Resumo
Esta pesquisa objetiva analisar a compreensão de corpo e a maneira pela qual essa compreensão é transformada no campo da educação física, na França e no Brasil, de 1980 a 1990. Foram analisados 76 artigos da Revue Éducation Physique et Sportive e 74 da Revista Brasileira de Ciências do Esporte, com a técnica da análise de conteúdo. Interessou-nos tecer aproximações e divergências entre os dois países nesse período. A análise de conteúdo de ambas as revistas propicia horizontes de compreensão e de investigação sobre o conhecimento do corpo, a cientificidade e delineamentos de pesquisa na educação física. No período analisado, em ambos os periódicos, predomina a abordagem das ciências biomédicas associadas ao esporte de alto rendimento, embora encontremos elementos de crítica a essa visão.
PALAVRAS-CHAVE
Corpo; Epistemologia; Educação física; Análise de conteúdo
Abstract
This research aims to analyze the understanding of the body and the way that understanding is transformed in the field of Physical Education in France and Brazil, in the period of 1980 - 1990. We analyzed 76 articles of the Revue Education Physique et Sportive and 74 articles of the Revista Brasileira de Ciências do Esporte, using the technique of content analysis. Interested in weaving approaches and divergences between the two countries during this period. The content analysis of both Journals provides horizons of understanding and the research about the knowledge of the body, the scientific and research designs in Physical Education. In the period examined in both journals, the predominant approach of biomedical sciences associated with high performance sport, although we find the critical elements of this vision.
KEYWORDS
Body; Epistemology; Physical education; Content analysis
Resumen
Esta investigación tiene como objetivo analizar la comprensión del cuerpo y la forma en que la comprensión se transforma en el campo de la educación física, en Francia y en Brasil entre 1980 y 1990. Se analizaron 76 artículos de la Revue d'Education Physique et Sportive y 74 artículos de la Revista Brasileira de Ciências do Esporte mediante la técnica de análisis del contenido. Nos interesó encontrar aproximaciones y divergencias entre los dos países durante este período. Un análisis del contenido de las revistas ofreció horizontes de la comprensión y de investigación sobre el conocimiento del cuerpo, la ciencia y la investigación en educación física. En el período examinado de las revistas predomina el enfoque de las ciencias biomédicas relacionadas con el deporte de alto rendimiento a pesar de encontrarnos con los elementos de crítica a esta visión.
PALABRAS CLAVE
Cuerpo; Epistemología; Educación física; Análisis de contenido
Introdução
As relações entre o Brasil e a França do ponto de vista do conhecimento são bem delineadas em estudos no campo da história da educação física, como podemos notar nas obras de Soares (2005Soares CLA. Imagens da educação no corpo. 3ª. ed. São Paulo: Autores Associados; 2005., 2012)Soares CLA. Educação física: raízes europeias e Brasil. 3ª. ed. São Paulo: Autores Associados; 2012., Goellner (2003)Goellner SV. Bela, maternal e feminina: imagens da mulher na Revista Educação Physica. Ijuí: Unijuí, 2003., Gleyse e Soares (2008Gleyse J, Soares CL. Os manuais escolares franceses de educação física, de higiene e de moral seriam sexistas? (1880-2004). Educ Soc. 2008;29:137-56., 2012)Gleyse J, Soares C. Como se fabricam os anjos?: uma arqueologia do corpo nos manuais escolares de moral e de higiene na França, 1880-1974. Rev Bras Ciênc Esporte. 2012;34:805-24., entre outros. Porém, no campo da epistemologia, essas relações ainda merecem estudos, análises, aprofundamentos conceituais. Neste artigo, nos propomos a uma análise epistemológica no que diz respeito ao conhecimento do corpo. Tivemos como foco duas revistas que são referências acadêmicas em ambos os países, a saber: a Revue Éducation Physique et Sportive (EPS) e a Revista Brasileira de Ciências do Esporte (RBCE).
A EPS é uma publicação do Comité d'Études et d'Informations Pédagogiques de L'Éducation Physique et du Sport, da École Normale Supérieure, em Paris, cujo primeiro número data dos anos 1950. Desde sua criação, a revista tem desempenhado um papel de difusão científica para a formação permanente dos educadores. A RBCE é uma publicação do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte (CBCE), instituição científica do Brasil, e é publicada desde 1979.
