT (2014, p. 289)SCHMITT, Rüdiger. Wörterbuch der altpersischen Königsinschriften. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2014., Yadā corresponde à importante região de Anšan, no Antigo Irã.
  • 49
    §41. O outro exército persa foi atrás de mim. As versões acadiana, aramaica e elamita mencionam um exército persa menos numeroso que não teria se rebelado (LECOQ, 1997LECOQ, Pierre. Les inscriptions de la Perse achéménide. Paris: Gallimard, 1997., p. 203). Raxā. Localização incerta (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 64). Doze dias do mês de Θūravāhara. 24 de maio de 521 a.C. (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 65; MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 117). A batalha foi travada por eles. De acordo com as versões acadianas, 4.404 mortos e 2[?] prisioneiros (VON VOIGTLANDER, 1978VON VOIGTLANDER, Elizabeth Nation. The Bisitun Inscription of Darius the Great: Babylonian Version. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1978., p. 59; MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 117). A versão aramaica informa, aparentemente, 35.404 mortos (GREENFIELD; PORTEN, 1988GREENFIELD, Jonas Carl; PORTEN, Bezalel. The Bisitun Inscription of Darius the Great. Aramaic Version. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1982., p. 11).
  • 50
    §42. Pr̥ga. Pode ser a moderna Purga (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 65; LECOQ, 1997LECOQ, Pierre. Les inscriptions de la Perse achéménide. Paris: Gallimard, 1997., p. 204; KUHRT, 2007KUHRT, Amélie. The Persian Empire: A Corpus of Sources from the Achaemenid Empire. Londres e Nova Iorque : Routledge, 2007., p. 147; 155). Cinco dias do mês de Garmapada. 15 de julho de 521 a.C. (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 65; MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 117). A batalha foi travada por eles. A versão acadiana acrescenta: 6.246 mortos e 4.464 cativos (VON VOIGTLANDER, 1978VON VOIGTLANDER, Elizabeth Nation. The Bisitun Inscription of Darius the Great: Babylonian Version. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1978., p. 59; MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 117; KUHRT, 2007KUHRT, Amélie. The Persian Empire: A Corpus of Sources from the Achaemenid Empire. Londres e Nova Iorque : Routledge, 2007., p. 155).
  • 51
    §43. Lá eu os empalei. A versão acadiana acrescenta: 52 mortos (VON VOIGTLANDER, 1978VON VOIGTLANDER, Elizabeth Nation. The Bisitun Inscription of Darius the Great: Babylonian Version. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1978., p. 59).
  • 52
    §45. Kāpišakāni. Geralmente associado às montanhas Parapamisos (LECOQ, 1997LECOQ, Pierre. Les inscriptions de la Perse achéménide. Paris: Gallimard, 1997., p. 205). Treze dias do mês de Anāmaka. 29 de dezembro de 522 a.C. (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 66; MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 117). A batalha foi travada por eles. O número de mortos e cativos é ilegível na versão babilônica (VON VOIGTLANDER, 1978VON VOIGTLANDER, Elizabeth Nation. The Bisitun Inscription of Darius the Great: Babylonian Version. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1978., p. 59; MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 117). Há 4.57[9] cativos e 3.76[?] mortos na versão aramaica (GREENFIELD; PORTEN, 1982GREENFIELD, Jonas Carl; PORTEN, Bezalel. The Bisitun Inscription of Darius the Great. Aramaic Version. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1982., p. 13; LECOQ, 1997LECOQ, Pierre. Les inscriptions de la Perse achéménide. Paris: Gallimard, 1997., p. 205).
  • 53
    §46. Gandutava. Localidade debatida (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 66). Sete dias do mês de Viyaxna. 21 de fevereiro de 521 a.C. (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 66; MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 117). A batalha foi travada por eles. A versão acadiana informa: 4.579 mortos e cativos (VON VOIGTLANDER, 1978VON VOIGTLANDER, Elizabeth Nation. The Bisitun Inscription of Darius the Great: Babylonian Version. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1978., p. 59; MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 117). O aramaico repete as cifras da batalha anterior (GREENFIELD; PORTEN, 1982GREENFIELD, Jonas Carl; PORTEN, Bezalel. The Bisitun Inscription of Darius the Great. Aramaic Version. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1982., p. 13; LECOQ, 1997LECOQ, Pierre. Les inscriptions de la Perse achéménide. Paris: Gallimard, 1997., p. 205).
  • 54
    §47. R̥ šādā. A versão acadiana acrescenta que o local pertencia a Vivāna. Debate-se sua identificação com Kandahār (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 66). Para lá ele se dirigiu. Essa frase não tem correspondente exato em nenhuma outra versão e é debatida (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 66). Matou os homens que eram seus principais seguidores. A cifra de mortos informada pela versão acadiana não é totalmente legível [4.2??] (MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 118).
  • 55
    §49. Dubāla. A versão acadiana informa “Ur”, mas isso parece uma confusão dos escribas, pois o local com esse nome é atestado em tabletes babilônicos (VON VOIGTLANDER, 1978VON VOIGTLANDER, Elizabeth Nation. The Bisitun Inscription of Darius the Great: Babylonian Version. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1978., p. 37; SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 67; KUHRT, 2007KUHRT, Amélie. The Persian Empire: A Corpus of Sources from the Achaemenid Empire. Londres e Nova Iorque : Routledge, 2007., p. 156).
  • 56
    §50. [os conduziu acorrentados... Vr̥kazana].SCHMITT (1991, p. 39)SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    traz a solução [bastā anaya Vr̥kazanahaya] e elenca as tentativas anteriores de restaurar o trecho a partir da versão elamita. Vinte e dois dias do mês de Vr̥kazana. Dia 27 de novembro de 521 a.C. (SCHMITT, 19991, p. 67; MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 118). Mentirosamente. [duruxta]m; restaurado em SCHMITT (1991, p. 39)SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    . Eu ordenei (e) ... foram empalados. Uma forma de subordinação por parataxe, comum em verbos como ordenar (SKJÆRVØ, 2009SKJÆRVØ, Prods Oktor. Old Iranian. In: WINDFUHR, Gernot (ed.). The Iranian Languages. London and New York: Routledge, 2009, p. 43-195., p. 147). Foram empalados na Babilônia. A versão acadiana acrescenta o total de mortos e cativos: 2.497 (VON VOIGTLANDER, 1978VON VOIGTLANDER, Elizabeth Nation. The Bisitun Inscription of Darius the Great: Babylonian Version. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1978., p. 60; MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 118).
