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Reuso e/ou reprocessamento de máscara respiratória facial tipo N95 ou equivalente: revisão integrativa

Resumos

Objetivo:

analisar as evidências científicas disponíveis sobre os diferentes métodos de reprocessamento e as condições necessárias para reuso de máscara respiratória facial do tipo N95 ou equivalente.

Método:

revisão integrativa da literatura. Para elaboração da questão foi utilizada a estratégia PICO. A busca ocorreu em quatro bases de dados PubMed, Sci Verse Scopus, Web of Science e EMBASE considerando qualquer período de tempo.

Resultados:

foram incluídos 32 estudos dos 561 identificados e apresentados em duas categorias: “condições para reuso” e “reprocessamento das máscaras”. Das pesquisas avaliadas, sete (21,8%) abordaram o reuso da máscara respiratória facial do tipo N95 ou equivalente e 25 (78,1%) avaliaram diferentes métodos de reprocessamento: irradiação germicida ultravioleta (14); peróxido de hidrogênio (8); métodos a vapor (14); utilização do calor seco (5) e métodos químicos (hipoclorito de sódio (6), etanol (4) e cloreto de sódio com bicarbonato de sódio e dimetildioxirano (1). Destacamos que um mesmo artigo utilizou diferentes métodos.

Conclusão:

não foram encontradas evidências que sustentam o reprocessamento seguro de máscaras respiratórias faciais. Ainda, o reuso é contraindiciado devido ao risco de autocontaminação e vedação inadequada.

Descritores:
Equipamento de Proteção Individual; Pandemias; Infecções por Coronavírus; Máscaras Faciais; Dispositivos de Proteção Respiratória; Revisão


Objective:

to analyze the scientific evidence available on the different reprocessing methods and the necessary conditions for reuse of the N95 face respirator mask or equivalent.

Method:

an integrative literature review. The PICO strategy was used to elaborate the question. The search was conducted in four databases: PubMed, SciVerse Scopus, WebofScience and EMBASE, considering any period of time.

Results:

a total of 32 studies were included from the 561 studies identified, and they were presented in two categories: “Conditions for reuse” and “Reprocessing the masks”. Of the evaluated research studies, seven(21.8%) addressed the reuse of the N95 face respirator mask or equivalent and 25(78.1%) evaluated different reprocessing methods, namely: ultraviolet germicidal irradiation(14); hydrogen peroxide(8); vapor methods(14); using dry heat(5) and chemical methods(sodium hypochlorite[66 Ye L, Yang S, Liu C. Infection prevention and control in nursing severe coronavirus disease (COVID-19) patients during the pandemic. Crit Care. 2020;24(1):388. doi: https://doi.org/10.1186/s13054-020-03076-1
https://doi.org/10.1186/s13054-020-03076...
], ethanol[44 Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Infecção humana pelo novo coronavírus (2019-nCoV). Boletim Epidemiológico 2. [Internet]. Brasília: SVS; 2020 [cited 2021 Jan 17]. Available from: https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2020/fevereiro/07/BE-COE-Coronavirus-n020702.pdf
https://portalarquivos2.saude.gov.br/ima...
] and sodium chloride with sodium bicarbonate and dimethyldioxirane[11 Zhu H, Wei L, Niu P. The novel coronavirus outbreak in Wuhan, China. Glob Health Res Policy. 2020;5(1):1-3. doi: https://doi.org/10.1186/s41256-020-00135-6
https://doi.org/10.1186/s41256-020-00135...
]). We emphasize that different methods were used in one same article.

Conclusion:

no evidence was found to support safe reprocessing of face respirator masks. In addition, reuse is contraindicated due to the risk of self-contamination and inadequate sealing.

Descriptors:
Personal Protective Equipment; Pandemics; Coronavirus Infections; Facial Masks; Respiratory Protective Devices; Review


Objetivo:

analizar la evidencia científica disponible sobre los diferentes métodos de reprocesamiento y las condiciones necesarias para la reutilización de una mascarilla respiratoria facial N95 o equivalente.

Método:

revisión integradora de la literatura. Para elaborar la pregunta se utilizó la estrategia PICO. La búsqueda se realizó en cuatro bases de datos PubMed, Sci Verse Scopus, Web of Science y EMBASE sin límite de tiempo.

Resultados:

de los 561 estudios identificados 32 fueron incluidos y presentados en dos categorías: “condiciones de reutilización” y “reprocesamiento de mascarillas”. De las investigaciones evaluadas, siete (21,8%) abordaron la reutilización de la mascarilla respiratoria facial N95 o equivalente y 25 (78,1%) evaluaron diferentes métodos de reprocesamiento: irradiación germicida ultravioleta (14); peróxido de hidrógeno (8); métodos de vapor (14); uso de calor seco (5) y métodos químicos hipoclorito de sodio (6), etanol (4) y cloruro de sodio con bicarbonato de sodio y dimetildioxirano (1). Cabe destacar que en un mismo artículo se utilizaron métodos diferentes.

Conclusión:

no se encontró evidencia que apoye el reprocesamiento seguro de las mascarillas respiratorias. Además, la reutilización está contraindicada debido al riesgo de autocontaminación y sellado inadecuado.

Descriptores:
Equipo de Protección Personal; Pandemias; Infecciones por Coronavirus; Máscaras Faciales; Dispositivos de Protección Respiratoria; Revisión


Introdução

O mundo enfrenta uma pandemia considerada o maior problema sanitário do século XXI. Os primeiros casos da doença por coronavírus de 2019 (COVID-19), causada pelo coronavírus 2 da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV-2) foram notificados no final do ano de 2019 na China(11 Zhu H, Wei L, Niu P. The novel coronavirus outbreak in Wuhan, China. Glob Health Res Policy. 2020;5(1):1-3. doi: https://doi.org/10.1186/s41256-020-00135-6
https://doi.org/10.1186/s41256-020-00135...
). A disseminação sem precedentes do SARS-CoV-2 levou à declaração de uma pandemia pela Organização Mundial da Saúde em março de 2020(22 World Health Organization. WHO Director-General’s opening remarks at the media briefing on COVID-19 - 11 March 2020. [Internet]. Geneva: WHO; 2020 [cited 2021 Jan 17]. Available from: https://www.who.int/director-general/speeches/detail/who-director-general-s-opening-remarks-at-the-media-briefing-on-covid-19---11-march-2020
https://www.who.int/director-general/spe...
). Em pouco mais de um ano, até o dia oito de junho de 2021, foram registrados 173.271.769 casos confirmados em todo o mundo, 3.733.980 mortes e 1.900.955.505 doses de vacina administradas(33 World Health Organization. WHO Coronavirus (COVID-19) Dashboard. Global Situation. [Internet]. Geneva: WHO; 2021 [cited 2021 Jan 17]. Available from: https://covid19.who.int/
https://covid19.who.int/...
).

A região das Américas vivenciou um aumento acelerado no número de casos relatados da COVID-19(33 World Health Organization. WHO Coronavirus (COVID-19) Dashboard. Global Situation. [Internet]. Geneva: WHO; 2021 [cited 2021 Jan 17]. Available from: https://covid19.who.int/
https://covid19.who.int/...
). No Brasil, os primeiros casos tiveram início em fevereiro de 2020(44 Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Infecção humana pelo novo coronavírus (2019-nCoV). Boletim Epidemiológico 2. [Internet]. Brasília: SVS; 2020 [cited 2021 Jan 17]. Available from: https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2020/fevereiro/07/BE-COE-Coronavirus-n020702.pdf
https://portalarquivos2.saude.gov.br/ima...
). Desde então, a pandemia avançou de tal modo no país, computando 16.947.062 casos confirmados e 473.404 mortes até oito de junho de2021(33 World Health Organization. WHO Coronavirus (COVID-19) Dashboard. Global Situation. [Internet]. Geneva: WHO; 2021 [cited 2021 Jan 17]. Available from: https://covid19.who.int/
https://covid19.who.int/...
), tornando-se o terceiro país com o maior número de casos e o segundo em óbitos do mundo(33 World Health Organization. WHO Coronavirus (COVID-19) Dashboard. Global Situation. [Internet]. Geneva: WHO; 2021 [cited 2021 Jan 17]. Available from: https://covid19.who.int/
https://covid19.who.int/...
).

As altas taxas de infecção causaram danos nos sistemas de saúde no mundo todo, ocasionando colapso em muitos deles(55 Boškoski I, Gallo C, Wallace MB, Costamagna G. COVID-19 pandemic and personal protective equipment shortage: protective efficacy comparing masks and scientific methods for respirator reuse. Gastrointest Endosc. 2020;27(20):34247-4. doi: https://dx.doi.org/10.1016%2Fj.gie.2020.04.048
https://dx.doi.org/10.1016%2Fj.gie.2020....
). Diante deste problema mundial, a proteção dos profissionais de saúde que atuam no combate e controle da pandemia emerge como questão central, pois estão em alto risco de infecção(66 Ye L, Yang S, Liu C. Infection prevention and control in nursing severe coronavirus disease (COVID-19) patients during the pandemic. Crit Care. 2020;24(1):388. doi: https://doi.org/10.1186/s13054-020-03076-1
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). A disseminação da COVID-19 nos serviços de saúde é preocupante, com os profissionais de saúde representando um percentual desproporcionalmente elevado de casos confirmados(77 Nguyen LH, Drew DA, Graham MS, Joshi, AD, Guo CG, Wenjie M, et al. Risk of COVID-19 among front-line health-care workers and the general community: a prospective cohort study. Lancet Public Health. 2020;5:e475-83. doi: https://doi.org/10.1016/S2468-2667(20)30164-X
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).

