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Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, Volume: 42, Número: 2, Publicado: 2006
  • Nossa capa

  • A importância do sistema de informática na administração financeira em laboratórios clínicos Editorial

    Alves, Sérgio Luiz; Ogushi, Quicuco
  • Avaliação da anticoagulação natural em pacientes com diabetes mellitus tipo 2 Medicina Laboratorial

    Soares, Anna Letícia; Lasmar, Marcelo Carvalho; Garcia, Micheline Lopes; Novelli, Bethânia Alves; Lages, Geralda de Fátima Guerra; Dusse, Luci Maria Sant'Ana; Vieira, Lauro Mello; Fernandes, Ana Paula Salles Moura; Sousa, Marinez de Oliveira; Carvalho, Maria das Graças

    Resumo em Português:

    INTRODUÇÃO: Alterações no mecanismo hemostático têm sido associadas ao desenvolvimento de complicações vasculares em indivíduos com diabetes mellitus tipo 2 (DM2). A eficiência dos mecanismos da anticoagulação natural mediados pelas proteínas C (PC) e S (PS), bem como pela antitrombina (AT), depende da integridade da célula endotelial. Sendo assim, a avaliação dos níveis plasmáticos dessas proteínas poderia fornecer importantes informações acerca da anticoagulação natural que se contrapõe ao estado de hipercoagulabilidade no diabetes. OBJETIVO: O presente estudo teve como objetivo a determinação dos níveis de AT, PC e PS e dos co-fatores fator V (FV) e fator VIII (FVIII) em indivíduos com e sem DM2 e hipertensão arterial sistêmica (HAS). MATERIAL E MÉTODOS: Indivíduos hígidos (controles, n = 16), pacientes com DM2 (n = 7), com hipertensão (HAS, n = 12) e com DM2 associado à HAS (DM2 + HAS, n = 18) foram incluídos neste estudo para avaliação da anticoagulação natural. RESULTADOS: Para os níveis de AT o grupo HAS apresentou níveis aumentados em relação ao controle. O grupo DM2 + HAS apresentou níveis aumentados de PC. Para a PS não foi encontrada diferença significativa entre os grupos. O aumento do FV ocorreu apenas no grupo DM2 + HAS; já para o FVIII não foi encontrada diferença significativa entre os grupos. CONCLUSÕES: O aumento da AT é ainda pouco conhecido no meio científico; outros estudos já observaram aumento de PC em pacientes com DM2 e normoalbuminúria, entretanto o mecanismo permanece desconhecido. O aumento de FV observado no grupo DM2 + HAS e não no grupo DM2 pode acontecer em decorrência da HAS. Como o FVIII é uma proteína de fase aguda, a ausência de diferença significativa entre os grupos indica que os indivíduos avaliados não apresentavam processos inflamatórios importantes.

    Resumo em Inglês:

    BACKGROUND: Hemostatic abnormalities have been associated with vascular complications in patients with type 2 diabetes (DM2). Efficiency of the natural anticoagulation mechanism mediated by proteins C (PC), S (PS) and antithrombin (AT) depends on intact endothelial cells, so the evaluation of these proteins may contribute to a better understanding of the natural anticoagulation status, considering that they inhibit the state of hypercoagulability. OBJECTIVES: The aim of this study was to measure AT, PC and PS levels and the cofactors, factors V (FV) and VIII (FVIII), in subjects with and without DM2 and hypertension (HAS). MATERIAL AND METHOD: 16 healthy subjects (controls), seven patients with DM2, 12 with hypertension (HAS) and 18 with DM2 associated to HAS (DM2 + HAS) were included in this study for natural anticoagulation evaluation. RESULTS: HAS group showed increased levels of AT compared with controls. DM2 + HAS group showed increased levels of PC. For PS and FVIII, no difference was observed among groups. Nevertheless, the increase of FV was observed in DM2 + HAS group, while DM2 group did not show increase. CONCLUSION: AT increase is not yet well known for all conditions. Previous studies have already described PC increase in normoalbuminuric patients with DM2, however its cause is also unknown. FV increase observed in DM2 + HAS group suggests that HAS should contribute to this increase. As FVIII is an acute phase protein the data for FVIII may indicate that assessed subjects had no important inflammatory condition.
  • Diagnóstico laboratorial das leucemias mielóides agudas Medicina Laboratorial

    Silva, Graziele C. da; Pilger, Diogo A.; Castro, Simone M. de; Wagner, Sandrine C.

