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Pós-modernidade e decadência ideológica: “O sono da razão desperta monstros”

Post-modernity and ideological decay: “The sleep of reason awakens monsters”

Postmodernidad y decadencia ideológica: “El sueño de la razón despierta monstruos”

RESUMO

O presente ensaio objetivou apresentar o dossiê sobre epistemologia da Educação Física, produzido pela RBCE. Como viés de apresentação, optou-se por trazer elementos que permitem entrar no debate dos fundamentos norteadores das críticas à chamada pós-modernidade. Sem pretensão de esgotar esse debate, foi mostrada uma expressão do pensamento pós-moderno com caracterizações que acabam por desconsiderar categorias centrais do pensamento marxiano. Detivemo-nos, em especial, em uma delas: a categoria da totalidade. Esperamos, assim, contribuir para que, diante do combate às manifestações autoritárias e mesmo de corte fascista que visualizamos na atualidade contemporânea do capitalismo, a nossa “batalha das ideias” decorra em ambiente fértil e profícuo.

Palavras-chave:
Modernidade; Totalidade; Pensamento crítico; Educação Física

ABSTRACT

This essay aimed to present the dossier about epistemology of Physical Education, produced by the RBCE. As a presentation bias, it was decided to bring elements that allow us to enter into the debate on the guiding foundations of criticism of the so-called postmodernity. Without intending to exhaust this debate, an expression of postmodern thought was shown with characterizations that end up disregarding central categories of Marxian thought. We focused, in particular, on one of them: the category of totality. We hope, therefore, to contribute so that, in times of fight against authoritarian and even fascist manifestations that we see in contemporary capitalism, our “battle of ideas” takes place in a fertile and fruitful environment.

Keywords:
Modernity; Totality; Critical thinking; Physical Education

RESUMEN

Este ensayo tuvo como objetivo presentar el dossier sobre epistemología de la Educación Física”, elaborado por la RBCE. Como sesgo de presentación, optamos por traer elementos que nos permitan entrar en el debate sobre los fundamentos rectores de la crítica a la llamada posmodernidad. Sin pretender agotar este debate, se mostró una expresión del pensamiento posmoderno con caracterizaciones que terminan por desconocer categorías centrales del pensamiento marxista. Nos centramos, en particular, en uno de ellos: la categoría de totalidad. Esperamos, por tanto, contribuir para que, frente a la lucha contra las manifestaciones autoritarias e incluso fascistas que vemos en el capitalismo contemporáneo, nuestra “batalla de ideas” se desarrolle en un ambiente fértil y fructífero.

Palabras-clave:
Modernidad; Totalidad; Pensamiento crítico; Educación Física

INTRODUÇÃO

Vinte e três anos se passaram desde que a Revista Brasileira de Ciências do Esporte (RBCE) produziu um dossiê com a temática Epistemologia e Educação Física. Estávamos, à época, no ano de 2000, no limiar da virada do século XX para o XXI.

Temas que delinearam o volume 22, número 1, do ano de 2000, ainda estão bastante candentes na atualidade. Cite-se, como exemplos, os artigos que retrataram à época, especialmente, a relação da Educação Física com a ciência, a questão do relativismo na Educação Física, o jogo, a pós-graduação em Educação Física, a espetacularização do esporte e a questão do homem-máquina.

Pode-se afirmar que qualquer um dos temas apresentados no dossiê de 2000 encontraria eco em 2023. Essa assertiva, no entanto, não invalida que os mesmos temas (ou outros) pudessem ter novos modos de ser apresentados, com sedimentações próprias ou que outras temáticas estejam sendo sistematicamente abordadas, o que nos remete a um debate de fundo, que pode ser caracterizado como presente na “batalha das ideias”.

Dessa forma, o presente ensaio, vinte e três anos depois do mencionado dossiê da RBCE sobre a temática “epistemologia”, objetiva apresentar o novo e oportuno dossiê “A epistemologia na ‘batalha das ideias da Educação Física e ciências do esporte latino-americana” novamente produzido pela RBCE. Para isso, buscou estabelecer um diálogo com a temática proposta pela revista a partir de um suposto de caráter teórico-metodológico: o debate que se trava na “batalha das ideias” tem suas raízes na materialidade da vida sob o modo de produção capitalista contemporâneo.

A produção de ideias, de representações, da consciência, está, de início diretamente entrelaçada com a atividade material dos homens, como a linguagem da vida real. O representar, o pensar, o intercâmbio espiritual dos homens, aparecem aqui como emanação direta de seu comportamento material. O mesmo ocorre com a produção espiritual, tal como aparece na linguagem da política [...], da metafísica etc. de um povo. Os homens são os produtores de suas representações, de suas ideias etc., mas os homens reais e ativos, tal como se acham condicionados por um determinado desenvolvimento de suas forças produtivas e pelo intercâmbio que a ele corresponde até chegar às suas formações mais amplas. (Marx e Engels, p. 93-94).

A feliz expressão “batalha das ideias” (cunhada, no Brasil, por Leandro Konder) para a qual somos “convocados” diz respeito, na intencionalidade da revista, ao necessário enfrentamento à ascensão do negacionismo e do obscurantismo contemporâneos, manifestações que aparecem e reaparecem na história humana, a depender das circunstâncias e com singularidades, em seus diversos contextos.