Estudo epidemiológico realizado no Brasil de março a maio de 2020 identificou 17.414 casos suspeitos, 5.732 confirmados e 134 óbitos em profissionais de enfermagem(88 Duprat IP, Melo GCD. Análise de casos e óbitos pela COVID-19 em profissionais de enfermagem no Brasil. Rev Bras Saúde Ocup. 2020;45. doi: https://doi.org/10.1590/2317-6369000018220
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).

Dados da Organização Pan-Americana de Saúde do dia dois de setembro de 2020 apontam que aproximadamente 570 mil profissionais de saúde se infectaram e 2,5 mil morreram por COVID-19 nas Américas(99 Organização Pan Americana de Saúde. Cerca de 570 mil profissionais de saúde se infectaram e 2,5 mil morreram por COVID-19 nas Américas. [Internet]. 2 Set 2020 [cited 2021 Jan 17]. Available from: https://www3.paho.org/pt/noticias/2-9-2020-cerca-570-mil-profissionais-saude-se-infectaram-e-25-mil-morreram-por-covid-19
https://www3.paho.org/pt/noticias/2-9-20...
).

Para a segurança desses profissionais, é necessário garantir as políticas e as boas práticas que minimizem a exposição a patógenos respiratórios, incluindo o SARS-CoV-2, assegurando Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) suficientes e de qualidade. No entanto, a pandemia causada pelo SARS-CoV 2 resultou em uma escassez global de EPIs, entre eles, a máscara respiratória facial (MRF)(1010 McMichael TM, Currie DW, Clark S, Pogosjans S, Kay M, Schwartz NG, et al. Epidemiology of Covid-19 in a long-term care facility in King County, Washington. N Engl J Med. 2020;382(21):2005-11. doi: http://doi.org/10.1056/NEJMoa2005412
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). Em decorrência de a necessidade da MRF ter aumentado em escala global, os preços e a procura aumentaram de forma significante a ponto de muitas instituições de saúde não conseguirem repor seus estoques.

De fato, com o advento da pandemia da COVID-19, o suprimento da MRF ficou comprometido em muitos países. A falta de EPIs ou o uso de materiais inadequados para o atendimento aos pacientes tem sido relatada por profissionais de saúde de todas as regiões do Brasil(1111 Conselho Federal de Enfermagem. Denúncias por falta de EPIs entre profissionais de saúde aumentaram. [Internet]. 7 Abr 2020 [cited 2021 Jan 17]. Available from: http://www.cofen.gov.br/denuncias-por-falta-de-epis-entre-profissionais-de-saude-aumentaram_78772.html
http://www.cofen.gov.br/denuncias-por-fa...
). Diante desta crise, em que a escassez dos EPIs não pode ser resolvida reduzindo-se seu uso ou aumentando-se a produção(88 Duprat IP, Melo GCD. Análise de casos e óbitos pela COVID-19 em profissionais de enfermagem no Brasil. Rev Bras Saúde Ocup. 2020;45. doi: https://doi.org/10.1590/2317-6369000018220
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), a OMS tem recomendado medidas para o uso racional de EPIs, nos serviços de saúde(1212 World Health Organization. Rational use of personal protective equipment for COVID-19 and considerations during severe shortages. [Internet]. 23 Dec 2020 [cited 2021 Jan 17]. Available from: https://www.who.int/publications/i/item/rational-use-of-personal-protective-equipment-for-coronavirus-disease-(covid-19)-and-considerations-during-severe-shortages
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).

De acordo com esta organização, o estoque global de EPIs é insuficiente, diante da demanda global não apenas pelo número de casos da COVID-19, mas também por desinformação, compra de pânico e estocagem, o que agrava a escassez de EPIs globalmente, especialmente para as máscaras de proteção respiratória com eficácia mínima na filtração de 95% de partículas, como a N95 ou equivalente(1212 World Health Organization. Rational use of personal protective equipment for COVID-19 and considerations during severe shortages. [Internet]. 23 Dec 2020 [cited 2021 Jan 17]. Available from: https://www.who.int/publications/i/item/rational-use-of-personal-protective-equipment-for-coronavirus-disease-(covid-19)-and-considerations-during-severe-shortages
https://www.who.int/publications/i/item/...
).

A escassez global de MRFs levou os centros de saúde em todo o mundo a estender o uso dessas máscaras, apesar de terem sido projetadas para uso único(1313 Ranney ML, Griffeth V, Jha AK. Critical Supply Shortages — The Need for Ventilators and Personal Protective Equipment during the Covid-19 Pandemic. N Engl J Med. 2020;382(18):e41. doi: http://doi.org/10.1056/NEJMp2006141
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). Ademais, a persistência e a infectividade de agentes infecciosos nas MRFs, como o vírus da influenza pandêmica A (H1N1)(1414 Coulliette AD, Perry KA, Edwards JR, Noble-Wang JA. Persistence of the 2009 pandemic influenza A (H1N1) virus on N95 respirators. Appl Environ Microbiol. 2013 Apr;79(7):2148-55. doi: http://doi.org/10.1128/AEM.03850-12
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), outros coronavírus(1515 Casanova L, Rutala WA, Weber DJ, Sobsey MD. Coronavirus survival on healthcare personal protective equipment. Infect Control Hosp Epidemiol. 2010;31(5):560-1. doi: http://doi.org/10.1086/652452
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) e, mais recentemente, o SARS-CoV-2, mostram a importância do desenvolvimento de diretrizes e protocolos relacionados à descontaminação destes EPIs e ressaltam a importância do manuseio adequado de equipamentos de proteção individual durante e após o uso em ambientes de alto risco para minimizar a probabilidade de transmissão por fômite(1616 Kasloff SB, Leung A, Strong JE, Funk D, Cutts T. Stability of SARS-CoV-2 on critical personal protective equipment. Sci Rep. 2021;11:984. doi: https://doi.org/10.1038/s41598-020-80098-3
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).

Embora não exista recomendação para reprocessamento e reuso das MRFs, como a N95 ou equivalente, como padrão de rotina de atendimento convencional, estas medidas podem ser necessárias durante os períodos de escassez para garantir a disponibilidade contínua durante uma pandemia. No entanto, ressalta-se que para o reprocessamento das MRFs é fundamental que o método seja eficaz e capaz de reduzir a carga de patógenos, manter a função da máscara respiratória facial e não apresentar risco químico residual(1717 Centers for Disease Control and Prevention. Implementing Filtering Facepiece Respirator (FFR) Reuse, Including Reuse after Decontamination, When There Are Known Shortages of N95 Respirators. [Internet]. 2020 [cited 2021 Jan 17]. Available from: https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/hcp/ppe-strategy/decontamination-reuse-respirators.html
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).

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), frente à pandemia da COVID-19, recomenda que as instituições de saúde estabeleçam seus protocolos sobre a utilização dos EPIs baseados nos riscos de exposição (por exemplo, tipo de atividade) e na dinâmica de transmissão do patógeno (por exemplo, contato, gotícula ou aerossol). Quanto às máscaras N95 ou equivalentes, a ANVISA tem orientado os profissionais de saúde a utilizarem por um período maior que o indicado pelos fabricantes, desde que a máscara esteja íntegra, limpa e seca e ressalta que tal indicação é necessária, já que muitos profissionais relatam baixos estoques para atender os pacientes graves em Unidade de Terapia Intensiva(1818 Ministério da Saúde (BR). Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Nota técnica GVIMS/GGTES/ANVISA No 04/2020: Orientações para serviços de saúde: medidas de prevenção e controle que devem ser adotadas durante a assistência aos casos suspeitos ou confirmados de infecção pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2). 30 Jan 2020. Available from: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/servicosdesaude/notas-tecnicas/nota-tecnica-gvims_ggtes_anvisa-04_2020-25-02-para-o-site.pdf
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).

A busca por soluções para enfrentar o desafio da escassez da MRF é urgente(1919 Rowan NJ, Laffey JG. Challenges and solutions for addressing critical shortage of supply chain for personal and protective equipment (PPE) arising from Coronavirus disease (COVID19) pandemic-Case study from the Republic of Ireland. Sci Total Environ. 2020;138532. doi: https://doi.org/10.1016/j.scitotenv.2020.138532
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). Na literatura há uma variedade de métodos potenciais de desinfecção da MRF, como: (1) métodos energéticos (por exemplo, calor ultravioleta, seco e úmido e vapor gerado por micro-ondas), ou (2) métodos químicos (por exemplo, álcool, óxido de etileno, alvejante e peróxido de hidrogênio vaporizado)(2020 Smith JS, Hanseler H, Welle J, Rattray R, Campbell M, Brotherton T, et al. Effect of various decontamination procedures on disposable N95 mask integrity and SARS-CoV-2 infectivity. J Clin Transl Sci. 2020;5(1):e10. doi: http://doi.org/10.1017/cts.2020.494
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-2121 Ou Q, Pei C, Chan Kim S, Abell E, Pui DYH. Evaluation of decontamination methods for commercial and alternative respirator and mask materials - view from filtration aspect. J Aerosol Sci. 2020 Dec;150:105609. doi: http://doi.org/10.1016/j.jaerosci.2020.105609
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) e alguns métodos, tais como a irradiação germicida ultravioleta, o vapor de peróxido de hidrogênio e o calor úmido têm sido considerados como promissores(1717 Centers for Disease Control and Prevention. Implementing Filtering Facepiece Respirator (FFR) Reuse, Including Reuse after Decontamination, When There Are Known Shortages of N95 Respirators. [Internet]. 2020 [cited 2021 Jan 17]. Available from: https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/hcp/ppe-strategy/decontamination-reuse-respirators.html
https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-nco...
) enquanto outros como o álcool e a luz ultravioleta causam degradação funcional em diferentes graus na MRF(2020 Smith JS, Hanseler H, Welle J, Rattray R, Campbell M, Brotherton T, et al. Effect of various decontamination procedures on disposable N95 mask integrity and SARS-CoV-2 infectivity. J Clin Transl Sci. 2020;5(1):e10. doi: http://doi.org/10.1017/cts.2020.494
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).