  • 57
    §52. Num único e mesmo ano. Sobre Dario ter completado todas as batalhas “num único e mesmo ano”, cf. SCHMITT (1991, p. 68)SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    ; KOSMIN (2018)KOSMIN, Paul J. A New Hypothesis: The Behistun Inscription as Imperial Calendar. Iran: Journal of the British Institute of Persian Studies, 2018, p. 1-10. Disponível em : <https://doi.org/10.1080/05786967.2018.1505442> Acesso em : 26 jun. 2022. doi : https://doi.org/10.1080/05786967.2018.1505442.
    https://doi.org/10.1080/05786967.2018.15...
    . Nadintabaira. Aqui excepcionalmente grafado Nidintabaira (cf. discussão em SCHMITT, 2014SCHMITT, Rüdiger. Wörterbuch der altpersischen Königsinschriften. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2014., p. 217; 221-222).
  • 58
    §56. Valorizes a mentira. Para esse sentido do verbo man- enquanto “ter por (bom)”, “valorizar” ou “fazer bom juízo de”, cf. SCHMITT (2009SCHMITT, Rüdiger. Die altpersischen Inschriften der Achaimeniden. Editio minor mit deutscher Übersetzung. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2009., p. 80; 2014SCHMITT, Rüdiger. Wörterbuch der altpersischen Königsinschriften. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2014., p. 209).
  • 59
    §57. Eu juro por Ahura Mazda. O rei, literalmente, invoca a ira de Ahura Mazda sobre si na hipótese de estar mentindo (SCHMITT, 2014SCHMITT, Rüdiger. Wörterbuch der altpersischen Königsinschriften. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2014., p. 236; KUHRT, 2007KUHRT, Amélie. The Persian Empire: A Corpus of Sources from the Achaemenid Empire. Londres e Nova Iorque : Routledge, 2007., p. 156).
  • 60
    §62. Bem como os outros deuses que existem. Segundo KELLENSKELLENS, Jean. L’idéologie religieuse des inscriptions achéménides. Journal Asiatique, 290.2, 2002, p. 417-464. Disponível em: <https://poj.peeters-leuven.be/content.php?url=article&id=504298&journal_code=JA>. Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.2143/JA.290.2.504298.
    https://poj.peeters-leuven.be/content.ph...
    , a frase encontraria paralelos em expressões dos Gāthās, no Avesta (2021, p. 1216). O original utā aniyāha bagāha tayai haⁿti, traz uma forma tipicamente litúrgica do nominativo plural de baga- (deus) (SCHMITT, 2014SCHMITT, Rüdiger. Wörterbuch der altpersischen Königsinschriften. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2014., p. 149).
  • 61
    §63. Ahura Mazda. A versão elamita acrescenta “o Deus dos arianos” (cf. GRILLOT-SUSINI et al., 1993GRILLOT-SUSINI, Françoise; HERRENSCHMIDT, Clarisse; MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Élamite de la Trilingue de Behistun: Une Nouvelle Lecture. Journal Asiatique, vol. CCLXXXI.1-2, 1993, p. 19-59. Disponível em: <https://archive.org/details/LaVersionElamiteDeLaTrilingueDeBehistunUnNouvelleLecture>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/LaVersionEla...
    , p. 57). Em minha casa. Os autores no geral traduzem essa expressão como um locativo que seria complemento do verbo “esforçar-se (por)”, i.e., “esforçou-se por minha casa” (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 71; 2014SCHMITT, Rüdiger. Wörterbuch der altpersischen Königsinschriften. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2014., p. 253; 281).
  • 62
    §65. [vigoroso]. A leitura desta palavra é controvertida. Para KENT (1950, p. 129; 176)KENT, Roland Grubb. Old Persian: Grammar, Texts, Lexicon. New Haven, Connecticut: American Oriental Society, 1950., utava (“em boa saúde”). Schmitt a corrige para daθans, “estando vigoroso”, seguindo uma sugestão de Gershevitch (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 71; 2009, p. 94).
  • 63
    §66. Estas imagens. Na versão elamita, o termo para “imagem” é seguido da palavra persa patikarā (GRILLOT-SUSINI et al., 1993GRILLOT-SUSINI, Françoise; HERRENSCHMIDT, Clarisse; MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Élamite de la Trilingue de Behistun: Une Nouvelle Lecture. Journal Asiatique, vol. CCLXXXI.1-2, 1993, p. 19-59. Disponível em: <https://archive.org/details/LaVersionElamiteDeLaTrilingueDeBehistunUnNouvelleLecture>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/LaVersionEla...
    , p. 58).
  • 64
    §67. O destrua. Literalmente, “Ahura Mazda o destrua para ti”, isto é, em “teu detrimento”. Para a indissociabilidade de imagens e texto no Antigo Oriente Próximo, e seu papel “presentificador” cf. BAHRANI (2003, p. 118-119; 121-148; 166)BAHRANI, Zainab. The Graven Image: Representation in Babylonia and Assyria. Filadélfia: University of Pennsylvania Press, 2003. e BELTING (2011, p. 103-106)BELTING, Hans. An Anthropology of Images: Picture, Medium, Body. Traduzido por Thomas Dunlap. Princeton, Oxford: Princeton University Press, 2011.. No Período Neoassírio, é comum encontrar inscrições nas quais o rei presume a futura descoberta de um prisma ou cilindro fundacional, solicitando a seu sucessor a preservação e manutenção do objeto, mediante maldições e bendições (e.g., NOVOTNY & JEFFERS, 2018NOVOTNY, Jamie; JEFFERS, Joshua. The Royal Inscriptions of Ashurbanipal (668–631 BC), Aššur-etel-ilāni (630–627 BC) and Sîn-šarra-iškun (626–612 BC), Kings of Assyria, Part 1 (RINAP 5). Pennsylvania: Eisenbrauns, 2018., p. 79; 100 – RINAP 5, I).