    Resumo em Português:

    As leucemias agudas caracterizam-se pela proliferação clonal e pelo bloqueio maturativo das células hematopoéticas, com substituição difusa da medula óssea por células neoplásicas. A leucemia mielóide aguda (LMA) é um grupo heterogêneo de doenças clonais do tecido hematopoético, que acomete predominantemente idosos acima de 60 anos de idade. A LMA apresenta oito subtipos distintos morfologicamente: LMA M0 a M7. Os métodos diagnósticos para identificação da LMA e classificação dos subtipos são baseados em critérios morfológicos, citoquímicos e de imunofenotipagem, acrescidos de análise genética. Além de ser importante para a diferenciação do tipo da linhagem da leucemia, se mielóide (LMA) ou linfóide (LLA), o diagnóstico é também de grande importância para identificar a leucemia bifenotípica aguda (BAL). O objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão bibliográfica sobre LMA, dando ênfase aos métodos laboratoriais utilizados para a sua identificação e diferenciação.

    Resumo em Inglês:

    The acute leukemias are characterized by the clonal proliferation and maturative blockage of hematopoietic cells, with diffuse substitution of the bone marrow by neoplasic cells. The acute myeloid leukemia (AML) is a heterogeneous group of clonal disease in the hematopoietic tissue and predominantly affects people older than 60. The AML has eight morphologically different subtypes: AML M0 to M7. The diagnostic methods for identification of AML and subtypes classification are based on morphological, cytochemical and immunophenotyping patterns, besides genetic and molecular analyses. The diagnosis of leukemia is important to the lineage differentiation in AML or ALL and also for the identification of biphenotypic acute leukemia (BAL). The aim of this study was to perform a bibliographic review of AML, giving emphasis on laboratory methods useful for its identification and differentiation.
  • Comparação de bulas de duas marcas de tiras reagentes utilizadas no exame químico de urina Medicina Laboratorial

    Colombeli, Adriana Scotti da Silva; Falkenberg, Miriam

    Resumo em Português:

    INTRODUÇÃO: O exame de urina proporciona informações sobre patologias renais e do trato urinário, bem como algumas moléstias extra-renais. Usualmente o exame químico de urina é feito com tiras reagentes, objetivando tornar a determinação mais rápida, simples e econômica. OBJETIVOS: Comparar bulas de duas marcas de tiras amplamente utilizadas em laboratórios de urinálise (Roche Combur10 Test® UX e Bayer Multistix® 10 SG). MATERIAL E MÉTODO: Compararam-se as bulas quanto aos princípios utilizados nas determinações de pH, proteínas, glicose, cetonas, hemoglobina, bilirrubina, urobilinogênio, nitrito, densidade e leucócitos, além das informações sobre possíveis interferências. RESULTADOS: Foram verificadas diferenças nos reagentes utilizados para detecção dos parâmetros, como é o caso do urobilinogênio (a tira Multistix usa o reagente de Ehrlich, menos específico e mais propenso a interferências analíticas que o sal de diazônio derivado de metoxibenzeno, utilizado na tira Roche); para nitrito, proteína, glicose, bilirrubina e hemoglobina as diferenças foram mais sutis. DISCUSSÃO: Detectou-se diversidade de informações quanto a possíveis interferentes, o que talvez possa ser justificado parcialmente pelas diferenças nos reagentes. Também foram verificadas diferenças nas informações sobre interferências de um idioma para outro, destacando-se a omissão de algumas delas na bula em português. Observou-se grande disparidade na avaliação da intensidade da reação e sua expressão em cruzes, como, por exemplo, no parâmetro glicose, o que pode levar a erros na interpretação do laudo laboratorial. CONCLUSÃO: As observações registradas reforçam a importância de padronizações no exame parcial de urina.