Diante deste contexto, evidencia-se a necessidade de uma ampla revisão da literatura para identificação das evidências sobre os métodos seguros para reprocessamento e evidências que sustentem ou não o reuso de máscaras N95 ou equivalente.

Objetivo

Analisar as evidências científicas disponíveis sobre os diferentes métodos de reprocessamento e as condições necessárias para reuso de máscara respiratória facial do tipo N95 ou equivalente.

Método

Tipo de estudo

Revisão integrativa da literatura desenvolvida de acordo com as etapas: seleção da pergunta para a revisão; amostragem (busca dos estudos segundo os critérios de inclusão e exclusão); extração das características das pesquisas primárias (extração dos dados); análise dos dados; interpretação dos resultados; relato da revisão(2222 Ganong LH. Integrative reviews of nursing research. Res Nurs Health. 1987;10(1):1-11. doi: https://doi.org/10.1002/nur.4770100103
https://doi.org/10.1002/nur.4770100103...
).

Ainda, foram seguidas as recomendações do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA)(2323 Moher D, Liberati A, Tetzlaff J, Altman DG, Prisma Group. Preferred reporting items for systematic reviews and meta-analyses: the PRISMA statement. Ann Intern Medic. 2009;151(4):264-9. doi: http://dx.doi.org/10.7326/0003-4819-151-4-200908180-00135
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). Realizou-se o registro na plataforma Fig Share sendo o DOI: https://doi.org/10.6084/m9.figshare.14515251

Para o delineamento da questão norteadora foi utilizada a estratégia PICO(2424 Santos CMDC, Pimenta CADM, Nobre MRC. The PICO strategy for the research question construction and evidence search. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2007;15(3):508-11. doi: https://doi.org/10.1590/S0104-11692007000300023
https://doi.org/10.1590/S0104-1169200700...
). Sendo P (Paciente/população): máscara respiratória facial do tipo N95 ou equivalente, I (Intervenção): reuso ou reprocessamento da máscara respiratória facial do tipo N95 ou equivalente, C (Comparação): não se aplica, O (Outcomes/Desfecho):condições necessárias para o reuso e métodos indicados de reprocessamento da máscara respiratória facial do tipo N95 ou equivalente, originando a questão norteadora: Quais são as evidências científicas disponíveis sobre os diferentes métodos de reprocessamento e as condições necessárias para reuso de máscara respiratória facial do tipo N95 ou equivalente?

Critérios de seleção

O critério utilizado para a inclusão e seleção dos estudos embasou-se em pesquisas que fizeram uso de algum método para reuso e/ou reprocessamento das máscaras respiratórias faciais do tipo N95 ou equivalente. Não houve restrição de idioma. As técnicas de reprocessamento não necessariamente precisam testar o microrganismo SARS-CoV-2 para ser um método potencial para o reprocessamento de máscaras. Foi por este motivo que optamos por não limitar o tempo para a busca e nem restringir apenas aos testes realizados com o SARS-CoV-2.

Coleta de dados

A busca dos estudos ocorreu por pares em junho de dois mil e vinte nas bases de dados PubMed (US National Library of Medicine), Scopus, Web of Science e EMBASE por meio da utilização de descritores controlados e palavras-chave com o auxílio dos operadores booleanos AND e OR. A estratégia de busca empregada para todas as bases de dados foi [(“Respiratory Protective Devices” OR “N95 respirator” OR “N95 mask” OR “filtering facepiece respirator” OR “FFP2” OR “PPE”) AND (“reprocessing” OR “reuse” OR “decontamination” OR “disinfection” OR “disinfection” OR “sterilization”)].

Os resultados das buscas foram inseridos no aplicativo web Rayyan para seleção dos estudos. Procedeu-se à leitura de título e resumo e seleção por dois pesquisadores. As discordâncias referentes à seleção dos artigos foram solucionadas por um terceiro revisor. Sequencialmente foi realizada a leitura na íntegra dos artigos selecionados na primeira etapa, também por dois revisores. Um terceiro revisor avaliou as discordâncias dos artigos incluídos. Reuniões de consenso foram realizadas nas duas etapas.

Para a avaliação do nível de evidência dos estudos foi considerado o desenho metodológico de cada um deles, e como todos os estudos descritivos abordavam questões clínicas de intervenção/tratamento ou diagnóstico/teste diagnóstico, a classificação utilizada foi a de sete níveis, sendo: nível I- evidências provenientes de revisões sistemáticas ou metanálises de múltiplos estudos clínicos controlados e randomizados; nível II- evidências oriundas de pelo menos um ensaio clínico randomizado controlado bem delineado; nível III- evidências decorrentes de ensaios clínicos bem delineados sem randomização; nível IV- evidências de pesquisas bem delineadas de coorte e de caso-controle; nível V- evidências resultantes de revisões sistemáticas por meio de metodologias descritivas e qualitativas; nível VI- evidências provenientes de apenas um estudo descritivo ou qualitativo; nível VII- evidências com origem em conceitos de autoridades e/ou relatório de comitês de especialistas(2525 Melnyk B, Fineout-Overholt E. Evidence-Based Practice in Nursing & Healthcare: A Guide to Best Practice. 4th ed. Philadelphia: Wolters Kluwer; 2019. 782 p.).

Extração dos dados

Os artigos envolvidos na análise tiveram suas informações extraídas com o auxílio de um roteiro proposto(2626 Ursi ES, Galvão CM. Prevenção de lesões de pele no perioperatório: revisão integrativa da literatura. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2006;14(1):124-31. doi: https://doi.org/10.1590/S0104-11692006000100017
https://doi.org/10.1590/S0104-1169200600...
),que determina os principais dados a serem extraídos. No presente estudo, foram extraídas as seguintes informações: título; ano de publicação; reuso/reprocessamento; método empregado no reprocessamento; recomendações dos autores e nível de evidência dos estudos.

A síntese dos dados foi descritiva. As condições de reuso e reprocessamento identificadas foram analisadas, agrupadas e comparadas. Nesta etapa, dois revisores independentes foram responsáveis pela extração, análise e síntese das informações.

Resultados

A seleção dos estudos seguiu as recomendações do PRISMA(2323 Moher D, Liberati A, Tetzlaff J, Altman DG, Prisma Group. Preferred reporting items for systematic reviews and meta-analyses: the PRISMA statement. Ann Intern Medic. 2009;151(4):264-9. doi: http://dx.doi.org/10.7326/0003-4819-151-4-200908180-00135
http://dx.doi.org/10.7326/0003-4819-151-...
) (Figura 1).

Figura 1
Diagrama de busca e seleção dos estudos de acordo com o PRISMA(2323 Moher D, Liberati A, Tetzlaff J, Altman DG, Prisma Group. Preferred reporting items for systematic reviews and meta-analyses: the PRISMA statement. Ann Intern Medic. 2009;151(4):264-9. doi: http://dx.doi.org/10.7326/0003-4819-151-4-200908180-00135
http://dx.doi.org/10.7326/0003-4819-151-...
)

* n = número de artigos


Foram incluídos 32 estudos que avaliaram o reuso e reprocessamento das máscaras respiratórias faciais tipo N95 ou equivalente, sendo a maioria dos estudos realizados nos Estados Unidos (26 = 81,3%). Os níveis de evidência foram em sua maioria VI (25 = 78,1%). Quanto ao idioma dos artigos, 31 (96,9%) estavam no idioma inglês. A Figura 2 apresenta as características dos estudos segundo autores, ano de publicação/país, método empregado no reprocessamento, tipo de estudo e nível de evidência.

Figura 2
Descrição dos estudos quanto aos autores, ano de publicação, país, método empregado no reprocessamento, tipo de estudo e nível de evidência. Ribeirão Preto, SP, Brasil, 2020

A Figura 3 elenca os dados dos autores, ano de publicação/país, dados sobre o reuso, tipo de estudo e nível de evidência.

Figura 3
Descrição dos estudos quanto aos autores, ano de publicação/país, dados sobre o reuso, tipo de estudo e nível de evidência. Ribeirão Preto, SP, Brasil, 2020

Foram apresentadas as descrições dos estudos quanto aos autores, objetivos, tipo de máscara, método de reprocessamento, tipo e tamanho dos microrganismos, eficácia de cada tipo de reprocessamento, efeito do reprocessamento na estrutura das máscaras e risco químico, conforme a Figura 4.

Figura 4
Descrição dos estudos quanto aos autores, objetivos, tipo de máscara, método de reprocessamento, tipo e tamanho dos microrganismos, eficácia de cada tipo de reprocessamento, efeito do reprocessamento na estrutura das máscaras e risco químico. Ribeirão Preto, SP, Brasil, 2020

As descrições dos estudos quanto aos autores, objetivos, tipo de máscara, tipo e tamanho dos microrganismos, efeito do reuso na estrutura das máscaras e recomendação a respeito do reuso estão apresentados na Figura 5.

Figura 5
Descrição dos estudos quanto aos autores, objetivos, tipo de máscara, tipo e tamanho dos microrganismos, efeito do reuso na estrutura das máscaras e recomendação a respeito do reuso. Ribeirão Preto, SP, Brasil, 2020

Discussão

Este estudo mostrou a complexidade da realização do reprocessamento efetivo e reuso da MRF do tipo N95.