  • 65
    §68. Estes (são) os homens. Heródoto menciona os cinco primeiros nomes como aliados de Dario (Hdt. 3.70; KUHRT, 2007KUHRT, Amélie. The Persian Empire: A Corpus of Sources from the Achaemenid Empire. Londres e Nova Iorque : Routledge, 2007., p. 156-157; BRIANT, 1996BRIANT, Pierre. Histoire de l’Empire Perse: De Cyrus à Alexandre. Paris: Fayard, 1996., p. 120; LECOQ, 1997LECOQ, Pierre. Les inscriptions de la Perse achéménide. Paris: Gallimard, 1997., p. 212). Esses homens cooperaram como meus aliados. Na versão aramaica, “foram muito ativos junto comigo” (GREENFIELD; PORTEN, 1982GREENFIELD, Jonas Carl; PORTEN, Bezalel. The Bisitun Inscription of Darius the Great. Aramaic Version. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1982., p. 50). Em acadiano, fala-se que tais homens trouxeram “ajuda” a Dario (MALBRAN-LABAT, 1994MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994., p. 121). Otanes, filho de Θuxra, um persa. Heródoto fala de um Otanes cujo pai seria Farnaspes (Hdt. 3.68), e, portanto, irmão de Cassandane (Hdt. 3.2;3), também nomeada por Heródoto como esposa de Ciro e mãe de Cambises. No entanto, o pai de Otanes é aqui nomeado Θuxra.
  • 66
    §70. Forma de escrita. A passagem é a mais polêmica de DB (LECOQ, 1997LECOQ, Pierre. Les inscriptions de la Perse achéménide. Paris: Gallimard, 1997., p. 213), pois, enquanto alguns a entendem como referência à criação do cuneiforme persa por Dario I (SCHMITT, 1991SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/Schmitt.R.Th...
    , p. 73, dipi-ciça-, “forma de escrita”), outros refutam tal reconstrução (ROSSI, 2020ROSSI, Adriano Valerio. Once again on DB / AE L and DB / OP iv 89-92. In: SCHMITT, Rüdiger; ROSSI, Adriano Valerio; PANAINO, Antonio; FILIPPONE, Ela; SADOVSKI, Velizar. (eds.). Achaimenidika 1. Wien: Verlag der Österreichischen Akademie der Wissenschaften, p. 31-54, 2020.; 2021bROSSI, Adriano Valerio. The Inscriptions of the Achaemenids. In: JACOBS, Bruno; ROLLINGER, Robert. (eds.). A Companion to the Achaemenid Persian Empire. 2 Vols. Hoboken, NJ: Wiley Blackwell, 2021b, p. 75-86. Disponível em: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/9781119071860.ch6> Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch6.
    https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch...
    , p. 77). Esse parágrafo não possui versão em acadiano, apenas em persa e elamita (VON VOIGTLANDER, 1978VON VOIGTLANDER, Elizabeth Nation. The Bisitun Inscription of Darius the Great: Babylonian Version. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1978., p. 62; GRILLOT-SUSINI et al., 1993GRILLOT-SUSINI, Françoise; HERRENSCHMIDT, Clarisse; MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Élamite de la Trilingue de Behistun: Une Nouvelle Lecture. Journal Asiatique, vol. CCLXXXI.1-2, 1993, p. 19-59. Disponível em: <https://archive.org/details/LaVersionElamiteDeLaTrilingueDeBehistunUnNouvelleLecture>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    https://archive.org/details/LaVersionEla...
    , p. 58-59). Alguns autores interpretam a passagem elamita como fazendo referência, simplesmente, à tradução do texto elamita ao persa (VALLAT, 2011VALLAT, François. Darius, l’héritier légitime, et les premiers Achéménides. In: ÁLVAREZ-MON, Javier; GARRISON, Mark (eds.). Elam and Persia. Winona Lake, Indiana: Eisenbrauns, 2011, p. 263-284.). É importante notar, ademais, que: (i) DB/OP §70 supostamente fala da circulação da inscrição em “argila” e pergaminho, mas a versão encontrada na Babilônia está gravada em pedra, e a versão aramaica de Elefantina é tardia (VALLAT, 2011VALLAT, François. Darius, l’héritier légitime, et les premiers Achéménides. In: ÁLVAREZ-MON, Javier; GARRISON, Mark (eds.). Elam and Persia. Winona Lake, Indiana: Eisenbrauns, 2011, p. 263-284., p. 272-273); e (ii) a versão de Elefantina exibe características peculiares que indicam sua concepção num ambiente de exercício escolar, não representando uma emanação direta da chancelaria real (ROLLINGER, 2015ROLLINGER, Robert. Royal Strategies of Representation and the Language(s) of Power: Some Considerations on the Audience and the Dissemination of the Achaemenid Royal Inscriptions. In: PROCHÁZKA, Stephen; REINFANDT, Lucian; TOST, Sven; WAGENSONNER, Klaus (eds.). Official Epistolography and the Language(s) of Power: Proceedings of the 1st International Conference of the NFN ‘Imperium and Officium’: Comparative Studies in Ancient Bureaucracy and Officialdom. University of Vienna, 10-12 Nov., 2010, Papyrologica Vindobonensia, vol. 8. Vienna: Verlag der Österreichischen Akademia der Wissenschaften, 2015, p. 117-130., p. 122; ROSSI, 2021bROSSI, Adriano Valerio. The Inscriptions of the Achaemenids. In: JACOBS, Bruno; ROLLINGER, Robert. (eds.). A Companion to the Achaemenid Persian Empire. 2 Vols. Hoboken, NJ: Wiley Blackwell, 2021b, p. 75-86. Disponível em: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/9781119071860.ch6> Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch6.
    https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch...