    Resumo em Inglês:

    BACKGROUND: The urinalysis provides information about renal and urinary diseases, as well as about some extra renal diseases. The chemical examination of urine is done with reagent strips, which allows a quick, simple and economic analyze. OBJECTIVES: To compare drug labelings of two marks of reagent strips in urinalysis (Roche Combur10 Test® UX and Bayer Multistix® 10 SG). MATERIAL AND METHOD: The principles of pH, protein, glucose, ketone bodies, hemoglobin, bilirubin, urobilinogen, nitrite, specific gravity and leukocytes determinations, as well as the information about possible interferences were compared. RESULTS: There were differences in the detection’s reagents of some parameters, like urobilinogen (The Ehrlich’s reagent present in Multistix is less specific and more propense to analytical interferences than diazonium salt derived of methoxybenzene, used by Roche strip); the differences in the reagents used for nitrite, protein, glucose, bilirubin and hemoglobin determinations were relatively subtle. DISCUSSION: There was diversity of information about the potential interferences, which could be justified (at least partially) by differences in the reagents. Differences in the information about interferences had been detected between Spanish and Portuguese versions in the same product labeling, like the omission of some interferences in the product labeling in Portuguese. Great disparity in the reaction’s intensity and its expression in crosses were observed (e.g. for glucose), and it could lead to misunderstanding in the interpretation of laboratorial findings. CONCLUSION: These data reinforce the importance of standardizations in the urinalysis.
  • Sistema de informação como ferramenta de cálculo e gestão de custos em laboratórios de análises clínicas Medicina Laboratorial

    Mugnol, Katia Cristina Ugolini; Ferraz, Marcos Bosi

    Resumo em Português:

    O laboratório clínico, munido de um sistema de informática que costumeiramente operacionaliza suas rotinas e atua como um importante arquivo de dados e informações, pode utilizar-se deste como uma ferramenta que seria de grande utilidade para o cálculo e a gestão do custo real dos exames e demais procedimentos que realiza. Os sistemas implementados no momento, entretanto, segundo os dados obtidos junto a nove laboratórios situados na cidade de São Paulo, são tidos por seus usuários como inadequados a esta finalidade. As opiniões a respeito foram as mesmas, independentemente do tempo em que o sistema encontra-se em operação, de sua procedência, do porte do laboratório, do tipo de atendimento que pratica, de sua situação econômico-financeira, de seu grau de automação, da formação profissional dos gestores e dos recursos que têm disponíveis.

    Resumo em Inglês:

    The computer system generally used in clinical laboratories in the acomplishment of their routines, as an important archive of data and information, can also be used as a tool that would be of great utility for the assessment and the management of the real cost of exams and other procedures. The systems implemented at the moment, however, according to nine laboratories of the city of São Paulo, are considered by its users as inadequate to this purpose. The opinions were the same independently of the system operation time, its origin, type of attendance, economic situation, degree of automation, professional formation of managers or of available resources.
  • Metalo-beta-lactamases Medicina Laboratorial

    Mendes, Rodrigo Elisandro; Castanheira, Mariana; Pignatari, Antonio Carlos Campos; Gales, Ana Cristina

    Resumo em Português:

    Nos últimos anos tem sido observada maior incidência de bacilos Gram-negativos resistentes a cefalosporinas de espectro ampliado no ambiente hospitalar, ocasionando, assim, maior uso de betalactâmicos mais potentes, como os carbapenens. A utilização de carbapenens exerce maior pressão seletiva sobre a microbiota hospitalar, o que pode ocasionar aumento da resistência a esses agentes. Entre os mecanismos de resistência a carbapenens mais comumente identificados estão a produção de betalactamases, como, por exemplo, as pertencentes à classe D de Ambler e as que pertencem à classe B de Ambler, ou metalo-beta-lactamases (MbetaL). Essas últimas hidrolisam todos betalactâmicos comercialmente disponíveis, sendo a única exceção o monobactam aztreonam. Desde o início da década de 1990, novos genes que codificam MbetaLs têm sido descritos em microrganismos clinicamente importantes, como Pseudomonas spp., Acinetobacter spp. e membros da família Enterobacteriaceae. O encontro desses microrganismos não-sensíveis a carbapenens pode ser submetido a metodologias fenotípicas para detecção da produção de MbetaL com o intuito de auxiliar a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) e prevenir a disseminação desses determinantes de resistência, uma vez que genes que codificam MbetaLs estão contidos em estruturas genéticas que propiciam sua mobilidade de forma muito efetiva, sendo então facilmente disseminados.