Um método de descontaminação bem-sucedido deve inativar o vírus, não prejudicar o desempenho da filtragem, não afetar o ajuste da MRF, não apresentar irritação ao usuário devido a produtos químicos residuais e ser facilmente realizado em tempo hábil(5656 Fisher EM, Richardson AW, Harpest SD, Hofacre KC, Shaffer RE. Reaerosolization of MS2 bacteriophage from an N95 filtering facepiece respirator by simulated coughing. Ann Occup Hyg. 2012;56(3):315-25. doi: https://doi.org/10.1093/annhyg/mer101
https://doi.org/10.1093/annhyg/mer101...
).

Em relação ao reprocessamento da MRF do tipo N95 e equivalentes, observamos que muitos métodos foram utilizados com esta finalidade: a irradiação germicida ultravioleta foi utilizada em 14 estudos(2727 Viscusi DJ, Bergman MS, Eimer BC, Shaffer RE. Evaluation of five decontamination methods for filtering facepiece respirators. Ann Occup Hyg. 2009;53(8):815-27. doi: https://doi.org/10.1093/annhyg/mep070
https://doi.org/10.1093/annhyg/mep070...
-2828 Bergman MS, Viscusi DJ, Heimbuch BK, Wander JD, Sambol AR, Shaffer RE. Evaluation of multiple (3-cycle) decontamination processing for filtering facepiece respirators. J Eng Fiber Fabr. 2010;5(4). doi: https://doi.org/10.1177/155892501000500405
https://doi.org/10.1177/1558925010005004...
,3030 Salter WB, Kinney K, Wallace WH, Lumley AE, Heimbuch BK, Wander JD. Analysis of residual chemicals on filtering facepiece respirators after decontamination. J Occup Environ Hyg. 2010;7(8):437-45. doi: https://doi.org/10.1080/15459624.2010.484794
https://doi.org/10.1080/15459624.2010.48...
-3131 Heimbuch BK, Wallace WH, Kinney K, Lumley AE, Wu CY, Woo MH, et al. A pandemic influenza preparedness study: use of energetic methods to decontaminate filtering facepiece respirators contaminated with H1N1 aerosols and droplets. Am J Infect Control. 2011;39(1):e1-e9. doi: https://doi.org/10.1016/j.ajic.2010.07.004
https://doi.org/10.1016/j.ajic.2010.07.0...
,3333 Fisher EM, Williams JL, Shaffer RE. Evaluation of microwave steam bags for the decontamination of filtering facepiece respirators. PLoS One. 2011;6(4):e18585. doi: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0018585
https://doi.org/10.1371/journal.pone.001...

34 Viscusi DJ, Bergman MS, Novak DA, Faulkner KA, Palmiero A, Powell J, et al. Impact of three biological decontamination methods on filtering facepiece respirator fit, odor, comfort, and donning ease. J Occup Environ Hyg. 2011;8(7):426-36. doi: https://doi.org/10.1080/15459624.2011.585927
https://doi.org/10.1080/15459624.2011.58...
-3535 Lore MB, Sebastian JM, Brown TL, Viner AS, McCullough NV, Hinrichs SH. Performance of conventional and antimicrobial-treated filtering facepiece respirators challenged with biological aerosols. J Occup Environ Hyg. 2012;9(2):69-80. doi: https://doi.org/10.1080/15459624.2011.640273
https://doi.org/10.1080/15459624.2011.64...
,3737 Lindsley WG, Martin SB Jr, Thewlis RE, Sarkisian K, Nwoko JO, Mead KR, et al. Effects of ultraviolet germicidal irradiation (UVGI) on N95 respirator filtration performance and structural integrity. J Occup Environ Hyg. 2015;12(8):509-17.,3939 Lin TH, Tang FC, Hung PC, Hua ZC, Lai CY. Relative survival of Bacillus subtilis spores loaded on filtering facepiece respirators after five decontamination methods. Indoor Air. 2018;28(5):754-62. doi: https://doi.org/10.1111/ina.12475
https://doi.org/10.1111/ina.12475...

40 Mills D, Harnish DA, Lawrence C, Sandoval-Powers M, Heimbuch BK. Ultraviolet germicidal irradiation of influenza-contaminated N95 filtering facepiece respirators. Am J Infect Control. 2018;46(7):e49-e55. doi: https://doi.org/10.1016/j.ajic.2018.02.018
https://doi.org/10.1016/j.ajic.2018.02.0...
-4141 Cadnum JL, Li DF, Redmond SN, John AR, Pearlmutter B, Donskey CJ. Effectiveness of ultraviolet-C light and a high-level disinfection cabinet for decontamination of N95 respirators. Pathog Immun. 2020;5(1):52. doi: https://doi.org/10.20411/pai.v5i1.372
https://doi.org/10.20411/pai.v5i1.372...
,4545 Fischer RJ, Morris DH, Doremalen N, Sarchette S, Matson MJ, Bushmaker T, et al. Effectiveness of N95 Respirator Decontamination and Reuse against SARS-CoV-2 Virus Emerg Infect Dis. 2020;26(9). doi: https://doi.org/10.3201/eid2609.201524
https://doi.org/10.3201/eid2609.201524...
,4747 Ozog D, Parks-Miller A, Kohli I, Lyons AB, Narla S, Torres AE, et al. The importance of fit testing in decontamination of N95 respirators: A cautionary note. J Am Acad Dermatol. 2020;83(2):672-4. doi: https://doi.org/10.1016/j.jaad.2020.05.008
https://doi.org/10.1016/j.jaad.2020.05.0...
,5151 Liao L, Xiao W, Zhao M, Yu X, Wang H, Wang Q, et al. Can N95 respirators be reused after disinfection? How many times? ACS Nano. 2020;14(5):6348-56. doi: https://doi.org/10.1021/acsnano.0c03597
https://doi.org/10.1021/acsnano.0c03597...
). Entre eles, a luz ultravioleta variou de 254 a 302 nanômetros, sendo que as doses variaram de 1 a 950 J/cm2. O tempo de exposição oscilou de um a 266 minutos. Autores identificaram(4141 Cadnum JL, Li DF, Redmond SN, John AR, Pearlmutter B, Donskey CJ. Effectiveness of ultraviolet-C light and a high-level disinfection cabinet for decontamination of N95 respirators. Pathog Immun. 2020;5(1):52. doi: https://doi.org/10.20411/pai.v5i1.372
https://doi.org/10.20411/pai.v5i1.372...
) que a luz ultravioleta administrada como um ciclo de um minuto e de 30 minutos reduziu a contaminação, mas não atendeu aos critérios de descontaminação de todos os locais nas MRF. Outros autores mostraram que as MRFs podem ser descontaminadas e reutilizadas até três vezes usando luz ultravioleta(4545 Fischer RJ, Morris DH, Doremalen N, Sarchette S, Matson MJ, Bushmaker T, et al. Effectiveness of N95 Respirator Decontamination and Reuse against SARS-CoV-2 Virus Emerg Infect Dis. 2020;26(9). doi: https://doi.org/10.3201/eid2609.201524
https://doi.org/10.3201/eid2609.201524...
). Foram observadas reduções significativas (≥3 log) na viabilidade do vírus influenza em 12 dos 15 modelos testados e em relação às tiras de 7 de 15 modelos(4040 Mills D, Harnish DA, Lawrence C, Sandoval-Powers M, Heimbuch BK. Ultraviolet germicidal irradiation of influenza-contaminated N95 filtering facepiece respirators. Am J Infect Control. 2018;46(7):e49-e55. doi: https://doi.org/10.1016/j.ajic.2018.02.018
https://doi.org/10.1016/j.ajic.2018.02.0...
). Os autores sugerem que a descontaminação da máscara N95 usando ultravioleta pode ser eficaz, mas depende do modelo, tipo e material da MRF. Constataram ainda que a luz ultravioleta foi o único método que não causou alterações físicas observáveis nas MRF(2222 Ganong LH. Integrative reviews of nursing research. Res Nurs Health. 1987;10(1):1-11. doi: https://doi.org/10.1002/nur.4770100103
https://doi.org/10.1002/nur.4770100103...
). No entanto, apenas um único modelo passou em 20 testes de ajuste e cinco modelos não passaram pelo teste(4747 Ozog D, Parks-Miller A, Kohli I, Lyons AB, Narla S, Torres AE, et al. The importance of fit testing in decontamination of N95 respirators: A cautionary note. J Am Acad Dermatol. 2020;83(2):672-4. doi: https://doi.org/10.1016/j.jaad.2020.05.008
https://doi.org/10.1016/j.jaad.2020.05.0...
).

Desta forma a utilização da luz ultravioleta ainda é controversa em termos da descontaminação e efetividade da MRF.

Quanto ao uso do peróxido de hidrogênio, identificamos oito estudos(2727 Viscusi DJ, Bergman MS, Eimer BC, Shaffer RE. Evaluation of five decontamination methods for filtering facepiece respirators. Ann Occup Hyg. 2009;53(8):815-27. doi: https://doi.org/10.1093/annhyg/mep070
https://doi.org/10.1093/annhyg/mep070...
-2828 Bergman MS, Viscusi DJ, Heimbuch BK, Wander JD, Sambol AR, Shaffer RE. Evaluation of multiple (3-cycle) decontamination processing for filtering facepiece respirators. J Eng Fiber Fabr. 2010;5(4). doi: https://doi.org/10.1177/155892501000500405
https://doi.org/10.1177/1558925010005004...
,3030 Salter WB, Kinney K, Wallace WH, Lumley AE, Heimbuch BK, Wander JD. Analysis of residual chemicals on filtering facepiece respirators after decontamination. J Occup Environ Hyg. 2010;7(8):437-45. doi: https://doi.org/10.1080/15459624.2010.484794
https://doi.org/10.1080/15459624.2010.48...
,4141 Cadnum JL, Li DF, Redmond SN, John AR, Pearlmutter B, Donskey CJ. Effectiveness of ultraviolet-C light and a high-level disinfection cabinet for decontamination of N95 respirators. Pathog Immun. 2020;5(1):52. doi: https://doi.org/10.20411/pai.v5i1.372
https://doi.org/10.20411/pai.v5i1.372...
-4242 Grossman J, Pierce A, Mody J, Gagne J, Sykora C, Sayood S, et al. Institution of a Novel Process for N95 Respirator Disinfection with Vaporized Hydrogen Peroxide in the setting of the COVID-19 Pandemic at a Large Academic Medical Center. J Am Coll Surg. 2020;231(2):275-80. doi: https://doi.org/10.1016/j.jamcollsurg.2020.04.029
https://doi.org/10.1016/j.jamcollsurg.20...
,4444 Perkins DJ, Villescas S, Wu TH, Muller T, Bradfute S, Hurwitz I, et al. COVID-19 global pandemic planning: decontamination and reuse processes for N95 respirators. Exp Biol Med (Maywood). 2020;45(11):933-9. doi: http://doi.org/10.1177/1535370220925768
http://doi.org/10.1177/1535370220925768...