    , p. 76). Acrescentei. SCHMITT (2009, p. 87)SCHMITT, Rüdiger. Die altpersischen Inschriften der Achaimeniden. Editio minor mit deutscher Übersetzung. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2009., segue Huyse, considerando patišam + kar uma expressão fixa (“adicionar, acrescentar”). Outros traduzem separadamente: “eu fiz/criei (e), ademais” (KENT, 1950KENT, Roland Grubb. Old Persian: Grammar, Texts, Lexicon. New Haven, Connecticut: American Oriental Society, 1950., p. 195). Em ariano. Isto é, a língua iraniana (persa antigo) (SCHMITT, 2014SCHMITT, Rüdiger. Wörterbuch der altpersischen Königsinschriften. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2014., p. 136-137). A indicação dos nomes. [nāmanā]fam, reconstrução “totalmente hipotética”; a referência seriam as legendas DBa-k (SCHMITT, 2009SCHMITT, Rüdiger. Die altpersischen Inschriften der Achaimeniden. Editio minor mit deutscher Übersetzung. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2009., p. 87). A genealogia. uvādāta-. Significado e reconstrução incertos (SCHMITT, 2014SCHMITT, Rüdiger. Wörterbuch der altpersischen Königsinschriften. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2014., p. 269).
  • 67
    §71. Aqui se inicia o “suplemento” persa que não tem correspondente em elamita ou acadiano (LECOQ, 1997LECOQ, Pierre. Les inscriptions de la Perse achéménide. Paris: Gallimard, 1997., p. 213). A quinta coluna está em estado de degradação significativo, o que dificulta a leitura do texto (CAMERON, 1951CAMERON, George Glenn. The Old Persian text of the Bisitun inscription. Journal of Cuneiform Studies, vol. 5, n. 2, 1951, p. 47-54. Disponível em: < https://www.jstor.org/stable/1359449>. Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.2307/1359449.
    https://www.jstor.org/stable/1359449...
    , p. 52). Um certo homem. SCHMITT nota ser excepcional a introdução de Góbrias por meio de uma fórmula de indeterminação geralmente reservada aos inimigos do rei (1991, p. 75).
  • 68
    §73 e §76. Favor. Literalmente, “a realização do que foi pedido” (yāna-) (SCHMITT, 2014SCHMITT, Rüdiger. Wörterbuch der altpersischen Königsinschriften. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2014., p. 290).
  • 69
    §74. Desci até o mar. SCHMITT entende tratar-se necessariamente do mar, provavelmente o Mar de Mármara, excluindo, portanto, quaisquer rios (1991, p. 76; 2014, p. 171; contra LECOQ, 1997LECOQ, Pierre. Les inscriptions de la Perse achéménide. Paris: Gallimard, 1997., p. 214). [Por meio de madeira]. A reconstrução <[da]-ra-xa-[ta]-a>, draxtā (“madeira de árvore”, no instrumental) é incerta (SCHMITT, 2014SCHMITT, Rüdiger. Wörterbuch der altpersischen Königsinschriften. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2014., p. 171).

Fontes

  • ASHERI, David. Erodoto, Le Storie. III, La Persia. (Appendice I: L’iscrizione di Dario a Behistun). Milano: Arnoldo Mondadori Editore, 1990.
  • BAE, Chul-Hyun. Comparative Studies of King Darius’ Bisitun Inscription. PhD, Doctor of Philosophy, Near Eastern Languages and Civilizations, The Department of Near Eastern Languages and Civilizations, Harvard University, 2001.
  • CAMERON, George Glenn. The Old Persian text of the Bisitun inscription. Journal of Cuneiform Studies, vol. 5, n. 2, 1951, p. 47-54. Disponível em: < https://www.jstor.org/stable/1359449>. Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.2307/1359449.
    » https://doi.org/10.2307/1359449» https://www.jstor.org/stable/1359449
  • CAMERON, George Glenn. The Elamite version of the Bisitun Inscriptions. Journal of Cuneiform Studies, vol. 14, n. 2, 1960, p. 59-68. Disponível em : <https://www.jstor.org/stable/1359255>. Acesso em : 26 jun. 2022. doi : https://doi.org/10.2307/1359255.
    » https://doi.org/10.2307/1359255» https://www.jstor.org/stable/1359255
  • CTÉSIAS DE CNIDO. La Perse, L’Inde. Texto estabelecido, comentado e traduzido por LENFANT, Dominique. Paris: Les Belles Lettres, 2004.
  • DIODORO SÍCULO. Bibliothèque historique Tome II, Livre II. Texte établi et traduit par Bernard Eck. Paris: Belles Lettres, 2003.
  • GREENFIELD, Jonas Carl; PORTEN, Bezalel. The Bisitun Inscription of Darius the Great. Aramaic Version. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1982.
  • GRILLOT-SUSINI, Françoise; HERRENSCHMIDT, Clarisse; MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Élamite de la Trilingue de Behistun: Une Nouvelle Lecture. Journal Asiatique, vol. CCLXXXI.1-2, 1993, p. 19-59. Disponível em: <https://archive.org/details/LaVersionElamiteDeLaTrilingueDeBehistunUnNouvelleLecture>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    » https://archive.org/details/LaVersionElamiteDeLaTrilingueDeBehistunUnNouvelleLecture
  • HERÓDOTO. Herodoti Historiae recognovit brevique adnotatione critica instrvxit Carolus Hude (Karl Hude). vol. 1. Oxford: Clarendon Press, 1908.
  • HERÓDOTO. Herodoti Historiae recognovit brevique adnotatione critica instrvxit Carolus Hude (Karl Hude). vol. 2. Oxford: Clarendon Press, 1920.
  • JACKSON, Abraham Valentine Williams. The Great Behistun Rock and some results of a re-examination of the Old Persian inscriptions on it. Journal of the Royal Asiatic Society, vol. 24, 1903.
  • KENT, Roland Grubb. Old Persian: Grammar, Texts, Lexicon. New Haven, Connecticut: American Oriental Society, 1950.
  • KING, Leonard William; THOMPSON, Reginald Campbell. The Sculptures and Inscription of Darius the Great on the Rock of Behistun in Persia. London: Longmans & Co., 1907. Disponível em: <https://archive.org/details/sculpturesinscri00brituoft>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    » https://archive.org/details/sculpturesinscri00brituoft
  • KUHRT, Amélie. The Persian Empire: A Corpus of Sources from the Achaemenid Empire. Londres e Nova Iorque : Routledge, 2007.