O objetivo da pesquisa é analisar a compreensão de corpo e a maneira pela qual essa compreensão é transformada no campo da educação física, na França e no Brasil, de 1980 a 1990, considerando-se que nesse período há uma ênfase aos estudos da corporeidade em ambos os países. A pesquisa sobre a EPS foi feita no Centre d'Etudes de Documentation et de Recherches en Histoire de l'Éducation (CEDRHE), na Universidade de Montpellier, na França. A técnica de pesquisa proposta por Bardin (2011)Bardin L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70; 2011. permitiu a análise de conteúdo de 76 artigos publicados na revista de 1980 a 1990, com conteúdo pertinente aos estudos do corpo. A pesquisa sobre a RBCE foi feita por meio da versão digitalizada, editada em 2003 em comemoração aos 25 anos do CBCE. Analisamos também, por meio da técnica proposta por Bardin (2011)Bardin L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70; 2011., 74 artigos da RBCE publicados de 1980 a 1990 relacionados aos estudos do corpo e do movimento humano, no intuito de tecer aproximações e divergências entre os dois países nesse período.
Após a leitura das unidades de sentido corpo e epistemologia, operou-se a interpretação referencial da pesquisa. Nessa análise, considera-se importante destacar o aspecto da historicidade do conhecimento em Merleau-Ponty (2003)Merleau-Ponty M. L'Institution dans l'histoire personnelle et publique. Probléme de la passivité: le someil, l'inconscient, la memóire. Notes de Cours au Collège de France (1954-1955). Paris: Bellion; 2003. e a noção de Instituição.
Entendemos por instituição os acontecimentos de uma experiência que a dotam de dimensões duráveis, em relação às quais toda uma série de outras experiências terão sentido, formarão um conjunto a ser pensado ou uma história (Merleau-Ponty, 2003Merleau-Ponty M. L'Institution dans l'histoire personnelle et publique. Probléme de la passivité: le someil, l'inconscient, la memóire. Notes de Cours au Collège de France (1954-1955). Paris: Bellion; 2003., p. 124).
O conceito de instituição apresentado por Merleau-Ponty considera a historicidade do conhecimento, interroga a respeito do lugar dos acontecimentos no presente e a relação que mantém com o tempo. Nesse sentido, busca-se compreender a instituição de saberes sobre o corpo nas revistas EPS e RBCE.
A compreensão de corpo na EPS: França (1980-1990)
Os editoriais da EPS apresentam um enfoque claramente esportivo, embora o esporte seja compreendido em sua inserção em várias dimensões da vida e da sociedade, como o esporte olímpico, a saúde, a educação e a moral. As relações entre esporte e lazer são numerosas e particularmente valorizadas, notadamente por meio de uma visão funcionalista. O esporte apresenta-se como um aporte essencial para a cidadania, dada a redução do tempo de trabalho na sociedade francesa.
A ideia de uma educação moral feita pela educação física e pelo esporte é emblemática na EPS, particularmente em seus editoriais, ressaltam-se a qualidade higiênica de ambos e sua contribuição ao "aperfeiçoamento" pessoal e coletivo, como podemos observar em um dos editoriais analisados:
Herdeira de uma tradição humanista que remonta às fontes do mundo greco-romano, a educação física e esportiva é um elemento da cultura e se constitui, no sistema escolar, como um fator de abertura sobre si mesmo e sobre os outros, de aprendizagem das grandes regras sociais, de equilíbrio e de autonomia. Quanto às atividades físicas e esportivas, elas constituem uma prática social para aproximadamente metade dos franceses que podem encontrar nela uma melhor higiene de vida, um lazer ou o meio de aperfeiçoamento pessoal ou coletivo (EPS, 223, 1990, 3).
Podemos dizer também que o esporte, tal como aparece na EPS, no período analisado, tem como ênfase a descrição de técnicas e a competição de alto nível. Nesse contexto, predomina a abordagem científica das ciências naturais, em particular a fisiologia e a biomecânica. Porém, no material analisado encontramos artigos que têm o corpo como tema de reflexão, notadamente relacionados à dança, à expressão corporal, à educação rítmica, à psicomotricidade, à eutonia, à antiginástica. Notam-se também artigos sobre história, sociologia e antropologia do corpo e do esporte, assinados por autores como Georges Vigarello e Jean-Marie Brohm. Na tabela 1 podemos visualizar essas temáticas nas publicações da EPS no período analisado.