Alguns enfrentamentos, como a luta contra o fascismo, fruto dos ecos regressivos e, de outra forma, da racionalidade técnica e instrumental típica do capitalismo, merecem destaque. O norte desses enfrentamentos é amalgamado pela política1 1 Sobre o fascismo na política no Brasil e a regressividade observada com características próximas ao nacional-socialismo, ver Malina (2021). e pela economia forçadamente, sob os aspectos epistêmicos e ajuntados pela práxis, desde que Marx consolidou um movimento de compreensão de como opera o capitalismo em nossas veias. Veias estas, aliás, que continuam abertas em nossa América Latina, antes denunciadas, não só por Eduardo Galeano, mas por exemplo, pelo conjunto da teoria marxista da dependência.

Interessa-nos, contudo, na elaboração do ensaio, demonstrar que, mesmo em busca de “novas” ideias e críticas ao capitalismo, há manifestações que, apesar de suas singularidades, guardam uma proximidade com um fenômeno apontado por Marx (e aprofundado por Lukács): o processo de “decadência ideológica do pensamento burguês”.

Tal processo é ininteligível sem a observância de sua articulação com a produção material da vida social. Partimos de uma impostação de caráter ontológico. Por isso, a citação inicial de Marx e Engels. Para anunciar, de partida, que se trata de uma análise com supostos ontológicos.

Não se trata de reduzir os homens à sua produção material, pois a vida social é muito mais ampla. Trata-se tão-somente do reconhecimento que o dado primário é a produção material. Tal constatação não retira a importância da consciência, nem nega a subjetividade ou as peculiaridades individuais e muito menos opera com determinismos (reducionismos de qualquer ordem). Um exemplo de aparente (só aparente!) simplicidade: o corpo, discussão intensa na Educação Física e em outras áreas, em perspectiva marxiana, além de “[...] um fenômeno natural, também é [...] um produto social” (Eagleton, 2023, pEagleton T. Materialismo. São Paulo: Editora Unesp; 2023.. 67) na medida, acrescente-se, em que é humano, ou seja, diante e inserido nas relações sociais, não só como corpo, mas como homem. Para Eagleton (2023, pEagleton T. Materialismo. São Paulo: Editora Unesp; 2023.. 70), referindo-se a Marx, “[...] se ele se recusa a colapsar a cultura dentro da natureza, ele está ciente de que colapsar a natureza dentro da cultura é um movimento igualmente reducionista.

Trabalha-se, aqui, portanto, com a compreensão de que a realidade se constitui como totalidade (é um todo articulado e em movimento), um complexo de complexos, um sistema de determinações que tem como momento ontológico predominante a ‘produção material da vida social’.

Esse sistema de determinações deve ser entendido da seguinte forma: a produção material da vida social põe determinações que são ontologicamente precedentes. Elas devem, portanto, ser investigadas, conhecidas. Esse é o ponto de partida para o conhecimento da história humana.

[...] não se parte daquilo que os homens dizem, imaginam ou representam, e tampouco dos homens pensados, imaginados e representados para, a partir daí, chegar aos homens de carne e osso; parte-se dos homens realmente ativos e, a partir de seu processo de vida real, expõe-se também o desenvolvimento dos reflexos ideológicos e dos ecos desse processo de vida. E mesmo as formações nebulosas no cérebro dos homens são sublimações necessárias do seu processo de vida material, empiricamente constatável e ligado a pressupostos materiais. (Marx e Engels, 2007, pMarx K, Engels F. A ideologia alemã. São Paulo: Boitempo; 2007.. 94).

Nessa perspectiva, a compreensão das manifestações ideais (da consciência) supõe também a compreensão das relações dialéticas e mutuamente determinadas do ser social como totalidade. Marx e Engels (2007, pMarx K, Engels F. A ideologia alemã. São Paulo: Boitempo; 2007.. 94) mostra-nos em citação bastante conhecida:

Não é a consciência que determina a vida, mas a vida que determina a consciência. No primeiro modo de considerar as coisas, parte-se da consciência como do indivíduo vivo; no segundo, que corresponde à vida real, parte-se dos próprios indivíduos reais, vivos, e se considera a consciência apenas como sua consciência.

Entendida como uma manifestação que se expressa no âmbito cultural – compondo a totalidade e mutuamente determinada com a realidade – desenvolvemos, aqui, a hipótese de que a chamada “agenda pós-moderna” parece ser mais uma das diversas expressões da “Decadência Ideológica”.

Nosso suposto, acompanhando, as formulações de Alves (2010)Alves G. Lukács e o século XXI: trabalho, estranhamento e capitalismo manipulatório. Londrina: Práxis; 2010. e de Carli (2013)Carli R. Fenomenologia e questão social: limites de uma filosofia. Campinas: Papel Social; 2013., ambas inspiradas em Lukács (2016)Lukács G. Marx e Engels como historiadores da literatura. São Paulo: Boitempo; 2016. – em seu texto “Marx e o problema da decadência ideológica” – é de que a agenda pós-moderna (Wood), pelas críticas e temáticas que trouxe, após 19702 2 Hungaro (2010) apresentou uma síntese das transformações sociais recentes (ocorridas de meados da década de 1970 para cá). Nessa síntese, há um tratamento do conjunto das transformações econômicas, sociais, políticas e culturais como uma totalidade. Na ocasião, o autor deu ênfase ao contexto no qual emerge a “agenda pós-moderna” (Wood, 1999). , é mais uma manifestação do processo de decadência ideológica.