  • LECOQ, Pierre. Les inscriptions de la Perse achéménide. Paris: Gallimard, 1997.
  • MALBRAN-LABAT, Florence. La Version Akkadienne De L’inscription Trilingue De Darius à Behistun. Roma: Documenta Asiana - Gruppo editoriale internazionale, 1994.
  • NOVOTNY, Jamie; JEFFERS, Joshua. The Royal Inscriptions of Ashurbanipal (668–631 BC), Aššur-etel-ilāni (630–627 BC) and Sîn-šarra-iškun (626–612 BC), Kings of Assyria, Part 1 (RINAP 5). Pennsylvania: Eisenbrauns, 2018.
  • PARIAN, Saber Amiri. A New Edition of the Elamite Version of the Behistun Inscription. Cuneiform Digital Library Bulletin, vol. 3, 2017. Disponível em: <https://cdli.ucla.edu/file/publications/cdlb2017_003.pdf>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    » https://cdli.ucla.edu/file/publications/cdlb2017_003.pdf
  • PARIAN, Saber Amiri. A New Edition of the Elamite Version of the Behistun Inscription (II). Cuneiform Digital Library Bulletin, vol. 1, 2020. Disponível em: <https://cdli.ucla.edu/file/publications/cdlb2020_001.pdf>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    » https://cdli.ucla.edu/file/publications/cdlb2020_001.pdf
  • RAWLINSON, Henry Creswicke. The Persian cuneiform inscription at Behistun, decyphered and translated. Journal of the Royal Asiatic Society of Great Britain and Ireland, vol. 10, 1848, p. 1-349. Disponível em: <https://archive.org/details/jstor-25581217>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    » https://archive.org/details/jstor-25581217
  • SCHMITT, Rüdiger. The Bisitun Inscriptions of Darius the Great: Old Persian Text. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1991. Disponível em: <https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    » https://archive.org/details/Schmitt.R.TheBistunInscriptionOfDariusTheGreatOldPersianText.1991
  • SCHMITT, Rüdiger. Die altpersischen Inschriften der Achaimeniden. Editio minor mit deutscher Übersetzung. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2009.
  • SEIDL, Ursula. Ein Monument Dariu’s I. aus Babylon. Zeitschrift für Assyriologie, Bd. 89, S. 101-114, Walter de Gruyter, 1999, p. 101-114. Disponível em: <https://www.degruyter.com/document/doi/10.1515/zava.1999.89.1.101/html>. Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.1515/zava.1999.89.1.101.
    » https://doi.org/10.1515/zava.1999.89.1.101
  • VON VOIGTLANDER, Elizabeth Nation. The Bisitun Inscription of Darius the Great: Babylonian Version. London: Corpus Inscriptionum Iranicarum, 1978.

Referências Bibliográficas

  • ALLEN, Lindsay. The Persian Empire. Chicago: The University of Chicago Press, 2005.
  • ARAUJO, Matheus Treuk Medeiros de. O Império Aquemênida em Heródoto: Identidade e Política nas Histórias. Tese de doutorado, História Social, Departamento de História / Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2018. doi: https://doi.org/10.11606/T.8.2019.tde-13032019-104322 .
    » https://doi.org/10.11606/T.8.2019.tde-13032019-104322
  • ASHERI, David; LLOYD, Alan; CORCELLA, Aldo. A Commentary on Herodotus Books I-IV. Oxford: Oxford University Press, 2007.
  • BAHRANI, Zainab. The Graven Image: Representation in Babylonia and Assyria. Filadélfia: University of Pennsylvania Press, 2003.
  • BARTHOLOMAE, Christian. Altiranisches Wörterbuch. Estrasburgo: Karl J. Trübner 1904.
  • BASELLO, Gian Pietro; FILIPPONE, Ela; GIOVINAZZO, Grazia; ROSSI, Adriano Valerio. DARIOSH Studies I: The Achaemenid Royal Inscriptions in an Intertextual Perspective. Ismeo: Associazione Internazionale di Studi sul Mediterraneo e l’Oriente. Napoli: Università degli Studi di Napoli “L’Orientale”, 2012.
  • BELTING, Hans. An Anthropology of Images: Picture, Medium, Body. Traduzido por Thomas Dunlap. Princeton, Oxford: Princeton University Press, 2011.
  • BENVENISTE, Émile. Études Iraniennes. Transactions of the Philological Society, vol. 44, n. 1, 1945, p. 39-78.
  • BENVENISTE, Émile. Le Vocabulaire des Institutions Indo-Européennes. Vol. 2. Paris: Les éditions de minuit, 1969.
  • BOTTÉRO, Jean. Mésopotamie: L’écriture, la raison et les dieux. Paris: Gallimard, 1987.
  • BRANDENSTEIN, Wilhelm; MAYRHOFER, Manfred. Handbuch des Altpersischen. Wiesbaden: Otto Harrassowitz, 1964.
  • BRIANT, Pierre. Histoire de l’Empire Perse: De Cyrus à Alexandre. Paris: Fayard, 1996.
  • BROSIUS, Maria. A History of Ancient Persia: The Achaemenid Empire. Hoboken: Wiley Blackwell, 2021.
  • BUCCI, Onorato. L’impero achemenide come ordinamento giuridico sovrannazionale e arta come principio ispiratore di uno “jus commune Persarum” (dāta). Modes de contacts et processus de transformation dans les sociétés anciennes. Actes du colloque de Cortone, 24-30 mai 1981, Rome: École Française de Rome, 1983, p. 89-122.
  • BUCCI, Onorato. xšaça- “impero” / xšāyaθiya-xšāyaθiyānām - “re di re”: note sulla costituzione formale dell’impero achemenide. Annali della Scuola Normale Superiore di Pisa, vol. 15, n. 3, 1985, p. 667-705.
  • CAMERON, George Glenn. The Persian satrapies and related matters. Journal of Near Eastern studies, vol. 32, n. 1/2, 1973, p. 47-56. Disponível em : < https://www.jstor.org/stable/543469>. Acesso em : 26 jun. 2022.