45 Fischer RJ, Morris DH, Doremalen N, Sarchette S, Matson MJ, Bushmaker T, et al. Effectiveness of N95 Respirator Decontamination and Reuse against SARS-CoV-2 Virus Emerg Infect Dis. 2020;26(9). doi: https://doi.org/10.3201/eid2609.201524
https://doi.org/10.3201/eid2609.201524...
-4646 Schwartz A, Stiegel M, Greeson N, Vogel A, Thomann W, Brown M, et al. Decontamination and reuse of N95 respirators with hydrogen peroxide vapor to address worldwide personal protective equipment shortages during the SARS-CoV-2 (COVID-19) pandemic. Appl Biosaf. 2020;25(2):67-70. doi: https://doi.org/10.1177%2F1535676020919932
https://doi.org/10.1177%2F15356760209199...
). Autores sugerem que este método é promissor em relação à descontaminação das MRFs, porém permaneceram preocupações sobre os resíduos deixados após descontaminação(2727 Viscusi DJ, Bergman MS, Eimer BC, Shaffer RE. Evaluation of five decontamination methods for filtering facepiece respirators. Ann Occup Hyg. 2009;53(8):815-27. doi: https://doi.org/10.1093/annhyg/mep070
https://doi.org/10.1093/annhyg/mep070...
). No entanto, investigação apontou que em quatro horas os níveis de peróxido de hidrogênio diminuíram abaixo do nível de detecção (0 partes por milhão)(4646 Schwartz A, Stiegel M, Greeson N, Vogel A, Thomann W, Brown M, et al. Decontamination and reuse of N95 respirators with hydrogen peroxide vapor to address worldwide personal protective equipment shortages during the SARS-CoV-2 (COVID-19) pandemic. Appl Biosaf. 2020;25(2):67-70. doi: https://doi.org/10.1177%2F1535676020919932
https://doi.org/10.1177%2F15356760209199...
). As MRFs podem ser descontaminadas e reutilizadas até três vezes usando o vapor de peróxido de hidrogênio(4545 Fischer RJ, Morris DH, Doremalen N, Sarchette S, Matson MJ, Bushmaker T, et al. Effectiveness of N95 Respirator Decontamination and Reuse against SARS-CoV-2 Virus Emerg Infect Dis. 2020;26(9). doi: https://doi.org/10.3201/eid2609.201524
https://doi.org/10.3201/eid2609.201524...
). A eficácia na descontaminação das MRF foi demonstrada com um ciclo prolongado de 31 minutos(4141 Cadnum JL, Li DF, Redmond SN, John AR, Pearlmutter B, Donskey CJ. Effectiveness of ultraviolet-C light and a high-level disinfection cabinet for decontamination of N95 respirators. Pathog Immun. 2020;5(1):52. doi: https://doi.org/10.20411/pai.v5i1.372
https://doi.org/10.20411/pai.v5i1.372...
). Além disso, no tratamento com peróxido de hidrogênio gasoso, os níveis médios de penetração foram >5% para quatro dos seis modelos de MRF testados(2828 Bergman MS, Viscusi DJ, Heimbuch BK, Wander JD, Sambol AR, Shaffer RE. Evaluation of multiple (3-cycle) decontamination processing for filtering facepiece respirators. J Eng Fiber Fabr. 2010;5(4). doi: https://doi.org/10.1177/155892501000500405
https://doi.org/10.1177/1558925010005004...
).

Este método, apesar de promissor em relação à destruição de micro-organismos, pode comprometer a eficiência de filtragem das MRF.

Quanto à utilização dos métodos a vapor, quatro estudos utilizaram a descontaminação por autoclave(3838 Lin TH, Chen CC, Huang SH, Kuo CW, Lai CY, Lin WY. Filter quality of electret masks in filtering 14.6-594 nm aerosol particles: Effects of five decontamination methods. PloS One. 2017;12(10):e0186217. doi: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0186217
https://doi.org/10.1371/journal.pone.018...
-3939 Lin TH, Tang FC, Hung PC, Hua ZC, Lai CY. Relative survival of Bacillus subtilis spores loaded on filtering facepiece respirators after five decontamination methods. Indoor Air. 2018;28(5):754-62. doi: https://doi.org/10.1111/ina.12475
https://doi.org/10.1111/ina.12475...
,4848 Bopp NE, Bouyer DH, Gibbs CM, Nichols JE, Ntiforo CA, Grimaldo MA. Multicycle Autoclave Decontamination of N95 Filtering Facepiece Respirators. Appl Biosaf. 2020;25(3). doi: https://doi.org/10.1177%2F1535676020924171
https://doi.org/10.1177%2F15356760209241...
,5050 Carrillo IO, Floyd AC, Valverde CM, Tingle TN, Zabaneh FR. Immediate-use steam sterilization sterilizes N95 masks without mask damage. Infect Control Hosp Epidemiol. 2020;41(9). doi: https://doi.org/10.1017/ice.2020.145
https://doi.org/10.1017/ice.2020.145...
). O tempo de exposição variou de 15 a 60 minutos e a temperatura de 115 a 121°C. Em um dos estudos foi utilizada a descontaminação a vapor de uso imediato(5050 Carrillo IO, Floyd AC, Valverde CM, Tingle TN, Zabaneh FR. Immediate-use steam sterilization sterilizes N95 masks without mask damage. Infect Control Hosp Epidemiol. 2020;41(9). doi: https://doi.org/10.1017/ice.2020.145
https://doi.org/10.1017/ice.2020.145...
). Foi observado que a retenção de partículas reduziu após cada ciclo da autoclave, porém foram mantidos os requisitos mínimos no teste de ajuste para até três processos de autoclavagem(4848 Bopp NE, Bouyer DH, Gibbs CM, Nichols JE, Ntiforo CA, Grimaldo MA. Multicycle Autoclave Decontamination of N95 Filtering Facepiece Respirators. Appl Biosaf. 2020;25(3). doi: https://doi.org/10.1177%2F1535676020924171
https://doi.org/10.1177%2F15356760209241...
). Além disso, foi observada leve perda de elasticidade nas tiras de borracha com cada tratamento em autoclave. As máscaras que passaram por cinco processamentos falharam no teste de ajuste e apresentaram dobras observáveis(3838 Lin TH, Chen CC, Huang SH, Kuo CW, Lai CY, Lin WY. Filter quality of electret masks in filtering 14.6-594 nm aerosol particles: Effects of five decontamination methods. PloS One. 2017;12(10):e0186217. doi: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0186217
https://doi.org/10.1371/journal.pone.018...
). Destaca-se ainda que alguns estudos utilizaram temperaturas inferiores a 121°C, com o propósito de esterilizar a MRF, sendo que na fase de esterilização a temperatura prescrita para o ciclo seria de 121 ou 134ºC, dependendo do tempo de exposição(5959 Laranjeira PR, Bronzatti JAG, Souza RQ, Graziano KU. Esterilização pelo vapor: aspectos fundamentais e recursos técnicos para redução do consumo de água. Rev SOBECC. 2017;22(2):115-20. doi: http://doi.org/10.5327/Z1414-4425201700020009
http://doi.org/10.5327/Z1414-44252017000...
). Ressalta-se que este método causou danos estruturais que podem comprometer a efetividade das MRFs.

Outros estudos também utilizaram o vapor como recurso para descontaminação de MRF. Três deles utilizaram panela de arroz a vapor(3838 Lin TH, Chen CC, Huang SH, Kuo CW, Lai CY, Lin WY. Filter quality of electret masks in filtering 14.6-594 nm aerosol particles: Effects of five decontamination methods. PloS One. 2017;12(10):e0186217. doi: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0186217
https://doi.org/10.1371/journal.pone.018...
-3939 Lin TH, Tang FC, Hung PC, Hua ZC, Lai CY. Relative survival of Bacillus subtilis spores loaded on filtering facepiece respirators after five decontamination methods. Indoor Air. 2018;28(5):754-62. doi: https://doi.org/10.1111/ina.12475
https://doi.org/10.1111/ina.12475...
,4949 Li DF, Cadnum JL, Redmond SN, Jones LD, Donskey CJ. It’s not the heat, it’s the humidity: Effectiveness of a rice cooker-steamer for decontamination of cloth and surgical face masks and N95 respirators. Am J Infect Control. 2020;48(7):854-5. doi: https://dx.doi.org/10.1016%2Fj.ajic.2020.04.012
https://dx.doi.org/10.1016%2Fj.ajic.2020...
), seis utilizaram vapor gerado por micro-ondas(2727 Viscusi DJ, Bergman MS, Eimer BC, Shaffer RE. Evaluation of five decontamination methods for filtering facepiece respirators. Ann Occup Hyg. 2009;53(8):815-27. doi: https://doi.org/10.1093/annhyg/mep070
https://doi.org/10.1093/annhyg/mep070...
-2828 Bergman MS, Viscusi DJ, Heimbuch BK, Wander JD, Sambol AR, Shaffer RE. Evaluation of multiple (3-cycle) decontamination processing for filtering facepiece respirators. J Eng Fiber Fabr. 2010;5(4). doi: https://doi.org/10.1177/155892501000500405
https://doi.org/10.1177/1558925010005004...
,3131 Heimbuch BK, Wallace WH, Kinney K, Lumley AE, Wu CY, Woo MH, et al. A pandemic influenza preparedness study: use of energetic methods to decontaminate filtering facepiece respirators contaminated with H1N1 aerosols and droplets. Am J Infect Control. 2011;39(1):e1-e9. doi: https://doi.org/10.1016/j.ajic.2010.07.004
https://doi.org/10.1016/j.ajic.2010.07.0...
,3333 Fisher EM, Williams JL, Shaffer RE. Evaluation of microwave steam bags for the decontamination of filtering facepiece respirators. PLoS One. 2011;6(4):e18585. doi: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0018585
https://doi.org/10.1371/journal.pone.001...