Desse modo, existe, inicialmente, pelo menos dois conjuntos de problemas: o primeiro diz respeito a se há de fato uma “pós-modernidade” ou um pensamento pós-modernista. Por essa razão, adotamos a expressão de Wood (1999)Wood EM. O que é agenda “pós-moderna”? In: Wood EM, Foster JB, editores. Em defesa da história: marxismo e pós-modernismo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar; 1999. p. 7-22. que trata as críticas – autointituladas por boa parte de seus formuladores, tais como Lukács (1979)Lukács G. Ontologia do ser social: a falsa e a verdadeira ontologia de Hegel. São Paulo: Ciências Humanas; 1979. e Sousa Santos (1994)Sousa Santos B. Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. Porto: Edições Afrontamento; 1994. p. 25-46, 69-84, 103-137. (Biblioteca das Ciências do Homem. Sociologia, Epistemologia; no. 18). pós-modernas – como uma agenda de temáticas que devem ser rigorosamente examinadas e verificadas sobre suas pertinências ou impertinências. A expressão é “agenda pós-moderna”. E o segundo remete à inapropriada generalização “pensamento pós-moderno” como se tratasse de um bloco homogêneo de pensadores. Entre eles, dentre outras diferenciações, por exemplo, é possível de se distinguir elaborações teóricas e políticas que capitulam com o capitalismo e outras abertamente anticapitalistas.

Porém, apesar da heterogeneidade do “pensamento pós-moderno” é possível identificar temas unificadores (Netto, 1996Netto JP. Transformações societárias e Serviço Social: notas para uma análise prospectiva da profissão no Brasil. Serv Soc Soc. 1996;17(50):87-132.), ou, melhor dizendo, uma “agenda pós-moderna”:

  1. Uma tematização imprudente da noção de crise de paradigmas;

  2. A crítica à totalidade (a compreensão da lógica articuladora da realidade que, na herança de Hegel, é entendida como um todo articulado);

  3. Uma compreensão de totalidade (como se fosse a somatória das partes e, portanto, integralmente conhecida em sua somatória) que conduz a identificá-la como totalitarismo;

  4. O fortalecimento de um empirismo de uma forma em que o imediato é tomado pelo mediato e, com isso, o real é identificado com o existente. E, por isso, é abolida a distinção entre aparência e essência (como expressões da realidade);

  5. A realidade deixa de ser a referência como ponto de partida e de chegada do conhecimento científico;

  6. Consequentemente, a possibilidade (e busca) da verdade desaparece da ciência, tomada como “jogos de linguagem” e lutas entre discursos argumentativos;

  7. A objetividade é reduzida ao simbólico, assim o imaginário “toma o lugar” da realidade;

  8. A arte (reflexo estético), o cotidiano, a ciência e a história têm suas fronteiras apagadas;

  9. A unidade diferenciada que envolve o ser social e a natureza é substituída pela identidade. Assim, “todas as ciências são sociais”, pois são “representações”, “construções”, “percepções” ou “olhares”.

A “DECADÊNCIA IDEOLÓGICA” DO PENSAMENTO BURGUÊS E SUA EXPRESSÃO PÓS-MODERNA

Lukács, inspirado em Marx, sintetiza a tendência geral da decadência ideológica:

Essa liquidação de todas as tentativas anteriormente realizadas pelos mais notáveis ideólogos burgueses no sentido de compreender as verdadeiras forças motrizes da sociedade, sem temor das contradições que pudessem ser esclarecidas; essa fuga numa pseudo-história construída a bel-prazer, interpretadas superficialmente, deformada em sentido subjetivista e místico, é a tendência geral da decadência ideológica. (Lukács, 2016, pLukács G. Marx e Engels como historiadores da literatura. São Paulo: Boitempo; 2016.. 53).

Coutinho (1972), aCoutinho CN. O estruturalismo e a miséria da razão. Rio de Janeiro: Paz e Terra; 1972. partir das formulações contidas num texto clássico de Lukács – A destruição da razão – traz alguns elementos para caracterizar o que denomina como Miséria da Razão – o Racionalismo Formalista. Tal caracterização é o complemento de outra expressão ideológica da decadência que constitui uma unidade dialética com a Destruição da Razão – cunhado por Lukács para designar o processo do moderno irracionalismo.