    Resumo em Inglês:

    Increase isolation of Gram-negative bacilli resistant to broad-spectrum cephalosporin has been observed during the last few years, thus determining the use of more potent beta-lactams, such as carbapenems. The use of these antimicrobial agents may lead to the emergence of carbapenem resistant Gram-negative bacilli in the nosocomial environment. Carbapenem resistance may be due to the production of Ambler class D beta-lactamase or Ambler class B beta-lactamase, also called metallo-beta-lactamase (MbetaL). Apart from the monobactam aztreonam, this class of enzyme virtually hydrolyze all the commercially available beta-lactams. Since 90s, several clinical important nosocomial microorganisms, including members of Enterobacteriaceae family, Pseudomonas spp. and Acinetobacter spp., have been found to produce MbetaLs enzymes. When these carbapenem non-susceptible strains are found, they may be submitted to phenotypic MbetaL detection test in the microbiology laboratory in order to help infection control practioners and prevent the MbetaL gene dissemination, once these genes are embedded in mobile genetic elements, which can spread rapidly to other Gram-negative species.
  • Esteato-hepatite relacionada ao vírus da hepatite C: perfil clínico-histológico Patologia

    Pereira, João Eduardo; Cotrim, Helma Pinchemel; Freitas, Luiz Antônio Rodrigues de; Paraná, Raymundo; Portugal, Marcelo; Lyra, Luiz Guilherme

    Resumo em Português:

    INTRODUÇÃO: Esteatose ocorre com freqüência na hepatite crônica pelo vírus C (HCV) e parece estar relacionada a fatores clínicos e/ou virológicos. Contudo, a presença de esteato-hepatite, uma condição indutora de fibrose, tem sido pouco estudada. OBJETIVO: Estudar a associação de HCV com esteato-hepatite em material de biópsia hepática, correlacionando-a com dados clínicos. MÉTODOS: As biópsias hepáticas de pacientes com HCV foram avaliadas quanto a atividade, estádio e presença de alterações morfológicas de esteato-hepatite. Os dados morfológicos foram correlacionados a parâmetros clínicos que incluíam: consumo alcoólico, IMC, colesterol, triglicérides, glicemia, exposição a petroquímicos e genótipo viral. RESULTADOS: Esteato-hepatite foi encontrada em 42 de 252 (16,6%) pacientes com HCV. Entre os 42 casos, critérios para obesidade, diabetes e dislipidemia foram encontrados em 16,7%; 16,7% e 21,4%, respectivamente. O genótipo 3 esteve presente em 38,1% dos casos. Fatores de risco para esteato-hepatite não-alcoólica (NASH) foram encontrados em 73% dos casos em genótipos diferentes do 3, enquanto tais fatores foram presentes em 37,5% dos casos com genótipo 3 (p = 0,05). O padrão morfológico mais freqüente foi a esteatose macrovacuolar de moderada intensidade (61,9%) com distribuição difusa (64,3%). Tanto o padrão de fibrose de NASH quanto o de HCV foram notados: fibrose perissinusoidal (87,8%), portal (87,8%), septal (69,0%) e cirrose (30,9%). CONCLUSÕES: Esteato-hepatite é freqüente em pacientes com HCV, apresentando padrão peculiar de distribuição da esteatose e alta freqüência de cirrose. Em genótipos diferentes do 3, a esteato-hepatite parece estar relacionada à sobreposição de fatores de risco para NASH.

    Resumo em Inglês:

    INTRODUCTION: Steatohepatitis and hepatitis C virus (HCV) have been related to several clinical and virological factors and fibrosis progression. OBJECTIVE: To describe clinical and morphological aspects of steatohepatitis associated to HCV. METHODS: The study included patients with HCV without treatment. Biopsies were evaluated by METAVIR score and steatohepatitis was evaluated according to criteria of Sociedade Brasileira de Patologia (SBP). Clinical parameters included alcoholic intake history and determination of risk factors for non-alcoholic steatohepatitis (NASH). RESULTS: Steatohepatitis was observed in 42 out of 252 patients (16.6%) with HCV, and 76.2% were male. Risk factors for NASH were present in 37.5% of the patients with genotype 3 and in 73% of the patients with other genotypes (p = 0.05). Obesity was present in 16.7%, diabetes in 16.7%, hyperlipidemia in 21.4%, and genotype 3 in 38.1%. Macrovacuolar steatosis presented mild intensity in 61.9% and was diffuse in 64.3%. Cirrhosis was present in 33.3% of the patients. CONCLUSIONS: Diffuse steatosis and ballooning of mild to moderate intensity characterized steatohepatitis related to HCV. Patients with genotype different from genotype 3 presented with known risk factors for NASH, whereas most of the patients with genotype 3 had only viral genotype as risk factor for steatosis. The frequency of cirrhosis was relevant and suggests that the association of steatohepatitis with HCV contribute to fibrosis progression.
  • Carcinoma medular do rim Patologia

    Salles, Paulo Guilherme de Oliveira; Miranda, Dairton; Seleiro, Arnaldo Jonas Pimentel; Castelo Branco, José Ribamar

    Resumo em Português:

    É relatado caso de paciente de 24 anos, portador de traço falciforme, com imagem sólida no rim direito, submetido a nefrectomia radical que revelou tumor, cujo exame anatomopatológico permitiu o diagnóstico de carcinoma medular do rim. Os autores discutem aspectos dessa neoplasia, tais como freqüência, patogênese, apresentação clínica, histopatologia e evolução.

    Resumo em Inglês:

    We report the case of a 24-year-old patient who presented a left kidney tumor that was diagnosed as a medullary renal cell carcinoma. The following aspects of this neoplasia are discussed in this communication: frequency, pathogenesis, clinical presentation, histopathological findings, differential diagnosis and follow-up.
  • Cirrose hepática e hemocromatose neonatal secundária associadas à tirosinemia tipo 1: relato de um caso e diagnóstico diferencial com hemocromatose primária hereditária Patologia

    Martins, Ana Paula Camargo; Pospissil, Maria Carolina; Figueroa, Maria Cristina; Rincon, Paloma; Werner, Betina; Serapião, Maria José; Noronha, Lúcia de

    Resumo em Português:

    Uma paciente de 4 meses de idade foi encaminhada ao hospital por aumento de volume abdominal, cianose e febre há dois meses. Ao exame, apresentou hepatoesplenomegalia. Com os resultados laboratoriais constatou-se anemia hipocrômica microcítica, leucocitose, plaquetopenia e provas de função hepática alteradas. Levantou-se a hipótese de erros inatos do metabolismo. A paciente evoluiu desfavoravelmente e foi a óbito. À necropsia o fígado apresentou-se cirrótico e com grande depósito de ferro no parênquima. O diagnóstico anatomopatológico foi hemocromatose hereditária, no entanto os resultados laboratoriais confirmaram tirosinemia tipo 1. Tanto a hemocromatose primária quanto a tirosinemia evoluem com cirrose hepática, sendo que a segunda pode ocasionalmente levar ao depósito de ferro do tipo hemocromatose secundária, o que dificulta muito a diferenciação entre elas com bases puramente anatomopatológicas, acarretando, assim, um diagnóstico errôneo de hemocromatose hereditária. Esse diagnóstico diferencial muitas vezes só é possível com os achados de rastreamento de erros inatos do metabolismo.

    Resumo em Inglês:

    A 4-month-old female patient was taken to hospital due to increase in abdominal volume, cyanosis and fever for two months. At examination, she presented hepatosplenomegaly. Laboratory tests revealed hypochromic anemia (due to iron deficiency), leucocytosis, low platelet count and altered hepatic functions. Innate metabolic error was suspected. Follow-up developed unfavorably and she died. At necropsy, the liver was cirrhotic, with large iron deposits in the parenchyma. Necropsy diagnosis was haemochromatosis, and laboratorial results confirmed type 1 tyrosinemia. Either primary haemochromatosis or tyrosinemia could cause hepatic cirrhosis. Tyrosinemia may also cause iron deposits in the liver parenchyma, similar to those observed in secondary haemochromatosis. Such facts can make differential diagnosis difficult between these and other conditions such as hereditary haemochromatosis. In fact, differential diagnosis is only achievable by using laboratorial tests for innate metabolic errors.
  • Investigação do valor da categoria diagnóstica de células epiteliais atípicas, de significado indeterminado, e origem indefinida da nomenclatura brasileira para laudos citopatológicos cervicais Patologia