    » https://www.jstor.org/stable/543469
  • COLBURN, Henry. Art of the Achaemenid Empire, and Art in the Achaemenid Empire. In: BROWN, Brian; FELDMAN, Marian (eds.). Critical Approaches to Ancient Near Eastern Art. Berlin: De Gruyter, 2014, p. 773-800.
  • CURTIS, John; RAZMJOU, Sharokh. The Palace. In: CURTIS, John. TALLIS, Nigel. (eds.). Forgotten Empire: The World of Ancient Persia. London: The British Musem Press, 2005, p. 50-103.
  • DÉMARE-LAFONT, Sophie. dātu ša šarri. La “loi du roi” dans la Babylonie Achéménide et Séleucide. Paris: Revista Droit et Cultures, vol. 52, 2006, p. 13-26. Disponível em: <http://journals.openedition.org/droitcultures/544>. Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.4000/droitcultures.544.
    » https://doi.org/10.4000/droitcultures.544» http://journals.openedition.org/droitcultures/544
  • FINKEL, Irving Leonard. The Decipherment of Achaemenid Cuneiform. In: CURTIS, John; TALLIS, Nigel. (eds.). The Forgotten Empire: The World of Ancient Persia. London: The British Museum Press, 2005, p. 25-29.
  • FORTSON, Benjamin. Indo-European language and culture: An Introduction. 2ª edição [2004]. Oxford: Blackwell, 2010.
  • FREI, Peter. Persian Imperial Authorization: A Summary. In: WATTS, James (ed.). Persia and Torah: The Theory of Imperial Authorization of the Pentateuch. Atlanta: Society of Biblical Literature, 2001, p. 5-40.
  • GARRISON, Mark. By the favor of Auramazda: kingship and the divine in the early Achaemenid period. In: IOSSIF, Panagiotis; CHANKOWSKI, Andrzej; LORBER, Catharine (eds.). More Than Men, Less Than Gods: Studies on Royal Cult and Imperial Worship. Leuven, Paris, Walpole: Peeters, 2011, p. 15-104.
  • GARRISON, Mark. Royal Achaemenid Iconography. In: POTTS, Daniel. (ed.) The Oxford Handbook of Ancient Iran. Oxford: Oxford University Press, 2013, p. 566-595.
  • GERSHEVITCH, Ilya. The alloglottography of Old Persian, Transactions of the Philological Society, vol. 77, n. 1, 1979, p. 114-190. Disponível em: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/j.1467-968X.1979.tb00856.x>. Acesso em: 17 abr. 2022. doi: https://doi.org/10.1111/j.1467-968X.1979.tb00856.x.
    » https://doi.org/10.1111/j.1467-968X.1979.tb00856.x» https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/j.1467-968X.1979.tb00856.x
  • GNOLI, Gherardo. Note su xšāyaθiya- e xšaça-. In: BERGMAN, Jan (ed.). Ex orbe religionum: studia Geo Widengren oblata. Parte II. Leiden: Supplements to Numen, XXII, 1972, p. 88-97.
  • HENKELMAN, Wouter Franklin Merijn; REDARD, Céline (eds.). Persian Religion in the Achaemenid Period / La Religion Perse à l’Époque Achéménide. Wiesbaden: Harrassowitz Verlag, 2017.
  • HENKELMAN, Wouter Franklin Merijn. The Heartland Pantheon. In: JACOBS, Bruno; ROLLINGER, Robert. (eds.). A Companion to the Achaemenid Persian Empire. 2 Vols. Hoboken, NJ: Wiley Blackwell, 2021a, p. 1221-1242. Disponível em: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/9781119071860.ch85>. Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch85.
    » https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch85
  • HENKELMAN, Wouter Franklin Merijn. Practice of Worship in the Achaemenid Heartland. In: JACOBS, Bruno; ROLLINGER, Robert. (eds.). A Companion to the Achaemenid Persian Empire. 2 Vols. Hoboken, NJ: Wiley Blackwell, 2021b, p. 1243-1270. Disponível em: < https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/9781119071860.ch86>. Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/9781119071860.ch86
    » https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch86» https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/9781119071860.ch86
  • HERZFELD, Ernst. The Persian Empire. Studies in Geography and Ethnography of the Ancient Near East. Wiesbaden: Franz Steiner Verlag, 1968.
  • HYLAND, John O. The Casualty Figures in Darius’ Bisitun Inscription. Journal of Ancient Near Eastern History, vol. 1, n. 2, 2014, p. 173-199. Disponível em: <https://www.degruyter.com/document/doi/10.1515/janeh-2013-0001/html>. Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.1515/janeh-2013-0001.
    » https://doi.org/10.1515/janeh-2013-0001» https://www.degruyter.com/document/doi/10.1515/janeh-2013-0001/html
  • JACOBS, Bruno. Achaemenid Satrapies. Encyclopaedia Iranica, 2011 [2006]. Disponível em: <http://www.iranicaonline.org/articles/achaemenid-satrapies> Acesso em: 26 jun. 2022.
    » http://www.iranicaonline.org/articles/achaemenid-satrapies
  • JACOBS, Bruno. Achaemenid Art - Art in the Achaemenid Empire. In: JACOBS, Bruno. ROLLINGER, Robert. (eds.). A Companion to the Achaemenid Persian Empire. 2 Vols. Hoboken, NJ: Wiley Blackwell, 2021a, p. 749-768. Disponível em: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/9781119071860.ch55>. Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch55.
    » https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch55» https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/9781119071860.ch55
  • JACOBS, Bruno. Satrapal Administration. In: JACOBS, Bruno; ROLLINGER, Robert. (eds.). A Companion to the Achaemenid Persian Empire. 2 Vols. Hoboken, NJ: Wiley Blackwell, 2021b, p. 835-858. Disponível em: < https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/9781119071860.ch59> Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch59.
    » https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch59
  • KELLENS, Jean. L’idéologie religieuse des inscriptions achéménides. Journal Asiatique, 290.2, 2002, p. 417-464. Disponível em: <https://poj.peeters-leuven.be/content.php?url=article&id=504298&journal_code=JA>. Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.2143/JA.290.2.504298.