Tanto o Irracionalismo quanto o 'racionalismo' formalista [...] são expressões necessárias do pensamento ideológico da burguesia contemporânea, incapaz de aceitar a Razão dialética, a dimensão histórica da objetividade, a riqueza humanista da práxis. O predomínio de uma outra posição [...] depende de causas históricas. Quando atravessa momentos de crise, a burguesia acentua ideologicamente o momento irracionalista, subjetivista; quando enfrenta períodos de estabilidade, de 'segurança', prestigia as orientações fundadas num 'racionalismo' formal. Do ponto de vista filosófico, essa unidade essencial das duas posições aparentemente opostas reflete-se no fato de ambas abandonarem os três núcleos categoriais que o marxismo herdou da filosofia clássica – elaborada pela própria burguesia em sua fase ascendente – e que são, precisamente, o historicismo concreto, a concepção de mundo humanista e a Razão dialética. (Coutinho, 1972, pCoutinho CN. O estruturalismo e a miséria da razão. Rio de Janeiro: Paz e Terra; 1972.. 8).

Vale ressaltar que, para o autor, não há contradição essencial entre o irracionalismo e o racionalismo formalista, ambos, pelo contrário, apresentam uma unidade essencial: abandonam os núcleos categoriais progressistas da filosofia clássica.

Ao tornar-se uma classe conservadora, interessada na perpetuação e na justificação teórica do existente, a burguesia estreita cada vez mais a margem para uma apreensão objetiva e global da realidade; a razão é encarada com um ceticismo cada vez maior, renegada como instrumento do conhecimento ou limitada a esferas progressivamente menores ou menos significativas da realidade. (Coutinho, 1972, pCoutinho CN. O estruturalismo e a miséria da razão. Rio de Janeiro: Paz e Terra; 1972.. 8).

A “decadência ideológica” combina, então, duas expressões que contribuem com a “direção cultural” da burguesia: o “Irracionalismo” e a “Miséria da Razão”. A agenda pós-moderna contempla estas duas dimensões que são expressões da decadência ideológica” contemporânea.

Há, assim, um crescente processo de racionalização da vida social fundado numa naturalização da vida social (veja o Positivismo). Cresce em importância a racionalidade formal, ou seja, aquela que reduz o conhecimento a processos formais de compreensão a fim de racionalizar meios para atingir determinadas finalidades. Na ordem burguesa, a racionalidade acaba sendo um valioso instrumento para a realização da acumulação capitalista. Essa forma de racionalidade, fundada na vertente instrumental.

Em acordo com Coutinho (1972)Coutinho CN. O estruturalismo e a miséria da razão. Rio de Janeiro: Paz e Terra; 1972., podemos afirmar que em momentos de estabilidade a burguesia valoriza a racionalidade formal e em momentos de crise acentua as expressões de cunho irracionalista, que em nada ameaçam a ordem estabelecida.

Os vetores revolucionários da Modernidade – o humanismo, o historicismo e a razão dialética –são abandonados. A partir de então, serão fundamentais para uma determinada classe: o proletariado.

A crítica pós-moderna à Modernidade, ao empreender uma generalização em torno desta última, acaba por não fazer distinção entre as diversas vertentes do projeto moderno. Assim, trata Marx e Comte com a indevida indiferenciação, como “modernos”

Parece haver um duplo equívoco, de início, na crítica pós-moderna. O resgate histórico da emergência e consolidação do capitalismo não é por ela realizado e, portanto, a Modernidade é interpretada como um projeto cultural, mas, ao mesmo tempo, as mazelas do mesmo capitalismo são atribuídas à Modernidade.

Na grande maioria das vezes, a modernidade é entendida como um fenômeno abrangente de natureza cultural que tem caracterizado o conjunto da vida intelectual a partir do final do século XVIII e continua, de alguma forma, a vigorar até os nossos dias. Numa operação simultânea, a modernidade aparece desvinculada da emergência e afirmação do sistema capitalista e, logo, as mazelas do capitalismo são obliteradas e suas manifestações ideológico-culturais são atribuídas vagamente à modernidade. Os problemas e as contradições da moderna sociedade burguesa são atribuídos à modernidade e tratados como se não tivessem nenhuma relação com a sua lógica capitalista. Assim, pode-se perfeitamente propor a ‘superação’ da modernidade sem quaisquer rupturas com a ordem social burguesa e abre-se o caminho para a veiculação de um pensamento ‘transgressor’ que não questiona seriamente a vigência globalizada da lógica do capital, mas, ao contrário, parece-lhe altamente funcional. (Evangelista, 2001, pEvangelista JE. Elementos para uma crítica da cultura pós-moderna. Novos Rumos. 2001;16(34):29-40.. 30).

No processo de “entificação” da razão, para os pós-modernos há uma crise de paradigmas e não de um paradigma. Tal crise atingiu todas as correntes das ciências sociais e teve origem nas transformações sociais que vêm desde a década de 1970.

Essas transformações sociais foram tão rápidas e profundas que, segundo os pós-modernos, tornaram-se ininteligíveis para as formas de racionalidade da Modernidade. Formas estas, na visão dos pós-modernos, ultrapassadas, pois eram fundadas no pressuposto de que há uma lógica articuladora do todo social que pode ser racionalmente apreendida. Com isso seriam ultrapassadas, uma vez que se sustentaram no triunfo da razão e do progresso.

Para a “agenda pós-moderna” essa crença no triunfo inexorável da razão não só fracassou como nada teve de emancipatório: ao contrário, foi uma forma de totalitarismo em todas as suas expressões, inclusive em Marx.