Uma das abordagens que aparecem como crítica ao modelo teórico do esporte e das ciências naturais e que merece uma análise atenta, até pela sua difusão não somente na França, mas em vários países, como o Brasil, refere-se à psicomotricidade e suas aplicações à educação física escolar. Em vários dos artigos analisados encontramos a descrição de experiências de professores com a educação psicomotora nas aulas de educação física, em particular no trabalho com crianças de até 11 anos. Os temas trabalhados no domínio psicomotor envolvem, principalmente, o esquema corporal, a organização espacial, o equilíbrio e a motricidade, entre outros.
Além dos artigos publicados por professores e médicos cujo enfoque é a abordagem psicomotora, a EPS publica, desde os anos 1960, artigos e entrevistas com Jean Le Boulch, aluno da Ensep (Escola Nacional Superior de Educação Física) em 1945-47. Desde o pós-guerra, torna-se conhecido pelo esforço de desenvolver uma educação física sobre bases científicas (EPS, 183, 1983). Em artigo publicado na EPS, em março de 1960, sobre os estudos da motricidade e a pedagogia do movimento, Le Boulch afirma que se faz necessário libertar-se do empirismo que dirige o ensino da educação física. Segundo ele, é necessário, assim como fez Montaigne, perguntar: "Que sais-je?"', ou seja, interrogar sobre o que sabemos no campo da educação física com o mesmo ceticismo que fazia Montaigne frente às ideias escolásticas. O autor não apresenta a compreensão de educação física como uma educação pelo corpo, mas uma educação do corpo. Essa educação corporal no contexto da educação geral deve ser subordinada aos fins fixados pelo sistema educativo.
Le Boulch (1983)Le Boulch J. Entretien avec Le Boulch, Revue Éducation Physique et Sportive, n. 183, École Normale Supérieure, Paris, 1983. afirma que a escolha do termo psicocinética lhe permite fazer uma demarcação ao mesmo tempo com a educação física e com a psicomotricidade.
Não se pode esquecer que a psicomotricidade nasceu sob o nome de "reeducação psicomotriz" nos serviços de neuropsiquiatria infantil, em particular a Salpêtrière. Ela tem, desde então, sobretudo na educação física, guardado essa marca de origem e quando falamos de psicomotricidade a identificamos com uma atividade que se dirige aos deficientes. As funções psicomotoras, confirmadas pelos últimos trabalhos de Luria, evoluem até o período da pré-pubertário, ou seja, até 12 e 14 anos. É a razão pela qual, em minha concepção de psicocinética, considero que a educação psicomotora é uma matéria central na formação da criança do maternal ao fim da escolaridade primária (Le Boulch, 1983Le Boulch J. Entretien avec Le Boulch, Revue Éducation Physique et Sportive, n. 183, École Normale Supérieure, Paris, 1983., p. 42).
O autor esclarece que após 20 anos no campo da educação física ele se conscientizou de que o contexto da educação física oficial não lhe permitiria desenvolver suas concepções e, sobretudo, aplicá-las ao contexto escolar. "A partir dessa data, deliberadamente, pratiquei a psicocinética" (Le Boulch, 1983Le Boulch J. Entretien avec Le Boulch, Revue Éducation Physique et Sportive, n. 183, École Normale Supérieure, Paris, 1983., p. 42). Refere-se ao contexto das instruções oficiais na França nesse período, cujo enfoque preconizava o esporte, não havia espaço para sua pesquisa de uma teoria geral do movimento que teve seus prolongamentos em diversos domínios: escolarização, prática esportiva, mundo do trabalho, lazer, reeducação, cinesioterapia.
Cada sociedade, pela educação que ela define, impõe ao indivíduo um uso determinado de seu corpo. A impregnação cultural que influi sobre os gostos, sobre as motivações. O valor educativo fundamental da competição, exaltada pela maioria das sociedades contemporâneas, representa um de seus mitos (Le Boulch, 1983Le Boulch J. Entretien avec Le Boulch, Revue Éducation Physique et Sportive, n. 183, École Normale Supérieure, Paris, 1983., p. 42).
Esse aspecto da competição esportiva é criticado por Le Boulch no domínio da educação física e é um dos enfoques de sua compreensão sobre o corpo e o movimento humano. Para ele, o esporte pode tornar-se um prolongamento da educação psicomotora, a partir do momento em que o desenvolvimento psicomotor foi feito por volta dos 14 anos. Assim o adolescente estará apto para a prática das atividades esportivas de sua escolha.