34 Viscusi DJ, Bergman MS, Novak DA, Faulkner KA, Palmiero A, Powell J, et al. Impact of three biological decontamination methods on filtering facepiece respirator fit, odor, comfort, and donning ease. J Occup Environ Hyg. 2011;8(7):426-36. doi: https://doi.org/10.1080/15459624.2011.585927
https://doi.org/10.1080/15459624.2011.58...
-3535 Lore MB, Sebastian JM, Brown TL, Viner AS, McCullough NV, Hinrichs SH. Performance of conventional and antimicrobial-treated filtering facepiece respirators challenged with biological aerosols. J Occup Environ Hyg. 2012;9(2):69-80. doi: https://doi.org/10.1080/15459624.2011.640273
https://doi.org/10.1080/15459624.2011.64...
) e um deles utilizou vapor por meio de copo de água em ebulição(5151 Liao L, Xiao W, Zhao M, Yu X, Wang H, Wang Q, et al. Can N95 respirators be reused after disinfection? How many times? ACS Nano. 2020;14(5):6348-56. doi: https://doi.org/10.1021/acsnano.0c03597
https://doi.org/10.1021/acsnano.0c03597...
). Destaca-se que estes métodos apresentaram resultados satisfatórios em relação à descontaminação dos micro-organismos; no entanto, podem causar danos estruturais nas MRFs. Além disso, estes métodos de reprocessamento não são regulamentados para uso em serviços de saúde.

Sobre o calor seco, cinco estudos empregaram este método(4141 Cadnum JL, Li DF, Redmond SN, John AR, Pearlmutter B, Donskey CJ. Effectiveness of ultraviolet-C light and a high-level disinfection cabinet for decontamination of N95 respirators. Pathog Immun. 2020;5(1):52. doi: https://doi.org/10.20411/pai.v5i1.372
https://doi.org/10.20411/pai.v5i1.372...
,4343 Xiang Y, Song Q, Gu W. Decontamination of Surgical Face Masks and N95 Respirators by Dry Heat Pasteurization for One Hour at 70°C. Am J Infect Control. 2020;48(8):880-2. doi: https://doi.org/10.1016/j.ajic.2020.05.026
https://doi.org/10.1016/j.ajic.2020.05.0...
,4545 Fischer RJ, Morris DH, Doremalen N, Sarchette S, Matson MJ, Bushmaker T, et al. Effectiveness of N95 Respirator Decontamination and Reuse against SARS-CoV-2 Virus Emerg Infect Dis. 2020;26(9). doi: https://doi.org/10.3201/eid2609.201524
https://doi.org/10.3201/eid2609.201524...
,4949 Li DF, Cadnum JL, Redmond SN, Jones LD, Donskey CJ. It’s not the heat, it’s the humidity: Effectiveness of a rice cooker-steamer for decontamination of cloth and surgical face masks and N95 respirators. Am J Infect Control. 2020;48(7):854-5. doi: https://dx.doi.org/10.1016%2Fj.ajic.2020.04.012
https://dx.doi.org/10.1016%2Fj.ajic.2020...
,5151 Liao L, Xiao W, Zhao M, Yu X, Wang H, Wang Q, et al. Can N95 respirators be reused after disinfection? How many times? ACS Nano. 2020;14(5):6348-56. doi: https://doi.org/10.1021/acsnano.0c03597
https://doi.org/10.1021/acsnano.0c03597...
). As temperaturas variaram de 60 a 100°C e o tempo de 15 minutos a três horas. O calor seco a 60°C e 70°C por uma hora poderia destruir com sucesso os micro-organismos testados e a eficiência de filtragem das MRF foi de 98%, 98% e 97% após serem aquecidos por uma, duas e três horas, respectivamente(4343 Xiang Y, Song Q, Gu W. Decontamination of Surgical Face Masks and N95 Respirators by Dry Heat Pasteurization for One Hour at 70°C. Am J Infect Control. 2020;48(8):880-2. doi: https://doi.org/10.1016/j.ajic.2020.05.026
https://doi.org/10.1016/j.ajic.2020.05.0...
). Já o calor seco a 70°C por 30 minutos não foi eficaz na descontaminação dos bacteriófagos(4141 Cadnum JL, Li DF, Redmond SN, John AR, Pearlmutter B, Donskey CJ. Effectiveness of ultraviolet-C light and a high-level disinfection cabinet for decontamination of N95 respirators. Pathog Immun. 2020;5(1):52. doi: https://doi.org/10.20411/pai.v5i1.372
https://doi.org/10.20411/pai.v5i1.372...
). Pesquisadores mostraram que o calor seco a 70ºC pode ser utilizado por uma ou duas vezes sem prejuízo na filtração das MRFs(4545 Fischer RJ, Morris DH, Doremalen N, Sarchette S, Matson MJ, Bushmaker T, et al. Effectiveness of N95 Respirator Decontamination and Reuse against SARS-CoV-2 Virus Emerg Infect Dis. 2020;26(9). doi: https://doi.org/10.3201/eid2609.201524
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), corroborando outros achados que evidenciaram eficiência de filtragem de 96.67% (± 0.65) após o uso do calor seco(5151 Liao L, Xiao W, Zhao M, Yu X, Wang H, Wang Q, et al. Can N95 respirators be reused after disinfection? How many times? ACS Nano. 2020;14(5):6348-56. doi: https://doi.org/10.1021/acsnano.0c03597
https://doi.org/10.1021/acsnano.0c03597...
).

Para uma efetiva esterilização dos materiais, a estufa deve ser mantida fechada ininterruptamente durante 60 minutos com a temperatura a 170°C, ou 120 minutos com a temperatura a 160°C. Nenhum dos estudos utilizou estes parâmetros. Desta forma, não é possível se falar em esterilização da MRF(6060 Núcleo de Telessaúde Rio Grande do Sul. Quais as diretrizes básicas de esterilização e desinfecção de artigos clínicos e médico-hospitalares? [Internet]. 17 Dez 2008 [cited 2021 Jan 17]. Available from: https://aps.bvs.br/aps/quais-as-diretrizes-basicas-de-esterilizacao-e-desinfeccao-de-artigos-clinicos-e-medico-hospitalares/
https://aps.bvs.br/aps/quais-as-diretriz...
). Em relação a este método, portanto, há dúvidas quanto à real efetividade deste processo na descontaminação das MRFs.

Quanto à utilização de métodos químicos, oito estudos foram desenvolvidos. Seis utilizaram o hipoclorito de sódio(2727 Viscusi DJ, Bergman MS, Eimer BC, Shaffer RE. Evaluation of five decontamination methods for filtering facepiece respirators. Ann Occup Hyg. 2009;53(8):815-27. doi: https://doi.org/10.1093/annhyg/mep070
https://doi.org/10.1093/annhyg/mep070...
,3030 Salter WB, Kinney K, Wallace WH, Lumley AE, Heimbuch BK, Wander JD. Analysis of residual chemicals on filtering facepiece respirators after decontamination. J Occup Environ Hyg. 2010;7(8):437-45. doi: https://doi.org/10.1080/15459624.2010.484794
https://doi.org/10.1080/15459624.2010.48...
,3636 Heimbuch BK, Kinney K, Lumley AE, Harnish DA, Bergman M, Wander JD. Cleaning of filtering facepiece respirators contaminated with mucin and Staphylococcus aureus. Am J Infect Control. 2014;42(3):265-70. doi: https://doi.org/10.1016/j.ajic.2013.09.014
https://doi.org/10.1016/j.ajic.2013.09.0...
,3838 Lin TH, Chen CC, Huang SH, Kuo CW, Lai CY, Lin WY. Filter quality of electret masks in filtering 14.6-594 nm aerosol particles: Effects of five decontamination methods. PloS One. 2017;12(10):e0186217. doi: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0186217
https://doi.org/10.1371/journal.pone.018...