    » https://doi.org/10.2143/JA.290.2.504298» https://poj.peeters-leuven.be/content.php?url=article&id=504298&journal_code=JA
  • KELLENS, Jean. The Achaemenids and the Avesta. In: JACOBS, Bruno; ROLLINGER, Robert. (eds.). A Companion to the Achaemenid Persian Empire. 2 Vols. Hoboken, NJ: Wiley Blackwell, 2021, p. 1211-1220. Disponível em: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/9781119071860.ch84>. Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch84.
    » https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch84» https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch84» https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/9781119071860.ch84
  • KHATCHADOURIAN, Lori. Imperial matter: Ancient Persia and the archaeology of empires. Oakland: University of California Press, 2016. Disponível em : <https://www.jstor.org/stable/10.1525/j.ctt1ffjn7j>. Acesso em : 26 jun. 2022.
    » https://www.jstor.org/stable/10.1525/j.ctt1ffjn7j
  • KIPP, Godehard. Franz Hampl, Herodot und die Thronbesteigung des Dareios. In: HAIDER, Peter; ROLLINGER, Robert (eds.). Althistorische Studien im Spannungsfeld zwischen Universal und Wissenschaftsgeschichte. Fetschrift für Franz Hampl gedacht zum 90. Geburtstag am 8. Dezember 2000. Stuttgart: Franz Steiner Verlag, 2001, p. 158-265.
  • KLEBER, Kristin (ed.). Taxation in the Achaemenid Empire. Wiesbaden, Otto Harrassowitz, 2021.
  • KOSMIN, Paul J. A New Hypothesis: The Behistun Inscription as Imperial Calendar. Iran: Journal of the British Institute of Persian Studies, 2018, p. 1-10. Disponível em : <https://doi.org/10.1080/05786967.2018.1505442> Acesso em : 26 jun. 2022. doi : https://doi.org/10.1080/05786967.2018.1505442.
    » https://doi.org/10.1080/05786967.2018.1505442» https://doi.org/10.1080/05786967.2018.1505442
  • LENFANT, Dominique. Les perses vus par les grecs: lire les sources classiques sur l’Empire Achéménide. Paris: Armand Colin, 2011.
  • LEROUGE, Charlotte. L’image des Parthes dans le monde gréco-romain: du début du Ier siècle av. J.-C. jusqu’à la fin du Haut-Empire romain. Stuttgart: Franz Steiner Verlag, 2007.
  • LINCOLN, Bruce. Religion, empire & torture: the case of Achaemenid Persia, with a postscript on Abu Ghraib. Chicago: The University of Chicago Press, 2007.
  • MACEDO, José Marcos. O Espelho de Príncipes de Dario (DNb): Tradução do Persa Antigo com Breves Comentários Linguísticos. Translatio. Porto Alegre, n. 19, Outubro de 2020, p. 41-56. Disponível em: <https://www.seer.ufrgs.br/translatio/article/view/105576>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    » https://www.seer.ufrgs.br/translatio/article/view/105576
  • MATHESON, Sylvia A. Persia: An Archaeological Guide. London: Faber and Faber Limited, 1979.
  • OLMSTEAD, Albert Ten Eyck. History of the Persian Empire. Chicago, London: The University of Chicago Press, 1948.
  • PIRNGRUBER, Reinhard. Jurisdiction. In: JACOBS, Bruno; ROLLINGER, Robert. (eds.). A Companion to the Achaemenid Persian Empire. 2 Vols. Hoboken, NJ: Wiley Blackwell, 2021, p. 1087-1096. Disponível em: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/9781119071860.ch75>. Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch75.
    » https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch75
  • ROLLINGER, Robert. Royal Strategies of Representation and the Language(s) of Power: Some Considerations on the Audience and the Dissemination of the Achaemenid Royal Inscriptions. In: PROCHÁZKA, Stephen; REINFANDT, Lucian; TOST, Sven; WAGENSONNER, Klaus (eds.). Official Epistolography and the Language(s) of Power: Proceedings of the 1st International Conference of the NFN ‘Imperium and Officium’: Comparative Studies in Ancient Bureaucracy and Officialdom. University of Vienna, 10-12 Nov., 2010, Papyrologica Vindobonensia, vol. 8. Vienna: Verlag der Österreichischen Akademia der Wissenschaften, 2015, p. 117-130.
  • ROOT, Margaret Cool. The King and Kingship in Achaemenid Art: Essays on the Creation of an Iconography of Empire. Leiden: Brill, 1979.
  • ROOT, Margaret Cool. Defining the divine in Achaemenid Persian kingship. In: DUINDAM, Jeroen. MITCHELL, Lynette; MELVILLE, Charles (eds.). Every inch a king: comparative studies on kings and kingship in the Ancient and Medieval Worlds. Leiden, Boston: Brill, 2013, p. 23-66.
  • ROOT, Margaret Cool. Statuary and Relief. In: JACOBS, Bruno; ROLLINGER, Robert. (eds.). A Companion to the Achaemenid Persian Empire. 2 Vols. Hoboken, NJ: Wiley Blackwell, 2021, p. 1377-1396. Disponível em: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/9781119071860.ch94>. Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch94.
    » https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch94
  • ROSSI, Adriano Valerio. Once again on DB / AE L and DB / OP iv 89-92. In: SCHMITT, Rüdiger; ROSSI, Adriano Valerio; PANAINO, Antonio; FILIPPONE, Ela; SADOVSKI, Velizar. (eds.). Achaimenidika 1. Wien: Verlag der Österreichischen Akademie der Wissenschaften, p. 31-54, 2020.
  • ROSSI, Adriano Valerio. Languages and Script. In: JACOBS, Bruno; ROLLINGER, Robert. (eds.). A Companion to the Achaemenid Persian Empire. 2 Vols. Hoboken, NJ: Wiley Blackwell, 2021a, p. 53-60. Disponível em: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/9781119071860.ch4>. Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch4.
    » https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch4
  • ROSSI, Adriano Valerio. The Inscriptions of the Achaemenids. In: JACOBS, Bruno; ROLLINGER, Robert. (eds.). A Companion to the Achaemenid Persian Empire. 2 Vols. Hoboken, NJ: Wiley Blackwell, 2021b, p. 75-86. Disponível em: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/9781119071860.ch6> Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch6.