"Qual é a situação em 1987?", pergunta Le Boulch (1987)Le Boulch J. La science du mouvement humain appliquée au développement de la personne, Revue Éducation Physique et Sportive, n. 204, École Normale Supérieure, Paris, 1987.. Nos últimos anos vimos o rápido desenvolvimento do que chamamos "técnicas de corpo". A escola é necessariamente influenciada por esse fenômeno contemporâneo, na medida em que sobre o plano institucional ela deve preparar a criança para as práticas sociais de seu tempo. Conforme o autor citado, a educação física tem de fato sofrido uma mutação e à ginástica generalista de outrora se substitui o ensino de um catálogo de atividades físicas e esportivas. O risco é de se considerar a aprendizagem das "condutas motoras" como um objetivo em si com vistas à socialização, para tornar o sujeito apto a se confrontar com os problemas da vida atual, tanto no trabalho quanto no lazer.
De acordo com Gleyse (1995)Gleyse J. Archéologie de l'éducation physique au XXе siècle en France. Paris: PUF; 1995., a partir dos anos 1960 o discurso da psicomotricidade ou psicocinética na educação física submeteu o corpo ao psiquismo, sem de fato romper com o dualismo tradicional entre corpo e espírito ou alma, a motricidade é o vetor de tal lógica. Nos editoriais da EPS encontramos essa disposição conceitual da psicomotricidade ou da psicocinética, como se observa no uso de termos como consciência do corpo, coordenação global e específica, controle da respiração, organização do esquema corporal como organização espacial e adaptação ao mundo exterior, entre outros aspectos de ordem desenvolvimentista e comportamental.1 1 Um dos editoriais da EPS exemplifica essa disposição conceitual ao colocar em evidência a diversidade dos fatores da evolução anatômica, neuromuscular e psicomotora, entre outras, que podem ser observadas em diferentes etapas do crescimento. Nota-se, portanto, a disposição comportamental ligada a aspectos desenvolvimentistas do corpo e do movimento humano. Vejamos um trecho de um desses editoriais: « Il met en évidence la diversité des facteurs de l'évolution (facteurs anatomiques, morphologiques, fonctionnels, neuro-musculaires, pshyho-moteurs) et il souligne la complexité des phénomenès qui sont observé aux fifférents étapes de la croissance" (EPS, n. 54, 1961, p. 4,5).
Le Boulch (1978)Le Boulch J. Vers une science du mouvement humain: introduction à la psychocinétique. Paris: ESF; 1978. recorre a Merleau-Ponty para afirmar a ligação entre o corpo e a intencionalidade. No entanto, a orientação filosófica dada pela fenomenologia é abandonada em proveito de conceitos científicos de ordem psicofisiológica. A crítica de Le Boulch (1978)Le Boulch J. Vers une science du mouvement humain: introduction à la psychocinétique. Paris: ESF; 1978. é lúcida e contribui para novas abordagens em educação física em países como o Brasil, a Argentina, a França e Portugal. No entanto, precisa-se avançar no que diz respeito aos estudos do corpo. O corpo tal como compreendido por Merleau-Ponty não se deixa aprisionar pelo racionalismo científico. Para esse filósofo, se o corpo pode ser comparado a um objeto, não seria ao objeto científico, mas antes à obra de arte, em sua natureza aberta, inacabada, expressiva (Merleau-Ponty, 1945Merleau-Ponty M. Phénomenologie de la perception. Paris: Gallimard; 1945., 1960Merleau-Ponty M. L'Oeil et l'esprit. Paris: Gallimard; 1960.).
A partir da análise da EPS, nota-se que o processo de racionalização do corpo mudou de objeto e de forma, passou-se da biologia à psicologia como matrizes teóricas. Outras apreciações críticas também podem ser consideradas nesse contexto, por exemplo, a apropriação instrumental da fenomenologia de Merleau-Ponty como base teórica da psicocinética, da psicomotricidade, da eutonia, da antiginástica ou da expressão corporal, o que não exclui a contribuição dessas abordagens para a educação física, notadamente em seu aspecto metodológico.