39 Lin TH, Tang FC, Hung PC, Hua ZC, Lai CY. Relative survival of Bacillus subtilis spores loaded on filtering facepiece respirators after five decontamination methods. Indoor Air. 2018;28(5):754-62. doi: https://doi.org/10.1111/ina.12475
https://doi.org/10.1111/ina.12475...
-4040 Mills D, Harnish DA, Lawrence C, Sandoval-Powers M, Heimbuch BK. Ultraviolet germicidal irradiation of influenza-contaminated N95 filtering facepiece respirators. Am J Infect Control. 2018;46(7):e49-e55. doi: https://doi.org/10.1016/j.ajic.2018.02.018
https://doi.org/10.1016/j.ajic.2018.02.0...
,5151 Liao L, Xiao W, Zhao M, Yu X, Wang H, Wang Q, et al. Can N95 respirators be reused after disinfection? How many times? ACS Nano. 2020;14(5):6348-56. doi: https://doi.org/10.1021/acsnano.0c03597
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), quatro(3838 Lin TH, Chen CC, Huang SH, Kuo CW, Lai CY, Lin WY. Filter quality of electret masks in filtering 14.6-594 nm aerosol particles: Effects of five decontamination methods. PloS One. 2017;12(10):e0186217. doi: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0186217
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-3939 Lin TH, Tang FC, Hung PC, Hua ZC, Lai CY. Relative survival of Bacillus subtilis spores loaded on filtering facepiece respirators after five decontamination methods. Indoor Air. 2018;28(5):754-62. doi: https://doi.org/10.1111/ina.12475
https://doi.org/10.1111/ina.12475...
,4545 Fischer RJ, Morris DH, Doremalen N, Sarchette S, Matson MJ, Bushmaker T, et al. Effectiveness of N95 Respirator Decontamination and Reuse against SARS-CoV-2 Virus Emerg Infect Dis. 2020;26(9). doi: https://doi.org/10.3201/eid2609.201524
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,5151 Liao L, Xiao W, Zhao M, Yu X, Wang H, Wang Q, et al. Can N95 respirators be reused after disinfection? How many times? ACS Nano. 2020;14(5):6348-56. doi: https://doi.org/10.1021/acsnano.0c03597
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) testaram etanol e um estudo utilizou oxidantes mistos. Diferentes concentrações e volumes foram utilizados, mas o odor de soluções à base de cloro se manteve após a descontaminação das MRF; além disso, o alvejante corroeu as partes metálicas das MRF. Este resultado já era esperado, considerando que o cloro é um agente oxidante.

Quanto à eficiência de filtragem, foi demonstrado que as soluções à base de etanol e cloro degradaram drasticamente a eficiência da filtração para níveis inaceitáveis, sendo que o etanol foi de 56.33% (± 3.03) e solução à base de cloro de 73.11% (± 7.32)(5151 Liao L, Xiao W, Zhao M, Yu X, Wang H, Wang Q, et al. Can N95 respirators be reused after disinfection? How many times? ACS Nano. 2020;14(5):6348-56. doi: https://doi.org/10.1021/acsnano.0c03597
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), corroborando outros achados que mostraram que a descontaminação reduziu a qualidade do filtro após o uso do etanol a 70%(3838 Lin TH, Chen CC, Huang SH, Kuo CW, Lai CY, Lin WY. Filter quality of electret masks in filtering 14.6-594 nm aerosol particles: Effects of five decontamination methods. PloS One. 2017;12(10):e0186217. doi: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0186217
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). O etanol é um agente desinfetante de nível intermediário e tem ação sobre os vírus lipídicos como o SARS-CoV-2, entretanto, sua ação depende da fricção, o que pode explicar a degradação da eficiência de filtração. Ressalta-se ainda que, no desenho dos estudos que avaliaram os métodos químicos para descontaminação das MRF, não se levou em consideração o conhecimento prévio sobre os métodos de reprocessamento. É presumível que a exposição de um filtro como o presente na MRF seja alterada ao se utilizarem produtos líquidos para descontaminação como o etanol e o cloro.

Ao analisarmos os métodos para descontaminação das MRF não encontramos evidências suficientes que sustentem o seu reprocessamento. Destacamos ainda que, no Brasil, qualquer artigo a ser reprocessado deve possuir um protocolo de validação segundo a Resolução da Diretoria Colegiada RDC 2606 de 11 de agosto de 2006, que prevê como fases de reprocessamento a limpeza, enxágue, secagem, empacotamento, desinfecção/esterilização, rotulagem e acondicionamento(6161 Ministério da Saúde (BR). Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RE nº 2.606, de 11 de agosto de 2006. Dispõe sobre as diretrizes para elaboração, validação e implantação de protocolos de reprocessamento de produtos médicos e dá outras providências. [Internet]. Diário Oficial da União, 14 Ago. 2006 [cited 2021 Jan 17]. Available from: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2006/res2606_11_08_2006.html
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).

No caso das MRFs, a limpeza e o enxágue não foram realizados nos estudos analisados, provavelmente pelo risco de danificar o filtro. Ressaltamos ainda que um artigo para ser passível de reprocessamento deve manter suas características, devendo-se avaliar sua eficiência e características físicas. O protocolo de reprocessamento deve ainda ser elaborado para cada marca e em cada uma das instituições de saúde, considerando as diferentes condições dos equipamentos utilizados para os procedimentos de limpeza/desinfecção/esterilização.

Outro fator a ser discutido é a grande dificuldade para a definição da descontaminação das máscaras N95, pois a determinação da carga microbiana nos diferentes cenários clínicos e atividades é um fator limitante.

Quanto ao reuso da MRF, do total dos estudos identificados apenas sete (21,8%) abordaram este tópico. Uma pesquisa(5757 Brady TM, Strauch AL, Almaguer CM, Niezgoda G, Shaffer RE, Yorio PL, et al. Transfer of bacteriophage MS2 and fluorescein from N95 filtering facepiece respirators to hands: measuring fomite potential. J Occup Environ Hyg. 2017;14(11):898-906. doi: https://doi.org/10.1080/15459624.2017.1346799
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) mostrou a transferência de microrganismos das MRFs para as mãos dos usuários durante o seu manuseio e reutilização.

O profissional de saúde não deve entrar em contato com a superfície externa da MRF por ser considerada contaminada. Além disso, para evitar a contaminação recomenda-se atenção especial na sequência e técnica adequadas para a remoção da máscara após o seu uso, segurando-a pelas tiras que estão colocadas na parte de trás da cabeça(1414 Coulliette AD, Perry KA, Edwards JR, Noble-Wang JA. Persistence of the 2009 pandemic influenza A (H1N1) virus on N95 respirators. Appl Environ Microbiol. 2013 Apr;79(7):2148-55. doi: http://doi.org/10.1128/AEM.03850-12
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).

Para o reuso da MRF, o profissional de saúde deve inspecioná-la quanto à sua integridade, incluindo as tiras e o clipe nasal que podem apresentar alterações na sua estrutura que afetam a qualidade do ajuste e a vedação. Ademais, deve realizar o teste de ajuste imediatamente após a colocação da MRF para verificar adequada vedação na face do usuário de modo que impeça escape de ar. Para tal, em geral este teste é realizado colocando-se as duas mãos sobre a superfície da máscara. A inspeção, colocação e remoção da máscara após o uso implicam em sua manipulação, aumentando a chance de autocontaminação.

O vírus da influenza A manteve a infectividade nas superfícies da máscara cirúrgica e da MRF por pelo menos oito horas(5353 Sakaguchi H, Wada K, Kajioka J, Watanabe M, Nakano R, Hirose T, et al. Maintenance of influenza virus infectivity on the surfaces of personal protective equipment and clothing used in healthcare settings. Environ Health Prev. 2010;15(6):344-9. doi: https://dx.doi.org/10.1007%2Fs12199-010-0149-y
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). Assim, para evitar a contaminação recomenda-se atenção especial na sequência e técnica adequadas para a remoção da máscara após o seu uso(1414 Coulliette AD, Perry KA, Edwards JR, Noble-Wang JA. Persistence of the 2009 pandemic influenza A (H1N1) virus on N95 respirators. Appl Environ Microbiol. 2013 Apr;79(7):2148-55. doi: http://doi.org/10.1128/AEM.03850-12
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).

A higienização das mãos antes e após a paramentação e desparamentação dos EPIs e durante a assistência para limitar a contaminação dos ambientes de atenção à saúde merece destaque. Em relação ao SARS-CoV-2, estudo mostrou que o tempo de sobrevivência na pele humana é de aproximadamente nove horas e aumenta o risco de transmissão viral da pele para outras superfícies. Por outro lado, o SARS-CoV-2 foi completamente inativado em 15 segundos de exposição a 80% (p/p) de etanol(6262 Hirose R, Ikegaya H, Naito Y, Watanabe N, Yoshida T, Bandou R, et al. Survival of SARS-CoV-2 and influenza virus on the human skin: Importance of hand hygiene in COVID-19. Clin Infect Dis. 2020. doi: https://doi.org/10.1093/cid/ciaa1517
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).

Nesta mesma direção, estudo sobre a infectividade do vírus influenza em EPI identificou que o mesmo permaneceu ativo na superfície da MRF por pelo menos 8 horas, mostrando que o descarte dos EPI para evitar infecções cruzadas é uma prática importante. Os pesquisadores apontam que o reuso de EPIs pode ser responsável pela transmissão cruzada do vírus influenza e, portanto, recomenda-se descarte da máscara quando estiver suja com sangue e secreções respiratórias, imediatamente após o uso(5757 Brady TM, Strauch AL, Almaguer CM, Niezgoda G, Shaffer RE, Yorio PL, et al. Transfer of bacteriophage MS2 and fluorescein from N95 filtering facepiece respirators to hands: measuring fomite potential. J Occup Environ Hyg. 2017;14(11):898-906. doi: https://doi.org/10.1080/15459624.2017.1346799
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) e substituição frequente dos EPIs para cada paciente como uma medida preventiva(5353 Sakaguchi H, Wada K, Kajioka J, Watanabe M, Nakano R, Hirose T, et al. Maintenance of influenza virus infectivity on the surfaces of personal protective equipment and clothing used in healthcare settings. Environ Health Prev. 2010;15(6):344-9. doi: https://dx.doi.org/10.1007%2Fs12199-010-0149-y
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).