Os “modernos” não entendem que “[...] o pensamento pós-moderno é a expressão teórica e cultural de uma nova situação sócio-histórica: a condição pós-moderna.” (Evangelista, 2001, pEvangelista JE. Elementos para uma crítica da cultura pós-moderna. Novos Rumos. 2001;16(34):29-40.. 30).

Wood, analisando as temáticas mais importantes do que ela chamou de “esquerda pós-modernista”3 3 Afirma a autora: “[...] usarei este termo para abranger uma vasta gama de tendências intelectuais e políticas que surgiram em anos recentes, incluindo o ‘pós-marxismo’ e o ‘pós-estruturalismo’ (Wood, 1999, p. 11). , identifica que suas preocupações giram em torno da linguagem, da cultura e do discurso.

Para alguns, isso parece significar, de forma bem literal, que os seres humanos e suas relações sociais são constituídos de linguagem, e nada mais, ou, no mínimo, que a linguagem é tudo o que podemos conhecer do mundo e que não temos acesso a qualquer outra realidade. Em sua versão ‘desconstrucionista’ extrema, o pós-modernismo fez mais que adotar as formas da teoria linguística segundo as quais os nossos padrões de pensamento são limitados e modelados pela estrutura subjacente da língua que falamos. O pós-moderno tampouco significa apenas que sociedade e cultura são estruturadas de maneira análoga à língua, com regras e padrões básicos que pautam as relações sociais [...]. A sociedade não é simplesmente semelhante à língua. Ela é língua; e, uma vez que todos nós somos dela cativos, nenhum padrão externo de verdade, nenhum referente externo para o conhecimento existe para nós, fora dos ‘discursos’ específicos em que vivemos. (Wood, 1999, pWood EM. O que é agenda “pós-moderna”? In: Wood EM, Foster JB, editores. Em defesa da história: marxismo e pós-modernismo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar; 1999. p. 7-22.. 11).

Lyotard (1993)Lyotard JF. O pós-moderno. Trad. Ricardo Corrêa Barbosa. 4ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio; 1993. poderia exemplificar essa análise da hipervalorização da linguagem. Este autor, discutindo o estatuto de legitimidade da ciência moderna, acaba por criticá-la afirmando serem impossíveis as metanarrativas - sistematizações totalizadoras como as empreendidas por determinadas tendências teóricas da Modernidade. Para ele, tais tentativas pecam por serem racionalistas, deterministas e totalitárias. Toda e qualquer formulação científica não é mais do que um “jogo de linguagem”, ou seja, não é mais que um discurso que tenta convencer, mas autorreferente quanto ao seu conteúdo de verdade. Em outras palavras, não se trata de um discurso que tenha por referência o real enquanto estatuto de sua objetividade, mas sim a sua articulação interna. O real se caracteriza por ser fragmentado e efêmero.

O critério intrínseco do que é conhecimento e do que é, mais especificamente, conhecimento científico e do que não é acaba por desmoronar. A questão que se coloca agora não é mais a da verdade, critério fundamental da modernidade, mas o que na pós-modernidade Lyotard chamará de ‘performatividade’.

O que passa a movimentar as direções no campo do conhecimento não é mais que tipo de pesquisa poderá levar à verdade, a fatos verificáveis, mas sim que tipo de pesquisa vai funcionar melhor [...]. O que passa a importar não é mais o conhecimento propriamente dito, mas sim a melhoria cada vez maior do desempenho e da produção operacional do sistema do conhecimento científico. (Peixoto, 1998, pPeixoto MG. A questão política na pós-modernidade: a questão da democracia. São Paulo: Educ/Fapesp; 1998.. 31).

Wood (1999)Wood EM. O que é agenda “pós-moderna”? In: Wood EM, Foster JB, editores. Em defesa da história: marxismo e pós-modernismo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar; 1999. p. 7-22. chama a atenção de que outros pensadores pós-modernos, embora também tratem da questão do “discurso”, dão uma ênfase maior à questão cultural na construção do conhecimento. Para eles, o local toma o lugar do universal e, dessa forma, todo conhecimento com pretensões universalizantes é totalitário, pois não leva em conta a cultura local e a diferença. Além disso, cada local interpreta de maneira distinta o mesmo fenômeno, o que leva, inegavelmente, a um relativismo epistemológico. Vejamos como Wood os caracteriza:

Outros pós-modernistas, embora ainda insistam na importância do ‘discurso’, talvez não deem à língua, em seu significado simples de palavras e fala, esse tipo de primazia. Mas, no mínimo, insistem na “construção social” do conhecimento. À primeira vista, essa insistência na construção social do conhecimento talvez pareça irrepreensível e mesmo convencional, e não menos para os marxistas, que sempre reconheceram que nenhum conhecimento humano nos chega sem mediação, que todo conhecimento é absorvido através da língua e da prática social. Os pós-modernistas, no entanto, parecem ter em mente algo mais extremo que essa proposição razoável. O exemplo mais vívido da epistemologia pós-modernista é sua concepção de conhecimento científico; às vezes, chegam a afirmar que a ciência ocidental – fundada sobre a convicção de que a natureza é regida por certas leis matemáticas, universais e imutáveis – é nada menos que uma manifestação de princípios imperialistas e opressivos sobre os quais se fundamenta a sociedade ocidental. Mas à exceção dessa alegação extremada, os pós-modernistas – quer deliberadamente, quer por simples confusão e descuido intelectual – têm o hábito de fundir as formas de conhecimento com seus objetos: é como se dissessem não apenas que, por exemplo, a ciência da física é um constructo histórico, que variou no tempo e em contextos sociais diferentes, mas que as próprias leis da natureza são ‘socialmente construídas’ e historicamente variáveis. (Wood, 1999, pWood EM. O que é agenda “pós-moderna”? In: Wood EM, Foster JB, editores. Em defesa da história: marxismo e pós-modernismo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar; 1999. p. 7-22.. 11-12).