Uma leitura mais atenta da obra do filósofo indica que já na Phénomenologie de la PerceptionMerleau-Ponty (1945)Merleau-Ponty M. Phénomenologie de la perception. Paris: Gallimard; 1945. apresenta movimentos da consciência perceptiva para a experimentação do corpo no mundo, por exemplo, ao abordar o esquema corporal, a linguagem ou a sexualidade. O filósofo irá questionar profundamente essa ideia de representação ou de uma ideia de corpo tal como podemos perceber nas referências dos artigos analisados, para considerar a imbricação corpo e mundo. Nesse movimento, o paradoxo do corpo não cessará de produzir outro, o do mundo. Essa abordagem da fenomenologia de Merleau-Ponty pode contribuir para a ampliação e a criação e horizontes de pesquisa sobre a corporeidade de modo mais crítico e aprofundado e evitar-se a instrumentalização desse pensamento, seja na pesquisa, seja nas intervenções pedagógicas.
A compreensão de corpo na RBCE: Brasil (1980-1990)
De 1980 a 1985 o contexto epistemológico da RBCE era alimentado basicamente por pesquisas advindas dos laboratórios de fisiologia. Entretanto, encontramos ainda alguns estudos antropométricos, bioquímicos e biomecânicos e que também contribuíram com um olhar voltado para os aspectos biológicos do corpo humano, com ênfase no esporte de alto rendimento.
A preocupação primordial da fisiologia do exercício associada aos apitos e aos cronômetros era a descoberta de atletas e o desenvolvimento de suas potencialidades, mesmo que se falasse um pouco sobre o estabelecimento de programas de saúde para a juventude brasileira (Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte, 1980Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte. Editorial: Carta aos amigos. Rev Bras Ciênc Esporte. 1980;2:5., 1981Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte. Editorial. Rev Bras Ciênc Esporte. 1981;2:4.).
Percebemos ainda que nessa época a educação física brasileira por meio da RBCE busca um estatuto de cientificidade alicerçado no empirismo. A tradição empirista se baseia nas observações e nos experimentos para a interpretação dos fatos. Na tradição empirista a produção do conhecimento está na supremacia do objeto conhecido, como se fosse possível "definir as coisas como puro objeto sem atributo humano" (Merleau-Ponty, 2004Merleau-Ponty M. Conversas. São Paulo: Martins Fontes; 2004., p. 27).
A compreensão de corpo se configura prioritariamente por meio de pesquisas descritivas, experimentais e comparativas. O que sobressai nas publicações analisadas é a abordagem empírico-analítica, guiada pela racionalidade técnica e pelo rigor da quantificação e das medições. Os procedimentos metodológicos adotados eram feitos essencialmente em campo ou em laboratório e analisados por tratamento estatístico, sem aprofundamento das discussões, como reforçam Carvalho (1995)Carvalho YM. O mito da atividade física e saúde. São Paulo: Hucitec; 1995. e Paiva et al., (1998)Paiva FSL, Goellner SV, Melo VA. Revista Brasileira de Ciências do Esporte: bibliografia e perfil. Rev Bras Ciênc Esporte. 1998;19:S72-9., ao enfatizar os dados quantitativos das pesquisas.
Ao refletir sobre a redução das pesquisas aos valores aritméticos, buscamos as ideias de Foucault (2002)Foucault M. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. São Paulo: Martins Fontes; 2002., pois o referido autor tece discussões sobre o aparecimento de certos domínios empíricos associados ao processo de matematização. Para Michel Foucault, quando as pesquisas se reduzem aos valores aritméticos, se pautam em comparações da ordem e da medida e o conhecimento científico é organizado com base no racionalismo e o saber mantém relação com a máthêsis.
Nos artigos analisados da RBCE não existiu demora em aparecer problematizações a essas compreensões de ciência e de corpo atreladas à perspectiva biologicista. Na tentativa de superar a hegemonia da abordagem metodológica empírico-analítica, surgem novas abordagens de acordo com as respectivas problemáticas. Nas produções analisadas, identificamos que a partir de meados da década de 1980 até 1990 os procedimentos metodológicos deixam de ser feitos somente em campo ou em laboratório, de modo restrito ao tratamento quantitativo dos dados. Surgem reflexões filosóficas, ensaios teóricos e pesquisa histórica e abre-se espaço para os aspectos culturais, sociais e históricos do corpo humano, o que contribui para a diminuição da máthêsis.