    Pinto, Álvaro Piazzetta; Collaço, Luiz Martins; Maia, Luiz Roberto; Shiokawa, Lucas; Tavares, Thais Glace; Bezerra, Kelen; Gonçalves, Regina Fronza

    Resumo em Português:

    INTRODUÇÃO: Em 2002 a Nomenclatura Brasileira para Laudos de Citopatologia Cervical Uterina foi revisada, sendo criada uma categoria para atipias de significado indeterminado (ASI) e elaborada uma categoria de origem indefinida (ASIOI). Assim como as células atípicas de significado indeterminado de origem escamosa (ASCUS) e as células atípicas de significado indeterminado de origem glandular (AGUS), a categoria diagnóstica ASIOI é controversa. Apesar disso, nenhum estudo nacional anterior a este investigou sua validade. OBJETIVO: Este trabalho tem como objetivo principal investigar a importância da categoria ASIOI. Secundariamente, visa ainda contribuir com a divulgação da Nomenclatura Brasileira para Laudos de Citopatologia Cervical Uterina, através de sua publicação na íntegra. MATERIAIS E MÉTODOS: Este estudo resultou da colaboração de dois laboratórios privados de anatomia patológica e citopatologia. Os casos foram selecionados a partir de arquivos de exames citopatológicos, realizados entre 2000 e 2004, com diagnóstico de ASCUS ou AGUS e seguidos por exame histológico. Foram selecionados e revisados 30 casos, sendo identificados campos citológicos diagnósticos de ASIOI, ASCUS e AGUS. RESULTADOS: Dos 30 casos, 26 foram selecionados para o estudo após revisão citopatológica. Desses, 19 apresentavam apenas campos citológicos com diagnóstico de ASCUS e/ou AGUS, sendo utilizados como grupo-controle. Apenas sete casos continham campos compatíveis com ASIOI, dos quais 4 (57,1%) estavam associados a AGUS; 1 (14,3%) a ASCUS; 1 (14,3%) estava associado a ambos; e 1 (14,3%) não possuía alterações compatíveis com ASCUS e/ou AGUS. DISCUSSÃO: Os casos de ASIOI encontrados mostraram forte associação com a categoria AGUS e com alterações glandulares na histologia. A maior parte dessas correspondeu a alterações reacionais e benignas, exceto por um caso de displasia e um de adenocarcinoma in situ. O diagnóstico de ASIOI é um achado raro e uma cuidadosa revisão da lâmina, na maioria dos casos, resultará no encontro de campos de AGUS. Vale ainda salientar a forte associação desse diagnóstico com áreas de má fixação nos esfregaços. Novos estudos sobre o assunto serão necessários. Com base nos achados do presente estudo, sugerimos que a persistência desse termo deva ser questionada em futuras revisões da nomenclatura nacional para laudos citopatológicos.

    Resumo em Inglês:

    BACKGROUND: In 2002, the Brazilian Nomenclature for Reporting Cervical Cytological Diagnosis was revised. A category of atypical epithelial cells of undetermined significance (AUS) and another (sub-classification) of atypical epithelial cells of undetermined significance and undetermined origin (AUSUO) were introduced. Like atypical squamous cells of undetermined significance (ASCUS) and atypical glandular cells of undetermined significance (AGUS), the diagnostic category AUSUO is controversial. Despite controversies, no previous national study had investigated its importance. OBJECTIVES: This study has the main objective of investigate the importance of the diagnostic category AUSUO. Another purpose is to contribute to spread the Brazilian Nomenclature for Reporting Cervical Cytological Diagnosis, by publishing it entirely. MATERIALS AND METHODS: The study resulted from the contribution of two private pathology and cytopathology laboratories. Cases diagnosed as ASCUS or AGUS with follow-up were selected from archives of cytopathology exams, collected from the period between 2000 and 2004. In total, 30 cases were selected and revised, being identified cytological diagnostic fields of ASIOI, ASCUS and AGUS. RESULTS: After revision, from the 30 cases, 26 were selected for the study. Among these, 19 presented cytological fields with diagnosis of only ASCUS and/or AGUS and were used as a control group. Only seven cases contained fields compatible with AUSUO, 4 (57,1%) were associated with AGUS; 1 (14.3%) with ASCUS; 1 (14.3%) with both; and 1 (14.3%) had no alterations compatible with ASCUS and/or AGUS. CONCLUSIONS: The AUSUO cases showed a strong association with AGUS and glandular alterations in histology. Most of these cases corresponded to reactive and benign alterations, except for one case of endocervical dysplasia and one case of in situ adenocarcinoma. The AUSUO diagnosis is a rare finding, and after a careful revision of the pap smears, in the majority of the cases, fields of AGUS are found. It’s worthwhile to emphasize the strong association between this diagnosis and poor fixed areas in the pap smears. New studies will be necessary to confirm our findings. Based in this first approach to this issue, we suggest that the persistence of this term should be questioned in the forthcoming revisions of our national nomenclature for reporting cervical cytological diagnosis.
  • Imuno-histoquímica para identificação de células neoplásicas no infiltrado ativo de melanomas finos Patologia

    Salvio, Ana Gabriela; Marques, Mariângela Esther Alencar

    Resumo em Português:

    Melanomas finos freqüentemente apresentam infiltrado linfocitário ativo. Melonócitos pigmentados e melanófagos dispersos no infiltrado linfocitário ativo são difíceis de se distinguir nas colorações de rotina, em lâminas coradas pela hematoxilina eosina (HE). A presença de melanócitos na derme papilar caracteriza a lesão como Clark II exigindo medida de Breslow, o que justifica a importância de vencer essas limitações técnicas. Mesmo usando técnica de imuno-histoquímica com Melan-A e diamino benzidina (DAB) como cromógenos, essa distinção é ainda difícil. O pigmento marrom formado pelo cromógeno DAB não pode ser facilmente diferenciado dos grânulos marrons do pigmento de melanina. Nós introduzimos uma simples modificação na técnica, substituindo a contracoloração de hematoxilina pelo Giemsa. Com essa modificação, o pigmento de melanina foi corado em azul-esverdeado, contrastando com a coloração positiva pelo Melan-A dos melanócitos, que permaneceu marrom. Macrófagos negativos para Melan-A continham apenas grânulos grosseiros azul-esverdeados no citoplasma. Assim, fomos capazes de identificar com precisão células Melan-A positivas na derme papilar, determinando microinvasão (Clark II) em 31 (75,5%) dos 40 casos de melanomas in situ (Clark I) associados com infiltrado linfocitário ativo. A técnica apresentada permite, portanto, diferenciar macrófagos e melanócitos dispersos no infiltrado linfocitário associado a melanomas finos, permitindo detectar invasão inicial, evitando interpretação errônea do nível de Clark e da medida de Breslow.

    Resumo em Inglês:

    Thin melanomas are frequently associated with brisk lymphocytic infiltrate. Pigmented melanocytes are difficult to distinguish from melanophages, which are usually seen interspersed among lymphocytes on routine hematoxylin and eosin (HE) stained slides. As the presence of melanocytes in the papillary dermis characterizes the lesion as Clark II requiring the Breslow index, it is important to identify these cells properly and overcome such technical limitations. Even using immunohistochemistry staining for Melan-A and DAB as chromogens, this distinction is still difficult because the brown pigment formed by the chromogen DBA can not be easily differentiated from the brown melanin granules. We have introduced a simple modification on the technique, by replacing hematoxylin with Giemsa as counterstain. In this regard, the melanin pigment was decorated in green-blue while the Melan-A positive melanocytes were colored brown. Negatively stained melanophages contain only course green-blue granules of melanin in their cytoplasm. Thus, we were able to identify Melan-A positive cells in the papillary dermis accurately, determining microinvasion (Clark II) in 31 (77,5%) out of 40 in situ (Clark I) melanomas associated with brisk infiltrate. This technique is useful to distinguish melanophages and melanocytes interspersed among the lymphocytic infiltrate associated to thin melanomas, allowing detection of early invasion and avoiding Clark levels and Breslow index misinterpretation.
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