Esse “culturalismo” – a ideia de que cada cultura interpreta de maneira diferenciada um determinado conhecimento, e que considera uma forma de imperialismo a “ciência ocidental” – associado à compreensão distorcida de “construção social” do conhecimento, gera um relativismo epistemológico.

Embora alguns pensadores que lidam com a agenda pós-moderna possam reclamar ao serem chamados de relativistas, não há como negar que não há outra denominação para quem, na prática, defende que o conhecimento humano é limitado por “línguas, culturas e interesses particulares” (Cf. Wood, 1999Wood EM. O que é agenda “pós-moderna”? In: Wood EM, Foster JB, editores. Em defesa da história: marxismo e pós-modernismo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar; 1999. p. 7-22.).

Mesmo que se possa considerar que algumas das formulações pós-modernas escapem do relativismo, não há como não negar que possuem um núcleo de ataque comum: o conhecimento totalizante.

[...] Mas, no mínimo, o pós-modernismo implica uma rejeição categórica do conhecimento ‘totalizante’ e de valores ‘universalistas’ – incluindo as concepções ocidentais de ‘racionalidade’, idéias gerais de igualdade (sejam elas liberais ou socialistas) e a concepção marxista de emancipação humana geral. Ao invés disso, os pós-modernistas enfatizam a ‘diferença’: identidades particulares, tais como sexo, raça, etnia, sexualidade; suas opressões e lutas distintas, particulares e variadas; e 'conhecimentos' particulares, incluindo mesmo ciências específicas de alguns grupos étnicos. (Wood, 1999, pWood EM. O que é agenda “pós-moderna”? In: Wood EM, Foster JB, editores. Em defesa da história: marxismo e pós-modernismo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar; 1999. p. 7-22.. 12).

Inclusive naqueles que se colocam numa posição de “um pós-modernismo de oposição”, tal “ataque” à totalidade é observável. Esse é o caso, por exemplo, de Sousa Santos. O autor se julga adepto de “um pós-modernismo de oposição”.

Em seu “pós-modernismo de oposição” contribui com a decadência ideológica na medida em que parte do pressuposto do esgotamento do projeto da Modernidade, da fragmentação do real e da impossibilidade de uma apreensão de totalidade face ao real. Para Sousa Santos (1994)Sousa Santos B. Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. Porto: Edições Afrontamento; 1994. p. 25-46, 69-84, 103-137. (Biblioteca das Ciências do Homem. Sociologia, Epistemologia; no. 18)., em linhas gerais, a Modernidade é um projeto sociocultural que se estruturou em torno de dois pilares: o da regulação e o da emancipação.

O pilar da regulação seria constituído por três princípios organizadores: o Estado, a comunidade e o mercado. Já o pilar da emancipação seria constituído por três racionalidades distintas: a cognitivo-instrumental, a moral-prática e a estético-expressiva.

A partir dessa compreensão da Modernidade enquanto projeto sociocultural dividido nas dimensões mencionadas, Sousa Santos se dispõe a analisar o seu desenvolvimento em três períodos distintos do capitalismo, que ele nomeia da seguinte forma: o período liberal, o período do capitalismo organizado e o período do capitalismo desorganizado.

O primeiro deles cobriria todo o século XIX; o segundo se iniciaria no final do século XIX e duraria até algumas décadas após a 2ª Guerra Mundial; e o terceiro iria da década de 1970 até os dias atuais.

Feita a periodização e anunciadas as suas categorias de análise, o autor tenta demonstrar, em cada período, quanto o projeto da Modernidade cumpriu em excesso e quanto foi deficitário naquilo que havia prometido.

Ao final de sua análise, Sousa Santos afirma que o déficit da Modernidade é insuperável pelo seu paradigma. Tal déficit refere-se, fundamentalmente, ao pilar da emancipação. As promessas de emancipação postas pela Modernidade não foram cumpridas, nem há possibilidade de se cumprirem pela sua lógica. Faz-se necessário abandonar o paradigma moderno de racionalidade, pois ele é, ao mesmo tempo, o próprio responsável por este déficit, assim como não reúne condições de saldá-lo.

Por outro lado, o projeto da Modernidade cumpriu em excesso algumas promessas. Na racionalidade cognitivo-instrumental houve um excesso de racionalização, que foi responsável, inclusive, pelo desenvolvimento da tecnologia científico-militar que ameaça de destruição o planeta.