Nesse cenário, a educação física busca um ideal de cientificidade ancorado numa multiplicidade de abordagens metodológicas, com o desejo de abarcar tanto os aspectos microscópicos de análise quanto aos macroscópicos. Desse modo, a produção analisada intenta ampliar a compreensão de ciência que vigorava até meados da década de 1980 e passa a exacerbar até a contemporaneidade uma compreensão de ciência que busca controlar e limitar a aplicação matemática. Nesse contexto, as análises não se encontram mais reduzidas ao campo das ciências biomédicas, mas se consideram também as análises no campo das ciências humanas.
Com relação às problematizações de corpo atreladas a uma visão biologicista, a partir de meados da década de 1980 essas se amparam principalmente nos estudos das ciências humanas. Identificamos nos artigos analisados na RBCE de 1986 a 1990 um estudo relacionado à psicomotricidade, que é o texto de Alves Júnior e Kleine (1987)Alves Júnior D, Kleine D. Educação física e matemática: estudo sobre a contribuição do movimento para a aquisição de conceitos matemáticos em alunos da primeira série do primeiro grau. Rev Bras Ciênc Esporte. 1987;8:176-80.. Os outros estudos relacionados às humanidades nesse período na RBCE estão amparados principalmente na filosofia, como os de Oliveira (1986)Oliveira VM. Ginástica para a alma, música para o corpo. Rev Bras Ciênc Esporte. 1986;8:118-23., Sérgio (1987)Sérgio M. Algumas teses sobre a ciência da motricidade humana. Rev Bras Ciênc Esporte. 1987;8:152-4., Feitosa (1988)Feitosa AMA. Da educação física à ciência da motricidade humana. Rev Bras Ciênc Esporte. 1988;9:68-70. e Santin (1990)Santin S. Aspectos filosóficos da corporeidade. Rev Bras Ciênc Esporte. 1990;11:136-45., e outros na sociologia do esporte, como os de Bracht (1986Bracht V. A criança que pratica esportes respeita a as regras do jogo...capitalista. Rev Bras Ciênc Esporte. 1986;7:62-8., 1989)Bracht V. Esporte, estado e sociedade. Rev Bras Ciênc Esporte. 1989;10:69-73.. Quando nos direcionamos para os artigos analisados até 1990 que problematizam a compreensão cartesiana de corpo, identificamos críticas a uma compreensão dualista que considera o corpo como instrumento para a mente. Esses estudos questionam ainda a compreensão de corpo que tem como foco somente os aspectos anatomofisiológicos, característicos dos discursos médicos, como podemos observar pelas críticas tecidas por Soares (1986)Soares CLA. Educação física no ensino de 1º grau: do acessório ao essencial. Rev Bras Ciênc Esporte. 1986;7:89-92., Oliveira (1986)Oliveira VM. Ginástica para a alma, música para o corpo. Rev Bras Ciênc Esporte. 1986;8:118-23., Bracht (1986)Bracht V. A criança que pratica esportes respeita a as regras do jogo...capitalista. Rev Bras Ciênc Esporte. 1986;7:62-8., Sérgio (1987)Sérgio M. Algumas teses sobre a ciência da motricidade humana. Rev Bras Ciênc Esporte. 1987;8:152-4., Alves Júnior e Kleine (1987)Alves Júnior D, Kleine D. Educação física e matemática: estudo sobre a contribuição do movimento para a aquisição de conceitos matemáticos em alunos da primeira série do primeiro grau. Rev Bras Ciênc Esporte. 1987;8:176-80., Carmo (1988)Carmo AA. Estigma, corpo e deficiência. Rev Bras Ciênc Esporte. 1988;9:5-8., entre outros.
Consideramos que as críticas feitas na RBCE na tentativa de ultrapassar o reducionismo de se considerar somente os aspectos anatomofisiológicos do corpo humano e superar o dualismo corpo e mente são extremamente relevantes e necessárias. Entretanto, alguns artigos se contradizem no decorrer de suas discussões, como é o caso do estudo relacionado à psicomotricidade. Alves Júnior e Kleine (1987)Alves Júnior D, Kleine D. Educação física e matemática: estudo sobre a contribuição do movimento para a aquisição de conceitos matemáticos em alunos da primeira série do primeiro grau. Rev Bras Ciênc Esporte. 1987;8:176-80. reforçam a compreensão de que o corpo é instrumento para a mente. Os referidos autores, ao se embasar principalmente nos estudos da psicologia de Piaget e nos estudos da psicomotricidade de Le Boulch, reforçam a ideia de uma concepção fragmentada do corpo humano, cujas ações psicomotoras desenvolvem a inteligência.
