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EDITORIAL

Aos nossos leitores

A política editorial do Cedes para a Revista Educação & Sociedade, que tem sido construída ao longo de sua trajetória, vem alcançando maior explicitação nestes últimos anos, marcada pelas mudanças que ora apresentamos.

A introdução de um número especial-temático tornou a revista quadrimestral, desde 1995, com o nº 53 ("Educação e democracia: Limites impostos pelo autoritarismo social"). Os temas tratados – "Teorias críticas e liberalismo: Contrastes e confrontos" (nº 57, 1996), "Tecnologia, trabalho e educação" (nº 61, 1997), "Competência, qualificação e trabalho" (nº 64, 1998), "Formação de profissionais da educação: Políticas e tendências" (nº 68, 1999) e "Vigotski – O manuscrito de 1929: Temas sobre a constituição cultural do homem" (nº 71, 2000) – dão visibilidade aos objetivos desta política, que permite não só retomar, introduzir e aprofundar temas contemporâneos da educação, na sua relação com a sociedade, bem como a difusão dos conhecimentos resultantes de pesquisas que vêm sendo produzidas no campo educacional, no Brasil e no exterior.

A inclusão de dossiês, resultante dessa política editorial, teve origem no nº 63 de 1998, que aborda a temática "Universidade em tempos difíceis". Desde então, foram privilegiados os temas "Ensino médio" (nº 70, 2000), "Políticas curriculares e decisões epistemológicas" (nº 73, 2000) e "Os saberes dos docentes e sua formação", que apresentamos neste número.

Temos planejado anualmente a Revista, de forma atenta, com um número especial-temático, dois dossiês e um número plural. Desse modo, Educação & Sociedade pretende estar melhor cumprindo seu papel na constituição e fortalecimento do campo do conhecimento da educação. Anunciam-se ainda mudanças em curso no Comitê de Redação, conselhos editoriais Nacional e Internacional, Colaboradores Permanentes e Pareceristas ad hoc.

Essa política editorial é implantada no momento em que o Cedes, com o nº 57 (especial de 1996), assume diretamente a produção de suas publicações, o que implica em redução significativa dos custos editoriais da Revista, garantindo-lhe maior autonomia e controle sobre todas as etapas de sua publicação, além de permitir melhorias na qualidade final, em termos gráficos, de layout e de conteúdo. Continuamos, contudo, terceirizando as etapas de produção e impressão das revistas e cuidando atentamente da manutenção de sua periodicidade e da rede de distribuição e marketing. Para isso, implantamos políticas e desenvolvemos estratégias para estes setores, que têm se pautado por diversas formas de atuação: distribuir as publicações por redes de livrarias e de distribuidores editoriais, comerciais e universitários (sócios da Abeu); divulgar as revistas, organizando stands em eventos mais importantes do campo educacional; lançar as edições em seminários e mesas-redondas promovidos pelo Cedes, com apoio de instituições acadêmicas, como ocorreu com os lançamentos do nº 68 e recentemente do nº 73.

A inclusão de nossas publicações no Programa SciELO de revistas eletrônicas (Fapesp) – colocando-as entre as selecionadas para serem disponibilizadas nesta biblioteca virtual, desde a primeira fase de funcionamento pleno do projeto – veio ao encontro de nossos objetivos, pela afinidade de nossos propósitos com o Programa. Assim, merece ser destacado o fato de possibilitar à comunidade acadêmica o acesso imediato às melhores e mais atuais publicações científicas brasileiras, facilitando, sem dúvida, o intercâmbio, a colaboração e a polêmica de que depende o avanço do conhecimento. Outro aspecto relevante é que, ao franquear o acesso a um "produto" anteriormente acessível apenas pela compra ou assinatura do periódico, o projeto acentua o caráter de "bem público" da produção científica. No entanto, não há dúvida de que as respostas aos desafios representados pela audácia desse projeto dependem do modo como eles serão enfrentados e apropriados pelas comunidades científica e acadêmica e pelos organismos nacionais que as fomentam.

A partir de 1999, graças à autonomia editorial, pudemos implantar a elevação progressiva do número de páginas da Revista, possibilitando um aumento significativo do espaço para divulgação de conhecimentos. Dessa forma, o número médio de páginas foi crescendo: 180 em 1998, 222 em 1999, 280 em 2000 e 304 em 2001. Este crescimento foi acompanhado de diversas alterações, ainda em curso, referentes à estética e ao planejamento gráfico da Revista: as mudanças no layout referem-se às capas das edições, com inclusão de "orelhas", e as futuras alterações na diagramação terão sempre como objetivo tornar a leitura da Educação & Sociedade mais dinâmica e agradável.

Pausa para uma homenagem

No momento do fechamento deste número, chegou-nos a notícia da morte do Professor Casemiro dos Reis Filho, ocorrida em Campinas, no dia 24 de fevereiro de 2001.

Lamentamos profundamente a irreparável perda do mestre, amigo e colaborador, com o qual tivemos a honra e a alegria de conviver por mais de vinte anos. É importante que seja lembrada a sua presença na fundação do Cedes e no lançamento da Educação & Sociedade, de cujo Conselho Editorial foi membro.

A diretoria do Cedes deseja, neste momento, em seu próprio nome e em nome dos Comitês de Redação (Revista Educação & Sociedade e Cadernos Cedes), registrar o reconhecimento da importância do seu trabalho intelectual – sempre desenvolvido de forma crítica, inovadora e pioneira –, que contribuiu de forma expressiva para a formulação e a construção de novas bases para a pesquisa historiográfica sobre a educação brasileira.

Sua vida pública foi marcada pela integridade intelectual e política, pela coragem e pela coerência com que se dedicou a ser um educador, inicialmente professor do ensino secundário e depois docente em universidades: Unesp, PUC/SP e Unicamp. Ao assumir cargos administrativos (vice-reitor acadêmico e vice-reitor administrativo na PUC/SP) manteve-se fiel a seus princípios, agindo de acordo com as idéias que sempre defendeu. Estas qualidades, aliadas à sua militância política, tornaram-no, ao lado de inúmeros outros professores universitários que resistiram e enfrentaram a nova ordem que se impunha em 1964, alvo de perseguições políticas que culminaram com sua demissão da Unesp (São José do Rio Preto) e sua prisão por 29 dias.

Sua atuação em defesa da democracia e da escola pública brasileiras e sua luta pela construção de um Brasil mais humano não podem ser esquecidas. Acreditamos que a maior homenagem que lhe podemos prestar, a mais digna dele, é manter viva sua obra. Em um de seus próximos números, a Revista publicará um texto sobre o Professor Casemiro, que pretendemos seja deflagrador desta recuperação de sua trajetória e de sua produção acadêmica.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    04 Dez 2001
  • Data do Fascículo
    2001
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