    » https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch6» https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch6
  • SCHWINGHAMMER, Gundula. Imperial Crisis. In: JACOBS, Bruno; ROLLINGER, Robert. (eds.). A Companion to the Achaemenid Persian Empire. 2 Vols. Hoboken, NJ: Wiley Blackwell, 2021, p. 417-428. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/9781119071860.ch30. Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch30.
    » https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch30» https://doi.org/10.1002/9781119071860.ch30
  • SCHMITT, Rüdiger. Epigraphisch-exegetische Noten zu Dareios’ Bīsutūn Inschriften. Viena: Verlag der Österreichischen Akademie der Wissenschaften, 1990.
  • SCHMITT, Rüdiger. BISOTUN i. Introduction. Encyclopaedia Iranica, vol. IV, fasc. 3, 2000, p. 289-290. Disponível em: <https://iranicaonline.org/articles/bisotun-i>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    » https://iranicaonline.org/articles/bisotun-i
  • SCHMITT, Rüdiger. Pseudo-Altpersische Inschriften: Inschriftenfälschungen und moderne Nachbildungen in altpersischer Keilschrift. Wien: Verlag der Österreichischen Akademie der Wissenschaften, 2007.
  • SCHMITT, Rüdiger. Dāta. Encyclopaedia Iranica, vol. VII, fasc. 1, 2011 [1994], p. 114-115. Disponível em: <http://www.iranicaonline.org/articles/data>. Acesso em: 26 jun. 2022.
    » http://www.iranicaonline.org/articles/data
  • SCHMITT, Rüdiger. Wörterbuch der altpersischen Königsinschriften. Wiesbaden: Reichert Verlag, 2014.
  • SKJÆRVØ, Prods Oktor. Avestan Quotations in Old Persian? Literary Sources of the Old Persian Inscriptions. In: SHAKED, Shaul; NETZER, Amnon (eds.). Irano-Judaica IV Jerusalem: Ben Zvi Institute, 1999, p. 1-64.
  • SKJÆRVØ, Prods Oktor. Old Iranian. In: WINDFUHR, Gernot (ed.). The Iranian Languages. London and New York: Routledge, 2009, p. 43-195.
  • SKJÆRVØ, Prods Oktor. Achaemenid religion. Religion Compass, vol. 8, n. 6, 2014, p. 175-187. Disponível em: <https://compass.onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/rec3.12110>. Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.1111/rec3.12110.
    » https://doi.org/10.1111/rec3.12110» https://compass.onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/rec3.12110
  • SPAWFORTH, Antony. Symbol of unity? The Persian-Wars tradition in the Roman Empire. In: Hornblower, Simon (ed.). Greek historiography. Oxford: Clarendon Press, 1994, p. 233-247.
  • STOLPER, Matthew Wolfgang. Elamite. In: WOODARD, Roger (ed.). The Cambridge encyclopedia of the world’s ancient languages. Cambridge: Cambridge University Press, 2004, p. 60-94.
  • STOLPER, Matthew Wolfgang. Achaemenid languages and inscriptions. In: CURTIS, John; TALLIS, Nigel (eds.). Forgotten Empire: the world of Ancient Persia. London: The British Museum Press, 2005, p. 18-24.
  • STOLPER, Matthew Wolfgang. ‘His own death’ in Bisotun and Persepolis. ARTA: Achaemenid Research on Texts and Archaeology, n. 2, 2015, p. 1-28. Disponível em: <http://www.achemenet.com/document/ARTA_2015.002-Stolper.pdf> Acesso em: 26 jun. 2022.
    » http://www.achemenet.com/document/ARTA_2015.002-Stolper.pdf
  • STRONACH, David. Of Cyrus, Darius and Alexander: a new look at the epitaphs of Cyrus the Great. In: DITTMANN, Reinhard; HROUDA, Barthel; LÖW, Ulrike; MATTHIAE, Paolo; MAYER-OPIFICIUS, Ruth Mayer; THÜRWÄCHTER, Sabine (eds.). Variatio Delectat: Iran und der Westen, Gedenkschrift für Peter Calmeyer Münster: Ugarit-Verlag, 2000, p. 681-703.
  • TANCK, Claudia. Arch?, ethnos, polis: Untersuchungen zur begrifflichen Erfassung des Achämenidenreiches in zeitgenössischen griechischen Quellen. Berlim, Bern, Nova Iorque, Paris, Viena: Peter Lang, 1997.
  • TUPLIN, Christopher. The administration of the Achaemenid empire. In: CARRADICE, Ian (ed.). Coinage and Administration in the Athenian and Persian Empires. Oxford: British Archaeological Reports International Series 147, 1987, p. 109-66.
  • VALLAT, François. Darius, l’héritier légitime, et les premiers Achéménides. In: ÁLVAREZ-MON, Javier; GARRISON, Mark (eds.). Elam and Persia. Winona Lake, Indiana: Eisenbrauns, 2011, p. 263-284.
  • WATERS, Matt. Darius and the Achaemenid line. Ancient History Bulletin, vol. 10, 1996, p. 11-18.
  • WATERS, Matt. Cyrus and the Achaemenids. Iran, vol. 42, 2004, p. 91-102. Disponível em: <https://www.jstor.org/stable/4300665>. Acesso em: 26 jun. 2022. doi: https://doi.org/10.2307/4300665.
    » https://doi.org/10.2307/4300665» https://www.jstor.org/stable/4300665
  • WATERS, Matt. King of the World: The Life of Cyrus the Great. Oxford: Oxford University Press, 2022.
  • WIESEHÖFER, Josef. Ancient Persia: from 550 BC to 650 AD. Traduzido por Azizeh Azodi. 2ª edição. Londres, Nova Iorque: I. B. Tauris Publishers, 2001 [1996].

Editado por

Editores Responsáveis

Miriam Dolhnikoff e Miguel Palmeira

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Jun 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    28 Jun 2022
  • Aceito
    15 Dez 2022
Universidade de São Paulo, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Departamento de História Av. Prof. Lineu Prestes, 338, 01305-000 São Paulo/SP Brasil, Tel.: (55 11) 3091-3701 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revistahistoria@usp.br