Nesse contexto é preciso relembrar a importância da entrada da psicomotricidade na educação física a partir da década de 1970, como destaca Soares (1996)Soares CLA. Educação física escolar: conhecimento e especificidade. Revista Paulista de Educação Física. 1996;(supl.2):6-12., justamente para superar a influência do esporte de alto rendimento nas aulas de educação física escolar e para valorizar o professor de educação física como um educador nas escolas, e não apenas como um técnico esportivo, questão ainda não completamente superada na área.
Nessa perspectiva, a educação física está associada à educação pelo movimento, como nos artigos da EPS relacionados à psicomotricidade. No contexto do artigo publicado na RBCE, além de ficar à mercê de outros componentes curriculares da escola, nesse caso à matemática, a educação física não é reconhecida como possuidora de conhecimento próprio. A ação é instrumento para a cognição. Não se considera, então, que na própria ação já há cognição. Entretanto, isso não quer dizer que a psicomotricidade e a psicocinética tenham de ser descartadas do contexto da educação física escolar. Destacamos as contribuições de Le Boulch para a educação física escolar, porém pensamos que é preciso avançar nessas discussões, como discutido na análise dos artigos pertinentes a essa temática na EPS.
Outra influência marcante na RBCE é a de Manuel Sérgio (1987)Sérgio M. Algumas teses sobre a ciência da motricidade humana. Rev Bras Ciênc Esporte. 1987;8:152-4., na tentativa de demonstrar que o movimento humano é intencional e complexo e que não pode ser visto apenas pelos aspectos físicos e biomecânicos. Manuel Sérgio, ao propor a ciência da motricidade humana, defende a necessidade de se ultrapassar as propostas de educação física centrada no físico e também na educação do movimento e pelo movimento, que segundo ele são concepções pautadas nas heranças biológica e pedagógica da tradição da educação física.
Na sua proposição, o autor tem como eixo do seu discurso o conceito de motricidade fundamentado nos estudos de Merleau-Ponty e tem como intuito superar a dicotomia entre biológico e cultural.
É interessante perceber conceitos da fenomenologia de Merleau-Ponty trazidos para a educação física por esse autor, como o de intencionalidade e o de intersubjetividade. Entretanto, apesar de Manuel Sérgio reconhecer a impossibilidade de separação do biológico e do cultural nos estudos sobre a motricidade humana, o próprio autor, ao propor a ciência da motricidade humana, tem a intenção de ultrapassar os discursos das ciências naturais, mas acaba por defender uma proposta epistemológica pautada somente nas ciências humanas, o que contradiz o pensamento de Merleau-Ponty em seus estudos sobre o corpo humano.
Merleau-Ponty (1991)Merleau-Ponty M. Signos. São Paulo: Martins Fontes; 1991. tece críticas à ruptura natureza-cultura presentes nas áreas do conhecimento que não dialogam entre si e faz uma ressalva ao fato de as explicações sociológicas não estabelecerem comunicação com qualquer tipo de explicação das ciências naturais e vice-versa.
A desnaturalização do corpo e do movimento humano também pode ser observada nos artigos de Bracht (1986Bracht V. A criança que pratica esportes respeita a as regras do jogo...capitalista. Rev Bras Ciênc Esporte. 1986;7:62-8., 1989)Bracht V. Esporte, estado e sociedade. Rev Bras Ciênc Esporte. 1989;10:69-73.. O autor, ao discutir a relação entre o esporte e a sociedade, destaca que o esporte moderno é expressão hegemônica da cultura corporal de movimento e tece críticas à associação desse fenômeno à lógica do consumo e sua influência em vários setores da sociedade, como na educação física escolar e no lazer.
Nesse cenário epistemológico, em que há intenção de superação de uma compreensão reducionista de corpo, emerge na RBCE a concepção fenomenológica de corpo e o conceito de corporeidade no artigo de Santin (1990)Santin S. Aspectos filosóficos da corporeidade. Rev Bras Ciênc Esporte. 1990;11:136-45. e serão retomados na RBCE por outros autores durante a década de 1990.