Desdobrando esse ataque às racionalidades que compõem o pilar da emancipação, Sousa Santos acaba por atingir a totalidade. Retomemos uma passagem de seu livro que já foi citada anteriormente:

[...~] a ideia moderna da racionalidade global da vida social e pessoal acabou por se desintegrar numa miríade de mini racionalidades ao serviço de uma irracionalidade global, inabarcável e incontrolável. (Sousa Santos, 1994, pSousa Santos B. Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. Porto: Edições Afrontamento; 1994. p. 25-46, 69-84, 103-137. (Biblioteca das Ciências do Homem. Sociologia, Epistemologia; no. 18).. 91).

Se a realidade não pode ser apreendida como um todo, se o real se caracteriza por ser efêmero, se a vida é fragmentada, indeterminada e ininteligível e o imediato tomou o lugar do mediato, a realidade é, de fato, irracional. Como aceita todos esses supostos, o pensamento pós-moderno é, de fato, uma nova forma de irracionalismo.

Evangelista (1992, pEvangelista JE. Crise do marxismo e irracionalismo pós-moderno. São Paulo: Cortez; 1992. (Questões da Nossa Época; no. 7).. 31), entende que o irracionalismo pós-moderno poderia ser resumido da seguinte forma:

Se é impossível a descoberta de um sentido no processo histórico-social, que possa ser racionalmente apreendido, instaura-se o império da incognoscibilidade com a relativização de todo conhecimento, permitindo uma multiplicidade inesgotável de interpretações, todas válidas. A realidade teria como característica essencial o fragmentário, que impede qualquer possibilidade de síntese ou totalização, que apreenda o real.

Como se percebe, por tudo que até aqui foi exposto, a discussão pós-modernidade/modernidade tem como um de seus eixos centrais a questão da totalidade, mais especificamente, da racionalidade totalizadora. A crítica pós-moderna ataca diretamente a totalidade e, consequentemente, a possibilidade de emancipação humana, pois se a realidade não pode mais ser compreendida como um todo, também não pode ser transformada em sua totalidade. Dessa forma, torna-se fracassada, à partida, qualquer perspectiva revolucionária. Wood (1999, pWood EM. O que é agenda “pós-moderna”? In: Wood EM, Foster JB, editores. Em defesa da história: marxismo e pós-modernismo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar; 1999. p. 7-22.. 13) sintetizou, de maneira muito interessante, esse aspecto:

[...] o fio principal que perpassa todos os princípios pós-modernos é a ênfase na natureza fragmentada do mundo e do conhecimento humano. As implicações políticas de tudo isso são bem claras: o self humano é tão fluido e fragmentado (o ‘sujeito descentrado’) e nossas identidades, tão variáveis, incertas e frágeis que não pode haver base para a solidariedade e ação coletiva fundamentada em uma ‘identidade’ social comum (uma classe), em uma experiência comum, em interesses comuns.

Por fim, se o ataque à totalidade em geral já traz empecilhos para aqueles que pretendem a transformação radical da vida social, quando a crítica é dirigida à totalidade da maneira como a pensou Marx, os problemas podem ser ainda maiores.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As décadas iniciais do século XXI mostraram um longo caminho, culminando, no limiar da segunda década, na nossa realista fragilidade, nós, sujeitos a sermos dizimados por um vírus no esteio do pensamento anti-humanista e irracional que se aprofundou entre 2019 e 2022, no Brasil, por um crescente e expressado flerte com o fascismo ainda presente.

Tem sido feita uma crítica ao capitalismo em discordância e embate contra o fascismo em textos que circulam na Educação Física. À primeira vista, são textos que se identificariam por isso. O suposto teórico desses textos, entretanto, ainda que possa ser entendido muitas vezes como um embate “pela esquerda”, é distinto em diversos aspectos, ou seja, há diferenças entre perspectivas.

Ao longo do ensaio que ora encerramos, foi chamada atenção para fundamentos históricos e teórico-metodológicos que mereceram ser revisitados na diferenciação de perspectivas. Com efeito, para essa revisita, optou-se pelo viés da crítica à perspectiva do pensamento pós-moderno, ainda que este seja bastante heterogêneo4 4 Não se ignora, no entanto, aqui, que, inclusive na Educação Física, haja o contrário também, ou seja, a crítica ao pensamento crítico pelo viés pós-moderno. .

Nesses termos, nosso esforço foi o de localizar o desenvolvimento do pensamento pós-moderno no processo de “decadência ideológica” a fim de lançar uma reflexão ao debate epistemológico da Educação Física, cujo dossiê é uma expressão significativa:

A resposta a tais questionamentos é de fundamental importância para a defesa da ciência comprometida com a emancipação humana. Se nos afastamos da humanidade e de seus problemas fundamentais atuais, cuja origem está no modo de produção capitalista, corremos o risco de, no limite, nossa produção ser apenas mais uma forma de opressão ou de alienação.

Finalmente, desejamos, a todos os leitores, ótimas reflexões sugeridas pelo conjunto dos textos apresentados no dossiê.