Outro aspecto relacionado ao uso prolongado das MRFs contaminadas refere-se ao risco de transmissão aérea de partículas contendo vírus, ou seja, se as mesmas podem servir como uma fonte potencial de riscos de exposição devido à reaerossolização. Pesquisa mostrou que apenas uma pequena porcentagem (≤0,21%) de vírus viáveis foi reaerossolizada a partir das MRF testadas pelo fluxo de ar reverso gerado por uma tosse simulada. Os vírus aplicados como aerossóis foram muito mais susceptíveis para reaerossolização do que vírus contaminados com gotículas. Desta forma, os autores apontam que a ameaça potencial da reaerossolização, associada ao uso prolongado da máscara N95, da maioria dos vírus respiratórios parece insignificante e improvável para profissionais de saúde e pacientes e que há a necessidade de estudos à medida que surgem novos patógenos respiratórios(5656 Fisher EM, Richardson AW, Harpest SD, Hofacre KC, Shaffer RE. Reaerosolization of MS2 bacteriophage from an N95 filtering facepiece respirator by simulated coughing. Ann Occup Hyg. 2012;56(3):315-25. doi: https://doi.org/10.1093/annhyg/mer101
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).

Em relação às investigações que analisaram o potencial de contaminação das MRFs por patógenos e sua transmissão por contato e possibilidade de reaerossolização, todos os estudos foram conduzidos em laboratório e até o momento nenhum deles estudou a permanência e infectividade do SARS-CoV-2.

Outra preocupação com o reuso da máscara N95 refere-se aos danos que as múltiplas colocações e retiradas causam nos seus componentes (tais como as tiras para a cabeça, acessórios para as tiras, pontes ajustáveis do nariz, etc.), que com o tempo podem prejudicar o ajuste na face do usuário e a vedação adequada(5555 Bergman MS, Viscusi DJ, Zhuang Z, Palmiero AJ, Powell JB, Shaffer RE. Impact of multiple consecutive donnings on filtering facepiece respirator fit. Am J Infect Control. 2012;40(4):375-80. doi: https://doi.org/10.1016/j.ajic.2011.05.003
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).

A vedação adequada da MRF na face do usuário é fundamental para que a mesma mantenha proteção e conforto adequados. Um estudo mostrou declínio progressivo nas cargas geradas nas tiras superior e inferior dos três modelos analisados de MRFs, testados ao longo de várias simulações de colocação e retirada. O maior decréscimo nas cargas ocorreu dentro dos primeiros 15 minutos de estresse, independentemente do modelo da máscara, e a magnitude do declínio de carga dependia do modelo da máscara para as tiras superiores e inferiores(5454 Roberge R, Niezgoda G, Benson S. Analysis of forces generated by N95 filtering facepiece respirator tethering devices: A pilot study. J Occup Environ Hyg. 2012;9(8):517-23. doi: https://doi.org/10.1080/15459624.2012.695962
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).

Pesquisa mostrou que múltiplas colocações e retiradas da MRF têm impacto no ajuste em seis tipos de máscaras analisadas e foi associado ao modelo da máscara. Os dados mostraram que cinco colocações consecutivas podem ser realizadas antes de apresentar falha (FF <100)(5555 Bergman MS, Viscusi DJ, Zhuang Z, Palmiero AJ, Powell JB, Shaffer RE. Impact of multiple consecutive donnings on filtering facepiece respirator fit. Am J Infect Control. 2012;40(4):375-80. doi: https://doi.org/10.1016/j.ajic.2011.05.003
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).

Estudo avaliou os danos impostos às máscaras com filtro ao longo do tempo de uso e estimou seu período de validade na prática clínica, mostrando que a partir do quinto dia todas as máscaras apresentavam sujidades, enquanto dobraduras foram observadas em mais de 80% delas(5252 Duarte LRP, Miola CE, Cavalcante NJF, Bammann RH. Maintenance status of N95 respirator masks after use in a health care setting. Rev Esc Enferm USP. 2010;44(4):1011-6. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342010000400022
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). Manchas internas e dobras foram mais frequentes após turnos de 12 horas do que plantões de seis horas. E, ainda, identificou que 16,17% das máscaras estavam extraviadas no quinto dia e 38.93% após o 30º dia de uso, mostrando que o uso da MRF deveria ser exclusivo para uso em um plantão de no máximo 12 horas de trabalho ou, se for realmente necessária sua reutilização, que seja respeitado o prazo de validade de cinco dias.

Dada a limitação das evidências encontradas mais pesquisas são necessárias para se estabelecer o tempo do reuso das MRFs, especialmente em ambientes reais de trabalho.

Idealmente, MRFs devem ser descartadas após cada encontro com o paciente e após procedimentos geradores de aerossol, quando danificadas ou deformadas, quando não formam mais uma vedação eficaz no rosto, quando ficam molhadas ou visivelmente sujas, quando a respiração se torna difícil, assim como quando se tornam contaminadas com sangue, secreções respiratórias ou nasais, ou outros fluidos corporais(1414 Coulliette AD, Perry KA, Edwards JR, Noble-Wang JA. Persistence of the 2009 pandemic influenza A (H1N1) virus on N95 respirators. Appl Environ Microbiol. 2013 Apr;79(7):2148-55. doi: http://doi.org/10.1128/AEM.03850-12
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).

Para o reuso das MRFs, destaca-se ainda a necessidade de as instituições de saúde proporcionarem local adequado para o seu armazenamento, evitando a sua contaminação.

Outro aspecto identificado nesta pesquisa refere-se à usabilidade da MRF, que é importante porque o desconforto durante o uso pode afetar a conformidade. Assim, estudo que avaliou as propriedades físicas e a usabilidade de diferentes marcas de MRFs identificou que as produzidas com nanofibra demonstraram maior usabilidade do que outros materiais em termos de calor facial, respirabilidade, pressão facial, inteligibilidade da fala, coceira, dificuldade em manter a máscara no lugar e nível de conforto. As MRFs em nanofibra também eram mais finas e leves e apresentaram uma eficiência de filtração bacteriana um pouco maior do que as outras máscaras avaliadas(5858 Suen LKP, Guo YP, Ho SSK, Au-Yeung CH, Lam SC. Comparing mask fit and usability of traditional and nanofibre N95 filtering facepiece respirators before and after nursing procedures. J Hosp Infect. 2020;104(3):336-43. doi: https://doi.org/10.1016/j.jhin.2019.09.014
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).

Os estudos analisados permitem que algumas recomendações sejam listadas, como: 1) a necessidade de capacitação dos profissionais de saúde que atuam na assistência a pacientes com doenças infecciosas, 2) a técnica adequada de paramentação e desparamentação das MRF, pois as mesmas podem ser fômites com potencial de transmissão de patógenos por contato, 3) medidas de prevenção, como as precauções-padrão com ênfase na higienização das mãos e medidas para limitar a contaminação dos ambientes de atenção à saúde, a fim de evitar a transmissão cruzada de microrganismos entre profissionais de saúde e pacientes e 4) o reuso não é indicado devido ao risco de autocontaminação e vedação inadequada.

Assim, à medida que surgem novos patógenos respiratórios (com níveis aumentados e/ou desconhecidos de virulência), há a necessidade de estudos que enfoquem a possibilidade de reaerossolização. Estudos futuros que avaliem os riscos do uso prolongado da máscara N95 devem considerar fatores como a carga microbiana, a estabilidade do organismo no ambiente, o desempenho dos controles de engenharia existentes e a duração da exposição.

E, ainda, há a necessidade de estudos com enfoque no aperfeiçoamento do design das máscaras que favoreçam a usabilidade das MRF.

Destacamos que mais pesquisas são necessárias para a obtenção de evidências especialmente em ambientes reais de trabalho para que o reuso e reprocessamento da MRF sejam ou não recomendados.

As evidências desta revisão são deveras oportunas ao momento de pandemia da COVID-19 que o mundo enfrenta. Refletir e aplicar conhecimentos acerca de reuso e reprocessamento da MRF podem contribuir e enriquecer as decisões de autoridades sanitárias. A segurança no trabalho dos profissionais de saúde é fundamental, frente a um patógeno com elevada transmissibilidade, como o SARS-CoV-2. A adesão às precauções, com destaque para higienização das mãos, uso correto dos EPIs, seja na paramentação e desparamentação, deve se seguida rigorosamente.

Ao considerar as contribuições deste estudo, algumas limitações devem ser listadas, como a circunstância de os estudos não utilizarem MRFs usadas na prática clínica, de nenhum dos estudos ter realizado os passos necessários para a validação do reprocessamento, como assim também o fato de nenhum dos estudos ter utilizado máscaras contaminadas nos serviços de saúde com o vírus SARS-CoV-2. Também pontuamos que, apesar de termos avaliado o nível de evidência dos artigos, não realizamos a avaliação da qualidade metodológica dos estudos incluídos na revisão.

Conclusão

Não foram encontradas evidências que sustentem o reprocessamento seguro de MRFs. Os métodos químicos estudados não devem ser utilizados, pois comprometem a integridade das mesmas. O vapor de peróxido de hidrogênio foi listado como um método efetivo para descontaminar as máscaras e causar menos danos físicos às mesmas. No entanto, ressaltamos que nenhum estudo realizou todos os passos necessários para a validação do reprocessamento. O reuso é contraindicado, no entanto as instituições de saúde realizam tal prática em situações de escassez da MRF. Estudos apontam que a paramentação adequada e higienização das mãos antes e depois da retirada da máscara, bem como armazenamento adequado podem evitar a contaminação da máscara. Além disso, em até cinco reusos a integridade da máscara pode estar preservada.

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Editado por

Editora Associada: Maria Lúcia Zanetti

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    29 Out 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    17 Jan 2021
  • Aceito
    04 Jul 2021
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