Considerações finais
Pesquisas dessa natureza, com ênfase na análise de conteúdo temática, permitem uma visualização do conhecimento da área, com temáticas e abordagens específicas, com destaque neste artigo para os estudos do corpo na França e no Brasil, nas décadas de 1980 e 1990. Por meio da análise em pauta, podem-se perceber delineamentos epistemológicos, notadamente no diálogo com as ciências humanas que a temática do corpo suscitou nesse campo.
Na França há uma ênfase nos discursos da psicomotricidade, na psicocinética, mas também aparecem os discursos que buscam aproximar a educação física da psicanálise e os discursos e as práticas da consciência corporal, da antiginástica, da eutonia, da expressão corporal e de técnicas de relaxamento e de respiração. No cenário epistemológico francês já nos deparamos com contribuições da fenomenologia de Merleau-Ponty para a compreensão do corpo humano no período analisado, por meio do conceito de intencionalidade. Entretanto, essa abordagem aparece sob o prisma de um viés instrumental do corpo, em particular no que diz respeito à psicocinética e da psicomotricidade.
No Brasil, apesar de o discurso da psicomotricidade emergir com menos frequência na RBCE do que na EPS, ele se faz presente e reforça a influência dos estudos de Le Boulch para a educação física brasileira. No cenário brasileiro, por um lado essa influência foi importante para superar a lógica esportivizante, mas por outro lado também se pautou numa lógica psicologizante.
Além disso, nos deparamos no período analisado com a proposição científica de Manuel Sérgio, da ciência da motricidade humana. Nesse período, o autor já se reportava aos conceitos de intencionalidade e de intersubjetividade da fenomenologia de Merleau-Ponty, apesar de apresentar contradições na sua proposição por se pautar somente nos postulados das humanidades e reconhecer a impossibilidade de separação do biológico e do cultural para os estudos da motricidade humana.
Na RBCE, no período analisado, nos deparamos também com discursos que desnaturalizam a compreensão de corpo e de movimento humano, com vistas a superar a lógica do esporte de alto rendimento e a lógica psicologizante. Apesar de serem incipientes, essas discussões já trazem à tona conceitos que serão mais discutidos nas produções da década de 1990 na RBCE. Reportamo-nos aos conceitos de técnicas corporais, o de corporeidade, a compreensão fenomenológica de corpo e o de cultura corporal de movimento.
A análise de conteúdo de ambas as revistas propicia horizontes de compreensão e de investigação sobre o conhecimento do corpo na EF pertinentes em ambos os países, propicia também a discussão sobre a cientificidade e delineamentos de pesquisa na área. Quando comparamos os saberes sobre o corpo veiculados na EPS e na RBCE de 1980 a 1990, percebemos que, apesar das especificidades de cada país, identificamos semelhanças na produção de conhecimento na educação física. No período analisado, tanto na França quanto no Brasil, apesar do predomínio de estudos das ciências biomédicas associadas predominantemente ao esporte de alto rendimento, aparecem estudos amparados nas humanidades, como contraponto ao enfoque biologicista.
Nesse contexto, a pluralidade epistemológica da educação física em ambos os países contribui para a desnaturalização do corpo humano. Em ambos os países, nas publicações analisadas nota-se que alguns pesquisadores buscam superar o modelo teórico do esporte de alto rendimento pela forte influência desse sobre as práticas da educação física escolar. Entretanto, apesar de algumas semelhanças, a construção dos discursos que caminham na contramão da compreensão mecanicista de corpo e do dualismo corpo e mente é diferenciada e tem suas especificidades.
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FinanciamentoCoordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
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Um dos editoriais da EPS exemplifica essa disposição conceitual ao colocar em evidência a diversidade dos fatores da evolução anatômica, neuromuscular e psicomotora, entre outras, que podem ser observadas em diferentes etapas do crescimento. Nota-se, portanto, a disposição comportamental ligada a aspectos desenvolvimentistas do corpo e do movimento humano. Vejamos um trecho de um desses editoriais: « Il met en évidence la diversité des facteurs de l'évolution (facteurs anatomiques, morphologiques, fonctionnels, neuro-musculaires, pshyho-moteurs) et il souligne la complexité des phénomenès qui sont observé aux fifférents étapes de la croissance" (EPS, n. 54, 1961, p. 4,5).
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Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
Jul-Sep 2016
Histórico
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Recebido
20 Mar 2013 -
Aceito
4 Out 2013