  • ERRATA

    No artigo “Pós-modernidade e decadência ideológica: “O sono da razão desperta monstros””, DOI https://doi.org/10.1590/rbce.45.e20230087, publicado no periódico Revista Brasileira de Ciências do Esporte, vol. 45, 2023, e20230087, na página 1:
    Onde se lê:
    Artigo Original
    Leia-se:
    Dossiê
  • 1
    Sobre o fascismo na política no Brasil e a regressividade observada com características próximas ao nacional-socialismo, ver Malina (2021)Malina A. Críticas à não liberdade como característica e exercício epistemológico essencial e necessário para a produção, apropriação e análise do conhecimento da sociedade e da educação física/ciências do esporte. In: Vago TM, Lara LM, Molina V No, editores. Educação Física e Ciências do esporte no tempo presente: desmonte dos processos democráticos, desvalorização da ciência, da educação e ações em defesa da vida. Maringá: Eduem; 2021. http://dx.doi.org/10.7476/9786586383829.0006.
    http://dx.doi.org/10.7476/9786586383829....
    .
  • 2
    Hungaro (2010)Hungaro EM. A educação física e a tentativa de “deixar de mentir”: o projeto de “intenção de ruptura”. In: Medina JPS, editor. A educação física cuida do corpo... e “mente”. Campinas: Papirus; 2010. apresentou uma síntese das transformações sociais recentes (ocorridas de meados da década de 1970 para cá). Nessa síntese, há um tratamento do conjunto das transformações econômicas, sociais, políticas e culturais como uma totalidade. Na ocasião, o autor deu ênfase ao contexto no qual emerge a “agenda pós-moderna” (Wood, 1999Wood EM. O que é agenda “pós-moderna”? In: Wood EM, Foster JB, editores. Em defesa da história: marxismo e pós-modernismo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar; 1999. p. 7-22.).
  • 3
    Afirma a autora: “[...] usarei este termo para abranger uma vasta gama de tendências intelectuais e políticas que surgiram em anos recentes, incluindo o ‘pós-marxismo’ e o ‘pós-estruturalismo’ (Wood, 1999, pWood EM. O que é agenda “pós-moderna”? In: Wood EM, Foster JB, editores. Em defesa da história: marxismo e pós-modernismo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar; 1999. p. 7-22.. 11).
  • 4
    Não se ignora, no entanto, aqui, que, inclusive na Educação Física, haja o contrário também, ou seja, a crítica ao pensamento crítico pelo viés pós-moderno.
  • FINANCIAMENTO

    Não houve apoio financeiro.

REFERÊNCIAS

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  • Carli R. Fenomenologia e questão social: limites de uma filosofia. Campinas: Papel Social; 2013.
  • Coutinho CN. O estruturalismo e a miséria da razão. Rio de Janeiro: Paz e Terra; 1972.
  • Eagleton T. Materialismo. São Paulo: Editora Unesp; 2023.
  • Evangelista JE. Crise do marxismo e irracionalismo pós-moderno. São Paulo: Cortez; 1992. (Questões da Nossa Época; no. 7).
  • Evangelista JE. Elementos para uma crítica da cultura pós-moderna. Novos Rumos. 2001;16(34):29-40.
  • Hungaro EM. A educação física e a tentativa de “deixar de mentir”: o projeto de “intenção de ruptura”. In: Medina JPS, editor. A educação física cuida do corpo... e “mente”. Campinas: Papirus; 2010.
  • Lyotard JF. O pós-moderno. Trad. Ricardo Corrêa Barbosa. 4ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio; 1993.
  • Lukács G. Ontologia do ser social: a falsa e a verdadeira ontologia de Hegel. São Paulo: Ciências Humanas; 1979.
  • Lukács G. Marx e Engels como historiadores da literatura. São Paulo: Boitempo; 2016.
  • Malina A. Críticas à não liberdade como característica e exercício epistemológico essencial e necessário para a produção, apropriação e análise do conhecimento da sociedade e da educação física/ciências do esporte. In: Vago TM, Lara LM, Molina V No, editores. Educação Física e Ciências do esporte no tempo presente: desmonte dos processos democráticos, desvalorização da ciência, da educação e ações em defesa da vida. Maringá: Eduem; 2021. http://dx.doi.org/10.7476/9786586383829.0006
    » http://dx.doi.org/10.7476/9786586383829.0006
  • Marx K, Engels F. A ideologia alemã. São Paulo: Boitempo; 2007.
  • Netto JP. Transformações societárias e Serviço Social: notas para uma análise prospectiva da profissão no Brasil. Serv Soc Soc. 1996;17(50):87-132.
  • Peixoto MG. A questão política na pós-modernidade: a questão da democracia. São Paulo: Educ/Fapesp; 1998.
  • Sousa Santos B. Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. Porto: Edições Afrontamento; 1994. p. 25-46, 69-84, 103-137. (Biblioteca das Ciências do Homem. Sociologia, Epistemologia; no. 18).
  • Wood EM. O que é agenda “pós-moderna”? In: Wood EM, Foster JB, editores. Em defesa da história: marxismo e pós-modernismo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar; 1999. p. 7-22.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    27 Nov 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    30 Out 2023
  • Aceito
    31 Out 2023
  • Corrigido
    10 Jan 2023
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